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A base de dados deste estudo é composta pelas produções orais de 12 sujeitos do sexo feminino, preferencialmente com baixo índice de massa corporal, tendo em vista que, segundo Stone (2005), para uma análise articulatória com utilização de ultrassonografia – empregada neste estudo –, mulheres magras apresentam o contorno da língua mais bem definido devido a menor quantidade de gordura na região submandibular. Tal visibilidade é essencial para que, por meio dos movimentos do articulador, possa ser realizada uma análise precisa da forma como é articulado o som alvo da investigação.

Tendo em vista as variáveis extralinguísticas consideradas neste estudo, foram observados a idade dos sujeitos, a escolaridade e o uso da língua de imigração. Os falantes cujos dados foram analisados possuem idades entre 15 e 60 anos. Para a caracterização dos sujeitos quanto à escolaridade, foram registrados os anos de escolarização de cada um dos falantes. Quanto à variável uso da língua de imigração, houve a distribuição dos sujeitos em grupos de bilíngues e monolíngues, havendo, em cada um dos grupos, o número de seis sujeitos.

Todos os sujeitos participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1), permitindo que os dados produzidos por eles, bem como algumas de suas características, sejam apresentados e analisados neste trabalho de forma anônima.

3.1.1 Sujeitos bilíngues

O grupo dos sujeitos bilíngues é composto por falantes de Polonês como língua de imigração e de Português Brasileiro. A identificação dos sujeitos como bilíngues foi realizada por meio do preenchimento de um formulário (Apêndice A) de caracterização dos informantes. No formulário, foi registrada a informação relativa ao uso ou não da língua de imigração no dia a dia e a forma como essa língua está presente no cotidiano do falante – fala, compreensão, leitura e escrita. Os sujeitos deveriam assinalar, pelo menos, as habilidades de fala e compreensão da língua de imigração. O domínio das duas habilidades pelos indivíduos foi estabelecido, neste estudo, como critério metodológico para classificação de sujeitos como bilíngues. Cabe reportar, ainda, que, para ser classificado como bilíngue, o informante não precisava apresentar um domínio equilibrado entre a língua de imigração e o Português Brasileiro, em acordo com o que postula Grosjean (1993).

Também se deve considerar que as línguas de imigração, ao chegarem a novo solo, foram transmitidas, em grande parte, oralmente, tendo uma transmissão escrita bastante breve nas escolas. Por isso, lança-se a hipótese de que não há o domínio da escrita do Polonês por parte dos habitantes da comunidade de fala investigada. Assim, o domínio escrito da língua de imigração pode não ser apresentado por nenhum dos sujeitos participantes desta pesquisa.

O formulário permitiu também identificar a frequência de uso da língua – diária, semanal ou mensal – e com quem ela costuma ser utilizada, ou seja, se há a utilização em núcleo familiar ou em outros contextos.

Buscou-se, ainda, a certificação de que, além da língua de imigração, não houvesse o domínio de nenhuma outra língua diferente do Português Brasileiro por parte dos falantes. Dessa forma, há uma maior garantia de não haver influências de outras línguas no Português falado pelos bilíngues além das que podem ser ocasionadas pelo uso da língua de imigração.

Uma última especificação realizada por meio do formulário refere-se à possível influência de outras comunidades de fala nas produções orais do falante. Os sujeitos, por esse motivo, precisaram preencher, no formulário, a opção nunca terem saído da comunidade de fala em questão, ou seja, nunca terem morado em

outro lugar diferente da comunidade da Barra do Arroio Grande. Este aspecto foi considerado com o intuito de evitar que os dados de fala dos sujeitos possam apresentar características geradas por outros grupos linguísticos, não originadas somente do uso do Polonês e do Português falado na região.

O grupo de sujeitos bilíngues foi composto por 6 sujeitos, compreendendo idades entre 15 e 58 anos que, além do Português Brasileiro, utilizam o Polonês como língua de imigração, como pode ser visualizado no Quadro 1.

Sujeito Idade

Habilidades de uso do Polonês

Frequência de uso do Polonês

Bilíngue 16-1 16 Produção oral

Compreensão oral Diário

Bilíngue 16-2 16 Produção oral

Compreensão oral Diário

Bilíngue 50 50 Produção oral

Compreensão oral Diário

Bilíngue 49 49 Produção oral

Compreensão oral Diário

Bilíngue 58 58 Produção oral

Compreensão oral Mensal

Bilíngue 59 59 Produção oral

Compreensão oral Diário

Quadro 1: Distribuição dos sujeitos bilíngues

3.1.2 Sujeitos monolíngues

O grupo de sujeitos monolíngues é constituído por habitantes da comunidade de fala investigada que não utilizam o Polonês como língua de imigração. Este grupo de sujeitos também foi selecionado por meio de preenchimento de

questionário, devendo completar a alternativa de não-domínio da língua de imigração em nenhuma das habilidades – fala, compreensão, escrita e leitura.

Além de não dominarem a língua de imigração falada na comunidade, os sujeitos monolíngues também não devem apresentar domínio de nenhuma outra língua diferente do Português brasileiro.

Da mesma forma como considerado para os bilíngues, os sujeitos monolíngues devem ter habitado durante toda a sua vida na comunidade de fala investigada, a fim de evitar que o contato com outros grupos linguísticos possa influenciar na caracterização de suas produções orais.

O grupo de falantes monolíngues constituiu-se por seis sujeitos falantes apenas de Português Brasileiro, tendo idade entre 15 e 65 anos, conforme disposto no Quadro 02. Sujeito Idade Monolíngue 15 15 Monolíngue17 17 Monolíngue 44 44 Monolíngue 46 46 Monolíngue 59 59 Monolíngue 55 55

Quadro 2: Distribuição dos sujeitos monolíngues