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2 A MICROEMPRESA E SEU PAPEL NA ECONOMIA NACIONAL

2.2 A SPECTOS JURÍDICOS E FISCAIS

A constituição de 1988, em seu Artigo 179, confere ao Estado a responsabilidade em incentivar as microempresas e as empresas de pequeno porte. A Emenda Constitucional de nº 6 que altera o Artigo 170, e delega ao Estado, como princípio constitucional, a obrigação de dar tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte que tenham sua sede no país (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Cumprindo as disposições da Emenda Constitucional nº 6, a Lei 9.841 de 05 de outubro de 1999 cria o novo Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, regulamentando o suporte legal para o tratamento privilegiado determinado pela Carta Magna no sentido de assegurar melhores condições de desempenho e continuidade, incluindo a sua participação no mercado de importação e exportação.

A Lei nº 9.317/96 regula as questões tributárias, instituindo uma forma específica de tributação em âmbito federal para as referidas empresas, o "Simples".

No caso do Estado de São Paulo, em 19 de novembro de 1998, foi publicada a Lei nº 10.086 que dispõe sobre o regime tributário simplificado da microempresa e da empresa de pequeno porte no Estado de São Paulo, chamado de “Simples Paulista”.

2.2.1 Estatuto da microempresa e empresa de pequeno porte

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O Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei 9.841 de 05 de outubro de 1999) constitui um conjunto de normas jurídicas referentes a questões documentais, administrativas, trabalhistas, previdenciárias e creditícias.

Conforme o Artigo 2º do Estatuto, definem-se como microempresas aquelas cujo faturamento bruto anual seja igual ou inferior a R$ 120.000,00, e como empresas de pequeno porte, as entidades com receita bruta anual entre R$ 120.000,00 e R$ 1.200.000,00.

Para os fins tributários, considera-se receita bruta, o produto das vendas de mercadorias e de serviços de qualquer natureza, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. O valor da operação de venda de ativo imobilizado não deverá ser considerado para fins de apuração do valor total da receita bruta auferida.

São exigências adicionais para o enquadramento como microempresa e empresa de pequeno porte:

1. Os empresários (pessoas físicas) devem ser domiciliados no país.

2. Os mesmos não podem participar de outra pessoa jurídica, salvo se esta participação não for superior a dez por cento do capital social.

O Estatuto simplifica os trâmites legais de constituição das empresas em questão não exigindo mais a apresentação de certidões negativas criminais ou fiscais dos titulares ou sócios.

As empresas já existentes que se enquadram nas exigências do Estatuto, se assim desejarem, podem ser registradas como microempresas e empresas de

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Esta seção foi desenvolvida com base nos dados da Cartilha do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC (2003).

pequeno porte na Junta Comercial ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas, declarando que sua receita bruta do ano anterior está dentro dos limites fixados pela lei.

Perde-se o tratamento privilegiado da lei em caso de excesso de receita bruta por dois anos consecutivos, ou três alternados em um período de cinco anos. Há, então, o desenquadramento automático de microempresa para empresa de pequeno porte, e de empresa de pequeno porte para empresa comum.

O Estatuto dispensa de prova de quitação dos tributos e contribuições da Fazenda Nacional, bem como do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS e do Fundo de Garantia por tempo de Serviço - FGTS, para fins de baixa no registro competente, as microempresas ou empresas de pequeno porte inativas durante os últimos cinco anos. O Artigo 36 do Estatuto desvincula, assim, a inscrição e as alterações da microempresa e da empresa de pequeno porte da situação fiscal de seu titular, sócios ou administradores.

As referidas empresas estão, ainda, isentas do pagamento de preços, taxas e emolumentos decorrentes de registro de seus atos constitutivos e suas alterações, assim como redução de emolumentos ao tabelião nos procedimentos do protesto de títulos.

As microempresas, em especial, têm o direito de acionar como autoras perante os Juizados Especiais Cíveis, fato este, que lhes possibilita um acesso ao Poder Jurídico mais fácil, rápido e de baixo custo.

No Capítulo VI, intitulado "Do Desenvolvimento Empresarial", o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte aborda diversos temas a serem regulamentados, como incentivos fiscais e financeiros simplificados e descentralizados; destinação mínima de 20% dos recursos federais da área de

pesquisa, desenvolvimento empresarial e capacitação tecnológica; o acesso diferenciado a serviços de metrologia e de certificação; a geração de associações de empresas mais competitivas tanto no mercado interno quanto externo; mecanismos de desburocratização e capacitação e as compras do governo, onde se estabelece que será dada prioridade às microempresas e empresas de pequeno porte, individualmente ou de forma associada.

2.2.2 Simples Federal

A Lei Nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 dispõe sobre o regime tributário das microempresas e das empresas de pequeno porte e institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, lei esta que sofre freqüentes mudanças, motivo pelo qual não serão mencionados dados específicos referentes a taxas ou alíquotas neste trabalho.

Elucidando-se o montante das alterações da lei do SIMPLES, podem ser citadas as seguintes Leis de números: 9.528 de 10/12/1997; 9.732 de 11/12./1998, 9.779 de 19/01/1999, 10.034 de 24/10/2000, 10.256 de 09/10/2001 e 10.684 de 30/05/2003, assim como as Medidas Provisórias de números MP 1.788, de 29/12/1998, MPV 2.189-49 de 23/08/2001, MPV 2.158-35 de 24/08/2001 e MP 75 de 24/10/2002.

O principal fator para o enquadramento no simples federal, além do montante da receita bruta, é o tipo de atividade exercida pela empresa que não pode pertencer ao rol das chamadas “atividades excludentes” determinado pela Receita Federal.

No Brasil, existem vários sistemas de tributação referente às pessoas jurídicas: Lucro Real, Lucro Presumido ou Arbitrado e o Simples.

O Simples consiste na unificação de vários impostos e contribuições federais, como Guia de Previdência (GPS) de parcela sobre a folha de pagamento do empregado e empregador e pró-labore, acidente de trabalho e terceiros (SESC, SENAC etc.), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Fins Sociais (COFINS), Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

As empresas optantes pelo Simples fazem o recolhimento de uma alíquota conforme o faturamento bruto da empresa além de repassarem os valores de INSS descontados de seus funcionários ao Instituto da Previdência (GPS parte dos empregados).

Os benefícios previdenciários são para a maioria das empresas os mais relevantes, representando, atualmente, uma economia em torno de 27,8% sobre a folha de pagamento.

No entanto, a opção pelo Simples nem sempre é a mais vantajosa para a empresa, pois depende dentre outros do montante do faturamento, da margem de lucro e do número de empregados e deve ser avaliado caso a caso.

2.2.3 Simples Paulista

O “Simples Paulista” constitui a denominação popular para uma forma de tributação simplificada referente a tributos estaduais a ser observada pela microempresa e pela empresa de pequeno porte. O cumprimento das obrigações principais e acessórias, às quais se refere à Lei nº 10.086, de 19 de novembro de 1998, objetiva atribuir aos contribuintes paulistas tratamento diferenciado, visando simplificar as obrigações fiscais conforme o Artigo 179 da Constituição Federal de 1988 e Convênio ICMS nº 59/89 de 29/05/1989. O regime tributário simplificado

paulista não estabelece vínculo com o "Simples Federal", não havendo necessidade do contribuinte deste Estado, optante do "Simples Paulista", estar enquadrado no "Simples Federal".

Para efeito de tributação por este sistema, considera-se microempresa (ME) a pessoa jurídica que realizar exclusivamente operações a consumidor ou prestações a usuário final e auferir, durante o exercício, receita bruta de até R$ 120.000,00 ou o valor proporcional ao período de atividade no ano.

Já as empresas de pequeno porte (EPP) são classificadas como tal se tiverem exercido o mesmo tipo de atividade e obtiveram receita bruta maior que R$ 120.000,00 e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 ou proporção de valor em caso de atividade parcial do exercício.

A comercialização de produtos ou serviços para empresas que não representam consumidores finais é permitida desde que as empresas compradoras sejam de nível igual ou inferior ao da empresa vendedora. Desta maneira, uma EPP, por exemplo, só poderá vender para uma outra EPP ou uma microempresa caso estas forem revender o produto e não para uma empresa de médio ou grande porte.

As operações comerciais ou prestações realizadas pelas microempresas enquadradas no "Simples Paulista" estão isentas do ICMS, pagando apenas o diferencial de alíquota quando da compra de mercadorias do outro estado. As pequenas empresas são classificadas em EPP-A e EPP-B com redução de tributação.

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