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Mapa 23: Unidades climáticas da área nuclear do Cerrado brasileiro

1. Revisão da literatura

1.2. Histórico das classificações climáticas

1.2.2. Strahler

Arthur Newell Strahler foi professor de geociências na Universidade de Columbia (EUA). Em 1951 escreveu o livro Geografia Física, sendo uma das principais obras da ciência geográfica no século XX. No capítulo 13, dentro desse volume bibliográfico, encontra-se um modelo de classificação climática desenvolvido por ele.

Segundo Rossato (2011), as classificações climáticas mais aceitáveis são aquelas denominadas de genéticas, uma vez que privilegiam a origem dos fenômenos, em detrimento de qualquer outro critério de classificação. O método de Strahler explica a origem dos sistemas de forma qualitativa e não quantitativa, como é proposto por Koppen.

Nascimento et al (2016) afirma que possivelmente pelo sua maneira dinâmica e abrangente em diferenciar os tipos climáticos do planeta, o sistema classificatório formulado por Strahler é um dos mais usados (juntamente com o de Koppen), tanto no ambiente científico como no cotidiano das pessoas, e por isso mesmo é muito divulgado em livros didáticos:

Baseado na gênese dos regimes das massas de ar e nos elementos climáticos de precipitação e temperatura, o autor divide os climas do globo terrestre em três principais grupos: os climas das latitudes baixas, controlados pelas massas de ar equatoriais e tropicais; os climas das latitudes médias, controlados pelas massas de ar tropicais e polares; os climas das latitudes altas, controlados pelas massas de ar polares (2016; p. 71).

Nóbrega (2010) faz algumas críticas em relação a classificação de Strahler:

Embora esta pareça ser uma abordagem válida, no entanto, requer uma compreensão detalhada dos tipos e as características das massas de ar em diferentes partes do globo. É verdade que uma massa de ar ideal de um determinado tipo deve possuir determinadas características básicas. No entanto, não há garantia de que os efeitos reais

21 de tal massa seja idêntica ao longo de todo o seu percurso, uma vez que as massas são dinâmicas, associadas a circulação geral da atmosfera. Além disso, as variações locais, que podem ser muito significativas em algumas áreas, dificilmente podem ser reconhecidas no sistema de Strahler.

Já Barry & Chorley (2013) consideram a classificação de Strahler simples, mas eficaz, para os climas mundiais, com base nos mecanismos planetários fundamentais. Após uma divisão em latitudes (baixa, média e alta), as regiões são agrupadas segundo a influência relativa da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), das células subtropicais de alta pressão, das tempestades ciclônicas, das zonas frontais de altas latitudes, e áreas-fonte de ar polar/ártico.

Mendonça (2007) afirma que isso gerou 3 grandes grupos climáticos, ou zonas climáticas fundamentais, com 14 classes e uma categoria separada de climas de montanha onde o relevo é o fator determinante, sendo elas:

 Zona Climática das baixas latitudes - Controlada por massas de ar equatoriais e tropicais. Possui climas regulados por células anticiclonais (alta pressão), fonte das massas de ar tropicais. Também tem influência da baixa pressão equatorial situada entre as alta pressões atmosféricas, onde o ar que converge dos ventos alísios está em constante convecção (ascensão), na região de atuação da ZCIT. De acordo com Mendonça (2009), é subdividida em 5 domínios climáticos: Equatorial Úmido (quente e úmido o ano todo, com predomínio de chuvas convectivas); Litorâneo determinado pelos ventos alísios (quente e úmido, com predomínio da Massa Tropical Marítima); Estepes e desertos tropicais (quente e seco,com irregularidade das chuvas); Deserto da costa ocidental (subsidência do ar – alta pressão); Tropical úmido-seco (quente com chuva de verão e seca de inverno).

 Zona Climática das médias latitudes – Sob o domínio de massas de ar tropicais e polares, também abrange os tipos climáticos situados na zona de intercâmbio das massas tropicais que movem-se em direção as altas latitudes e das massas polares que se

22 deslocam em direção as baixas latitudes, dando origem à frente polar, acompanhada dos ventos de leste. Conforme Mendonça (2009), é subdividida em 5 domínios climáticos: Subtropical úmido (com chuvas bem distribuídas, predomínio da precipitação de origem frontal); Marítimo da costa ocidental (predomínio de chuvas orográficas); Mediterrâneo (seca de verão e chuva de inverno); Desertos e estepes das latitudes médias (localizado no interior dos continentes, protegido das massas de ar litorâneas por montanhas); Continental úmido (clima temperado típico, com influência de massas polares e tropicais).

 Zona Climática das latitudes altas - Regulada por massas de ares de origem polar, localizados entre as latitudes de 50° e 90°. É caracterizada por baixas temperaturas, precipitações e pouca evaporação. O domínio climático das terras altas é incorporado por esse grupo para efeito de análise, pois suas características térmicas são bem parecidas. Segundo Mendonça (2009), é subdividido em 5 domínios: Subártico continental (origem das massas de ares polares continentais, sendo a região habitada mais fria do planeta); Marítimo subártico (pequena amplitude térmica anual, com predomínio de ventos fortes); Tundra (zona de baixa pressão atmosférica, frequente mau tempo); Calotas glaciais (com predomínio de temperaturas negativas o ano todo – clima do interior do continente antártico; Terras altas (temperaturas baixas devido ao grande resfriamento adiabático provocado pelas altas montanhas.

A Figura 2, ilustra a classificação climática de Strahler para o Brasil. O clima Equatorial (em vermelho) segue o limite da floresta amazônica. A cor ocre representa o clima Litorâneo úmido, influenciado pela Massa Tropical Marítima; os tons de amarelo indicam clima Tropical, o mais claro semiúmido, e o mais escuro semiárido; e o azul demonstra o clima Subtropical Úmido, de domínio das massas de ares Polar Atlântica e Tropical Marítima.

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Figura 2: Classificação climática de Strahler para o Brasil, e influência das massas de ares.

Fonte: Kreutzfeld (2011) e Simielli (2013).

Portanto, a caracterização climática organizada por Strahler é influenciada pelas massas de ar, amparada numa técnica acessível e de grande facilidade de emprego. Strahler (1984) lembra que o principal problema das classificações climáticas é o limite dos climas, não acontecendo de forma brusca, mas sim, gradualmente.

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