• Nenhum resultado encontrado

Soja Roundup Ready ® vs Soja Convencional

2.1 Revisão de Literatura

2.1.5 Soja Roundup Ready ®

2.1.5.3 Soja Roundup Ready ® vs Soja Convencional

Uma das razões pelas quais os produtores adotaram rapidamente a soja Roundup Ready® é a simplicidade que ela proporciona para o controle eficiente de

plantas daninhas. O fato do herbicida glifosato ser altamente eficaz contra a maioria das gramíneas e das plantas daninhas de folhas largas anuais e perenes, os produtores de soja Roundup Ready® conseguem reduzir o número de herbicidas

utilizados para controlar as plantas daninhas economicamente destrutivas que crescem nos campos, obtendo assim economia de custos em seu controle (CARPENTER, 2001). Esta redução na utilização de herbicidas beneficia o meio ambiente, na medida em que reduz o número de aplicações de produto (CARPENTER, 2001).

A soja Roundup Ready® possibilitou o aumento da eficácia do controle de plantas daninhas em comparação com os programas de herbicidas utilizados para a soja convencional, pois os herbicidas pré-emergentes específicos empregados para prevenção são substituídos por um amplo espectro de herbicidas pós-emergentes que podem ser utilizados “conforme a necessidade” (CULPEPPER ; YORK, 1998). Além disso, a alta compatibilidade com as técnicas do controle integrado de pragas e de conservação do solo (KEELING et al., 1998), resultou em inúmeros benefícios ambientais, inclusive menor erosão do solo, melhor qualidade da água e melhor estrutura de solo com teor mais alto de matéria orgânica.

A soja Roundup Ready® vem sendo testada em experimentos de campo nas Américas do Norte, Central e do Sul e na Europa desde 1991. Dados obtidos em mais de 150 experimentos de campo, conduzidos ao longo de um período de três anos anteriores à sua comercialização nos Estados Unidos demonstram que a soja Roundup Ready® não difere significativamente da soja convencional em morfologia, produção de grãos, características agronômicas, tais como tempo de florescimento, número de vagens ou vigor (germinação). Além disso, a soja Roundup Ready® foi monitorada quanto à sua suscetibilidade a doenças e insetos e não houve nenhuma diferença significativa observada na gravidade da doença ou em infestações por insetos entre a soja Roundup Ready® e a convencional (RE et al., 1993).

Delannay et al. (1995) avaliaram o desempenho da linhagem 40-3-2 quanto ao impacto sobre suas características agronômicas e de suas progênies, sob tratamento com o herbicida durante um período de três anos (1992-1994), em dezenas de localidades. Em conclusão a este estudo, foi possível constatar que o gene CP4 EPSPS, inserido na linhagem 40-3-2, conferiu alto nível de tolerância à aplicação do herbicida em proporções até duas vezes mais altas que o necessário

para o manejo de plantas daninhas, não resultando em impactos negativos na produtividade.

Estudos de resistência fúngica (SANOGO et al., 2000) e controle de plantas daninhas (NELSON ; RENNER, 1999), confirmam que a tolerância ao glifosato é herdada de forma estável e que não existem riscos inesperados de pragas, doenças ou outros riscos impostos ao meio ambiente. Além disso, o gene CP4 EPSPS tem sido introduzido nas cultivares convencionais de soja pelos principais fornecedores de sementes de soja.

Cabe lembrar que o custo operacional total para produção da soja no sistema de plantio direto com utilização de sementes convencionais no ano agrícola 2010/2011 foi de R$ 1.035,57 por hectare, enquanto a soja cultivada através do sistema de plantio direto e semente transgênica apresentou o custo de produção de R$ 1.033,66 por hectare, ou seja, o custo total de produção da soja transgênica comparada com a soja convencional foi muito semelhante, isto porque a vantagem econômica dos herbicidas em soja transgênica é descompensada pelo maior custo de sua semente, mesmo assim observa-se uma redução significativa no preço de ambos os tipos de sementes e dos demais produtos em relação à safra anterior (FUNDAÇÃO MS, 2011).

Estudos de Qaim e Traxler, 2002 mostraram que não foram detectadas diferenças significativas de produtividade entre a soja Roundup Ready® (3,02 t ha-1) e a convencional (3,01 t ha-1) na Argentina. Esses mesmos autores, citando o trabalho de Tassisto (1998), chamam a atenção para o fato de que, nos dois primeiros anos de introdução da soja Roundup Ready® nesse país, a produtividade foi ligeiramente menor do que a convencional, em razão do fato de a nova tecnologia não estar ainda incorporada às cultivares de melhor desempenho agronômico. Ao mesmo tempo, muitos agricultores usavam inicialmente cultivares que não estavam adaptadas às diferentes regiões de produção, fato também observado no Brasil.

Estudos comparando a produtividade e a adaptação de genótipos de soja convencional e de soja Roundup Ready®, de diferentes grupos de maturação, foram

Paraná. Os resultados mostraram que não há diferenças no desempenho produtivo entre as linhagens de soja convencional e de soja Roundup Ready®, de diferentes ciclos de maturação; porém, ficou claro que os efeitos de locais afetaram mais intensamente a produtividade das linhagens da soja convencional e da soja Roundup Ready® que os efeitos de anos, no Estado do Paraná (LIMA et al., 2008). Sendo assim, para uma avaliação mais conclusiva, as comparações de desempenho devem ser feitas de forma a se obter uma série temporal de dados de pelo menos cinco anos consecutivos. Comparações estáticas (em um ano agrícola) oferecem um retrato de curto prazo, enquanto comparações dinâmicas apresentam o desempenho de médio e longo prazos, resultantes de um processo de adaptação tecnológica (desenvolvimento de cultivares), de aprendizagem e de inovações.

Elmore et al. (2001) avaliaram treze cultivares de soja transgênicas para determinar o efeito do glifosato sobre caracteres agronômicos. As comparações foram feitas entre os experimentos com pulverização de glifosato e experimentos controle, pulverizados com agúa, mais capinas manuais. Os resultados indicaram que a data de florescimento não foi afetada. No entanto, a altura das plantas na maturação fisiológica, foi reduzida em 1 cm com o glifosato. Esses resultados foram consistentes nos quatro locais de avaliação, mas não foram significativos na análise de dois anos. A maturidade fisiológica da maioria das cultivares também não foi influenciada. A produtividade de grãos das cultivares transgênicas não foi afetada pelo glifosato em nenhum local. As médias de produtividade de grãos das cultivares pulverizadas com o herbicida glifosato, e o controle foi de de 3744,28 kg hectare-1; o

que não foi diferente estatísticamente dos 3798,06 kg hectare-1.

No segundo estudo de Elmore et al.(2001), os pesquisadores avaliaram cinco pares de retrocruzamentos derivados de soja transgênica e de linhagens irmãs não- tolerantes comparadas com três cultivares convencionais de alta produtividade, e cinco cultivares transgênicas. Este estudo permitiu comparar cultivares tolerantes ao glifosato e suas linhagens irmãs não-tolerantes para avaliar a supressão da produtividade e também para obter uma medida de supressão devido à inserção do gene, comparando as cultivares tolerantes ao glifosato com as convencionais. Os resultados mostraram que o gene CP4 EPSPS interferiu sobre alguns caracteres

agronômicos, a saber: o peso de 100 sementes das linhagens irmãs não-tolerantes foi de 0,6 gramas maior e as plantas foram 0,7 centímetros mais baixas que as irmãs tolerantes ao glifosato. Outras variáveis avaliadas foram semelhantes entre os dois grupos de cultivares. Em relação à produtividade, na média, as linhagens irmãs convencionais renderam 5% a mais do que as linhagens irmãs tolerantes ao glifosato, em todos os locais e nos dois anos da pesquisa. A produção de grãos das linhagens irmãs não-tolerantes foi maior que a de suas correspondentes irmãs tolerantes ao glifosato em dois dos cinco pares.

Contudo, um ponto negativo atribuído ao uso de cultivares de soja Roundup Ready® é o fato de algumas cultivares possuírem baixo potencial genético de

produção (HARPER, 1997). Em alguns casos, a baixa produtividade está relacionada a injúrias causadas pelo herbicida na soja. Outro ponto importante é que culturas tolerantes aos herbicidas afetam o banco de sementes das plantas daninhas. Áreas cultivadas por dez anos com culturas tolerantes possuem maior número de sementes no banco de sementes quando comparadas com o cultivo convencional. Porém, foi observada, menor porcentagem de sementes viáveis e menor número de espécies dominantes (FORCELLA, 1999).

Além disso, há relatos de agricultores sobre o possível efeito do glifosato afetando negativamente o desenvolvimento inicial de plantas de soja. Esse efeito pode estar relacionado ao aumento demasiado da dose aplicada, à aplicação de outras formulações de glifosato não recomendadas para a cultura, ou ao efeito de outras substâncias químicas naturais ou sintéticas, como aleloquímicos ou surfactantes, respectivamente. Atualmente, são disponibilizadas no mercado diversas formulações de glifosato, que, apesar de apresentarem o mesmo mecanismo de ação, possuem, na composição, diferentes sais, sendo os principais: sal potássico, de isopropilamina e de amônio (RODRIGUES, 2005). As particularidades de cada formulação incluem: maior intoxicação a organismos não- alvo, principalmente para a microbiota do solo, maior velocidade de translocação e de ação, melhor controle de algumas espécies de plantas daninhas e desbalanço no estado nutricional das plantas (SANTOS et al., 2007).

Em resumo, as plantas daninhas são obstáculos graves à produção de soja em todo o mundo e a soja não pode competir com eficiência nos estádios iniciais da produção e deve ser protegida contra a invasão de plantas daninhas agressivas.

Documentos relacionados