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Socialização do conhecimento – Análise de Questionários

No documento douvâniodeoliveiragomes (páginas 81-85)

3 CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA A INSPEÇÃO

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

3.3.2 Socialização do conhecimento – Análise de Questionários

A socilização, é uma das fases do Modelo SECI de criação do conhecimento proposto por Nonaka e Takeuchi (1997), que se trata da interação entre os conhecimentos tácitos com outro conhecimento tácito, ou seja, trata-se basicamente do compartilhamento das informações adquiridas na prática pelos diversos colaboradores.

A importância deste tópico para a presente pesquisa refere-se ao fato de que a socialização do conhecimento permite o compartilhamento de conhecimento tácito.

Esse tipo de conhecimento é desenvolvido de forma individualizada e é, geralmente, difícil de ser repassado (NONAKA, 2008, p. 17).

Sobre a socialização do conhecimento, os 3 Inspetores relatam que existem reuniões para o repasse de informações entre os membros do SIE na SRE Ethéria. A existência dessas reuniões é importante e pode possibilitar tanto a troca de experiências como um desenvolvimento do trabalho da equipe do SIE.

É importante salientar que dois Inspetores afirmaram que as reuniões ocorrem semanalmente a partir de um cronograma definido. Contrariamente, um Inspetor indicou que as reuniões não têm cronograma definido e que elas ocorrem conforme necessidade. Sobre esse aspecto, existe a possibilidade de que os cronogramas de reuniões programadas semanalmente nem sempre são cumpridos, gerando a ideia de que as reuniões ocorrem apenas quando há necessidade.

Todavia, quando questionados sobre o cronograma de reuniões, os 3 Inspetores confirmam que, realmente, o cronograma de reuniões não é efetivamente cumprido. Esse é um dado preocupante, pois, um cronograma não é cumprido, existe a possibilidade de não ocorrerem tais reuniões, mesmo que haja necessidade, uma vez que se perde a oportunidade de os Inspetores trocarem experiências e buscarem um eixo comum para realização dos trabalhos do SIE da regional.

Sobre os assuntos tratados nas reuniões, todos os Inspetores afirmaram que eles agregam conhecimento e facilitam o desenvolvimento de suas atribuições em seu setor de inspeção. Nesse caso, está explícita a necessidade de realização desses encontros, uma vez que, mesmo que infrequentes, eles colaboram com a realização do trabalho em campo do SIE da SRE. Um desafio seria apresentar ações a serem desenvolvidas nessas reuniões para permitir que o conhecimento agregado durante elas se tornem mais relevante para a prática da atuação do Inspetor.

Se há infrequência na realização de reuniões, a despeito de sua importância, foi questionado aos participantes se, em horários informais, assuntos de trabalho são abordados. Os 3 Inspetores disseram que é costume, nos horários de almoço ou de café, a troca de informações e experiências sobre o serviço da inspeção. Esse é um fato positivo no que tange ao fluxo de informações, pois, quando o grupo compartilha entre si as informações, ainda que de maneira informal, a tendência é facilitar o trabalho e tornar mais simples o entendimento e execução das ações.

Apesar de já exposto acerca da utilização do email como possível prática de compartilhamento de conhecimento, foi questionado aos Inspetores: como você percebe o compartilhamento de conhecimento entre os inspetores escolares na SRE Ethéria? Nessa questão, foram obtidas as respostas estampadas no Quadro :

Quadro 4 - Compartilhamento de conhecimento no SIE

Respondente Resposta dada ao quesito

Inspetor 1 Há compartilhamento em várias ocasiões, porém não há consenso entre todos apesar de sermos um grupo pequeno de inspetores. Inspetor 2 O compartilhamento de conhecimentos se faz com pouca

frequência e, muitas vezes, sem respeitar as individualidades de cada um.

Inspetor 3 Muito restrito. Não há uma troca de conhecimento formal. Fonte: elaborado pelo autor, 2020.

As respostas dadas a esse questionamento sugerem que o compartilhamento de conhecimento entre o grupo de inspeção, quando ocorre, se dá de forma restrita, muitas vezes, sem consenso, o que pode ser por falta de respeito à individualidade de cada Inspetor.

Nesse sentido, a não socialização das informações colhidas por determinado componente do grupo de inspetores provoca retrabalho no caso de o componente se ausentar por motivos de saúde, aposentadoria e/ou remoção, uma vez que ele leva consigo as informações institucionais que não foram socializadas com os demais colegas de trabalho.

Sobre esse aspecto, pode-se citar como exemplo o fato de que, se o inspetor escolar A visita uma determinada escola, bem como visita as salas de aula e faça a contagem dos alunos, além de uma análise do quadro da escola, em observância à resolução vigente, mas, por algum motivo, esse inspetor A venha a se ausentar do serviço, as informações, certamente, não serão compartilhadas.

Nesse caso, essa escola fica sob a responsabilidade do inspetor escolar B. Assim, caso o inspetor B queira verificar se o comporta18 da escola está correto, ele terá que realizar toda a recontagem dos alunos e fazer a reanálise do Quadro de pessoal da escola anteriormente visitada pelo inspetor A pelo simples fato de não ter acesso aos dados coletados e analisados pelo inspetor A. Assim, esses dados podem ser adquiridos apenas com o inspetor A em seus arquivos pessoais (guardados em sua casa), visto que os mesmos não se encontram arquivados no SIE de forma acessível aos demais integrantes do grupo.

Para minimizar os desencontros de informações, institucionalizou-se na SRE Ethéria a segunda-feira como o dia de reunião entre Inspetores Escolares e diretores da SRE Ethéria. Essa reunião tem por objetivo alinhar as ideias do SIE aos demais diretores da SRE a fim de obter maior clareza no repasse de orientações às escolas e menos divergências de informações dentro da equipe da SRE.

Além desse dia, também existe o dia de Plantão do Inspetor Escolar Nesse dia, o profissional trabalha na sede da Superintendência e realiza os atendimentos, podendo ainda aprimorar os seus estudos acerca da legislação de forma individual.

No entanto, os dias de reunião nas segundas-feiras e os plantões não têm se mostrado eficazes para uma boa GC produzido pelo SIE. Provavelmente, isso ocorre em virtude de muitas reuniões não serem realizadas, apesar de agendadas, (fato que pode ser aferido nas respostas relativas ao Bloco 2 do questionário) e, ainda, nos plantões, as informações adquiridas, geralmente, não são socializadas com todos os inspetores.

A socialização do conhecimento é uma das oportunidades de se desenvolver o conhecimento institucional, pois é por meio das “múltiplas visões” a respeito do mesmo tema que os inspetores podem contribuir de forma positiva no desenvolvimento do conhecimento no SIE, conforme ensinamentos de Longo et al. (2014, p. 68).

Esse fato acaba gerando também uma sobrecarga extra de trabalho, reduzindo o tempo para atendimento a outras demandas do setor de inspeção e, por outro lado, evidencia a fragilidade dos arquivos do SIE da SRE de Ethéria.

18

Comporta é número de servidores que trabalham na escola. Esse comporta segue normas estabelecidas em resolução própria da SEEMG, publicada anualmente.

No documento douvâniodeoliveiragomes (páginas 81-85)