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Nosso caminhar metodológico relacionado às investigações desenvolvidas em campo ocorreu em três etapas, sendo todas efetivadas em salas de aula. Na primeira, utilizamos vários problemas escritos da matemática, a segunda concentrou-se na primeira aplicação da nossa proposta de ensino que encontra-se no apêndice desta dissertação e a terceira em uma nova aplicação da referida proposta.

A primeira e a segunda etapa foram realizadas, durante o ano de 2011, na escola estadual em que trabalho como professor de matemática, situada no município de Parnamirim/RN, que aqui denominaremos de Escola 01. A primeira etapa desenvolveu-se em duas turmas do sexto e três turmas do sétimo ano escolar do ensino fundamental e a segunda em apenas uma turma do sétimo ano escolar, todas no turno matutino48. Salientamos que estas turmas eram as quais eu já lecionava e tais escolhas ocorreram por dois motivos: o primeiro pela constatação, durante o período letivo, da grande dificuldade que os alunos destas turmas apresentavam para realizarem leituras com significados e assim compreenderem os textos matemáticos, e o segundo, pelo longo tempo em que, durante nosso planejamento, tivemos que disponibilizar para desenvolver a primeira etapa, o que tornou-se mais viável com as mencionadas turmas.

A primeira etapa tratou de um processo que durou, aproximadamente, um semestre49. A segunda, que contemplou a primeira aplicação da proposta, como um trabalho piloto, necessitou de 03 horas/aulas50. Com estas etapas, formalizamos a primeira categorização referente à compreensão da linguagem matemática. Reestruturamos a proposta e com uma

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Nesta escola o turno matutino contempla apenas os sextos e sétimos anos escolares. 49

Mais detalhes sobre esta e as outras etapas nos próximos tópicos. 50

Posteriormente, quando refizemos essa proposta, percebemos que poderíamos acrescentar/explorar mais algumas situações, em consequência disto, a versão final necessitou de mais tempo de aplicação do que esta em nível piloto. Salientamos que 01hora/aula neste município equivale a 50 minutos.

versão mais aprimorada a aplicamos em outra escola (terceira etapa), com outros alunos, para finalizarmos este processo.

Esta última etapa (terceira etapa - nova aplicação da proposta) desenvolveu-se no final do ano de 2011, em outra escola também situada no município de Parnamirim/RN, a qual chamaremos de Escola 02, em uma turma do nono ano no turno vespertino51, consumindo uma carga horária de 06 horas/aulas.

A escolha por este ano escolar deu-se segundo dois motivos: o primeiro foi devido a nossa proposta ter se tornado mais extensa em relação à primeira versão e pelo pouco tempo disponível, assim, preferimos aplicá-la em uma turma que já tivesse tido algum contato com a proporcionalidade, dessa forma, realizaríamos, por assim dizer, uma releitura deste conteúdo, discutindo as noções já existentes sobre o mesmo. O segundo motivo foi por saber que este é o último ano do ensino fundamental II e que, nesse caso, os alunos teriam conhecimentos mais amplos sobre outros conteúdos da matemática inclusos neste nível como, por exemplo, equações (1º e 2º grau) e geometria, assuntos indispensáveis para o entendimento de algumas questões que foram inseridas nesta segunda versão da proposta.

Esta turma pertencia ao professor Francisco José Marinho de Oliveira52, que também leciona a disciplina de matemática. Este professor é um dos colaboradores do projeto já tratado em nossa introdução, vinculado ao Programa Observatório da Educação. A colaboração deste para o nosso trabalho foi de suma importância, diria que tanto para nós quanto para ele. Para nós, pelo fato de termos a possibilidade de finalizar o nosso processo investigativo, além de ter um professor que pôde cooperar significativamente conosco neste processo. Para ele, por observar de perto o desenvolvimento de um trabalho investigativo, estimulando-o ainda mais a dar continuidade a sua formação, visto que já era de sua intenção vincular-se ao PPGECNM/UFRN.

As escolas 01 e 02 situam-se em bairros vizinhos tidos como “periferia-urbana” da cidade, no qual a comunidade desta região precisa enfrentar várias dificuldades estruturais e sociais para viverem, como: a inexistência de saneamento básico, alto índice de criminalidade (mesmo existindo um posto policial na região) e de uso de drogas/entorpecentes por parte dos adolescentes, funcionamento precário dos postos de saúde, inexistência de área de lazer e praças nas proximidades destas escolas, dentre outros.

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Nesta escola o turno vespertino contempla os anos escolares do sexto ao nono ano. 52

Anexado a esta dissertação encontra-se a autorização, por escrito, deste professor para podermos utilizar os dados que foram coletados por ele próprio, assim como a divulgação do seu verdadeiro nome no referido trabalho.

A Escola 01, na época em que foi aplicado o trabalho piloto53, estruturalmente contava com uma biblioteca, uma sala de vídeo, um laboratório de informática (sem internet, impedindo os alunos de fazerem pesquisas dentro da escola), um ginásio “poliesportivo54” e oito salas de aula não arejadas, possuidoras de quatro ventiladores cada uma, sendo que a maioria apresentava defeito, havia também infiltrações de água em algumas destas salas deixando-as bastante molhadas em decorrência de fortes chuvas. A falta de cadeiras para os alunos era outro problema enfrentado tanto pela escola quanto pelos professores, principalmente pelos alunos, estes, em certos momentos, tinham que ficar ou no birô do professor (quando havia um) ou em cadeiras de plástico que não possuíam “braços” para apoiarem seus cadernos.

A Escola 02 contextualizou-se de maneira semelhante à escola descrita anteriormente. Quando aplicamos novamente a nossa proposta55, a mesma possuía apenas uma sala de leitura (sem contorno de biblioteca) e de um laboratório de informática (sem previsão para o uso, devido à falta de professores e de internet, impedindo os alunos de fazerem pesquisas dentro da escola), uma quadra para futebol de salão (com problemas de inundações devido às chuvas) e nove salas de aula também não arejadas possuidoras de dois ventiladores cada uma, e que em sua maioria apresentava defeito. Faltavam birôs para os professores nas salas de aula e as cadeiras dos alunos eram de má qualidade e muito desconfortáveis.

De fato, averiguou-se outros problemas (não só nestas escolas, mas também na própria comunidade), entretanto, citamos alguns deles com o objetivo de dar ao leitor uma pequena ideia do que enfrentam todos os que participam do contexto escolar desta região56. Situações estas que acreditamos contribuir para a defasagem do ensino local. Foi observado que nestas escolas existem alunos de sexto e sétimo anos com muitas dificuldades na leitura e na escrita de textos, além disso, as operações básicas da matemática são grandes obstáculos para vários deles, a utilização de algoritmos e a resolução destes não são processos fáceis de serem executados, principalmente, quando se trata da multiplicação ou divisão. Em nossa pesquisa, constatamos alunos do sétimo ano que não sabiam ao menos utilizar o algoritmo da adição.

Com os sujeitos envolvidos na pesquisa devidamente apresentados, vejamos a seguir o nosso caminhar metodológico e as análises realizadas.

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Em outubro de 2011. 54

Na verdade a quadra poliesportiva funciona apenas para o futebol de salão, não existem itens para outras modalidades, e quando chove fica totalmente inviável a utilização da mesma para qualquer evento.

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Em dezembro de 2011. 56

Felizmente as escolas contam com excelentes equipes não só de professores, mas também de gestores e funcionários em geral.