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DESASTRES AMBIENTAIS DE REPERCUSSÃO MUNDIAL

4.3. A situação dos recursos humanos na CPRH

No que se refere às finalidades específicas do órgão de controle ambiental, a legislação referente à CPRH ampliou o escopo das atividades, forneceu mais instrumentos para a ação dos agentes que a partir de então passa a ter “poder de polícia administrativa inerente e indispensável ao bom desempenho de seus serviços” (Lei nº 7267/76; Art 12). Porém no tocante ao quadro funcional o instrumento legal abriu um caminho para a constituição de um mosaico de relações contratuais com implicações significativas no próprio desempenho das atividades do órgão, bem como nas condições futuras para sua reformulação e aperfeiçoamento. A diversidade de regimes jurídicos tida como a forma mais imediata e eficaz de constituir o quadro técnico da CPRH irá lhe fornecer o caráter atípico dentro da administração pública. Na formação do quadro técnico sempre irá pairar o “fantasma da provisoriedade”, visto que os servidores públicos são ‘à disposição’, os convênios são ‘temporários’ e os empregados próprios do órgão são poucos.

O quadro de funcionários da CPRH foi composto pelos empregados da CECPA que ao serem remanejados perderam a solução de continuidade na relação de emprego, por servidores da administração direta ou indireta da União, do Estado, e dos Municípios à disposição da

CPRH com o tempo de serviço prestado no respectivo órgão de origem assegurado, além da contratação via convênio de pessoal para cumprimento dos seus objetivos.

A CPRH começou suas atividades com um tímido quadro de pessoal. Em 1977, segundo uma funcionária do setor de recursos humanos, havia menos de quarenta funcionários, portanto, um quantitativo pequeno para cobrir o Estado de Pernambuco, ou até mesmo para atender o Litoral e a Zona da Mata, onde estavam instaladas as usinas de açúcar. Dez anos depois, ou seja, em 1987, a CPRH ainda era uma empresa pequena e sem uma devida projeção na sociedade, além de contar com um quadro de pessoal reduzido próximo de 75 funcionários que não possuíam a qualificação necessária, segundo informações do Diretor-Presidente em exercício na época.

Ante o número insuficiente de funcionários para uma demanda crescente, fazia-se sempre necessário racionalizar o trabalho através da busca de um maior rendimento dos recursos mobilizados, com vistas à eficiência e à eficácia. Apesar do ganho de produtividade conquistado em grande parte pelo investimento no aperfeiçoamento técnico dos funcionários, a carência de recursos humanos constituía-se num desafio para o cumprimento efetivo de suas tarefas. A escassez de recursos humanos é significativamente expressiva e motivo de referência nos sucessivos relatórios de gestão do órgão. O relatório referente ao período de 1991 a 1994 revela que a falta de funcionários compeliu a CPRH à contratação de pessoas estranhas ao seu quadro funcional para realizar trabalho de natureza jurídica:

A carência de técnicos e pessoal auxiliar para atendimento à demanda de solicitações de natureza jurídica, fato que levou a CPRH a recorrer, em alguns casos, a contratação de serviços de profissionais estranhos ao seu corpo funcional ... ” (CPRH, 1994, p.16)

Entre 1996 e 1998, o mesmo problema foi contornado pela Diretoria através da parceria com instituições de pesquisa. Neste período as parcerias institucionais com vistas à capacitação

de pessoal auxiliar às funções da CPRH agregaram 95 bolsistas ao corpo funcional da Companhia:

Visando suprir a carência de técnicos (....) foram incentivados os estágios de alunos de graduação e bolsas ténico-científicas. Só em 1998 foram contratados 59 estagiários de graduação via Instituto Euvaldo Lodi, 03 bolsistas de iniciação científica e 09 bolsistas pós-graduados, via FACEPE e CNPQ. Além desses, em 1998, 24 adolescentes da FUNDAC foram acompanhados por nossos técnicos e deram sua colaboração funcional à CPRH. (CPRH, 1998 p.21)

De acordo com o organograma constante na publicação “Diagnóstico da Gestão Ambiental no Brasil” do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2001, p.447) a Companhia Pernambucana de Meio Ambiente é estruturada em 4 diretorias, 2 assessorias, 14 gerências e 18 unidades. Essa estrutura orgânica, segundo a assessoria de comunicação da CPRH, abriga cerca de 290 técnicos com formação multidisciplinar, entre funcionários, estagiários, bolsistas e cooperados.

O “Relatório de Gestão 1999-2002” faz referência aos convênios com a FUNDAC, o Instituto Euvaldo Ladi e o FACEPE, mas invés de destacá-los como sendo necessários à CPRH para atender a demanda crescente pelos seus serviços, suprime, estrategicamente, sua deficiência de recursos humanos, atribuindo a presença de bolsistas à participação da Companhia em um programa do tipo primeiro emprego.

Através do Convênio com a FUNDAC, a Companhia vem assegurando um programa de formação pré-profissional para atender às exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social dos adolescentes contratados, dando condições básicas para iniciação profissional no mercado de trabalho (....) alguns dos adolescentes do Convênio, por desempenharem suas funções adequadamente, (....) foram selecionados para estagiar através do Convênio com IEL e outros para desenvolverem trabalhos nos projetos de pesquisas do Convênio com FACEPE. (CPRH, 2002a)

Ora, se o interesse do programa é contribuir com o desenvolvimento pessoal e social dos jovens com vistas à iniciação profissional no mercado de trabalho, então qual a necessidade de permanecer com os mesmos em outros tipos de Convênio? Se o principal

objetivo do programa fosse de fato sua participação enquanto instituição pública estadual em programa social do governo destinado à capacitação dos adolescentes, então quanto mais fossem capacitados maior seria a contribuição da Companhia ao programa. Todavia, se depois dos adolescentes estarem familiarizados com os procedimentos administrativos da CPRH, esta procura mantê-los para desempenho de pesquisas, então é porque a existência do programa de formação pré-profissional é um mecanismo para suprir sua carência de pessoal.

A despeito das recorrentes menções ao déficit de pessoal, a Companhia continuou sua trajetória com um corpo funcional formado por um mosaico de relações contratuais como pode ser observado pelo gráfico a seguir:

Fonte: Barros e Souza (2003)

Gráfico 4 - Composição do quadro funcional da CPRH ano de 2003

Essa forma de compor a CPRH se por um lado teve a intenção de fazê-la caminhar, por outro lado conformou um sério problema administrativo que também contribuiu com a deficiência do controle ambiental e gestão ambiental no estado. Até porque tal fato chegou ao limite na gestão de Edrise Aires quando por determinação do Tribunal de Contas do Estado teve que afastar alguns funcionários que estavam com contrato irregular, alguns deles bem qualificados e experientes no tocante aos serviços técnicos-ambientais. Evidentemente que isto

37% 10% 10% 19% 20% 4% Funcionários Terceirizados Estagiários Outros órgãos Bolsistas Comissionados

refletiu em queda no atendimento da demanda dos serviços ambientais, bem como na sobrecarga de trabalho para os demais.