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SNA e SNC no controle visceral e psicofisiológica

2.5 S ISTEMA N ERVOSO AUTÔNOMO

2.5.1 SNA e SNC no controle visceral e psicofisiológica

A partir de algumas áreas do telencéfalo e do diencéfalo, sendo as mais importantes o hipotálamo e o sistema límbico, o SNC influencia o funcionamento das funções viscerais. Estas áreas também estão relacionadas com certos tipos de comportamento, especialmente aqueles relacionados às respostas psicofisiológicas. A existência dessas conexões entre as áreas cerebrais e os neurônios pré-ganglionares do SNA auxilia o entendimento sobre as alterações do funcionamento visceral, frequentemente acompanhadas por significativas alterações psicofisiológicas (MACHADO, 2000).

De acordo com Hagemann, Waldstein e Thayer (2003), os processos psicofisiológicos, as respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais, são mutuamente influenciadas e envolvem regiões corticais: frontal (córtex cingulado anterior), temporal, e parietal; e subcorticais: gânglio basal, tálamo, amígdala e hipocampo. O estresse,

por exemplo, pode diminuir ou exacerbar o processo de tomada de decisão. Da mesma forma o grau de habilidade em tomar decisões pode influenciar os efeitos do estresse e por sua vez interferir na modulação cognitiva (PARDON, 2007; COWEN, 2009).

O fato das mesmas áreas encefálicas regularem respostas psicofisiológicas e o SNA torna-se significativo na medida em que muitas emoções se expressam em grande parte por meio de alterações em determinadas manifestações viscerais, como a freqüência cardíaca, por exemplo.

2.5.1.1 SNA e funcionamento cardíaco

Os nervos cardíacos convergem para a base do coração, ramificam-se e trocam amplas anastomoses, formando um emaranhado de filetes nervosos e gânglios, denominado de plexo cardíaco. Este plexo está situado na cavidade torácica, sendo composto pelos três nervos cervicais do simpático, dois nervos cardíacos cervicais do vago, torácicos do vago e do simpático. A invervação autônoma do coração é especialmente abundante na região do nódulo sinusal. (MACHADO, 2000).

O coração é um órgão central na manutenção da homeostasia. Para manté-la uma de suas principais características consiste na constante modificação da freqüência de seus batimentos. Nesse sentido, as fibras musculares do coração recebem terminações nervosas dos dois ramos do SNA, sendo possível observar numerosos gânglios do RS. Estão envolvidas na regulação cardíaca autonômica vias aferentes medulares e vagal, que possibilita ao SNC receber a informação e retonar-la ao coração, sob modulação das fibras eferentes vagais rápidas e eferentes simpáticas lentas (KAWAGUCHI et al, 2007). Como conseqüência desse movimento de informações ocorre variações na freqüência cardíaca batimento a batimento.

O coração é uma bomba pulsátil que possui a importante tarefa de proporcionar uma corrente contínua e suficiente de nutrientes e oxigênio a todo o organismo (WILMORE e COSTILL, 2001). Existem diversas maneiras de avaliar o funcionamento dessa bomba. A freqüência de batimentos do coração ou freqüência cardíaca (FC) é a mais comum delas. Geralmente é expressa pelo número de batimentos cardíacos por

minuto (bpm). De acordo com a demanda do estímulo, seja de ordem física ou mental, a FC sofre certos ajustes de maneira a elevar ou a diminuir o número de batimentos por minuto de acordo com a intensidade imposta (WILMORE e COSTILL, 2001). O controle da FC é realizado pela combinação de dois distintos mecanismos: o mecanismo intrínseco e o mecanismo extrínseco (DOUGLAS, 2000).

Do controle intrínseco – Ao receber maior volume de sangue proveniente do retorno venoso, as fibras musculares cardíacas se tornam mais distendidas devido ao maior enchimento de suas câmaras. Isso faz com que, ao se contraírem durante a sístole, o fazem com uma maior força. Essa capacidade intrínseca do coração é conhecida como mecanismo de Frank-Starling, e significa que quanto maior o enchimento diastólico do coração, maior será a quantidade de sangue bombeada para fora dele por minuto, ou seja, maior será o débito cardíaco (GUYTON, 1993).

Do controle extrínseco – o trabalho cardíaco pode ser aumentado ou reduzido de acordo com o grau de atividade do SNA. Por influência da noradrenalina o débito cardíaco pode ser aumentado por duas ou três vezes. Por outro lado, a ação da acetilcolina a força de contração do coração é deprimida e como consequência uma redução considerável no débito cardíaco (GUYTON, 1993).

Desse modo, um predomínio da atividade simpática do SNA provoca, no coração, um significativo aumento na frequência cardíaca, agindo como um cardio-acelerador. Já um predomínio da atividade parassimpática do SNA provoca um efeito oposto no coração, reduzindo a frequência cardíaca, agindo, portanto como um cardio-inibidor (DOUGLAS, 2000). O músculo cardíaco se contrae em semelhança dos músculos esqueléticos, contudo com uma duração muito mais longa. O ciclo cardíaco compreende o espaço de tempo que vai do início de um batimento cardíaco até o início do batimento seguinte, contendo dois períodos distintos: um período de relaxamento, ou diástole, quando o coração se enche de sangue e um período de contração ou sístole, momento no qual o sangue é ejetado para a circulação. Cada ciclo é iniciado pela geração espontânea de um potencial de ação no nódulo sinusal, em virtude do fluxo de íons através das membranas celulares cardíacas (GUYTON, 1993).

Para que a contração do músculo cardíaco seja organizada existe um sistema de condução elétrica muito bem definida. Tal atividade elétrica pode ser monitorada pelo eletrocardiograma, o qual registra os sinais da onda P, o complexo QRS e a onda T que representam,

respectivamente, a despolarização do átrio, a despolarização do ventrículo e a repolarização dos ventrículos.

A duração do ciclo cardíaco, medida pelo tempo transcorrido entre duas ondas R consecutivas (intervalo RR), não é constante, ocasionando uma variação entre os intervalos R-R sucessivos, denominada de variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A VFC é uma técnica simples e não-invasiva, que avalia a modulação autonômica do coração, por meio das variações instantâneas, batimento a batimento, a partir da amplitude dos intervalos R-R (TASK FORCE, 1996).

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