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O uso de soluções conservantes para manter a qualidade e prolongar a vida de flores cortadas é bastante comum em muitos países da Europa e nos Estados Unidos.

Existem no mercado várias formulações para o tratamento pós-colheita de diversas flores de corte. As soluções conservantes podem ser usadas durante toda a cadeia de distribuição, do produtor ao atacadista, florista e consumidor final (HARDENBURG et al., 1990).

Muitos conservantes florais contêm em suas formulações três componentes: um substrato energético; uma substância conservante básica, que pode ser um agente biocida que iniba o crescimento de microrganismos; uma substância conservante auxiliar, que pode ser um agente acidificante, para limitar o crescimento bacteriano e favorecer a absorção de água, e/ou um agente anti-etileno (MATTIUZ, 2005). Segundo HALEVY e MAYAK (1981), quatro tipos de soluções podem ser utilizadas, as quais podem ser classificadas, de acordo com o objetivo de uso, em soluções de condicionamento, de manutenção, de indução à abertura floral e de “pulsing” (fortalecimento).

A solução de “pulsing” ou fortalecimento é considerado um tratamento rápido antes do transporte ou durante o armazenamento e que prolonga a vida das flores, mesmo após a transferência para a água ou para soluções de manutenção (FINGER et al., 2004). O tratamento de “pulsing” é um procedimento que hidrata e nutre os tecidos florais, e utiliza açúcares ou outros compostos químicos (HALEVY e MAYAK, 1981). Formulações específicas de “pulsing” têm sido desenvolvidas para as diferentes espécies florais e, algumas vezes, para diferentes variedades (HALEVY et al., 1978).

A água pura é rapidamente contaminada por bactérias ou fungos, que se desenvolvem sobre os tecidos das plantas ou seus resíduos. Estes organismos produzem ou induzem a produção de substâncias, tais como os taninos, que podem bloquear os vasos das hastes florais (DAI e PAULL, 1991). Biocidas ou desinfetantes podem ser adicionados à água, para inibir o crescimento de microrganismos no interior do recipiente e na superfície cortada do ramo (NOWAK et al., 1991).

Algumas espécies de flores apresentam bloqueio devido à presença de bactérias como verificado por LOUBAUD e VAN DOORN (2004), onde a inclusão de antibactericidas na água de vaso de rosas (Rosa hybrida) da cv. Red One e Viburnum opulus cv. Roseum retardou o bloqueio xilemático dessas flores.

O composto 8-hidroxiquinolina é conhecido como um potente bactericida e fungicida. Alguns sais da 8-hidroxiquinolina apresentam maior eficiência que o composto original, enquanto outros são menos eficientes (CASTRO et al. 1987; DURIGAN, 2009). ROGERS (1973) relatou que, a 8-hidroxiquinolina pura ou os seus ésteres sulfato (8- HQS) ou citrato (8-HQC) nas concentrações de 200 a 600 mg L-1, têm sido amplamente utilizados por causa de sua eficiência. SPRICIGO et al. (2010) investigaram o efeito do citrato

de 8-hidroxiquinolina como possível inibidor do desenvolvimento de microrganismos associados à senescência das flores cortadas. KUMAR et al (1999) relataram que o composto com ação microbiana, a 8-hidroxiquinolina pura ou citrato (8-HQC) nas concentrações de 200 mg L-1 em cravo, têm sido amplamente utilizados por causa de sua eficiência. JONES e HILL (1993) observaram que o uso de 250 mg L-1 de 8-(HQC) aumentou significativamente a longevidade de rosas ‘Gabriella’ e de gipsofila ‘R22’. Porém, a utilização de 250 mg L-1 de 8- (HQ) não foi eficiente no prolongamento da longevidade em hastes de Zinnia ‘Gigante da Califórnia Sortida’ durante o armazenamento a baixa temperatura (BRACKMANN, et al., 1998).

Além de ser um bactericida e fungicida eficiente, a 8-(HQC) tem se mostrado um excelente redutor do bloqueio fisiológico da haste. A concentração de 200 mg L-

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de (8-HQC) e baixo pH preveniu o bloqueio vascular, em quatro cultivares de rosas pela redução do número de bactérias na haste floral (VAN DOORN e PERIK, 1990). Segundo MAROUSKY (1972), esse efeito sido relacionado com as propriedades quelantes dos ésteres de quinolina que precipitam os íons metálicos de enzimas ativas.

O 8-(HQC) também afeta o balanço hídrico de flores cortadas. Parte desse efeito foi atribuído, por STODDARD e MILLER (1962) e MATTIUZ et al. ( 2005), a sua ação no fechamento dos estômatos, o que foi comprovado por MAROUSKY (1969) em rosas. De acordo com HALEVY, (1976), contaminações bacterianas prejudicam o balanço hídrico, por causarem um declínio na condutividade da água. HALEVY e MAYAK (1981) afirmam também que o 8-(HQC) pode afetar a longevidade das flores pela acidificação das soluções. Em algumas flores foi observado um efeito prejudicial da 8-hidroxiquinolina, o que reduz sua utilização na prática. Em crisântemos, a 8-hidroxiquinolina causou lesões nas folhas e escurecimento das hastes (KOFRANEK e HALEVY, 1972; GLADON e STABY, 1976). CASTRO et al. (1987) sugere que o uso de germicidas deve ser associado em soluções conservantes, a outros compostos, para melhor expressão de seus efeitos benéficos.

O cloro também tem sido usado na pós-colheita de flores para controlar bactérias e fungos durante a manipulação e como solução conservante (VAN DOORN et al., 1990; FARAGHER et al., 2002). No Brasil é o produto mais usado para este fim. O modo de ação do cloro não é específico e envolve a oxidação dos componentes celulares dos agentes microbianos, incluindo proteínas das membranas celulares e

protoplasmáticas (DYCHDALA, 1983). Entretanto, é necessário um monitoramento com relação à qualidade da água utilizada nos vasos de flores cortadas, pois o alto conteúdo de íons, especialmente de cloro, pode reduzir o período de conservação (DAI e PAULL, 1991; TJIA et al., 1987). DURIGAN (2009) afirma que o menor efeito fitotóxico do cloro na concentração de 100 mg L-1 e da 8-(HQC) em concentrações mais baixas que as usualmente recomendadas, levaram à manutenção da boa qualidade das flores de gérberas por um maior período de tempo.

A refrigeração também possibilita estender o período de conservação, transporte e distribuição (MORAES et al., 1999) e, desse modo, é um dos mais importantes fatores de sucesso no armazenamento de flores de corte e plantas herbáceas (VAN DOORN e CRUZ, 2000).

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