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Para a sistematização deste trabalho, foram escolhidos 10 informantes, filhos ou não de ouvintes, com surdez bilateral, severa ou profunda, congênita ou adquirida35; do sexo masculino ou feminino, com faixa etária de 10 a 18 anos, que estivessem cursando a 3ª ou 4ª série do ensino fundamental e apresentassem domínio da LIBRAS, já tendo sido alfabetizados na Língua Portuguesa escrita.36A seleção de sujeitos com diferentes graus de surdez contribuiu para verificar se possíveis resíduos auditivos, no caso dos informantes com surdez severa, podem auxiliar na aprendizagem de uma L2 pelo surdo. No que diz respeito aos diferentes gêneros e idades, observa-se que estes contribuíram para constatar se essas variáveis sociais constituem diferenças significativas no que se refere à frequência de alterações morfossintáticas presentes na escrita da Língua Portuguesa. Quanto às séries, estas foram escolhidas por acreditar-se que, na segunda fase do Ensino Fundamental I, os alunos já possuem mais habilidades tanto com o sistema da LIBRAS, quanto com a escrita da Língua Portuguesa.

Para o delineamento do perfil dos informantes desta pesquisa, foram aplicados questionários com a direção/coordenação, docentes e pais dos alunos escolhidos como sujeitos da pesquisa (cf. APÊNDICES G, H e I). Os questionários contemplaram tanto perguntas abertas (que permitem ao informante responder livremente, emitindo opiniões) e fechadas (que apresentam alternativas fixas); perguntas de avaliação (consistem em obter um julgamento através de um escala com vários graus de intensidade para um mesmo item); perguntas de fato (referem-se aos dados do informante); perguntas de ação (referem-se às atitudes ou decisões tomadas pelo indivíduo); e perguntas de ou sobre intenção (tentam averiguar o procedimento do indivíduo em determinadas circunstâncias).

Através da aplicação dos questionários, visou-se constatar informações sobre os alunos quanto à faixa etária; ao grau de surdez e à forma como adquiriram a mesma; ao fato de serem filhos de surdos ou ouvintes; e à fluência em Língua Brasileira de Sinais, bem como ao domínio da estrutura morfossintática da Língua Portuguesa em modalidade escrita. Vale ressaltar que a fluência dos alunos, tanto em LIBRAS quanto na Língua Portuguesa (em modalidade escrita) foi medida pelos docentes, informada por estes no Formulário de

35 Apenas o grau e período da perda auditiva, e não sua etiologia, foram considerados como critério para a seleção dos participantes.

36 Não fizeram parte da amostra indivíduos que apresentassem comprometimento de outra ordem que não auditiva.

Identificação do Aluno (APÊNDICE I) e tabulada, juntamente com outras informações sobre os discentes, no APÊNDICE J.

As observações realizadas em campo também contribuíram para a escolha dos sujeitos da pesquisa e para a comprovação dos dados informados pelos docentes nos questionários e formulários.

O Quadro 3 ilustra o perfil dos informantes selecionados.

SUJEITO IDADE SEXO SÉRIE TIPO DE SURDEZ FLUÊNCIA EM LIBRAS

FLUÊNCIA NA ESCRITA

DO PORTUGUÊS S1 A.F.R.S. 12 M 3ª Severa (O. D.) Profunda

(O.E.) BOA BOA

S2 J.V.O.B 10 M 3ª Profunda (Bilateral) BOA BOA

S3 E.S.S. 12 F 3ª Profunda (Bilateral) BOA REGULAR

S4 R.F.M. 13 F 3ª Severa (Bilateral) BOA BOA

S5 S.A.M. 14 F 3ª Profunda (Bilateral) BOA BOA

S6 C.J. 14 M 4ª Severa (Bilateral) BOA REGULAR

S7 J.Q.M. 13 M 4ª Severa (Bilateral) BOA REGULAR

S8 M.R.S. 14 M 4ª Severa (Bilateral) ÓTIMA POUCA

S9 A.P.S.R. 18 F 4ª Profunda (Bilateral) POUCA POUCA

S10 E.R.S.C. 14 F 4ª Severa (Bilateral) BOA BOA

Quadro 3: Sujeitos da Pesquisa

Legenda: O.D.= Ouvido direito; O.E.= Ouvido esquerdo

Em razão da temática da pesquisa, cabe observar as especificidades dos sujeitos37:

* S1 (A.F.R.S.) – O informante possui surdez congênita. Como não é filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS após os cinco anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Apresenta bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e na igreja. Em casa, não tem contato com a LIBRAS, pois seus pais não são usuários de tal língua. Quanto ao grau de desempenho em

37 Todas as especificidades relatadas aqui se basearam nas informações contidas nos formulários preenchidos pelos docentes durante a pesquisa (Cf. APÊNDICE I).

Língua Portuguesa (na modalidade escrita), possui, conforme o docente, boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades na concordância e sintaxe desta língua.

* S2 (J.V.O.B) – O informante possui surdez congênita. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS após os cinco anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Apresenta, conforme relato do professor, bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e em casa, pois seus pais também são usuários da LIBRAS. No que diz respeito ao grau de desempenho em Língua Portuguesa (na modalidade escrita), possui, segundo o docente, boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades, sobretudo, nas construções sintáticas, pontuação e concordância.

* S3 (E.S.S) – O informante tem surdez congênita. Como não é filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS após os cinco anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. De acordo com o docente, apresenta bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e em casa, já que seus pais também são usuários da LIBRAS. No que se refere ao grau de desempenho na escrita da Língua Portuguesa, o professor informa que o aluno possui fluência regular, apresentando várias dificuldades, principalmente na ortografia, sintaxe, pontuação e concordância.

* S4 (R.F.M.) – O informante adquiriu a surdez por volta dos 12 meses, devido a uma queda. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS após os cinco anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Segundo o professor, o informante apresenta bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e na comunidade. Em casa, não tem contato com a LIBRAS, pois seus pais não são usuários de tal língua. Quanto ao grau de desempenho em Língua Portuguesa (na modalidade escrita), possui, conforme o professor, boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades na ortografia, pontuação, concordância e sintaxe desta língua.

* S5 (S.A.M.) – O informante tem surdez congênita. Como não é filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS entre 6 e 9 anos, após ter ingressado na escola. Começou a usar prótese auditiva antes da aquisição da primeira língua. Apresenta, de acordo com o docente, ótimo domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola, na igreja e em casa, embora seus pais não dominem a LIBRAS. No que se refere ao grau de desempenho em Língua Portuguesa (na modalidade escrita), o professor informa que o discente possui boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades na ortografia, concordância e sintaxe desta língua.

* S6 (C.J.) – O informante adquiriu a surdez aos 4 meses de vida. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS após os cinco anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Apresenta, conforme o docente, bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e na igreja. Seus pais também são usuários da LIBRAS. Quanto ao grau de desempenho na escrita da Língua Portuguesa, possui, conforme o professor, fluência regular, apresentando várias dificuldades, principalmente na estruturação sintática e na concordância.

* S7 (JQM) – O informante adquiriu a surdez aos 11 meses. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS entre 6 e 9 anos, após ter ingressado na escola. Começou a usar prótese auditiva antes da aquisição da primeira língua. Segundo o docente, apresenta bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola, na igreja e em casa, apesar de seus pais não dominarem esta língua. No que diz respeito ao grau de desempenho em Língua Portuguesa (na modalidade escrita), o docente informa que o aluno possui fluência regular, apresentando dificuldades na concordância e sintaxe desta língua.

* S8 (M.R.S) - O informante adquiriu a surdez logo após o nascimento. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), começou a adquirir a LIBRAS aos 3 anos, quando ingressou na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Apresenta, de acordo com o professor, ótimo domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola, na igreja, na comunidade e em casa. Seus pais também são usuários da LIBRAS. No que se refere ao grau de desempenho na escrita da Língua Portuguesa, possui, segundo o docente, boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades na concordância e sintaxe desta língua.

* S9 (A.P.S.R) – O informante possui surdez congênita. Como não é filho de surdo(s), adquiriu a LIBRAS entre 10 e 14 anos, após ter ingressado na escola. Não usa prótese auditiva. Apresenta, conforme o professor, bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e na igreja. Em casa, não tem contato com a LIBRAS, pois seus pais não são usuários de tal língua. Quanto ao grau de desempenho em Língua Portuguesa (em modalidade escrita), o professor informa que o discente possui fluência regular, apresentando várias dificuldades na concordância e sintaxe desta língua.

* S10 (E.R.S.C.) – O informante adquiriu a surdez aos 2 anos. Pelo fato de não ser filho de surdo(s), começou a adquirir a LIBRAS por volta dos cinco anos, antes de ingressar na escola. Começou a usar prótese auditiva após a aquisição da primeira língua. Conforme o professor, apresenta bom domínio da Língua Brasileira de Sinais, com a qual tem contato na escola e com uma amiga. Seus pais também são usuários da LIBRAS. Quanto ao grau de

desempenho em Língua Portuguesa, possui, segundo o docente, boa fluência, mas apresenta algumas dificuldades principalmente na estruturação sintática e na concordância.