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Presidente: Cap. PM Joe Weider Medeiros do Nascimento

Interrogante e relator: 1º Ten PM Gabriela Domitildes da Silva Xavier Escrivão: 1º Ten PM Amanda Soares de Oliveira

Acusado: Sd PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira, matrícula nº 113.080-3 Advogado: Dr. Lauro Severino de Melo Neto, OAB/RN 2844

Referência: Portaria nº 119/06-QCG de 29 de março de 2006 – Portaria 125/06, de 17 de abril de 2006 – Portaria 329, de 20 de julho de 2006.

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 027 I - Fato Objeto

O presente Processo Administrativo Disciplinar (Conselho de Disciplina) visa julgar no campo administrativo, a conduta ética e moral do militar estadual acusado de praticar grave transgressão disciplinar, bem como, a conveniência ou não de sua permanência nas fileiras da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.

II - Fundamentação jurídica

A Portaria nº 119/06-QCG de 29 de março de 2006, da lavra do Comando Geral da Polícia Militar, determinou instauração de Conselho de Disciplina em desfavor do Sd PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira, com a finalidade de apurar responsabilidades pela acusação de haver na madrugada do dia 27/01/06, quando de folga e na companhia de três civis, os quais se encontravam portando ilegalmente arma de fogo, todos em comunhão de desígnio, subtraído do estabelecimento comercial denominado Beleza Bar, situado na Praia de Pirangi, município de Parnamirim/RN, mediante ameaça, certa quantia em dinheiro. Segundo consta o militar implicado permaneceu ao volante de um veículo particular, objetivando dar fuga ao grupo, enquanto que os seus comparsas executavam diretamente a ação.

Acostada a Portaria, encontram-se as seguintes documentações:

ORDEM DESCRIÇÃO

1. Ofício nº. 173/06, de 08 de fevereiro de 2006 2. Inquérito policial nº. 020/06 (fl. 05 a 021)

Em sede de DENÚNCIA formulada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, faço transcrição de trechos (fl. 062 a 064):

No dia 27 de janeiro de 2006, por volta das 02 horas da madrugada, os acusados, mediante grave ameaça, exercida com emprego de arma de fogo, subtraíram do Beleza Bar e Restaurante, localizado na avenida Dep. Márcio Marinho, 170, em Pirangi do Norte, nesta cidade, coisa alheia móvel, consistente em R$ 1.643,00(hum mil, seiscentos e quarenta e três reais) em dinheiro, 02 (duas) garrafas de vinho e 162 (cento e sessenta e duas) senhas para o “Show Viva o Verão”.

Narram os autores que a Polícia Militar fazia diligências na referida praia, quando viu um veículo suspeito, com três ocupantes, circulando nas imediações e depois estacionando nas proximidades do bar. Isso levou os policiais a ficarem em campana, tendo observado quando dois dos ocupantes do veículo saíram do mesmo e se dirigiram ao Beleza Bar e Restaurante, cujas portas já estavam sendo fechadas, tendo um deles permanecidos no interior do veículo.

Passado algum tempo, os dois elementos voltaram correndo em direção ao carro, sendo abordados pelos policiais, que encontraram com eles um revólver calibre 38, marca Rossi, nº de série AA480854, com capacidade para cinco munições; três munições calibre 38 intactas; uma pistola 7,65, marca Taurus, nº de série M28477, com carregador, duas munições calibre 7,65 intactas; uma pistola calibre 380, marca Taurus, nº de série KPJ29536, com carregador; nove munições calibre 380 intactas, bem como o produto do roubo anteriormente discriminado.

Consta, ainda,nos autos que os acusados confessaram haver praticado o roubo com a colaboração do segurança do estabelecimento, que informou a melhor ocasião para executarem a ação.

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 028 Ato contínuo, os policiais adentraram no bar, onde encontraram o filho da proprietária e os funcionários, dentre eles o vigilante, presos no almoxarifado, tendo soltado os mesmos e dado voz de prisão ao vigilante.

Em sede de Auto de Prisão em Flagrante, foram realizadas as seguintes oitivas, Senhor José Roberto Alves, do Senhor Edmilson Silva de Souza, do Senhor Josaniel Souza Silva, e do Soldado PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira, matrícula nº 113.080-3.

Em sede de Conselho de Disciplina, foram realizadas as seguintes oitivas: - Agente de Polícia Civil Ademir Silva Câmara (Fl. 421 e 422):

Perguntado a respeito dos fatos que geraram o presente Conselho de Disciplina, passou a declarar QUE estavam em sistema de rodízio no sentido de empreender operações policiais na Zona Norte e na Zona Sul; QUE no dia 27 de janeiro estavam em diligências na Zona Sul mais precisamente em Pirangi, quando observaram um veículo (Parati Azul) em atitude suspeita, tendo este veículo efetuador várias voltas no mesmo quarteirão e estacionado em frente a um supermercado que se encontrava fechado; QUE após estacionarem dois ou três pessoas, não se recorda precisamente quantas, saíram do carro correndo em direção ao BELEZA BAR e o que mais chamou atenção da equipe foi que permaneceu uma pessoa dentro do veículo; QUE aqueles que tinham adentrado no BELEZA BAR retornavam para o citado veículo quando a equipe de policiais abordou todos que naquele veículo se encontravam, tendo mantidos detidos para averiguar o que tinha a acontecido no BELEZA BAR; QUE comandados pelo delegado ERIVALDO JÁCOME foram até o BELEZA BAR e lá encontraram o proprietário e alguns funcionários daquele estabelecimento presos dentro de um cômodo daquele bar: QUE o proprietário junto com os funcionários denunciaram o assalto e afirmaram ser aquelas pessoas detidas os autores do mesmo; QUE durante a ocorrência compareceram duas viaturas da polícia militar para ajudar na conclusão da ocorrência. Perguntado ao depoente se o quarto flagranteado, ora processado, reagiu a prisão na hora Ada abordagem? Respondeu que não. Perguntado ao depoente se o processado foi encontrado com alguma arma? Respondeu que o mesmo estava armado, não tem certeza se era uma pistola ou um RV. Perguntado ao depoente qual a função que o processado exerceu na hora da ocorrência? Respondeu que estava de motorista no veículo abordado. Perguntado ao depoente se o processado questionou o por quê de estar sendo preso e se recebeu alguma ameaça por parte dos policiais que estavam efetuando sua prisão? Respondeu que não. Perguntado ao depoente se na hora que as pessoas saíram do BELEZA BAR correndo em direção ao carro abordado se o mesmo já se encontrava ligado? Respondeu que sim. Perguntado ao depoente quanto tempo se deu da hora em que o carro foi estacionado até o momento da abordagem que culminou com o momento da prisão? Respondeu que não se recorda. Perguntado ao depoente se confirma a declaração do mesmo no auto de prisão em flagrante efetuado em 27 de janeiro de 2006? Respondeu que confirma na íntegra.

- Agente de Polícia Civil Ricardo Lemos dos Prazeres (Fl. 424 e 425):

Perguntado a respeito dos fatos que geraram o presente Conselho de Disciplina, passou a declarar QUE estava em diligências na Zona Sul quando perceberam um veículo (Parati Azul) em atitude suspeitas; QUE o veículo suspeito estacionou, em frete a um supermercado que já se encontrava com as portas fechadas, e também o local apresentava pouca luminosidade; QUE após o veículo ter sido estacionado observaram que havia

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 029 permanecido uma pessoa dentro do mesmo; QUE deram uma volta no quarteirão e o carro permaneceu estacionado no mesmo local levantado ainda mais a suspeita daquela equipe de serviço que passou a ficar observando o mesmo; QUE posteriormente observaram duas pessoas duas pessoas de arma em punho correndo em direção ao veículo estacionado; QUE quando as pessoas entraram no veículo, o mesmo foi ligado pelo motorista que lá se encontrava, mas de imediato a equipe de policiais fechou a possível saída dele para procederam a abordagem; QUE quando abordaram os elementos suspeitos foi que descobriram que a pessoa que se encontrava no veículo, quando esteve estacionado, era o policial militar ora processado, e que quem tinha passado as informações para ajudar no assalto havia sido o segurança que trabalhava no BELEZA BAR; QUE na abordagem foi encontrado com o processado uma pistola e a sua farda que estava no porta-malas do carro. Perguntado ao depoente se o quarto flagranteado, ora processado, reagiu à prisão na hora da abordagem? Respondeu que não esboçou qualquer reação. Perguntado ao depoente qual a função que o processado exerceu na hora da ocorrência? Respondeu que estava de motorista provavelmente para dar fuga aos flagranteados.

- Agente de Polícia Civil Omar Bonazza (Fl. 437 e 438):

Perguntado a respeito dos fatos que geraram o presente Conselho de Disciplina, passou a declarar QUE recebeu uma mensagem de missão do delegado ELIVALDO JÁCOME para aguardarem em determinado local (não recorda o nome da rua), mas com certeza em Pirangi Praia para em momento determinado pelo delegado efetuarem uma abordaguem num veículo do tipo Parati de cor azul que se encontrava estacionado em frente a um supermercado que estavam com as portas fechadas; QUE no local onde ficaram aguardando a determinação não tinha visualização direta para o veículo supracitado; QUE se passou um bom tempo (provavelmente mais de uma hora) do primeiro contato telefônico do delegado até o momento da determinação da abordagem; QUE a sua equipe no momento da determinação de abordar o veículo suspeito, o fez estacionando a viatura policial de frente ao mesmo, prevenindo uma possível tentativa de fuga, não se recorda de quem fez a abordagem pessoal em GIVALDO; QUE no ato da abordagem foram detidos três pessoas e uma quarta pessoa conseguiu se evadir numa motocicleta, sendo um dos três que foi detido o PM GIVALDO; QUE os três suspeitos detidos na hora da abordagem se encontravam dentro do veículo (Parati), dois na frente e um atrás. Dada a palavra ao advogado do processado por este foi perguntado e perquirido: se a Parati azul se encontrava ligada no momento da abordagem? Respondeu que sim. Se o depoente tem mais detalhes sobre o quarto elemento que fugiu no motocicleta? Respondeu que na hora em que recebeu a ordem de proceder a abordagem cruzou com um motociclista e posteriormente a ação é que soube que se tratava de um dos componentes que efetuaram o assalto, notícia essa comentada pela própria equipe que participou da ocorrência. Se o depoente sabe informar o valor do dinheiro furtado? Respondeu que não.

- Delegado de Polícia Civil Elivaldo Bezerra Jácome (Fl. 444):

QUE estavam em diligências na Zona Sul de Natal, quando na Praia de Pirangi perceberam a movimentação de um veículo em atitude suspeita; QUE determinou que uma guarnição da sua equipe permanecesse em campana próximo ao local aonde o veículo havia estacionado; QUE quando foi feito a abordagem no supracitado veículo este declarante aproximou-se com a outra parte de sua equipe para apoiar na prisão dos

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 030 meliantes e determinar que todos fossem conduzidos para a subsecretaria com o objetivo de efetuar o flagrante delito: QUE o PM GIVALDO se encontrava no veículo estacionado e os outros elementos que se deslocaram até o bar quando retornavam para o veículo foram surpreendidos pela equipe que se encontrava de campana, tendo um deles conseguido se evadir, informações passadas a este declarante, pelos próprios policiais, momento em que chegou no local da ocorrência. Perguntado se confirma a presença de GIVALDO entre os elementos que foram presos na ocorrência em questão? Respondeu que sim.

- Agente de Polícia Civil Ravardiere Ricardo de Andrade Cabral Filho (fl. 461 e 462):

QUE confirma as declarações prestadas no Inquérito policial e acrescenta ainda que receberam informes, no dia anterior ao fato em questão, através de um telefonema anônimo no qual denunciava um possível assalto que seria efetuado em Pirangi do Norte, no qual seria utilizado uma Parati azul; QUE de posse dos informes foram efetuadas diligências em Pirangi do Norte objetivando prender os possíveis assaltantes; QUE em determinado horário, sem recordar necessariamente o horário preciso, perceberam a dita Parati azul se aproximando e vindo a parar próximo ao Beleza Bar, tendo em seguida dois elementos descido e se dirigido ao Beleza Bar ficando apenas o motorista do supracitado veículo; QUE montaram campana e ficaram aguardando o avançar dos acontecimentos; QUE momentos após os dois elementos que tinha entrado no Beleza Bar saíram em disparada do Restaurante para o veículo trajando uniformes de garçom, momento em que a equipe de policiais abordou os suspeitos; QUE foi encontrado armas e dinheiro dentro do veículo e também com os suspeitos; QUE foi dado voz de prisão e conduzido todos para a subsecretaria para serem tomadas as providencias decorrentes ao caso. Perguntado ao depoente se reconhece o PM GIVALDO (processado) como sendo um dos suspeitos que estavam na Parati azul, veículo utilizado no assalto? Respondeu que sim.

- Senhora Solange Lino do Nascimento (fl.463):

Recorda que o fato se deu numa sexta-feira porque uma prima tinha ganho nenê e estava combinando com GIVALDO para irem para Muriú e naquele dia pediu a GIVALDO para levá-lo até o hospital a fim de visitar o recém-nascido, haja vista que só iria trabalhar a partir da 14h00min horas; QUE após visitar o bebê da sua prima pediu a GIVALDO para levá-la até a casa de PATRÍCIA (na época esposa de JOSANIEL SOUZA SILVA), a fim de fazer as unhas, pois a mesma era manicure; QUE enquanto fazia as unhas GIVALDO foi chamado por JOSANIEL para falarem algo que a mesma só deu para entender parte da resposta que GIVALDO deu ao mesmo, onde alegava ter um compromisso de ir a Muriú; QUE GIVALDO deixou a mesma no trabalho às 14h00min horas e depois foi lhe buscar aproximadamente às 23h00min horas e a conduziu para sua residência no conjunto Santarém, lá chegada GIVALDO recebeu uma ligação de “PENINHA” (JOSANIEL) chamando o mesmo para fazerem uma viagem (locação); QUE em razão de já terem acertado antecipadamente que iriam para Muriú chegando a discutir, porém ao final decidiram ir a Muriú no dia seguinte, tendo GIVALDO dito que iria ver o que “PENINHA” queria; QUE solicitou ao mesmo que levasse a chave de sua casa para não acordá-la quando retornasse;

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 031 Foi anexado ao Conselho de Disciplina o Extrato de Assentamento Funcional do Sd PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira, conforme folhas 059 a 060.

Em sede de Auto de qualificação e interrogatório o Sd PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira, afirma (fl. 039 a 043):

Que por volta da 16h30min o processado juntamente com sua namorada, SOLANGE, se deslocaram até a residência da pessoa de JOSANIEL, com o escorpo de SOLANGE fazer as unhas com PATRÍCIA, esta esposa de JOSANIEL, conhecido pelo processado pó “Penhinha”; Que conhece a pessoa de JOSANIEL a mais de 10 (dez) anos e antes de entra na policia o processado costumeiramente tinha contato com a pessoa de JOSANIEL em festividades; Que em determinado momento ainda na residência de JOSANIEL, este chamou o processado e perguntou se o mesmo poderia fazer uma corrida até a Praia de Pirangi, para a pessoa de LUCIANO, o qual estava trajando um terno amarelo; Que o interrogado disse ao seu amigo que poderia fazer tal corrida, todavia teria que ser adiantado algum dinheiro; Que o interrogado mesmo sendo policial militar conhecedor dos seus direitos sabendo dos modos operandi policiais, não questionou o porque de estar sendo preso, em razão de temer sofre agressões físicas; Perguntado ao processado se antes do fato em questão já foi autuado ou processado, ou respondeu a algum processo administrativo, respondeu que tomou conhecimento após a sua prisão que está sendo acusado de praticar um roubo. Perguntado ao processado se tem conhecimento de como a pessoa de JOSANIEL chegou ao restaurante Beleza bar, respondeu que não sabe informar, e que só teve conhecimento que o mesmo era vigia de tal estabelecimento no momento em que já estava dentro da cela.

Foi inserido nos autos extratos de assentamentos do Sd PM nº 93.253 Givaldo Gomes de Oliveira (fl. 414 e 416v).

Em sede de Alegações finais (fl. 481 a 486) a defesa requereu;

A) A absolvição do processado da imputação que lhe esta sendo feita;

B) Em caso de não ser esse o entendimento do ilustre Relator, que seja aplicada penalidade de no máximo advertência ao processado.

Passando a fundamentação jurídica dos fatos avençados, tem-se que a temática principal dos fatos, diz-se respeito à conduta moral e profissional do processado. O ato antijurídico, com as suas devidas tipificações exerce influência no meio policial militar, mormente quando a Legislação Policial Militar elencar em seus dispositivos, os fatores ensejadores de exclusão ou licenciamento de seus membros.

Antes de adentrar na análise do mérito do presente processo é imperioso traçar alguns comentários sobre o valor ético da atividade policial militar. O comportamento ético é o oposto da degeneração moral, da indisciplina, da indiferença, da recusa ao dever, da omissão, da truculência, dos vícios e da covardia. Na verdade funda-se no compromisso de que o policial militar deve ter, dentre outros, com os ideais, com o justo, com a legalidade, com a liberdade das pessoas, com a obediência as leis, com o respeito, com a cortesia, com a verdade, com a abnegação, com a discrição e, acima de tudo, pautado na linha da lisura comportamental, quer seja na atividade profissional, quer seja na vida particular (Valla,2000). De sorte que a ética está presente nas instituições, nas pessoas, e sobretudo, no esforço dos deveres – dever esse de obediência – às normas codificadas ou não.

BG Nº. 036 de 22 de Fevereiro de 2011 032 Conforme Maurice Hauriou na obra Précis Élémentaires de Droit Administratif (1926,p.197ss), “como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o bem do mal, o honesto do desonesto, não podendo desprezar o elemento ético da sua conduta. Assim não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno mas também entre o honesto e o desonesto”.

Dentro da conceituação de ordem pública, considerada como a manutenção do estado anti-delitual, surgem as instituições policiais como mecanismos de controle social, atuando na sociedade tendo por objeto precípuo a redução da criminalidade. Essas ações se consubstanciam dentro da coletividade através do agir policial, que podemos chamar de posturas policiais. As posturas policiais são atributos referentes ao policial que o distingue na sociedade como o representante do Estado na esfera da segurança pública, sendo que estes atributos quando não possuem valores atinentes à defesa social tendem a gerar descrédito por parte da população nas suas ações, conforme Rolim (2004, p. 45):

Em regra, a violência policial existe onde são escassos os meios de investigação; onde, portanto, identifica-se uma lacuna básica quanto aos recursos de inteligência. Ela é também: um dos mais seguros indicadores a respeito da ausência de uma postura profissional e, portanto, da má-formação. As melhores polícias do mundo são aquelas que aprenderam a controlar as possibilidades de emprego da força e que criaram uma cultura interna de respeito à diferença de cordialidade no trato com os cidadãos.

A Polícia Militar como uma das instituições do aparelho de segurança pública do Estado possui as suas posturas definidas em âmbito institucional, considerando que no transcorrer dos anos a visão policial tomou rumos que perpassaram do ideário da polícia política até a tentativa atual de se buscar a polícia da cidadania, eminentemente de cunho social e protetor.

Esse é o grande desafio atual: é repassar a idéia de que policiais militares como enfatiza Balestrelli, são “pedagogos da Cidadania”, cabendo à Polícia Militar o papel de transformação de pensamentos, de atos e, acima de tudo, de realidades, seja na simples ocorrência ou na mais complicada e intrincada operação policial, o policial militar representa a segurança, a crença de que instituições públicas existem, para a salvaguarda de interesses individuais e coletivos.

Nesse sentido a polícia interage com a população, seja nas suas ações decorrentes de suas atividades, ou seja, na postura que seus integrantes possuem em suas vidas particulares, posto que o policial militar dever ter sua conduta ilibada tanto dentro da caserna, quanto no trato com os demais cidadãos na sua vida cotidiana. O valor da atividade policial reside na postura ética tomada pelos seus integrantes, considerando que este atributo é plenamente perceptível em sociedade cada vez mais carente de apoio estatal, muito mais, quando se trata da esfera da segurança pública.

A pedagogia da cidadania pensada por Balestrelli traz consigo a percepção de que a

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