• Nenhum resultado encontrado

Sociedade em Rede, a Aprendizagem ao Longo da vida e Internacionalização A atual sociedade digital e em rede caracteriza-se pela facilidade de interação oferecida, entre

pessoas e artefactos, veiculando a construção de conhecimento e relações sociais. Esta sociedade é suportada em redes tecnológicas de comunicação e informação. Acresce a flexibilidade oferecida no sentido de adicionar ou remover os nodos das redes de conhecimento de acordo com as dinâmicas construídas ao longo do tempo. Ignorar estes contextos não é opção, impõe-se o reconhecimento dos contornos destes espaços sem fronteiras em que, de modo mais ou menos intencional, nos movimentamos e assim sermos capazes de encontrar soluções a cada passo.

Trata-se de um território onde coabitam as Instituições de Ensino Superior (IES) que vão tomando consciência das mudanças e do dinamismo da sociedade, não só conduzidas por razões demográficas, mas também por razões de mercado de trabalho e expectativas dos stakeholders. A necessidade de adaptação é ainda impulsionada pela crescente e reconhecida importância de formar cidadãos preparados para uma aprendizagem ao longo da vida. Segundo o relatório

Lifelong Education and Labor Market, An Evolution Research Report de 2012, a Educação contínua

é considerada estratégica. Nesse estudo, empregadores referem que a formação contínua tem um impacto positivo para as organizações e para os colaboradores. Promover a aprendizagem ao longo da vida é capacitar os trabalhadores para uma melhor adequação ao mercado de trabalho, volátil e dinâmico. Com a globalização, a aceleração das mutações tecnológicas e os desafios de competitividade assentes no conhecimento, explica-se o apelo à aprendizagem ao longo da vida. Sublinhando a volatilidade do mercado de trabalho, global e em rede, Ardakani, et al. (2011) referem que as IES, mais do que preparar os estudantes para a vida, para o trabalho e para a intervenção internacional, devem providenciar os meios para que estes sejam capazes de saber como desenvolver, per si, essas competências.

Considerando o Papel das Universidades na Europa do Conhecimento estas deverão contribuir para colmatar as “necessidade de educação científica e técnica, a aquisição de competências transversais e a possibilidade de aprendizagem ao longo da vida” (Europeias, 2003).

O contexto da crescente facilidade de acesso e utilização dos meios de comunicação digital não pode ser renegado deste quadro. De acordo com (Simões, 2007) a maioria (73%) dos agregados domésticos dispunha, em 2016, de ligação à Internet por banda larga. Este indicador apresenta uma taxa média de crescimento anual de 11,8%, indicando uma tendência para uma forte utilização da Internet de banda larga nos agregados familiares portugueses.

85% dos utilizadores de Internet declararam utilizar a mesma todos os dias ou quase todos os dias. As atividades realizadas na Internet mais frequentes em 2016 foram: a pesquisa de informação sobre bens e serviços (83%), o envio e recebimento de e-mails (81%), a leitura de jornais/revistas (78%) e a participação em redes sociais (74%). Em 2016, 31% dos utilizadores de Internet indicaram ter efetuado encomendas através de browsers da Internet nos últimos 12 meses. Este indicador revela uma tendência de crescimento das encomendas efetuadas na internet pelos indivíduos entre os 16 e os 74 anos, apresentando uma taxa média de crescimento anual de 15,5%.

Os modelos para a adaptação das IES à atual sociedade não se podem alhear desta redesenha em que as tecnologias assumem espaços de caráter facilitador e promotor da aprendizagem.

Na opinião de Levin (2009), as IES devem estar comprometidas com os novos públicos, aqueles que nasceram rodeados pelas tecnologias de comunicação e que exigem pré-publicações e publicações online.

Segundo Pacheco (2013), o estudante/formando online, na sua generalidade, é um indivíduo adulto, ativo profissionalmente e, muitas vezes, com responsabilidades familiares. É determinado na intenção de atingir os seus objetivos, é organizado e disciplinado e deverá ser intrinsecamente motivado. Ainda de acordo com Pacheco (2013), os formandos online também são todos os cidadãos (incluindo professores e estudantes) que se inserem na sociedade de forma responsável e ativa e interessados em manter a sua própria empregabilidade numa sociedade em permanente transformação.

São muitos os estudos sobre o uso das tecnologias em contextos educativos, mas tal como refere Dias (2017), provavelmente, as tecnologias só estarão verdadeiramente integradas na educação quando tivermos deixado de falar sobre elas!

Considerando ainda a necessária intervenção internacional dos estudantes e as expectativas de inovação e internacionalização por parte da IES, o e/b-learning, enquanto regime de ensino e aprendizagem online, cria condições favoráveis ao acesso mais equitativo a uma oferta formativa superior em Língua Portuguesa mais diversificada, tanto em regime semi-presencial como totalmente a distância; torna efetivamente viável o desenvolvimento de oferta formativa interinstitucional, na medida em que a ubiquidade dos atuais ambientes de aprendizagem online reduz as distâncias geograficamente impostas e cria pontes de comunicação disponíveis em qualquer momento e em qualquer lugar; possibilita ainda a troca, a partilha e a coconstrução de elementos de relevo no processo de ensino, como seja, os programas curriculares, os recursos educativos, os materiais de apoio, as propostas pedagógicas, etc.; torna viável o desenvolvimento de ofertas formativas orientada por princípios da ‘Open Education’, o que permite às IES abrirem o seu conhecimento e recursos à comunidade de Língua Portuguesa, permite

ainda a divulgação e expansão da atratividade da oferta formativa em Língua Portuguesa a um público mais alargado (Pedro, Peres, & Dias, 2015). A internacionalização é definida no relatório da OCDE (OECD, 1999) “como uma forma de resposta ao impacto da globalização respeitando, simultaneamente, a individualidade de cada nação”, também corroborada por (Agnew & VanBalkom, 2009) que se referem à internacionalização como o repto das IES ao mundo globalizado, baseado em motivos económicos e políticos e orientado por diferentes ideologias associadas à multiculturalidade. Outros autores, como Green (2012), citado por Jones (2013), acrescentam outras razões para a internacionalização das IES: preparar o estudante para a condição de “cidadão global”; fortalecer a capacidade institucional; realçar o prestígio e a visibilidade da IES; gerar receitas; contribuir para o desenvolvimento económico local ou regional; contribuir para a produção de conhecimento sobre questões globais; resolver problemas de âmbito global; promover o entendimento internacional e a paz.

É neste contexto que corroboramos o Parecer do CNE 1 sobre o e/b-learning (2017):

“Este é o momento adequado para planear e fazer esse investimento, não apenas na qualificação dos docentes das instituições universitárias e politécnicas portugueses e pela qualidade das instituições, mas também porque esta é uma tendência no ensino e na formação superior a que Portugal não deve ficar alheado”...” o potencial do ensino e formação a distancia não está a ser suficientemente aproveitada e pode revelar-se uma ferramenta essencial para captar novos públicos para o ensino superior e dinamizar novas estratégias formativas que permitem conciliar a vida profissional e a continuação dos estudos. Deste modo, para além de contribuírem para uma cidadania ativa dos cidadãos através da formação ao longo da vida, pode ser ainda um forte incentivo à presença do ensino superior português no mundo!”