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3 A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O PERCURSO METODOLÓGICO

4.3 Os sujeitos da pesquisa

Para descrever algumas informações sobre a cotidianeidade das colaboradoras dessa pesquisa, faz-se indispensável salientar que um questionário de caráter socioeconômico foi aplicado com as mesmas.

Como já fora explicitado em outro momento, nossa pesquisa contou com a disponibilidade de 25 professoras da EI de Angicos/RN. Verificamos, dentre as docentes, que existem as efetivas, as contratadas e as permutadas.

Gráfico 03: Quadro Docente em Angicos/RN

Esse gráfico nos mostra a situação do quadro de professores em Angicos/RN. Torna-se pertinente tal esboço, pois a medida que compreendemos a situação do professor, melhor identificamos o processo contínuo de aprendizagem dos alunos. De acordo com o quadro percebemos que o maior número de professores possui vínculo efetivo. O docente em caráter efetivo tem maior facilidade de desenvolver um trabalho de qualidade, pois pode usufruir da continuidade, no que concerne ao acompanhamento das crianças em suas dimensões afetivas e

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DOCENTES PERMUTADOS DOCENTES

CONTARATADOS

DOCENTES EFETIVOS

cognitivas, pois sabe-se que um processo de aprendizagem necessita do monitoramento, da reciprocidade entre quem aprende e quem ensina.

Consideramos que essa relação entre professor e aluno é imprescindível em todas as etapas da educação, destacamos com veemência essa aproximação porque é a partir dela e do diálogo estabelecido que os sujeitos conseguem se expressar. Freire (2005) afirma em seus escritos que o diálogo é o encontro dos homens mediatizados pelo mundo.

Na EI, as crianças necessitam dessa conversa, e os professores são os mediadores do estímulo e da ação que a palavra pode provocar. A liberdade, a autonomia, provoca entre os sujeitos um discurso libertador que os leva a compreender que estão no mundo, que são parte desse mundo, que se reconheçam como produtos e produtores de história, parte de uma cultura que se pronuncia a todo instante com suas transformações.

Freire (2005) preceitua que é preciso provocar os alunos, para que esses se construam no diálogo, na ação das palavras, na reflexão. Essa é a importância do trabalho do educador, em particular o educador da EI, que deve se desafiar todos os dias a pensar a criança como um ser em desenvolvimento, como um sujeito dialógico.

A relação é importante para consolidar essa tarefa do saber agir, do conhecimento partilhado, por isso a importância do professor efetivo em uma instituição de ensino. Corroboramos com Freire (2005), quando ao tratar sobre o educador, o concebe como um sujeito problematizador da sua ação, no qual a prática deve sempre interrogar a teoria, para de fato construirmos uma educação autêntica, gnosiológica e libertadora.

Ao estimar essa descrição importante dos sujeitos pertencentes a EI e sua situação profissional no município, é de suma importância destacar que as mesmas possuem vasta experiência de trabalho na educação, em alguns casos, raras as exceções, encontramos professoras com pouco tempo de serviço na educação e, consequentemente, na educação infantil.

A título de entendimento, segue o gráfico com a exposição da faixa etária das professoras, sua atuação na educação, além de apresentar especificamente seu tempo de trabalho na educação infantil.

Gráfico 04: Faixa Etária das Professoras que Atuam em EI no município de Angicos/RN

O gráfico acima nos permite refletir sobre a faixa etária do profissional atual de EI na cidade de Angicos/RN. Observa-se que a maioria desses profissionais concentram-se em uma escala de mais de 40 anos.

Percebe-se, com isso, que tais profissionais gozam de uma experiência fundamental na área educacional. No entanto, somos convidados a pensar que a EI não sobrevive apenas de experiências, mas de desafios, o que nos leva a estabelecer algumas tessituras sobre o contexto em que esses estão inseridos. Os docentes de EI ativos nesse processo necessitam vivenciar a rotina dessa etapa considerando três marcos essenciais que devem nortear e auxiliar os educadores a compreenderem a criança nesse contexto atual: o cuidar, o brincar e o educar.

É preciso compreender que a EI não é uma etapa de alfabetização, a EI deve ser compreendida como um instrumento de promoção da criança em seus aspectos físico, motor, emocional, intelectual, cultural, moral, psíquico e social. Nossos educadores precisam atuar nessa etapa não só com o pensamento e a rotina, mas com o corpo. Atuar na EI é um desafio, primeiro porque é necessário não apenas ensinar a fazer, mas fazer junto com a criança.

O segundo desafio destina-se a pensar em um profissional dinâmico para esse nível de ensino, que se destine não apenas a cuidar, mas a educar, através de atividades práticas sociais e reais. O que se quer com esse discurso, é viabilizar um pensamento contínuo sobre o ato de ser professor, desencadeando, assim, algumas interações pertinentes a práxis docente.

O ato de educar exige do educador muito mais que uma simples ação de ministrar conteúdos, a ação educativa de acordo com Freire (2005) exige do professor um pensamento

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transformador que corresponde a relação dialética entre objetividade e subjetividade. A práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo (FREIRE, 2005, p. 42). O que implica dizer que a prática não pode ser entendida com uma ação vazia e obrigatória, mas como um processo de ação, reflexão e ação.

O próximo gráfico revela o tempo de experiência das colaboradoras no magistério. Considerou-se para essa produção os anos de atuação das mesmas na educação e na educação infantil.

Gráfico 05: Experiência no Magistério

0 2 4 6 8 10 12 14 De 1 a 5 anos de Experiência (Magistério) De 10 a 20 anos de Experiência (Magistério) Mais de 20 anos de Experiência (Magistério)

Gráfico 06: Experiência na EI

Percebe-se, nos gráficos 04 e 05, um corpo docente múltiplo no que concerne ao tempo de experiência de modo geral e de experiência na EI. Percebemos ainda por meio do questionário socioeconômico, que das professoras entrevistadas, 17 possuem graduação em pedagogia, 05 continuam com formação oriunda do magistério, enquanto 01 encontra-se em formação inicial. Identificamos também que 01 professora tem formação em geografia e outra não respondeu essa questão.

Ressalta-se ainda, que das 25 colaboradoras do nosso trabalho, 10 possuem pós- graduação em nível de Especialização, sendo 04 especialistas em Educação Infantil, e 06 em outras áreas. Elas nos revelaram que suas leituras são assíduas, leem em média de 01 a 03 livros por ano, sendo o jornal e a revista suas principais alternativas de leitura.

Entre outras informações, as docentes nos revelaram também que, entre 18 e 20 anos de idade, começaram a trabalhar. Apesar de atualmente serem professoras, estas apontaram que não receberam incentivos por parte de amigos ou familiares para ingressarem ao magistério. Dentre as nossas pesquisadas, apenas uma fora influenciada pela mãe que já exercia o ofício professoral, as demais não tinham referências familiares, pois seus pais exerciam funções tais como: agricultor, motorista, empregada doméstica, entre outros.

Algumas professoras afirmaram que adentraram a profissão por acaso, outras por ser de fácil acesso ao mercado de trabalho e outras ainda por acumularem experiências de trabalhos, e poucas por estarem convictas de que essa profissão atenderia seus anseios.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Experiêcia apenas na EI ( 1 a 5 anos) Experiêcia apenas na EI ( 5 a 10 anos) Experiência apenas na EI ( 10 a 20 anos

Na vida familiar, uma grande quantidade das professoras encontram-se casadas e outras divorciadas. Seus principais meios de transporte são as motocicletas. As mesmas estão filiadas a um sindicato, cujo nome é Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Angicos, e este não possui uma atuação muito forte junto à categoria, apenas quando há um interesse comum a outras classes.

De posse desses dados, podemos inferir que a classe professoral da educação infantil em Angicos, constitui-se de profissionais experientes, que têm muito a contribuir para a aprendizagem das crianças dessa etapa educativa.

Assim, torna-se importante levar em consideração esses fatores que caracterizaram a cotidianeidade das professoras de EI em Angicos, pois esses elementos tornaram-se importantes para compreendermos as representações que as mesmas possuem acerca da formação continuada, além de explicitar de que forma essa RS interfere nas suas práticas, apontando ainda as motivações para a realização de um curso de natureza continuada.

5 REPRESENTANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA: CONHECIMENTO