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CAPÍTULO 3 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

3.1.3 Situação Institucional Legal

A situação institucional legal diz respeito aos mecanismos legais, os quais foram utilizados para criar os Conselhos e, ainda, ao órgão ao qual o Conselho se vincula. Quanto ao primeiro aspecto, há quatro possibilidades de mecanismos legais: a) Lei; b) Decreto-Lei; c) Decreto; e d) Portaria.

A lei pressupõe um processo de debate no legislativo em torno de projeto de lei correspondente à matéria em pauta. Significa, portanto, maior possibilidade de interferência por parte dos setores diretamente envolvidos.

O decreto-lei é um instrumento jurídico emanado pelo poder executivo e não pelo poder legislativo que tem força de lei. Os decretos-leis são normalmente uma ferramenta do chefe do poder executivo para dar imediata efetividade para um desejo político da administração (Wikipédia).

O decreto, por sua vez, é uma ordem emanada de uma autoridade superior ou órgão (civil, militar, leigo ou eclesiástico) que determina o cumprimento de uma

resolução. No sistema jurídico brasileiro, os decretos são atos administrativos da competência dos chefes dos poderes executivos (presidente, governadores e prefeitos) (idem).

Por último, tem-se a portaria que se constitui em documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública, que contém instruções acerca da aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de caráter geral, normas de execução de serviço, nomeações, demissões, punições ou qualquer outra determinação de sua competência (ibidem).

Dos vinte e três Conselhos estudados nesta pesquisa, vinte e um foram criados por Leis discutidas na Assembleia Legislativa: Acre (Lei n.º 1.318 de 29 de dezembro de 1999); Alagoas (Lei n.º 6.489 de 23 de junho de 2004); Amapá (Lei n.º 478 de 27 de outubro de 1999); Amazonas (Lei n.º 2.887 de 4 de maio de 2004); Bahia (Lei n.º 6.675 de 8 de setembro de 1994); Distrito Federal (Lei n.º 218 de 26 de dezembro de 1991); Espírito Santo (Lei n.º 5.780 de 21 de dezembro de 1998); Maranhão (Lei n.º 7.490 de 22 de dezembro de 1999); Mato Grosso do Sul (Lei n.º 1.914, de 9 de dezembro de 1998); Minas Gerais (Lei n.º 13.176 de 20 de janeiro de 1999); Pará (Lei n.º 6.634 de 29 de março 2004); Paraná (Lei n.º 11.863 de 21 de outubro de 1997); Pernambuco (Lei n.º 11.119 de 1.º de agosto de 1994); Piauí (Lei n.º 5.244 de 13 de junho de 2002); Rio de Janeiro (Lei n.º 2.536 de 8 de abril de 1996); Rio Grande do Norte (Lei n.º 6.255 de 10 de janeiro de 1992); Rondônia (Lei n.º 1.581 de 2006); Santa Catarina (Lei n.º 10.073 de 30 de janeiro de 1996); São Paulo (Lei n.º 9.802 de 13 de outubro de 1997); Sergipe (Lei n.º 4.976 de 29 de setembro de 2003); e Tocantins (Lei n.º 1.335 de 4 de setembro de 2002).

Apenas dois Conselhos foram criados por Decreto: Ceará (Decreto n.º 26.963, de 20 de março de 2003) e Rio Grande do Sul (Decreto n.º 32.989 de 11 de outubro de 1988).

A maioria absoluta dos conselhos estaduais foi instituída por Lei e, portanto, supõe-se que os debates legislativos foram acompanhados pelas organizações que representam os interesses da população idosa.

No que diz respeito ao órgão de governo ao qual se subordina o conselho de direitos do idoso, deve-se atentar que essa vinculação não se reduz a aspectos meramente burocráticos. Ao contrário, ao ser vinculado a uma determinada secretaria de governo, o conselho acaba por se submeter à dinâmica própria do órgão. Estão vinculados ao órgão de governo responsável pela política de

assistência social quinze Conselhos (Quadro 3.1). Talvez o fato de a coordenação da Política Nacional do Idoso estar, pela Lei, sob a responsabilidade do Ministério da área de assistência social (na época Ministério da Previdência e Assistência Social e hoje Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome), explique o caso de a maioria dos Conselhos estar sob esta subordinação. Apenas dois Conselhos, do total de vinte e três, estão vinculados diretamente a órgão responsável pelos direitos humanos. Outros sete conselhos estão vinculados a órgãos com outras denominações.

Quadro 3.1 – Relação dos Conselhos Estaduais e os Órgãos Governamentais aos quais estão subordinados

NOME DO CONSELHO ÓRGÃO GOVERNAMENTAL

ACRE

Conselho Estadual do Idoso Secretaria de Estado de Assistência Social (SAS) ALAGOAS

Conselho Estadual do Idoso

Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social

AMAZONAS

Conselho Estadual do Idoso

Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (SEAS)

AMAPA

Conselho Estadual do Idoso

Secretaria de Estado de Inclusão e Mobilização Social (SIMS)

BAHIA

Conselho Estadual da Pessoa Idosa

Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos CEARA

Conselho Estadual dos Direitos do Idoso

Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social DISTRITO FEDERAL

Conselho Distrital do Idoso

Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania

ESPÍRITO SANTO Secretaria de Estado do Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social

MARANHÃO

Conselho Estadual dos Direitos do Idoso do Maranhão

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MATO GROSSO DO SUL

Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Estado do Mato Grosso do Sul

Secretaria de Estado e Trabalho e Assistência Social de Mato Grosso do Sul

MINAS GERAIS

Conselho Estadual do Idoso de Minas Gerais

Secretaria de Estado e Desenvolvimento Social – Subsecretaria de Direitos Humanos

PARÁ

Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Idosa

Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social

PARANÁ

Conselho dos Direitos do Idoso

Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social

PERNAMBUCO

Conselho Estadual dos Direitos do Idoso em Pernambuco

Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

PIAUÍ

Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa

Secretaria de Assistência Social e Cidadania RIO DE JANEIRO

Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa

Governo Estadual

RIO GRANDE DO NORTE

Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Idosa

Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e da Assistência Social

RIO GRANDE DO SUL

Conselho Estadual do Idoso do Rio Grande do Sul

Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social/ Departamento de Cidadania e Direitos Humanos

RONDÔNIA Secretaria de Estado de Assistência Social

SANTA CATARINA Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação.

SÃO PAULO Secretaria Estadual de Relações Institucionais

SERGIPE Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social

TOCANTINS Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social

A vinculação a órgão de defesa dos direitos humanos tem o potencial de fazer com que o Conselho amplie sua perspectiva de trabalho para além das questões

sociais ou mesmo de violação de direitos. Estas estão mais afeitas à questão de cidadania. Os direitos de cidadania e a própria ideia de cidadania não são universais no sentido de que eles estão fixos a uma específica e determinada ordem jurídico- política. Estão sujeitos, por conseguinte, às mudanças históricas.

“Direitos Humanos”, por sua vez, como ressalta Comparato (1997), tratam de exigências de comportamento fundadas essencialmente na igualdade de todos os indivíduos no gênero humano, sem atenção às diferenças concretas de ordem individual ou social, inerentes a cada homem. A Declaração Universal de 1948, das Nações Unidas, sublinha este caráter de igualdade fundamental dos direitos humanos, ao dispor, em seu art. 2.º, que “cada qual pode se prevalecer de todos os direitos e todas as liberdades proclamadas na presente Declaração, sem distinção de espécie alguma, notadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião pública ou de qualquer outra opinião, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação” (Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Cabe destacar, entretanto, que, em muitos casos, os direitos do cidadão coincidem com os direitos humanos, que são os mais amplos e abrangentes. Em sociedades democráticas, é, geralmente, o que ocorre e, “em nenhuma hipótese, direitos ou deveres do cidadão podem ser invocados para justificar violação de direitos humanos fundamentais” (BENEVIDES, [s.d.] p. 04).

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