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4 GRUPO DE MÚSICA PERCUSSIVA ACADÊMICOS DA CASA CAIADA

4.1 Sal e sol, saudações do meu Ceará (GMPACC – 2009)

4.2.3 Sons da Casa (GMPACC 2012)

O ano de 2012 foi marcado pelo processo de construção do espetáculo “Sons da Casa”. O intuito de realizar esse tipo de apresentação aconteceu pelo desenvolvimento musical do próprio grupo e que teve nesse ano um conjunto de músicas ensaiada e executadas em sequencia em diversas apresentações (ANEXO K). Para cada ano houve uma música trabalhada, resumidamente, temos (ANEXO L):

- 2009: Carimbó Sal e Sol e Maracatu Oyá; - 2010: Marchinha Viver e Sonhar;

- 2011: Samba – enredo Casinha Caiada e Baiões;

- 2012: Maracatu Boneca Preta e todas as músicas anteriores;

Desta forma, o ano de 2012 foi, na verdade, a organização desses ensaios musicais trabalhados com base em uma proposta cênica e que prevalecesse o rodízio de instrumentos

dentro da própria apresentação do trabalho. Os ensaios de sábado seguiam a seguinte sequencia:

 Alongamento e aquecimento corporal;  Canto das músicas;

 Estimulação rítmica;

 Aquecimento técnico com baquetas e mãos;  Ensaio da estrutura musical;

 Preparo cênico;

 Ensaio de marcação musical/cênico;

As atividades de teatro foram trabalhas com o auxílio da professora Juliana Rangel do curso de teatro da UFC e, nos primeiros ensaios de marcação contamos com o auxílio da professora de música Alessandra Araújo. As atividades foram organizadas pelo próprio grupo através da divisão de equipes de trabalho.

 Organização, afinação e manutenção dos instrumentos;  Concepção de figurino;

 Auxiliar de regência;  Rodízio de instrumentos;  Financeiro;

A elaboração desse trabalho reuniu as principais composições e arranjos criados pelo grupo, que abrangem ritmos como de carimbó, maracatu cearense, baião, “carimbaião45”, marchinha carnavalesca e samba-enredo. Para a execução de cada ritmo foi feito um estudo de técnica instrumental, ensaios e apreciação musical, privilegiando, principalmente, o fazer musical criativo através dos elementos musicais e culturais da percussão.

A criatividade é a marca principal no espetáculo “Sons da Casa”. Além das composições e arranjos criados pelo próprio grupo, durante os ensaios percussivos, sob a minha direção musical e regência – Catherine Furtado, o grupo dialogou com a linguagem cênica, vivenciando experiências significativas entre percussão e expressão corporal. Com isso, a dinâmica do espetáculo apresentou evoluções com música percussiva e atuações cênicas, sendo realizadas por ritmistas que tocam e atuam como, por exemplo, o rei, a rainha e a calunga do maracatu cearense, propiciando, assim, um empolgante e energético desfecho musical ao som dos “tamborins envenenados” no samba – enredo, “Casinha Caiada”.

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 Carimbaião: denominação dada a um ritmo que foi criado pelo próprio grupo. A execução mescla células rítmicas do carimbó e do baião. 

Figura 36 – Rei e Rainha do Maracatu

Fonte: Catherine Furtado dos Santos

O nome “Sons da Casa” é uma referência a todos os sons e composições rítmicas produzidas no espaço da Casa de José de Alencar – UFC. Neste espaço, conta-se com um lugar privilegiado de árvores, jardins e belos manguezais, o que inspirou no grupo as primeiras movimentações do espetáculo com sons de pássaros e bichos da natureza através da Música Percussiva Carimbó Sal e Sol. Na continuação da execução de cada música elaborou- se um processo artístico cênico, permitindo uma nova experiência com a relação ao corpo e a percussão. Cada transição musical é realizada, em contexto, com uma atuação cênica dos ritmistas e da regente, ressaltando-se também o constante rodízio de instrumentos que os integrantes fazem de acordo com o repertório. Por tanto, os integrantes do grupo possuem a oportunidade de aprender e a tocar uma grande gama dos instrumentos de percussão como: atabaques, congas, surdos, caixas, repiques, tamborins, zabumbas, triângulo, agogô, pandeiros e outros. Além desses instrumentos, o grupo também apresenta arranjos rítmicos com a execução através da percussão corporal.

Figura 37 – Mapa de palco do espetáculo “Sons da Casa”

Fonte: Sebastião Vieira

O diálogo entre música percussiva e a expressão cênica enfatiza no espetáculo a representação de personagens importantes da cultura cearense como o rei, a rainha e a calunga do maracatu cearense, o escritor José de Alencar e um casal de sertanejos, dando relevância significativa aos conhecimentos da cultura local aliado ao fazer criativo. Por ser um trabalho de espetáculo percussivo, a concepção artística foi bem elaborada para apresentações em lugares abertos ao público que possam, além de apresentar a sonoridade criativa dos tambores e as expressões cênicas, propiciar momentos de interação com a plateia.

O espetáculo percussivo “Sons da Casa” integra, através de uma proposta de formação humana e musical, um trabalho artístico percussivo com um repertório de ritmos brasileiros, composições e arranjos feitos pelo próprio grupo numa duração de, aproximadamente, 50 minutos. O espetáculo é um dos resultados dos trabalhos que o GMPACC apresenta como ápice de suas atividades percussivas, acreditando que a percussão é além de uma possibilidade de expressão musical, uma importante ferramenta educativa, de formação e de criação artística em contextos coletivos, tendo em suas apresentações uma proposta de valorização da cultura e da música local na cidade de Fortaleza.

Figura 38 – Espetáculo Percussivo “Sons da Casa”

Fonte: Grupo de Música Percussiva Acadêmicos da Casa Caiada

Assim, o GMPACC desenvolveu além dessas atividades várias outras sempre com a participação de veteranos e novatos. No ano de 2009 percebemos um maior detalhamento das atividades que contemplam desde os aspectos técnicos musicais até as apresentações, servindo como referencia para a compreensão de como aconteciam também as demais atividades. Mesmo cada uma com suas devidas diferenças e contextos, optamos por extrair de cada ano as principais características sem que para isso corrêssemos o risco da exaustão e repetição de detalhes. De fato, não teríamos como relatar, ao máximo, todas as atividades anuais que aconteceram e a representação significativa de cada participante, mas é importante ressaltar que a sequencia das atividades apresentadas inicialmente foram fundamentais para um processo formativo que se sustentasse através das reflexões de suas próprias práticas (ANEXO N).