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CAPÍTULO 4 – DESCREVENDO A METODOLOGIA DE PESQUISA

4.2 SOBRE OS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA E REGISTRO

De acordo com Alves-Mazzotti (2001), as pesquisas qualitativas são multimetodológicas, pois podem empregar uma diversidade de procedimentos e instrumentos de coletas de dados. Araújo e Borba (2004) enaltecem o emprego de múltiplos procedimentos de coleta de dados como forma de garantir a confiabilidade da pesquisa.

Os instrumentos de registro de dados usados foram o diário de campo, atividades escritas pelos estudantes, arquivos com as atividades realizadas pelos mesmos, gravados na memória do laptop e em pendrive, fotografias, além de gravações em áudio e vídeo (ALVES-MAZZOTTI, 2001; ARAÚJO; BORBA 2004).

Os dados foram coletados no período de setembro a novembro de 2012. Foram utilizados os instrumentos de registro de dados descritos a seguir.

4.2.1 A coleta de dados a partir da observação participante

Segundo Sabino (1992) a principal vantagem desse viés metodológico de coleta de dados é o fato de que os eventos são percebidos sem intermediário. Para Alves-

Mazzotti (2001), a técnica da observação participante tem como vantagem, ser independente do nível de conhecimento ou da capacidade verbal dos sujeitos; permite checar, na prática, a sinceridade de certas respostas que, às vezes, são dadas apenas para causar boa impressão; permite também identificar comportamentos não intencionais ou inconscientes e explorar tópicos que os informantes não se sentem à vontade para discutir; permite, ainda, o registro do comportamento em seu contexto temporal- espacial.

Ao testemunhar os fatos, o observador participante pode perceber o comportamento dos sujeitos, seus sentimentos, atitudes e valores envolvidos no fenômeno em estudo. Sabino (1992) diz que na observação participante, há uma dimensão emocional, pois a carga de sentimentos vividos diretamente pelo observador resulta em um enriquecimento dos dados obtidos, permitindo a coleta de um conjunto de informações variado e completo, de extrema importância para estudos qualitativos.

Sabino (1992) destaca a necessidade de um trabalho extenso e cuidadoso na observação participante; para ele, o pesquisador tem dupla tarefa, pois além de exercer um papel dentro do grupo de estudo, como um de seus membros, tem de exercer a atitude de observação e coletar os dados necessários para a investigação.

O tipo de observação participante mais usado em estudos qualitativos é a assistemática ou não estruturada. Segundo Alves-Mazzotti (2001, p.166), “é a forma, por excelência, da observação participante, uma das técnicas mais utilizadas pelos pesquisadores qualitativos.” Na observação participante assistemática, ocorre uma valorização do instrumental humano, pois o pesquisador usa a si mesmo como o principal instrumento para observar, selecionar, coordenar e interpretar o contexto da investigação.

Alves-Mazzotti (2001) destacam algumas habilidades que são exigidas do observador participante: deve ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com os sujeitos; ter sensibilidade no trato com as pessoas; ser bom ouvinte; formular boas questões; ter familiaridade com as questões investigadas; ter flexibilidade para se adaptar a situações inesperadas (em particular, no caso desta pesquisa, em que o bom funcionamento do laptop educacional é condição necessária); não ter pressa de identificar padrões ou atribuir significados aos fenômenos observados.

4.2.2 O diário de campo

De acordo com Bogdan e Biklen (1994), o registro escrito e detalhado do que o pesquisador vê, ouve, experimenta, pensa e reflete durante o processo de coleta de dados de uma pesquisa qualitativa constitui o diário de campo.

Como o pesquisador era requisitado pelos grupos, a todo instante, durante a realização das atividades, o processo de tomar notas durante a realização das atividades foi dificultado. Entretanto, para contornar essa situação foi usado um aparelho MP3 que foi fixado na gola da camisa do pesquisador com o intuito de gravar as observações que eram ditadas. Algumas vezes, os estudantes estranhavam o procedimento e perguntavam se o professor estava falando sozinho.

Assim que terminava o horário das aulas em que eram realizadas as atividades, após recolher os laptops dos estudantes e organizar o Diário de Classe, o pesquisador, no silêncio da sala de aula, num esforço de se lembrar de tudo o que acabara de presenciar, digitava as observações que ainda estavam mais acessíveis na memória; depois, em outro momento, ouvindo a gravação no MP3, complementava as notas que já haviam sido digitadas.

4.2.3 Registros escritos e arquivos das atividades no laptop

Segundo Alves-Mazzotti (2001), qualquer tipo de registro escrito é um documento, e, em Educação, é muito comum utilizar-se de trabalhos realizados pelos estudantes como subsídios para a compreensão do processo que o pesquisador está a observar.

Em cada uma das atividades de campo, foram elaboradas atividades com conteúdos de Matemática abarcando a construção e interpretação de tabelas e gráficos, funções do 1º e 2º graus e Geometria. Ao realizar as atividades propostas usando como ferramentas aplicativos instalados no laptop, os estudantes recebiam as atividades impressas. Em cada atividade, havia instruções de qual aplicativo seria usado; questionamentos eram feitos com instrução de que registrassem suas respostas na folha de atividade que era recolhida pelo professor ao final da aula. Como as atividades foram gravadas no laptop, ao final da aula, o pesquisador transferia os arquivos para um

4.2.4 Fotografias

Bogdan e Biklen (1994) destacam o uso da fotografia, juntamente com a observação participante, como uma técnica de registro de dados eficaz para estudar e analisar detalhes que, de outra forma, não poderiam ser inspecionados.

Durante a coleta de dados, a fotografia foi usada inicialmente para registrar as produções dos estudantes; com o passar do tempo e durante a realização das atividades, a fotografia foi usada para registrar o espaço da sala de aula, captar a interação dos estudantes com o laptop e com seus pares, durante a realização das atividades. Os estudantes sempre foram informados do objetivo de se registrar a partir da imagem, suas produções e o momento do trabalho com o laptop.

No início do uso da câmera como instrumento de registro de dados, alguns estudantes ficavam um pouco tímidos; o pesquisador evitava então, que a imagem do rosto dos estudantes aparecesse na fotografia e procurava registrar apenas as telas dos

laptops com as produções. Depois, mostrava para os estudantes a fotografia como forma

de conquistar a confiança deles, pois o desejo de não ter o rosto fotografado fora respeitado.

Aos poucos, os estudantes mais tímidos foram se acostumando e já não se importavam mais em aparecer nas fotografias; em algumas situações até pediam para serem fotografados com outro colega, sendo necessário esclarecer em quais situações a câmera era usada.

Cabe ressaltar que os estudantes e seus responsáveis autorizaram o uso da imagem mediante assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.2.5 Gravações em áudio e vídeo

Sabino (1992) afirma que o uso de equipamentos de áudio e vídeo com o objetivo de registrar dados nas pesquisas qualitativas, é importante para o pesquisador apreender o comportamento humano, devido à precisão e amplitude dos registros captados; para o autor, tais instrumentos de coleta de dados são de grande valia, pois não perturbam o cenário observado; no entanto, podem inibir os sujeitos participantes.

Borba (2004, p. 8) também enfatiza a filmagem em vídeo como procedimento metodológico a possibilitar o registro do que o autor chama de “movimento corporal de cunho matemático” durante a realização de experimentos de ensino; segundo o autor,

em tais situações, gravação em áudio e notas de campo não são capazes de descrever o que acontece em certos experimentos de ensino, no que concerne a limitações e a possibilidades.

Para a realização das atividades de pesquisa, antes de seu início, o pesquisador orientava os estudantes para que formassem duplas e, em algumas situações, trios para o desenvolvimento das atividades. Em cada dupla ou trio, a partir do consentimento dos integrantes, foi colocado na gola da camisa de um deles um aparelho MP3, com o objetivo de gravar os diálogos durante a realização das atividades. Em todas as atividades, foram usados entre 5 e 6 aparelhos MP3. O pesquisador sempre informou aos estudantes que o uso do gravador tinha por finalidade analisar apenas o diálogo estabelecido entre eles, estritamente relacionado à execução da atividade proposta.

As filmagens em vídeo foram feitas utilizando a câmera do próprio laptop. Como a autonomia de gravação do dispositivo gira em torno de 20 minutos, foi necessário que o pesquisador gravasse inicialmente o arquivo das filmagens na própria máquina e depois transferisse o arquivo para o pendrive, de forma a liberar espaço na memória do laptop para dar prosseguimento às filmagens.

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