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5 RESULTADOS

5.3 A Situação de Inclusão

5.3.1 Situação de Inclusão 1

Ao analisar a Tabela 5, é possível notar o perfil variado de alunos que compuseram a Situação de Inclusão 1. Esses alunos realizaram 60% ou mais de atividades iguais às da turma. Nesse tipo de Situação de Inclusão, o foco da análise é na média do nível de ajuda e compreensão, igual ou maior que 2.

Tabela 5 - Médias dos dados individuais do Registro Escolar Diário - Situação 1

Havia alunos matriculados da Educação Infantil até o 1° ciclo do Ensino Fundamental. Nesse grupo, apenas P20 era aluno de escola pública (somente no ano de 2017), todos os outros estudavam em escolas particulares. Em relação ao grau de autismo, havia alunos classificados, pela CARS, como sem autismo (pouco sintomas do TEA), alunos com autismo moderado e autismo grave.

Tal fato, a presença de um perfil tão variado dentro dessa categoria, leva a entender que a classificação de Situação de Inclusão não é definida exclusivamente a partir do grau de autismo. Outras variáveis estão presentes. Esse dado é muito relevante e demonstra que não existe a relação direta entre a gravidade do quadro e a Situação de Inclusão. O aluno pode ter um perfil que requer muito suporte (nível 3 pelo DSM-V) e, ao mesmo tempo, apresentar uma Situação de Inclusão do tipo 1, em que realiza 60% ou mais de atividades iguais às da turma, com média de ajuda e compreensão igual ou maior que 2.

Um elemento importante parece ser a presença ou ausência de fala. Os 18 REDs analisados nessa categoria, referem-se a 14 alunos, dentre os quais quatro não apresentavam habilidade de fala. Três desses alunos estavam matriculados na Educação Infantil (P2, P4, P12) e um no 1° ano do Ensino Fundamental. A ausência de alunos não falantes em séries mais avançadas pode ser um indicativo que essa habilidade exerce influência na permanência desses sujeitos na escola. Seria necessário investigar a evasão escolar das crianças com autismo, ou a saída da escola comum e a possível matrícula em escolas especiais.

Ainda explorando os dados obtidos com a análise da Situação de Inclusão 1, foram analisados os casos limítrofes, ou seja, aqueles que estavam próximos dos limites que ocasionariam a mudança de Situação de Inclusão. Como já mencionado, o primeiro critério para a definição da Situação de Inclusão é o percentual de atividades realizadas idênticas à da turma. O critério de corte estabelecido foi o de 60%, portanto, todos os alunos, classificados na Situação 1 realizaram 60% ou mais de atividades idênticas às de sua turma. Entretanto, os participantes P13, P14, P20, P21, P22 realizaram 70% ou um pouco menos de atividades iguais à da turma, e se localizam próximo da zona de corte. Uma análise acerca desses casos será feita a seguir.

Aluno da Educação Infantil, P13 encontrava-se matriculado em uma série anterior à esperada para a sua idade. Apresentava, de acordo com a CARs, autismo moderado e pelo PEP- R observou-se que se tratava de um atraso importante no desenvolvimento. O aluno realizou 66,7% de atividades idênticas a de sua turma, realizadas com média 2 de nível tanto de compreensão quanto de ajuda. Foi observado que P13 estava próximo dos limites para a

mudança na Situação de Inclusão, em ambos os critérios: no percentual de atividades idênticas à da turma, e nas médias de nível de compreensão e ajuda próximo a 2.

O contexto escolar vivenciado por P13 é similar ao de P14. Esse último, matriculado na série correspondente a sua idade, foi avaliado apenas pelo PEP-R e o resultado da avaliação indicou atraso significativo no desenvolvimento. P14 realizou 63,48% de atividades idênticas a de sua turma, nessas, o nível de compreensão e de ajuda ficaram próximos do critério limite: 2,1 e 2,4, respectivamente. Outro ponto de similaridade entre P12 e P14 é que ambos se encontram próximos dos limites dos dois critérios utilizados para definir a Situação de Inclusão: fazem próximo a 60% de atividades iguais à da turma, ao mesmo tempo em que apresentam níveis de ajuda e de compreensão próximos ao limiar de definição.

Os outros três participantes que também se encontram na zona limítrofe para a mudança de Situação de Inclusão, P20, P21 e P22, apresentaram outra particularidade. Apesar de realizarem aproximadamente 30% de atividades individuais, ou seja, de atividades realizadas exclusivamente por eles, ao realizarem as atividades iguais às da turma o faziam com nível de compreensão acima de 2,5 em todos os casos. Em outras palavras, esses alunos realizaram um alto índice de atividades individuais, próximo do limite definido, entretanto, ao realizarem atividades idênticas à da turma o faziam com boa compreensão.

Esse dado indica uma possível seleção entre o que foi apresentado para o aluno e o que não foi apresentado, e mais: indica a presença de preferência em apresentar, quando se refere às atividades idênticas à da turma, apenas aquelas em que o aluno apresentará boa compreensão. Esse dado demonstra que o professor pode adquirir consciência das adaptações necessárias que devem ser realizadas para o aluno com autismo. Dessa forma, ele pode ofertar atividades planejadas com objetivos específicos de ganho de repertório por parte do estudante e, ao mesmo tempo, compreender a importância de envolvê-lo em atividades que a turma realiza, quando ele demonstrar a capacidade de realizar tais atividades.

Os alunos que apresentaram dados situados próximos aos limites dos critérios de definição da Situação de Inclusão abrem caminho para uma discussão sobre a sequência da Situação de Inclusão. Essa discussão ganha ainda mais fôlego quando o responsável pelas intervenções na escola, diante dos dados do RED, tem a possibilidade de intervir para que a Situação de Inclusão siga em direção àquela avaliada como a mais adequada, para aquele momento, para aquele aluno.