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SOLICITAÇÃO/REQUISIÇÃO FINALIDADE

Disque 100 Verificação da denúncia e apuração dos fatos e endereço

Laudo Realização de perícia e elaboração de laudo e parecer, para fins

exclusivamente judiciais ou ministeriais.

Perícia Parecer Acompanhamento de

apenado

Solicitação de acompanhamento de apenado e seus familiares, a fim de informar como estava a pena e quais benefícios poderiam ter direito

Adoção Estudo social que informe como se encontra a adaptação do

adotado e adotantes, e em outros casos se os pretendentes a adoção estavam aptos e tinham reais condições para adotar

Guarda Solicitava que o estudo social esclarecesse com quem a guarda

deveria ficar

Interdição Solicitava estudo social que informasse a necessidade da

interdição e quem se responsabilizaria

Psicoterapia Solicitava a inclusão das pessoas para que realizassem

psicoterapia

Indisciplina escolar Solicitava o acompanhamento da indisciplina escolar, com fins de

tratá-la.

Saúde mental Solicitava o acompanhamento de pessoas com sofrimento psíquico

em terapias psicológicas

Acompanhamento psicológico

Solicitava o acompanhamento psicológico com finalidade terapêutica, o que é vetado.

Vaga escolar Requisitava vaga escolar na rede e próximo a residência da pessoa

Medicação de alto custo Solicitava a aquisição de medicamentos de alto custo via

Assistência Social

Outros Solicitação de transporte para tratamento de saúde e de doenças

cíclicas, óculos, órtese, prótese, limpeza de fossa etc.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Relatório do Conviver SUAS (RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Nessa seara, em pesquisa recente, o Colegiado Estadual dos Gestores Municipais de Assistência Social do Rio Grande do Norte (COEGEMAS-RN) apresentou o relatório analítico intitulado “Relatório de Informações sobre as Requisições do Poder Judiciário (2018)”62, que objetivou apresentar as requisições

realizadas por meio de ofícios aos serviços socioassistenciais vinculados às Secretarias Municipais de Assistência Social, durante o ano de 2017, no intuito de contribuir, de forma específica, na reflexão acerca da legitimidade (ou não) do Ministério Público63 para recorrer de forma adequada aos serviços socioassistenciais

municipais.

62 Data de alimentação dos dados: entre o quarto bimestre do ano de 2017 e primeiro bimestre do ano

de 2018 (RIO GRANDE DO NORTE, 2018, p. 22). Registra-se que o documento foi elaborado em parceria com o Departamento de Informação, Monitoramento e Avaliação de Políticas Sociais (DIMAPS), vinculado à Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (SEMTAS) de Natal/RN.

O presente documento demonstrou expressiva a quantidade de requisições do Sistema de Justiça, inclusive ministeriais de estudos dirigidos aos órgãos e unidades socioassistenciais e que escapam ao espectro de suas atribuições, conforme segue.

Quadro 10 – Requisições graves. Cujos atendimentos NÃO são atribuições da Política de Assistência Social

Fonte: Rio Grande do Norte (2018, p. 5)

O relatório do COEGEMAS-RN apontou não somente as demandas que fogem à competência da Política de Assistência Social, mas também o total do fluxo de demandas gerado pelo Sistema de Justiça aos CRAS e CREAS do RN, tipificando- as, conforme sua gravidade/atendimento. Assim, tipificou em quatro formas: 1) Requisições graves; cujos atendimentos NÃO são atribuições da Política de

Assistência Social; 2) Requisições graves/intermediárias. Estão sendo avaliadas de acordo com o porte/habilitação do município; 3) Requisições que não são compatíveis com a habilitação do município/extras; e 4) Requisições cujo atendimento é atribuição da Política de Assistência Social, conforme segue.

Quadro 11 – Requisições

graves/intermediárias. Estão sendo avaliadas de acordo com o porte/habilitação do

município

Quadro 12 – Requisições que não são compatíveis com a habilitação do

município/ extras

Fonte: Rio Grande do Norte (2018, p. 6) Fonte: Rio Grande do Norte (2018, p. 6) Quadro 13 – Requisições cujo atendimento são atribuições da Política de Assistência Social

Segundo o COEGEMAS-RN, a análise dos dados demonstrou que o fenômeno de judicialização está presente nessas relações de interação institucional, sendo que ora pode ser interpretado de maneira positiva, ao permitir o acesso de indivíduos desfiliados ao Sistema de Garantia de Direitos (SGD) disponível na sociedade; ou ora pode indicar reflexos negativos, visto que o acesso por meio da judicialização contraria os princípios de universalização dos direitos e de igualdade de acessos estabelecidos pela Política Nacional de Assistência Social para os serviços socioassistenciais, entre outras formas de atuação injusta que a política social pode vir a assumir neste contexto.

De forma que se pode evidenciar existência de relações de poder nos processos institucionais analisados, correspondentes à busca de obediência (por parte dos serviços socioassistenciais municipais) para com os interesses do requerente (Ministério Público e outros). Esta condição de disciplinarização das unidades também foi observada mesmo em relação àquelas unidades socioassistenciais com menor incidência de demandas ministeriais (RIO GRANDE DO NORTE, 2018, p. 3).

Ao pesquisar sobre requisições encaminhadas ao SUAS, em especial ventiladas pelo Sistema de Justiça e que causam constrangimento aos assistentes sociais quando são incompatíveis com as responsabilidades profissionais no SUAS, denotou-se que tais requisições não são uma particularidade do RN, conforme identificado na pesquisa da região do Trairi/RN, e recentemente pelo COEGEMAS- RN, se tratando de um fenômeno que se reproduz nacionalmente tendo exigido posicionamento dos Conselhos Regionais e Federal de Serviço Social (Conselho Federal de Serviço Social - CFESS e Conselho Regional de Serviço Social – CRESS), o que resultou em 2014 na divulgação do seguinte levantamento.

Quadro 14 – Levantamento Nacional do Conjunto CFESS/CRESS das demandas encaminhadas aos CRAS e CREAS