Substâncias Perigosas

Substâncias perigosas podem ser encontradas em quase todas as empresas de pequeno porte. A exposição às substâncias químicas pode causar fadiga, dores de cabeça, tonturas,

irritação nos olhos e irritação nas passagens respiratórias, resultando em: redução na produtividade; redução na qualidade; aumento das ausências; rotatividade maior dos funcionários. Altos níveis de poeiras, óleos, tintas e outros aerossóis interferem na eficiência das operações, requerem inspeção e limpeza extras e podem danificar os materiais ou produtos finais. Através de medidas simples e baratas, é possível controlar a maioria desses problemas. Neste artigo, os Quadros 9 a 12 representam a situação das marmorarias B, C, D, E, nos quesitos do item Substâncias Perigosas, definidos no titulo desses quadros.

Quadro 9 – Os solventes orgânicos, tintas e colas estão armazenados em recipientes fechados ou cobertos. MARMORARIAS /SITUAÇÃO B C D E BOA REGULAR SOFRÍVEL

Durante avaliação nas marmorarias B, C e E, não foram detectados problemas relativos a este quesito. As ceras e as colas, que são usadas pelos trabalhadores, estavam em recipientes fechados. Os rótulos dos produtos obedecem aos preceitos do capítulo 19, da NR- 22, que instrui sobre a sinalização de áreas de trabalho e de circulação: os recipientes de produtos tóxicos, perigosos ou inflamáveis devem ser rotulados obedecendo à regulamentação vigente, indicando, no mínimo, a composição do material utilizado (SEGURANÇA, 2003, p. 305). Apesar disso, essas marmorarias deixam, neste quesito, de cumprir integralmente a

norma: não existem – nos locais de estocagem, manuseio e uso de produtos tóxicos, perigosos ou inflamáveis – fichas de emergência contendo informações acessíveis e claras sobre o risco à saúde e as medidas a serem tomadas em caso de derramamento ou contato acidental ou não (SEGURANÇA, 2003, p. 305). A situação é agravada, na marmoraria D, onde foi observada a existência de recipientes de produtos químicos descobertos (Figura 62).

Figura 62 – São Paulo (Estado). Município de Rio Claro. Lata de produto químico descoberto e com respingos.

Quadro 10 – Existe e/ou foi melhorada a exaustão local.

MARMORARIAS

BOA

REGULAR

SOFRÍVEL

Nos barracões das marmorarias B e E, a concentração de poeira é muito grande, atingindo todos os postos de trabalho. Não existem exaustores, nos locais de trabalho. Há ventiladores na parede e no chão. Entretanto, esses ventiladores são incapazes de dispersar o pó. Nessas marmorarias, a poeira de sílica constitui o principal problema detectado no ambiente de trabalho, durante a avaliação realizada pelo pesquisador (Figura 63).

Figura 63 – São Paulo (Estado). Município de Araraquara. Grande concentração de poeira de sílica no piso da marmoraria. A mesa e os pneus também estão cobertos de

Na marmoraria C, o serrador fica separado dos outros trabalhadores e não sofre os efeitos da poeira de sílica provocada pelas atividades de polimento a seco. Entretanto, os outros trabalhadores estão expostos a esse agente patogênico. Não existem exaustores no local de trabalho. Na marmoraria D, a ventilação natural é boa. Em quase todos os produtos, o polimento é feito por via úmida, ajudando a eliminar a inalação de poeira de sílica. Apesar disso, há a necessidade da instalação de exaustores, pois as máquinas, ferramentas e outros objetos encontram-se cobertos de poeira de sílica.

Quadro 11 – São fornecidos óculos de proteção, máscaras, protetores auditivos, calçados de segurança, capacetes ou luvas em uma quantidade adequada e do tipo apropriado.

MARMORARIAS

/SITUAÇÃO B C D E

BOA

REGULAR

SOFRÍVEL

A marmoraria B dispõe de equipamentos de proteção individual. Segundo informação obtida junto aos funcionários, a quantidade de equipamentos disponíveis é suficiente para todos os trabalhadores. No entanto, faltam botas com biqueira de aço, que podem prevenir lesões nos pés dos funcionários, além de auxiliarem, muitas vezes, no manejo das chapas. No que diz respeito ao tipo apropriado de protetor auditivo, seria recomendável o uso de protetor auricular tipo concha. Entretanto, os funcionários preferem o protetor tipo plug, o qual causa, segundo eles, menos incômodo. Apenas o serrador utiliza protetor tipo concha. Alguns

funcionários trabalhavam de bermuda, no dia da avaliação feita pelo pesquisador. Eles alegam que a bermuda é, nos dias de calor, mais confortável do que a calça. Seria recomendável que estivem usando calça de brim. A marmoraria dispõe de óculos de segurança, que não são utilizados, porque “pegam poeira”. A marmoraria dispõe de máscaras respiratórias, que são pouco utilizadas, pois “esquentam e sufocam”. Os bonés, que protegem o cabelo contra o excesso de pó, as luvas de raspa, as máscaras, bem como os outros equipamentos, não são usados com regularidade durante a jornada de trabalho.

A marmoraria C dispõe de equipamentos de proteção individual. Segundo informação obtida junto aos funcionários, a quantidade de equipamentos disponíveis é suficiente para todos os trabalhadores. No entanto, faltam botas com biqueira de aço. A marmoraria D fornece os seguintes equipamentos de proteção individual aos seus funcionários: óculos de proteção, bota de borracha, bota com biqueira de aço, avental impermeável, calça de brim, camisa de brim, luvas de raspa, protetor auricular tipo plug, protetor auricular tipo concha, máscara respiratória e boné. No dia em que foi realizada a avaliação, os funcionários usavam equipamento de proteção. A marmoraria E fornece os seguintes equipamentos de proteção individual: óculos de proteção, bota de borracha, avental impermeável, luvas de raspa, protetor auricular tipo plug, protetor auricular tipo concha, máscara respiratória e boné. Faltam botas com biqueira de aço.

Com exceção da marmoraria D, as outras empresas falham na observância rigorosa das recomendações do Ministério Público Estadual, no tocante aos equipamentos de proteção individual: fornecimento de máscara respiratória, uso de protetores auriculares tipo concha, botas de segurança com biqueira de aço, luvas de proteção, óculos de segurança e aventais impermeáveis(MINISTÉRIO, 2000, p. 82). Deve-se observar que as empresas B, C e E também falham no cumprimento da NR-6, que estabelece a obrigatoriedade da empresa fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de

conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho (SEGURANÇA, 2003, p. 80).

Quadro 12 Os trabalhadores recebem instrução e treinamento sobre o uso e a manutenção dos equipamentos de proteção individual.

MARMORARIAS

/SITUAÇÃO B C D E

BOA

REGULAR

SOFRÍVEL

Os trabalhadores não receberam treinamento sobre o uso e manutenção dos equipamentos de proteção individual (marmorarias B, C, E). Na marmoraria D, os trabalhadores receberam orientação de um técnico em Segurança do Trabalho, sobre o uso e a manutenção dos equipamentos de proteção individual. O proprietário da marmoraria E afirma fiscalizar, pessoalmente, o uso dos equipamentos de proteção individual. Com exceção da marmoraria D, as outras marmorarias parecem ignorar o preceito da NR-6 que obriga o empregador a orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação do E.P.I. (SEGURANÇA, 2003, p. 80).

6.6 Iluminação

Pequenas mudanças no ambiente visual e melhor iluminação podem aumentar a produtividade e reduzir as dificuldades dos trabalhadores. Isto é particularmente importante, na fabricação de produtos de alta qualidade e no trabalho que deve ser feito rapidamente e que exige a visualização de detalhes. Uma iluminação melhor não significa, necessariamente, mais gastos. A utilização da luz do dia, a limpeza e a manutenção constantes podem melhorar a iluminação e, ao mesmo tempo, reduzir a conta de luz. Os Quadros 13 e 14 indicam a situação atual das marmorarias B, C, D, E, nos quesitos do item Iluminação, definidos no titulo desses quadros.

Quadro 13 O teto e as paredes têm cores claras e estão limpos.

MARMORARIAS

/SITUAÇÃO B C D E

BOA

REGULAR

SOFRÍVEL

Nas marmorarias locais, tetos e paredes possuem cores claras. Entretanto, as paredes, as máquinas e alguns equipamentos estão cobertos de poeira de sílica. Essa situação revela o descumprimento das recomendações do Ministério Público Estadual, que recomenda a limpeza diária do local de trabalho (MINISTÉRIO, 2000, p. 82). Além das recomendações do Ministério Público, deve-se observar que a NR-22 estabelece que as superfícies de máquinas,

instalações e pisos, existentes nos locais de trânsito de pessoas e equipamentos, devem ser periodicamente umidificados ou limpos, de forma a impedir a dispersão de poeira no ambiente de trabalho (SEGURANÇA, 2003, p. 304).

Quadro 14 Existe iluminação local ou lâmpadas ajustáveis, especialmente para trabalhos de precisão. MARMORARIAS /SITUAÇÃO B C D E BOA REGULAR SOFRÍVEL

Não há lâmpadas ajustáveis, nos postos de trabalho (marmorarias B, D). A serra, que está num local onde há pouca entrada de luz natural, necessita de uma lâmpada ajustável, devido à precisão exigida pelas medidas do projeto e pela conseqüente necessidade de atenção e esforço visual do trabalhador (marmoraria C). Na marmoraria E, os postos de trabalho também carecem de lâmpadas ajustáveis. O serrador possui uma lâmpada complementar, para realizar seu trabalho.