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Figura 18 – variações hormonais em função do tempo do sujeito

5.1. Discussão Individual

5.1.4. SUJEITO 4 – RSJ, 25 anos, sexo masculino.

As respostas observadas no sujeito em questão estão representadas pela Tabela IV e pelas Figuras 10,11 e 12, de A a F.

5.1.4.1. ACTH (Figuras 10-A, 11-A e 12-A): as tendências das curvas de secreção

hormonal são estatisticamente significativas (C-teste, p=0,00 para CC e CR). A diferença das médias de secreção hormonal entre 0 e 120 minutos, não é significativa (Mann-Whitney, U- teste, p = 0,6581) (Quadro IV), que se repete para os valores entre 45 e 120 minutos (Mann- Whitney, U-teste, p=0,8095).

O repouso prévio de 30 minutos é suficiente para que a secreção hormonal se inicie em valores indistinguíveis. As curvas de secreção hormonal correm juntas do início ao fim dos procedimentos, de aspecto descendente, sugerindo expressão circadiana do hormônio, exceto pelo valor de chegada ao laboratório na CC, sensivelmente mais elevada do que no instante correspondente na CR (maior estresse de chegada ao laboratório).

A Figura 11-A mostra variações relativas de secreção do ACTH indistinguíveis ao longo dos procedimentos.

Dadas as características da vivência, pode se especular que tenha havido inibição do eixo HPA de maneira semelhante à observada no TEPT (YEHUDA et al., 1995; RESNIK et al., 1995).

5.1.4.2. Cortisol (Figuras 10-B, 11-B e 12-B): o perfil de secreção hormonal exibido

na CC não é estatisticamente significativo (C-teste, p=0,32) e o da CR é estatisticamente significativo (C-teste, p=0,00). A diferença das médias de secreção hormonal para os valores entre 0 e 120 minutos, é significativa (M<ann-Whitney, U-teste, p<0,0001) (Quadro IV), mas entre 45 e 120 minutos não é estatisticamente significativa (Mann-Whitney, U-teste, p=0,6991).

O perfil da curva da CC representa o estado de relaxamento em que o paciente se encontrava durante todo o procedimento, em relação de causalidade com a curva da CC do ACTH (Figura 11-A), sugerindo expressão circadiana de secreção hormonal.

A curva relativa à CR se apresenta num patamar significativamente mais elevado do que a curva da CC, o que pode representar estados fisiológicos diferentes; no entanto, todos os valores se inserem dentro dos limites de referência para o ensaio. Isto pode expressar o resultado da diferença de sete dias entre um e outro procedimento. O perfil da curva da CR exibe aspecto descendente também sugestivo do ritmo circadiano de secreção hormonal a partir dos 45 minutos, exceto pelo fato de não exibir redução significativa durante as fases de Relaxamento e de Aprofundamento, o que também é observado na curva da CR para o ACTH (Figura 7-A), e de não exibir modificações significativas durante e após a vivência, o que é concordante com a curva da CR observada para o ACTH.

Assim, a despeito do fato de as curvas da CC e da CR diferirem de maneira estatisticamente significativa, a análise temporal do fenômeno indica ausência de resposta do cortisol à vivência.

5.1.4.3. Adrenalina (Figuras 10-C, 11-C e 12C): as tendências de secreção hormonal

são estatisticamente significativas (C-teste, p=0,00 para CC e CR) e a diferença das médias de secreção hormonal para os valores entre 0 e 120 minutos, não é significativa (U-teste,

p=0,7910) (Quadro IV). Para os valores entre 45 e 120 minutos, o valor de p se situa um pouco acima do limite de significância estatística (Mann-Whitney, U-teste, p=0,0780).

A curva da CC exibe um perfil ascendente, o que aponta para que tenha havido ativação autonômica ao longo da CC. Essa ativação é inexplicável, já que o repouso foi satisfatório e o sujeito não referiu qualquer lembrança ou emoção durante a referida condição. Fica a possibilidade de que a ativação seja decorrente do estresse gerado pelos procedimentos de coleta de material a cada 15 minutos.

Os valores de adrenalina na curva da CR mostram aumento de secreção hormonal entre os 60 e os 105 minutos, com rápida queda para valores indistinguíveis dos observados aos 120 minutos na curva da CC. O fenômeno pode ser melhor visto em termos de variação relativa de secreção hormonal na Figura 11-C que exibe perfil ascendente de variação a partir dos 60 minutos.

A Rec-Mem produziu vivência caracterizada por intenso conteúdo emocional, quando a raiva e o medo foram emoções dominantes entre os 56 aos 85 minutos. É possível, apesar dos dados não serem conclusivos, que essa elevação tenha se devido a resposta da medula suprarenal à vivência

5.1.4.4. Prolactina (Figuras 10-D, 11-D e 12-D): as tendências observadas nas curvas

de secreção hormonal são estatisticamente significativas (C-teste, p=0,03 para a CC e p=0,02 para a CR). A diferença das médias de secreção hormonal entre 0 e 120 minutos é significativa (Mann-Whitney, U-teste, p <0,0001) (Quadro IV). Entre 45 e 120 minutos, continua sendo estatisticamente significativa (Mann-Whitney, U-teste, p=0,0450).

Ambas as curvas são descendentes até os 45 minutos e situadas em patamares diferentes. A curva da CC então se torna ascendente até os 120 minutos (incremento de 14,43% em relação ao instante 0). É possível que este incremento se deva ao progressivo retorno à condição de vigília. Dado que houve um espaço de sete dias entre a CC e a CR, a

diferença de seus patamares se torna compreensível, mesmo porque todos os valores se situam dentro dos limites dos valores de referência para o ensaio.

A curva da CR, após pequena queda durante as fases de Relaxamento e de Aprofundamento, mostra uma onda positiva de secreção a partir dos 45 minutos, atinge um máximo aos 75 minutos (23,41% maior que os valores do instante 0), e depois se reduz até o final dos procedimentos. A Figura 11-D exibe melhor este fenômeno.

O segmento da curva da CR que representa aumento da secreção de prolactina é coincidente com a vivência, na qual raiva (SOBRINHO, 2003) e medo foram emoções dominantes. Tal fato sugere resposta da prolactina ao estresse gerado pela vivência.

5.1.4.5. TSH (Figuras 10-E, 11-E e 12-E): a flutuação observada na curva de secreção

de TSH na CC não é estatisticamente significativa (C-teste, p=0,36) mas, na CR, é estatisticamente significativa (C-teste, p=0,04). A diferença das médias de secreção hormonal para os valores entre 0 e 120 minutos, também é significativa: Mann-Whitney, U-teste, p<0,0001 (Quadro IV); porém, entre 45 e 120 minutos, esta diferença se torna estatisticamente não significativa (Mann-Whitney, U-teste, p=0,4230).

O perfil de ambas as curvas é semelhante ao observado na secreção de prolactina. A curva da CC é descendente ao longo do tempo, o que sugere expressão circadiana de secreção hormonal. A pequena elevação observada entre os 90 minutos e os 105 minutos pode representar a coincidência da coleta com um pico espontâneo de secreção hormonal. A curva da CR se situa num patamar mais elevado (CC e CR realizadas com sete dias de intervalo) e apresenta um segmento ascendente de secreção do TSH de cerca de 10% a partir dos 60 minutos (vivências com intenso conteúdo emocional entre 56 e 85 minutos), com queda subseqüente durante das fases finais dos procedimentos.

Tal perfil sugere resposta do TSH aos conteúdos da vivência; no entanto não são conclusivos para ela.

5.1.4.6. GH (Figuras 10-F, 11-F e 12-F): a tendência da curva de secreção de GH na

CC não é estatisticamente significativa (C-teste, p=0,69); na CR é estatisticamente significativa (C-teste, p=0,00), e a diferença das médias de secreção hormonal para os valores entre 0 e 120 minutos, é significativa (Mann-Whitney, U-teste, p<0,0001) (Quadro IV); entre 45 e 120 minutos, continua significativa (Mann-Whitney, U-teste, p=0,0022).

É possível que o patamar de secreção de GH mais elevado na CR seja devido tanto ao fato de CC e CR terem sido realizadas com intervalo de sete dias quanto ao estresse antecipatório aos procedimentos destinados à Rec-Mem. Se compararmos, no entanto, as curvas de secreção de adrenalina com as de GH, nos pacientes 2, 3 e 5 vemos que o incremento de secreção do GH, possivelmente por estimulação α-2 adrenérgica (GIUSTINA; VELDHUIS, 1994) se dá sempre com um atraso de 15 a 30 minutos em relação ao aumento da secreção da adrenalina. Como o aumento significativo de adrenalina nesse paciente se deu aos 105 minutos, e os procedimentos se encerraram aos 120 minutos, não se pode saber se este aumento ocorreu.

A Figura 11-F exibe as variações relativas observadas em ambas as condições. Não houve resposta do GH aos conteúdos da vivência.

5.1.4.7. Resumo: os dados observados no sujeito observado sugerem estímulo de secreção da prolactina e TSH em associação com a vivência, e discutível estimulação da medula suprarenal.