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Sob o olhar da Panapress, União Africana e Kadafi em notícia.

No documento MESTRADO EM HISTÓRIA São Paulo 2013 (páginas 151-200)

Olhares da Panapress

IV.II Sob o olhar da Panapress, União Africana e Kadafi em notícia.

Nesta parte da dissertação propõem-se percursos que sugerem indagações advindas de representações posteriormente confirmadas e, em outros casos, se

contrastam informações a partir de diálogos entre fontes textuais e fontes imagéticas. Algumas conversas e indagações realizadas a partir da banca de qualificação nos fizeram refletir sobre quais caminhos percorrer. Ao procurar evidências e registros nas fontes escritas que dispomos, percebemos questões que talvez pudessem ser pensadas e dialogadas com novas fontes que contribuíram para melhorar e compor nossas narrativas.

A Agência Panafricana de Notícias não menciona em seus editoriais intitulados “Sobre a Pana” e “Produtos e serviços”, ou em alguma outra página, nenhum dado autoral e pessoal de seus colaboradores. As notícias são sempre descritas começando com o título, logo em seguida, tem-se o local onde ocorreu a notícia, (cidade e país de referência), a matéria, ou seja, o texto propriamente escrito e, por fim, a indicação da data com menção das horas, minutos e segundos, quando da sua publicação no site.

Há exceção feita para o conjunto de fotografias reunidas pela Pana em seus “Dossiês-imagens” e para as três notícias escritas, porém, apenas uma menciona, ao fim do texto, a autoria. Vejamos as descrições de alguns exemplares e as seguintes observações e reflexões a respeito de seus conteúdos.

As fotografias aparecem já na home page, de maneira repetitiva como uma apresentação de slides; o que vemos sempre do lado esquerdo são fotografias de pessoas que ocupam os cargos de presidente da UA e de presidente da comissão da UA (atualmente Hailemariam Desalegn e Dlamini Zuma), e ao lado direito, mostra uma variação de fotografias oficiais sobre as últimas cimeiras ocorridas e fotos do representante Meles Zenawi (ex-primeiro-ministro da Etiópia) no “Dossiês-imagens”.

Não há referências diretas sobre estes documentos quanto a quem os produziu, somente quando acessamos ao conteúdo de fotografias dos “Dossiês-

imagens”, pelos seus links podemos verificar três grupos de documentação imagética, chamados: News, Sport e Magazine. Devido à imensa quantidade de exemplares contidos neste arquivo, aos nossos interesses temáticos específicos e aos prazos de finalização deste trabalho, analisaremos apenas um desses dossiês e alguns de seus documentos no conjunto de fotografias News, o que mais nos importa em virtude da proximidade com nosso tema de trabalho.

A documentação fotográfica está distribuída de acordo com a ordem cronológica de publicação, da mais recente a mais antiga e, na maioria das vezes, indica o nome dos profissionais que realizaram tais fotografias. Além disso, quando aproximamos às imagens o cursor do mouse conseguimos a informação sobre o acontecimento, alguns atores sociais que aparecem, locais, datas, como em uma espécie de legenda, cujo objetivo talvez seja ajudar àquele que está pesquisando. Estas referências estão publicadas apenas em um idioma, o inglês, mas por se tratar de informações objetivas e envolvidas com as temáticas em discussões próximas ao nosso trabalho, não encontramos grandes problemas.

Eram várias fotografias de chefes de Estados, líderes e representantes políticos de África em posições meramente oficiais e que não nos despertava nenhum interesse investigativo, pois eles nos levariam apenas a marcar os rostos, as datas e os locais daquelas reuniões, com representantes políticos quase sempre sorridentes, posando no início ou no fim das cimeiras.

Imagem 1 - Abertura da II sessão ordinária da União Africana

Imagem 1 - Abertura da II sessão ordinária da União Africana, no dia 4 de julho de 2003, em Maputo, Moçambique. (Ramadhan Khamis et PANAPRESS, 2013)2

Na fotografia anterior nota-se uma pose oficial da abertura da cimeira em Maputo (Moçambique) e se repararmos bem, no primeiro plano, em destaque, aquele que está utilizando vestimentas coloridas com detalhes em verde, que nada mais são do que estampas do formato do continente africano, é Muamar Kadafi. Este se posiciona bem ao centro dos representantes da organização, podendo sugerir a sua liderança, influência e, talvez suas intenções, ser registrada para a posteridade a sua importância histórica na condução de uma nova era de desafios para o continente africano.

Outras várias fotos eram destacadas no site oficial da UA e da própria Panapress, e apresentavam políticos com olhares atentos, portando fones de ouvidos e elegantes vestimentas, em grande número com características ou marcas

2 Fotografia sob a autoria de Ramadhan Khamis para Panapress, 4 Jul. 2003. Disponível em:

http://www.panapressimages.com/album.php?sujet=2003/07/10.%20Opening%20of%20the%20Africa n%20Union%-0Summit%20in%20Maputo.&lang=fr&p=263&rubrique=NEWS. Acesso em: 12 jan. 2013.

ocidentais: o terno, a gravata, o sapato, mas havia um número menor de trajes mais coloridos, que marcavam respeitosamente os corpos, com tendências africanas.

Esses trajes eram mais comuns às simpáticas mulheres que eram minorias nestas instâncias políticas, mas que usufruem de decisões favoráveis à diminuição da desigualdade de gênero que a carta da UA, pelo menos em teoria, faz questão de trazer como uma das novidades e positividades desta organização, mas a própria Pana tratou de sublinhar um começo deste avanço, vejamos a notícia a seguir:

Maputo- Moçambique (PANA) -- As Africanas vão dispor dum novo instrumento na sua luta para a emancipação e a eliminação de todas as formas de discriminação com a adoptação esta quarta-feira em Maputo, pelo Conselho executivo da União africana, dum "Protocolo à Carta africana dos direitos do Homem e dos povos, relativo aos Direitos das mulheres". Este protocolo adicional à Carta africana deveria contribuir para "uma real consideração dos direitos específicos da mulher africana", segundo Bineta Diop, uma das suas promotoras mais regulares nas reuniões panafricanas [...]. (PANAPRESS, 2003)3.

Há outra passagem importante de avanço em relação as desigualdades entre gêneros em África, no próprio campo das representações políticas na UA, neste mesmo ano, onde pelas regras em favor de consensos para equilíbrio entre representações das regiões africanas e também em favor do equilíbrio entre gênero, as mulheres se candidataram a vários cargos da UA e muitas delas conseguiram ocupar estes espaços, como noticiou a Pana:

Maputo- Moçambique (PANA) – [...] informou Ana Nemba, a representante permanente de Moçambique na União Africana, [...] que a eleição dum mesmo número de mulheres como de homens à comissão é uma decisão tomada pelos chefes de Estado e de Governo por ocasião da primeira cimeira da UA organizada no ano passado na cidade de Durban (África do Sul). "Isto enquadra-se dentro da política da União africana, que se opõe à exclusão das mulheres e que as considera como componentes fundamentais do desenvolvimento", afirma. Tendo em consideração a ausência de mulheres entre os candidatos ao posto de presidente e de vice-

3 PANAPRESS (10 jul. 2003). UA: adopção (sic) dum protocolo relativo aos direitos das

mulheres. Disponível em: http://www.panapress.com/UA--adopcao-dum-protocolo-relativo-aos- direitos-das-mulheres--12-431313-96-lang4-index.html. Acesso em: 22 ago. 2011.

presidente da Comissão, isto significa que cinco dos oito outros membros devem ser mulheres.

Até ao momento, sabe-se que 17 do 53 Estados membros da UA submeteram a lista dos seus candidatos aos postos da Comissão. A eleição deve igualmente ter em consideração o equilíbrio regional, com dois membros da comissão oriundos de cada uma das cinco regiões da UA (África do norte, África Ocidental, Central, Oriental, e Austral). A África austral propõe sete candidatos, a do norte cinco, a central e a África oriental quatro cada uma, enquanto a África ocidental propõe apenas dois. – (PANAPRESS, 2003)4

Como menciona a matéria, há um salto importante para as representações femininas, ao menos na ocupação dos cargos da Comissão da UA, sabemos que há muito que se fazer pelas mulheres africanas, pois as mulheres bem como as crianças, muitas vezes são os principais alvos da pobreza, desigualdade, guerras, fomes e outras crises sociais, como bem evidencia Ana Nemba, representante de Moçambique, que naquele momento albergava a II cimeira ordinária da UA.

Um destaque importante a ser feito diz respeito a Bineta Diop, importante personalidade senegalesa, ativista e fundadora do Femmes Africa Solidarité (FAS), onde dissemina suas ideias de luta a favor das mulheres e outros grupos minoritários em prol das necessárias transformações, duas mulheres que procuram desempenhar e reivindicar espaços para atuação das mulheres.

4PANAPRESS (09 Jul. 2003). Mulheres vão ocupar metade dos assentos na Comissão da UA.

Disponível em: http://www.panapress.com/Mulheres-vao-ocupar-metade-dos-assentos-na-Comissao- da-UA--12-431303-96-lang4-index.html. Acesso em: 22 ago. 2011.

Imagem 2 – III Cimeira da União Africana

Imagem 2 - Mamadou Tandja e Laraba Tandja, ex-presidente e ex-primeira dama do Níger, na III Cimeira da União Africana, na cidade de Addis Abeba (Etiópia), sede da UA. - (PANAPRESS, 2004)5

Além de mostrarem estes representantes de Estados, responsáveis por alguma palestra ou discurso a ser proferido, as fotografias nos apresentavam lugares bem organizados como a sede da UA, em Addis Abeba (Etiópia), ou mesmo, o novo e caro Centro de Conferência de Maputo (Moçambique), segundo fontes da Panapress. Abaixo seguem imagens extraídas do site do periódico, em um dossiê de fotografias chamado “notícias”.

5 Fotografia de autoria de Ramadhan Khamis para Panapress, em 7 Jun. 2004. Disponível

em: http://www.panapress-

images.com/album.php?sujet=2004/07/06.%20Opening%20of%203rd%20Summit%20of%20the%20A frican%20Union.&lang=fr&p=210&rubrique=NEWS. Acesso em: 26 fev. 2013.

Imagem 3 – Centro de Conferência em Maputo

Imagem 3 - Inauguração do Centro de Conferência em Maputo para a II sessão ordinária da União Africana de 4 a 12 de julho de 2003. (Ramadhan Khamis et PANAPRESS, 2003)6

A primeira imagem (à esquerda) mostra um grupo de jovens vestidos de branco, ordenados em formação que sugere a de um coral em frente ao Centro de Conferência. A segunda imagem mostra o início dos trabalhos da cimeira em Maputo e os representantes dos países africanos para debaterem os temas de relevância para a UA.

No decorrer das pesquisas, encontramos no ano de 2004, algumas informações curiosas. Uma menção da estrutura organizacional ou administrativa da agência, onde a notícia descrevia a existência de um conselho e uma estrutura que contempla também outro cargo, o de diretor geral, além de mencionar os nomes dos ocupantes destes cargos importantes ligados à Pana, como podemos verificar no trecho abaixo:

Addis Abeba- Etiópia (PANA) – A comunicação é um elemento fundamental do combate para a integração africana, e a luta pela imagem do continente deve ser levada a cabo usando todos os meios disponíveis, declarou quarta-feira, em Addis-Abeba, o

6 Fotografias sob a autoria de Ramadhan Khamis, para Panapress. Disponível em:

http://www.panapress-images.com/album.php?pag=265&lang=fr&rubrique=NEWS. Acesso em 10 fev. 2012.

presidente da Comissão da União Africana (UA), Alpha Oumar Konaré.

Konaré falava durante uma audiência que concedeu ao presidente do Conselho da Administração da agência Pan-africana de notícias (PANA), Abdelmageed El-Dursi, acompanhado do seu director-geral Babacar Fall. - (PANAPRESS, 2004)7.

Não conseguimos evidenciar a nacionalidade destes dois atores sociais, num primeiro momento, pois não há menção de autoria no conteúdo textual e nem em uma imediata notícia que demonstrasse a continuidade deste ocorrido com estes mesmos atores.

Quanto ao seu conteúdo, o excerto acima apresenta uma das poucas vezes que um integrante da UA se comunica de maneira direta com algum membro da Pana, e mais, com um propósito significativo, tratando sobre “a imagem do continente” para o mundo. Na imagem o presidente da Comissão da UA Alpha Oumar Konaré procura alertar sobre a importância da construção de imagem da África, e por que não da própria UA, para os interlocutores africanos e observadores mundiais, postura que demonstra uma preocupação significativa dos líderes na exposição das ações frente aos novos desafios.

O presidente da comissão da UA chama-nos a atenção em relação à comunicação que a organização continental precisa estabelecer para dentro e fora do continente e, assim, busca parcerias que possam, de alguma forma, possibilitar esta iniciativa, como demonstra a sequência da notícia da Pana:

O presidente da Comissão da UA indicou na ocasião não ter esquecido a história e a ambição do arranque da agência continental que, segundo ele, consta entre os órgãos chamados a responder às necessidades de comunicação da União e do continente. Manifestou a sua disponibilidade para estabelecer uma parceria mutuamente

7 PANAPRESS (30 jun. 2004). Presidente da Comissão da UA destaca papel da

comunicação. Disponível em: http://www.panapress.com/Presidente-da-Comissao-da-UA-destaca- papel-da-comunicacao--13-393765-18-lang4-index.html. Acesso em: 05 nov. 2011).

benéfica para as duas estruturas africanas, uma cooperação que, anunciou, será objecto (sic) de consultas.

No programa de trabalho de quatro anos da União, explicou, ocupam um lugar de destaque as questões relativas às comunicação, quer ao nível da rádio e televisão quer ao de publicações em línguas africanas.

Saudou igualmente o profissionalismo da agência PANA e agradeceu os seus animadores pelo trabalho levado a cabo, já com vista a contribuir para o sucesso da próxima Cimeira da UA.

Em resposta, o presidente do Conselho da Administração saudou Alpha Oumar Konaré, pelas suas qualidades de combatente da democracia e da integração africana e soublinhou (sic) a sorte do continente em dispor de um tal homem para dirigir a União Africana.

Abdelmajeed El-Dursi agradeceu igualmente Konaré pela sua disponibilidade para com a agência continental e reiterou o engajamento da agência em desempenhar totalmente o seu papel na comunicação em África ao lado da União Africana e de todos os outros actores (sic). – (PANAPRESS, 2004)8

Propomos duas formas de interpretação desta notícia. A primeira, por se tratar de um agente político, o presidente da comissão Alpha Oumar Konaré, já se antecipa quanto à divulgação de sua agenda e suas possíveis ações neste cargo, construindo, assim, também uma imagem pessoal para posteriormente galgar espaços no meio político ou, diante da possibilidade de continuidade neste meio político, se aproximar de um dos órgãos que busca noticiar África em seus vários temas. Além de cobrir a UA de maneira extensiva, Konaré percebe que a aliança e a convergência entre as duas organizações pode ser muito benéfica.

A segunda trata-se de uma prevenção contra os meios de comunicação que poderiam produzir críticas e contrariedades, em demasia, referindo-se aos chamados “afropessimistas” que produzem sobre África e seus atores – principalmente, aos que estão na atividade política na qual imagem é algo que sempre se tenta não abalar – imagens homogeneizadas, degradadas, distorcidas e muito negativas. Outro fator relevante são os sinais de apoios e elogios que

8 PANAPRESS (30 jun. 2004). Presidente da Comissão da UA destaca papel da

comunicação. Disponível em: http://www.panapress.com/Presidente-da-Comissao-da-UA-destaca- papel-da-comunicacao--13-393765-18-lang4-index.html. Acesso em: 05 nov. 2011).

externaram com reciprocidade, tanto Konaré como El-Dursi, neste encontro relatado pela própria Pana.

Na notícia seguinte explicitaremos a intenção da UA com o apoio dado e recebido da Pana:

[...] a Comissão da UA lançou uma missão de informação crucial para engajar todos os actores (sic) africanos e a diáspora africana na Europa e nos Estados Unidos no quadro do processo de desenvolvimento regional e continental.

Um documento de orientação relativo ao Plano estratégico explica que a UA tem como objectivo (sic) "lutar para que África faça ouvir a sua voz, redescubra e projecte (sic) a sua verdadeira imagem".

Não se trata de tarefa fácil. Caberá à Comissão da UA recrutar um pessoal competente e sacrificado que possa servir de elo de ligação (sic) entre África e o resto do mundo.

A esse respeito, a UA deverá adoptar (sic) uma política de comunicação capaz de projectar (sic) a imagem de uma África triunfante com o obectivo (sic) de insuflar a confiança ao povo, que os conflitos, a fome e a destruição da desinformação tornaram céptico (sic) a respeito do futuro do continente. No documento, a Comissão reconhece o papel de vanguarda que as agências de imprensa africanas poderão desempenhar nesta luta.

Refere-se particularmente à União das Radiodifusões e Televisões Nacionais de África (URTNA) e a Agência Panafricana de Imprensa (PANA), que deverão ser redinamizadas por programas pan-africanos.

No mesmo sentido, fez referência à imprensa privada, cujo dinamismo foi muito importante no aprofundamento da democracia e do Estado de Direito em vários países africanos.

Os chefes de Estado africanos que desejam conservar o apoio das populações deverão renunciar à violência utilizada como instrumento para reforçar o seu poder e esforçar-se mais por aderir a esta agenda africana procedendo à sua vulgarização no seio das populações.

Trata-se de promover o Estado de Direito, combater a corrupção, lutar pela instauração da transparência nos domínios da governação e direitos humanos, factores (sic) que foram as principais causas de conflitos, deslocações das populações e a estagnação das economias africanas. (PANAPRESS, 2004)9

Os interesses convergem entre as duas organizações Pan-africanas na construção e divulgação da imagem do continente africano, tanto no campo midiático como no campo político das relações internacionais. Sendo assim, por que

9 PANAPRESS (01 jul. 2004). Comissão da UA defende nova cultura de trabalho. Disponível

em: http://www.panapress.com/Comissao-da-UA-defende-nova-cultura-de-trabalho--13-393791-17- lang4-index.html. Acesso em: 19 abr. 2011).

não colocar tais interesses na questão das disputas e lutas culturais contra as hegemônicas ocidentais? Conforme destacamos nas palavras do embaixador argelino, muitas vezes há análises feitas por grupos ou pessoas externas ao continente e que possuem “outras agendas” que diferem dos diversos interesses e experiências entre grupos sociais e atores africanos. Assim, observa-se uma tendência de construir e promover uma imagem de África diferente das promovidas por este pensamento que, aos olhos de atores africanos, trata-se de um pensamento bastante enviesado.

Este fato não é nenhuma novidade, o pesquisador guineense Joel Aló Fernandes, em seu trabalho intitulado: Integração para o desenvolvimento da África: a difusão de blocos econômicos (2009), nos informa em uma pequena nota referente a estes escritos da Panapress, a convergência de projetos sobre a imagem de África que se quer produzir e passar. Esta é uma situação polêmica que nos causou espanto quando vimos citar uma iniciativa da própria OUA, em tempos atrás, da criação de uma “Agência Panafricana de Imprensa” (Pana), vejamos a citação:

Para melhorar as condições socioculturais [...] a OUA criou várias agências tais como: a Agência Pan-africana de Imprensa (Pana) [...] destinada a fortalecer e difundir as ideias da unidade africana e corrigir as imagens deturpadas da África difundidas pelos meios de comunicações estrangeiros. Infelizmente se converteu em instrumento de propaganda dos partidos únicos e de manipulação das massas populares. (KABUNDA. Apud FERNANDES, 2009).

Esta menção nos fez verificar se o pesquisador trata da mesma organização midiática atual, “Agência Panafricana de Notícias”. Pois há termos diferentes utilizados que podem ou não diferenciar o órgão, assim analisamos as páginas da Pana para verificarmos possíveis problemas de traduções, tratarmos deste pequeno dilema e confirmarmos a identidade do próprio periódico eletrônico que observamos.

Vimos que em seu site há versões em quatro idiomas e tentamos entender os diferentes usos de alguns termos que nos causaram esta dúvida, afinal a Pana já existia anteriormente, ela se transformou em outro órgão e, diante disso, questionamos quais as indicações que podem mostrar para os leitores sua identidade.

Assim procuramos nas páginas de cada idioma e buscamos os possíveis significados, começando pelo termo francês presse, que quer dizer, em português, imprensa, o mesmo utilizado pelo pesquisador citado. Já na versão em inglês utilizaram o termo news que, em português, significa notícias10.

Não há grande diferença nos uso desta ou daquela palavra, o problema é que nestas poucas passagens a impressão que se passa é de estarmos tratando de coisas distintas. Vejamos uma notícia que evidencia uma declaração do ministro do Estado senegalês dos Negócios Estrangeiros, Cheikh Tidiane Gadio, em que menciona a criação da “agência de notícias” em tempos do líder ganense Kwame Nkrumah, em uma fala que demonstra até certo saudosismo por parte do político que, no momento da declaração, procurava chamar atenção da divulgação do sucesso ou dos pontos positivos pela “imprensa africana” já que os meios de

No documento MESTRADO EM HISTÓRIA São Paulo 2013 (páginas 151-200)