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3. A escalação da educação, da Educação Física e do esporte na corrida pelo

3.4 As ‗rédeas‘ da educação, da Educação Física e do esporte segundo o modelo

3.4.2 Sobre a Educação, a Educação Física e o Esporte nos governos Lula e

Sobre as políticas de educação, Educação Física e de esporte nos governos Lula e Dilma é fundamental reconhecer que a chegada de Lula à presidência da República ocorre em meio à expectativa de mudanças. Mesmo porque fomentada por sua campanha eleitoral e presença constante na agenda dos movimentos sociais que o apoiaram.

Em meio a contradições, rupturas e permanências é possível avaliar como positivas algumas iniciativas do governo, principalmente àquelas que buscaram resgatar o protagonismo do Estado na elaboração de políticas para os setores [em questão], bem como a correção de antigas distorções que marcavam as políticas educacionais e esportivas em um país com a dimensão do Brasil.

Assim, para garantir a materialização de seu projeto de educação, o governo Lula pautou-se por três diretrizes gerais, a saber: a) democratização do acesso e garantia de permanência; c) qualidade social da educação; e d) inserção do regime de colaboração e da democratização da gestão.

O Plano de Desenvolvimento da Educação (2007-2010) constitui iniciativa emblemática e metafórica para se avaliar a ação do governo no tocante à educação. Nesse planejamento, a prioridade foi a melhoria da qualidade da educação por meio de ações sistêmicas, articuladas e que visavam mobilizar a sociedade para a importância do setor e para a construção de práticas que garantisse o sucesso e permanência do aluno na escola (BRASIL, 2007).

Saviani (2009) critica o PDE quando verifica que se trata de um documento que agrega um conjunto de ações que não se articulam organicamente e, portanto, não se constitui um plano. Além disso, destaca o fato de não estabelecer [com clareza] os mecanismos de controle e de execução das ações, o que [segundo sua análise] tornaria possível burlar os resultados e impedir a aferição correta e realista do efetivo resultado. No entanto, apresenta como positivos os programas que buscam enfrentar o problema qualitativo da educação básica: o IDEB, a Provinha Brasil e o Piso do Magistério, por exemplo.

A substituição do FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) é outro exemplo de política que buscou corrigir falhas, sobretudo por estender o financiamento público a toda a Educação Básica.

Além disso, merece realce a defesa do MEC em relação à regulamentação e definição do custo aluno-qualidade, assim como o esforço do referido ministério na organização da Conferência Nacional de Educação 2010 (CONAE) e, consequentemente, o chamamento da sociedade civil para a construção de diretrizes que balizassem o ―novo‖ Sistema Nacional de Educação.

Outra conquista foi o fato de [por meio da Emenda Constitucional nº 59/2009] acabar com a incidência da Desvinculação das Receitas da União (DRU) sobre a educação, impedindo que recursos voltados à manutenção e desenvolvimento do ensino fossem destinados a outros fins.

Todavia, ao mesmo tempo em que se observa a retomada de algumas pautas inscritas na Constituição, verifica-se [também] o estabelecimento de ações que reforçam o nexo entre a elevação do desempenho educativo e a competitividade internacional [a referência do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) tomada pelos padrões de desempenho educacional dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento da Educação (OCDE) é ilustrativa] (ANDRADE OLIVEIRA, 2009).

Ademais, as ações que vinculam capacidades de escolha e ação individual à transformação institucional [traduzida pelo Compromisso Todos Pela Educação], para os quais os baixos níveis de desempenho resultam da falta de compromisso [de todos] com a educação e não da presença de outras carências, atribui à educação um voluntarismo que inviabiliza a noção de direito público assegurado (ANDRADE OLIVEIRA, 2009).

O governo Dilma assevera [como no governo Lula] a valorização do magistério e a qualidade da educação e avança em outras frentes [especialmente educação técnica e profissional, ensino superior e pós-graduação]. Para tanto, o grande avanço foi a aprovação dos 10% do PIB para o gasto em educação – condição preliminar indispensável, mas não suficiente para o enfretamento dos problemas educacionais brasileiros.

A despeito da educação básica, seu PDE (2011-2020) reiterou, dentre outras, as metas de: universalizar o atendimento escolar a crianças de 04 a 05 anos, o ensino fundamental e o atendimento escolar para a população de 15 a 17 anos; oferecer a educação de tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica e atingir as médias 6,0 para os anos iniciais do fundamental e 5,5 para os finais, além de 5,2 para o ensino médio.

Sobre a Educação Física [nesses dois últimos governos] é razoável considerar as preocupações da área para com a influência do poder normativo dos megaeventos esportivos a partir de sua força simbólica [e também econômica]. A qual está relacionada com uma série

de características do esporte de alto rendimento que lhe confere apelo popular e adesão apaixonada (BRACHT; ALMEIDA, 2013).

Assim, a apreensão reside na possibilidade histórica da área estabelecer [novamente] um vínculo com a necessidade – renovada a cada ciclo olímpico – de melhor organizar a base do esporte nacional, sobretudo, a partir da massificação esportiva (MASCARENHAS, 2012).

No entanto, cabe a ressalva de que não se observou – nesses dois últimos governos – alterações na política educacional que provocasse/desencadeasse um processo de desgarre/descolamento da Educação Física em relação às demais áreas de conhecimento na direção da formação de um esporte de base. Todavia, é acertado o argumento que verifica o florescimento de um conjunto de políticas ligadas ao esporte educacional. As quais tem a escola como um espaço e tempo privilegiado para sua operacionalização. Reconfigurando, assim, a organização do ensino e da prática esportiva na escola.

Quanto às políticas esportivas no governo Lula e Dilma julga-se adequado não proceder a uma análise [tal qual desenvolvida ao longo deste capítulo], uma vez que o ―ponto de partida‖ [debate desenvolvido ao longo do 1º Capítulo] responde satisfatoriamente a essa necessidade. Muito embora, não dispense a urgência de compreensão da função política desempenhada pelos programas e ações de esporte educacional, operacionalizados no âmbito desses dois governos – objetivo e objeto do capítulo na sequência.

Figura 13: Síntese Ilustrativa dos Governos Lula e Dilma.

CAPÍTULO III

4 O TEMPO E O LUGAR DAS POLÍTICAS DE ESPORTE EDUCACIONAL NA