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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.6 SOLUÇÕES PROPOSTAS

A geração de resíduos é um dos principais problemas ambientais em todo o mundo, sobretudo no que diz respeito à poluição marinha. O Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, por meio da Gerência de Zoneamento Costeiro, atua com ações e projetos de incentivo à sustentabilidade costeira. Uma dessas iniciativas é o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla) é uma ação conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MP), (MMA, 2017). Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União,

aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Os seus objetivos estão baseados nas seguintes diretrizes:

Fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço; Desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada;

Valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos.

Assim, o Projeto busca responder a uma série de desafios como reflexo da fragilidade dos ecossistemas da orla, do crescimento do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, do aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes.

Para a coordenadora de Gerenciamento Costeiro do MMA, Leila Swerts, os resíduos sólidos são problemas comuns a todos os municípios costeiros. O Brasil possui aproximadamente 400 municípios costeiros e atualmente 80 deles aderiram, em alguma fase, ao Projeto Orla. “A expectativa é que novos municípios sejam alcançados para implantação do projeto, o que garantirá um espaço costeiro mais limpo e sustentável” (MMA, 2017).

O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias ou Clean Up The World, é comemorado em diversos países no terceiro final de semana de setembro. Coordenado mundialmente desde 1986 pela organização não-governamental (ONG) americana The Ocean Conservancy, a data é celebrada voluntariamente por governo, associações, empresas e demais voluntários. No Brasil, várias cidades como Rio de Janeiro, Cabo Frio (RJ) Brasília (DF), Aracaju, Recife, Porto Seguro (BA), Salvador e Florianópolis aderiram à 10ª Campanha de Limpeza de Praias, coordenada pelo Instituto Ecológico Aqualung. Milhares de voluntários por todo o país participam de um grande mutirão de limpeza e de conscientização para não jogar resíduos em lugares impróprios. O objetivo é fazer algo concreto pelo meio ambiente com resultados imediatos e locais: limpar o resíduo descartado irresponsavelmente e acumulado em todos os litorais do planeta. Simboliza, também, a união mundial e a dedicação em prol de um mundo mais limpo, consciente e saudável para a humanidade (MMA, 2017).

Nas praias de Natal, as ações de limpeza acontecem muitas vezes por grupos de estudantes que se incomodam com a sujeira nas praias, daí começam a reunir pessoas voluntarias para fazer trabalhos de limpeza na orla. Em algumas ocasiões os órgãos ambientais e prefeitura dão apoio (Figura 25).

A prefeitura muitas vezes faz parceria com universidades e escolas públicas, onde juntos fazem trabalhos de educação e conscientização ambiental. Em setembro de 2017 para comemorar o dia mundial de Limpeza nas Praias, foi realizado na praia da Redinha um mutirão, onde realizaram a limpeza da praia (Figura 26).

A ideia já é um grande avanço. Mas o que deveria ser realizado é um trabalho continuo mantendo datas especificas do projeto praia limpa, e não somente uma vez por ano em comemoração a um evento. Nesses trabalhos deve-se incluir sempre os responsáveis pela geração do lixo marinho nas praias. É muito importante incentivar os usuários e barraqueiros a ter uma maior preocupação com as consequências que o lixo marinho pode provocar.

Figura 25: Projeto Praia Limpa –Natal/RN. Fonte: Google,2017.

Figura 26: Trabalho realizado pela prefeitura de Natal/RN

Fonte: Google, 2017.

O projeto minha orla na cidade de Natal está em fase de encaminhamento, já houve um avanço, pois desde o ano de 2013 que se vem fazendo reformas nas principais praias de Natal como Ponta Negra e as praias centrais de Natal, Praia do Meio, Dos Artistas. A maioria das obras são estruturais. São colocados acondicionadores de resíduos na orla, mas só colocá-los não é o suficiente. É preciso um trabalho muito forte de educação ambiental. E esse trabalho deve ser com frequência para que se tenha algum resultado.

São 13 municípios do Estado do RN que instituíram o Plano de Gestão Integrada - PGI, ou "Projeto Orla", sendo para tanto, elaborado e legitimado em Audiência Pública, as Planilhas que constituem os respectivos PGI's (Areia Branca, Baía Formosa, Ceará Mirim, Extremoz, Galinhos, Guamaré, Macau, natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Porto do Mangue, São Miguel do Gostoso e Tibau do Sul) (AMBIENTE et al., 2011).

Todos os municípios adesos ao referido Projeto estão com suas agendas do Comitê Gestor elaboradas e confirmadas, junto à Coordenação Estadual do Orla, portanto, estão realizando reuniões ordinárias que ocorrem trimestralmente, e mesmo extraordinárias que acontecem quando necessário. É certo que uns estão mais avançados do que outros. As reuniões dos Comitês Gestores são acompanhadas com a participação direta e presencial

dos dois órgãos que compõem a Coordenação do Orla neste Estado, quais sejam, está a Superintendência do Patrimônio da União do Estado - SPU e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente - IDEMA. Além desses, outros órgãos que também fazem parte da Comissão Técnica Estadual participam da mesma forma, como é o caso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA, principalmente, e a Secretaria de Turismo do RN – SETUR. Outros municípios já manifestaram interesse pelo Projeto Orla, como São Bento do Norte (este inclusive assinou o Termo de Adesão), Caiçara do Norte, Touros, Tibau e mais recentemente Grossos (AMBIENTE et al., 2011). De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, apenas o município de Tibau do Sul é que está com seu Plano de Gestão Integrada – PGI ou Projeto Orla (AMBIENTE et al., 2011).

Na praia de Pipa, existe um projeto chamado Reciclarte Atelier é um projeto idealizado pelo pernambucano Rafael do Nascimento Santos, que vive em Pipa há 13 anos e assim como muitos se apaixonou pela praia e pela natureza da Pipa. O projeto nasceu de uma iniciativa ousada e descontraída do artista que por admirar esculturas de madeira, aprendeu o método e presenteia as ruas da Pipa com instalações criativas e cheias de alertas sobre preservação ambiental (Figura 27), (PIPA AVENTURA, 2017).

Entre os itens produzidos há objetos para coleta de bitucas, denominados de “Papa Bitucas” (Figura 26b); esses objetos ficam dispostos em duas barracas das sete que existem na área de estudo. Das seis praias em pesquisa apenas uma Pipa tem essa iniciativa. E com certeza faz grande diferença, pois quando o usuário (seja ele fumante ou não), observa esse objeto, há um aprendizado, por ser uma arte chamativa e muito bonita. Se existe um local para colocar os resíduos especificamente a bituca de cigarro, que muitas vezes é muito pequena e pode-se pensar que não causa mal algum em ser jogado no chão, quando nos deparamos com essas iniciativas, muitos irão rever seus conceitos em jogar resíduos sólidos no chão.

Figura 27: Projeto Reciclart Atelier.

a)

b) c)

Fonte: Google, 2017.

Em alguns estados do Brasil a solução para manter a cidade limpa é multar as pessoas que jogam resíduos no chão. Um grande exemplo de que isso está sendo realmente levado a sério é a punição já em vigor para quem sujar a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O programa Lixo Zero, que adotou essa pena para aqueles que descartarem resíduos no chão, chega à região após multar quase 500 pessoas em apenas uma semana de funcionamento no Centro da cidade. São 126 profissionais percorrendo as ruas e a orla da “Princesinha do Mar”, trabalhando de três em três. O trio — formado por um agente da Companhia Municipal de

Limpeza Urbana, Comlurb, um guarda municipal e um PM — poderá penalizar, inclusive, quem jogar resíduos na areia da praia. A multa vai de R$ 157 a R$ 3 mil, conforme o tamanho do objeto (G1 NOTÍCIAS, 2017).

Com tudo, as soluções propostas para os problemas encontrados nas praias do presente estudo estão baseadas nas principais estratégias para controle e minimização dos problemas relacionados ao lixo marinho, propostas por especialistas em lixo marinho numa reunião no ano de 2011 no Havaí (Tabela 2) (COSTA Et al., 2015).

Tabela 2: Algumas das estratégias para o controle e minimização dos problemas relacionados ao lixo marinho. (Adaptado de Costa et al., 2015).

Estratégia 1. Conduzir atividades de educação e conscientização relacionadas aos impactos do lixo marinho e à necessidade de melhoramentos no manejo dos resíduos sólidos.

Estratégia 2. Disponibilizar instrumentos (baseados nas necessidades do mercado) para viabilizar o manejo de resíduos sólidos, em particular para a minimização da produção de lixo.

Estratégia 3. Disponibilizar infraestrutura e implementar melhores práticas para o manejo dos sistemas de drenagem pluviais, reduzindo a quantidade de resíduos sólidos que entra nos corpos d’água.

Estratégia 4. Desenvolver, estabelecer e sancionar legislações e estratégias para viabilizar o manejo e a minimização da geração dos resíduos sólidos.

Estratégia 5. Melhorar as legislações regulatórias relacionadas ao escoamento de águas pluviais, sistemas de esgoto, e resíduos em corpos d’água secundários.

Estratégia 6. Aumentar a capacidade de monitoramento e reforço na aplicação das leis, e permitir condições relacionadas à remoção dos resíduos, manejo de resíduos sólidos, escoamento de águas pluviais e escoamento superficial.

Estratégia 7. Conduzir campanhas de limpeza periódicas em áreas costeiras, bacias hidrográficas, corpos d’água – especialmente em locais de acumulação (hot spots) de lixo marinho.

A contaminação dos ambientes costeiros por lixo marinho, principalmente plásticos, é um fato concreto, desafiador e que exige um esforço coletivo da sociedade e dos órgãos governamentais no sentido de ser revertida. As consequências ambientais e estéticas e os prejuízos econômicos com a redução do turismo e limpeza dos ambientes serão os fatores determinantes na adoção de uma nova abordagem em relação ao lixo marinho, buscando medidas de prevenção (COSTA et al., 2015).

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