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4. AS ESCOLAS ECONÔMICAS E A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO

4.5 SOCIALISMO: COM A PALAVRA, OS TRABALHADORES

O socialismo não foi apenas um só, Brue75 cita diversas modalidades de socialismo, sendo que vária dentre elas tornaram-se mais conhecidas. Em consequência abordar-se-á, pela maior repercussão, as modalidades mais conhecidas e responsáveis por uma nova orientação econômica: socialismo de Estado, anarquia, comunismo, socialismo marxista e socialismo sindicalista.

4.5.1 O Socialismo de estado

Em oposição marcante aos pensadores clássicos, que sempre viram no Estado um inimigo do desenvolvimento, o Socialismo de Estado, ao envolver o domínio estatal sobre todos os setores ou setores estratégicos na economia, tem por propósito valorizar objetivos sociais gerais que não o lucro. A antiga União Soviética seria um exemplo de modelo em que todos os setores principais até recentemente eram propriedade do estado. Contudo, estados capitalistas também praticam o socialismo de estado. Exemplos norte-americanos dessa apropriação são o sistema de previdência social e o serviço postal. Os socialistas de Estado acreditam que esse seria um poder imparcial, a ser conduzido em favor da classe trabalhadora. Louis Blanc foi o primeiro e principal teórico do socialismo de Estado.

Entretanto, entende-se não ser possível enxergar qualquer embasamento para a afirmação de que o estado seria imparcial. O estado sendo uma criação humana e política é praticamente indissociável dos seus regentes e da ideologia que carregam. Contudo, tem-se que o socialismo estatal teve por maior entrave a quebra de um paradigma econômico, qual seja o da estratificarão de funções, e em consequência, a ineficiência seria intrínseca a esse sistema. 4.5.2 A Anarquia

Este socialismo guarda diante das outras correntes uma especificidade bastante relevante, a rejeição completa ao Estado, ou seja, ao que chamamos de contrato social. Vê-se em comum a preocupação com a participação direta de trabalhadores e consumidores na construção da sociedade.

Partindo da premissa de que o estado não seria um agente econômico eficiente, para o Anarquismo o estado é principal problema. Os socialistas anárquicos não acreditam em uma ordem única, mas na ordem surgida de grupos de governos autônomos por meio de esforço

75 BRUE, Stanley. L. História do pensamento Econômico. 6. ed. Tradução de Luciana Penteado Miquelino e

voluntário e aliado. A natureza humana é boa se não corrompida pelo Estado e suas instituições. A propriedade privada deveria ser abolida pela propriedade coletiva administrada pelos grupos cooperativos. As associações e cooperativas controlariam os meios de produção, e coordenaria a produção de serviços e bens como saúde, alimentação, habitação e saneamento. Essa sociedade seria baseada ainda na compreensão mútua, na cooperação e na liberdade.

Como outras correntes socialistas, a anarquia teve grande penetração no sistema capitalista. O cooperativismo ainda sobrevive, assim como a participação dos consumidores na produção ou a noção de uma organização representativa desvinculada do governo, hoje popularizado como ONG - Organização Não Governamental.

4.5.3 Socialismo marxista

Não obstante a importância das demais correntes socialistas, é impossível afirmar que houve quem mais popularizasse o capitalismo do que o Alemão Karl Heinrich Marx (1818- 1883), para quem o capitalismo, diga-se com ênfase, é a última etapa do capitalismo. Sobre o socialismo marxista é registrado estar esse tipo de socialismo baseado numa teria do valor do trabalho, da exploração do trabalho assalariado. Não obstante se opor ao capitalismo Marx e Engels respeitava o aumento de produtividade e produção derivado desse sistema e por isso o socialismo marxista advém de uma sociedade em que o capitalismo já chegou ao seu último estágio, em que haveria grande presença de monopólios.

Neste socialismo a posse privada de bens de consumo é permitida, mas não de terra e do capital, que seriam possuídos pelo governo central. A produção e a taxa de investimento são planejadas, e, portanto o objetivo de lucro e livre mercado não são mais as principais forças da economia. Para um mundo inteligente, ou no qual seres inteligentes vivem e lideram, é esperado que a alguém ocorresse o fato de que um grupo esta tendo vantagem excessiva diante de outro. Marx se deu conta de que sem trabalhador não existia capitalismo, sendo que o capitalismo não estava trazendo vantagens ao trabalhador. Ele plasmou então um sistema em que os trabalhadores iriam produzir e governar.

Vamos tentar pensar como um trabalhador do século XIX. Será que sua maior preocupação era mudar o sistema posto? Aparentemente esta preocupação era mais intelectual do que prática, e possivelmente aí começa a derrocada. Tirar o poder das mãos de determinada classe não necessariamente distribui renda e aumenta a qualidade de vida geral. Contudo, alinhando-se ao socialismo os trabalhadores no mínimo teriam um ganho salarial. Era uma voz em favor daqueles, seja lá no que poderia dar.

Os trabalhadores mesmo, não pensavam por si só, até porque, tento começado a trabalhar ainda crianças não se educaram a ponto de formular questões complexas sobre o sistema posto. Mas se alguém lhes mostrasse seu poder tudo poderia mudar, Marx quis que isso acontecesse e convenceu a muitos. Deixou um legado incomensurável, me medida em que ensinou aos trabalhadores que eles tinham muito mais valor do que imaginavam.

4.5.4 O Comunismo

O comunismo, assim como o socialismo de Estado, revela grande dose de utopia. Constroem-se dentro da suposição de que todos agirão pela comunidade, querendo contradizer por completo o capitalismo individualista.

Mas, o trabalho pelo todo, leva também a uma desconfiança da justiça da distribuição e essa deve ser a principal razão pela qual as tentativas de implantar o comunismo redundaram em Estados altamente coercitivos e alienantes, com uma classe dominante que agia em nome da classe trabalhadora, mas que pensava sem ela.

Sobre o Comunismo Brue76 rememora que segundo Max esse seria o estado de sociedade posterior ao socialismo. O slogan do socialismo é de cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com seu trabalho, e sob o comunismo seria de cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com sua necessidade. Seriam pressupostos do comunismo uma superabundância de bens em face dos desejos, eliminação dos pagamentos em dinheiro pelo trabalho, e uma total devoção à sociedade, com a lealdade de uma pessoa para com a sua família. O estado se enfraquece quando as classes antagônicas desaparecerem e o controle sobre as pessoas seria substituído pela administração sobre as coisas.

Entretanto, na atualidade, toda tentativa de comunismo no mundo já se desmantelou e os chamados países comunistas estão se tornando países com socialismo de Estado. Apenas em algumas poucas comunidades cooperativas ainda se dá o comunismo, geralmente por motivos religiosos ou congêneres. Vê-se que o comunismo confiava em altruísmo individual em favor da sociedade, em uma vontade de ser igual, ou na capacidade de atender a todos por meio dessas necessidades. Mas possivelmente os capitalistas tivessem razão, há um componente de egoísmo na natureza humana que não se pode controlar.

76 BRUE, Stanley. L. História do pensamento Econômico. 6. ed. Tradução de Luciana Penteado Miquelino e

4.5.5 O Socialismo Sindicalista

Também merece ser comentado o socialismo sindicalista. É relatado que os países latinos foram fortemente influenciados pelos movimentos sindicais, cuja greve era o principal instrumento de barganha. Desta feita, os sindicalistas acreditavam no controle das fábricas pelos trabalhadores, e na derrubada do governo por meio da greve.

Vê-se que tudo quanto se apregoava do socialismo sindicalista vem mais tarde a compor o movimento sindical, em especial a existência de um grande sindicato, e a greve como instrumento de obtenção de direitos. Este socialismo se opunha ao militarismo e acreditava que ao se infiltrar neste último deterioraria as crenças burguesas e acabaria com o oportunismo para ganhar influência política.

É uma vertente do socialismo que deixou grande legado, e mesmo em economias cujas as diretrizes econômicas remetem as escolas clássicas, como nos Estados Unidos, os sindicados possuem grande poder de negociação.

4.6 A ESCOLA HISTÓRICA ALEMÃ – A VALIDADE DO ESTUDO DAS ESCOLAS