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ÍNDICE DE FIGURAS

2. SUMÁRIO

O presente projeto de estágio foi elaborado no âmbito da unidade curricular Opção 2- Projeto de Formação, que integra o plano de estudos do 7º Curso de Mestrado em Enfermagem, Área de Especialização em Reabilitação.

Este projeto surge como um desígnio que orienta a construção de novos saberes, proporcionando o recurso a novas aprendizagens mediante a temática escolhida. A realização de um projeto pressupõe “a existência de um desejo de produção de uma mudança que se insere, mais geralmente, no processo afetivo que surge por ocasião de uma ação” (Barbier, 1993, p.47). Refletindo-me no citado, este tema provém dessa índole pessoal, que foi condicionada pelo percurso profissional onde desenvolvo os meus cuidados.

Este projeto tem como intuito o desenvolvimento de competências comuns e especificas como EEER preconizados pela OE. Pretendo desenvolver a capacidade de identificar as necessidades de saúde da pessoa e comunidade, refletindo uma enfermagem centrada na pessoa usando a melhor evidência possível nos cuidados prestados.

A seleção desta temática deve-se ao meu percurso profissional a cuidar de pessoas num serviço de internamento de neurocirurgia. Dentro desta área, sempre apresentei uma maior afinidade pelos doentes com problemas do foro cerebral. Sem motivos de ordem pessoal, mas sim do modo como se torna complexa a sua abordagem face às desordens adquiridas de nível cognitivo e ao modo como temos sistematicamente de rever e reconstruir estratégias de comunicação, estratégias para a mudança e regulação comportamental, que surgem como um obstáculo para uma recuperação funcional mais célere. Spitz, Ponsford, Rudzki & Maller, (2012) referem que o desenvolver de estratégias para combater deficits nas funções executivas potenciam os resultados de recuperação funcional. Pretendo assim salientar a importância de uma prática ativa a nível multidisciplinar, ou através de atividades terapêuticas mais individualizadas que favoreçam a recuperação cognitiva e recuperação funcional influenciando positivamente o processo de reabilitação, o autocuidado, mobilidade e posterior reintegração na sociedade. Como referencial teórico de enfermagem, irei usar a teoria do conforto de Kolkaba, como conceção da prática que sustenta o meu projeto. A aplicação da ESR como atividade terapêutica por parte do EEER faz todo o sentido. Primeiro porque para qualquer atividade terapêutica, pretende-se o conforto da pessoa, mas também a própria atividade pode ser um veiculo de conforto.

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Kolkaba (2003) refere que o conforto vem sido citado desde Nightingale, pelo Notes on nursing

(1859). Este conceito já era alvo de atenção e tido como objetivo a ser atingido nos cuidados de

enfermagem. Já era referido “nos compêndios datados de 1904,1914 e 1919, o conforto emocional era designado por conforto mental e era atingido sobretudo ao proporcionar conforto físico e modificando o ambiente para os doentes” (Down, 2004, p.483), citando McIlveen & Morse (1995). O conforto surge como el elemento essencial na prática de cuidados, não acabando nos cuidados físicos, mas sim ligado a uma dimensão multidimensional da pessoa, podendo falar num “conforto holístico” conforme expressa Kolkaba. Segundo a Classificação internacional para a prática de enfermagem, conforto traduz-se em “sensação de tranquilidade física e bem-estar” (CIPE, 2011. p.45). Nesta definição associa-se, tal como é transparecido muitas vezes na nossa prática, o conforto no domínio físico, não tendo em conta outras variáveis.

Kolcaba (2003) refere conforto como a condição experimentada pelas pessoas que recebem as medidas de conforto. Na sua teoria existem 3 tipos de conforto (alivio, tranquilidade e transcendência) que são experimentados em quatro contextos (físico, psico-espiritual, ambiental e social. Estes conceitos principais, segundo Down (2004) são descritos da seguinte forma:

Figura 1. Tipos de conforto e contextos onde se experimenta o conforto

CONFORTO ALIVIO (satisfação de uma necessidade especifica) TRANCENDÊNCIA (suplanta os seus problemas de sofrimento TRANQUILIDADE (estado de calma ou contentamento) CONTEXTO DA EXPERIÊNCIA FISICO (sensações do corpo) AMBIENTAL (condições e influencias externas) SOCIAL (relações interpessoais, familiares e sociais) PSICOESPIRITUAL (conceito de si, relação com algo

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Os doentes são os que recebem conforto, tendo necessidades de cuidados de saúde, denominadas por necessidades de conforto. São alvo de medidas de intervenção de enfermagem, definidas como medidas de conforto, sempre numa visão holística e humanista. Redirecionando para o propósito deste projeto, Pinto (2014), em relação aos sensores, considera-os em rede revestidos de materiais emotivos por intermédio de conforto, sendo geradores de emoções, desencadeados por um estímulo ou associação de estímulos. Ao usar a ESR, na pessoa com TCE, através da informação recebida pelos sensores através destes estímulos revestidos de conforto, despertar as suas memórias, usar as emoções de modo a que a pessoa tenha capacidade de se lembrar algo relacionado com a emoção evocada. Nesta interação o conforto pode também sevir como base de confiança.

Salienta-se a importância da reapreciação das medidas de conforto após a sua implementação. Down (2004) refere que quer a apreciação inicial ou a reapreciação, podem ser intuitivas e/ou subjetivas, tal como quando perguntamos se está confortável, ou usando escalas visuais analógicas ou questionários tradicionais desenvolvidos por Kolkaba.

Este projeto está dividido seis partes. Em primeiro a identificação do projeto, a segunda parte refere-se ao sumário, onde apresento e justifico o projeto, o fenómeno de interesse e justificação da sua escolha. Está incluída a abordagem da filosofia de cuidados e como ela sustenta a prática. A terceira parte corresponde à descrição técnica onde faço uma revisão critica da literatura face à minha problemática, a nível epidemiológico, anatomo fisiológico inter-relacionando os conceitos de consciência, memória, atenção e a importância da neuroplasticidade. È demonstrado a importância da ESR como recurso terapêutico para o EEER. A quarta parte corresponde às intervenções do EEER, onde apresento a metodologia de conceção do projeto, objetivos gerais e específicos. É feita uma breve descrição das instituições envolvidas e a justificação da sua escolha. O último capítulo compreende o planeamento e construção das atividades que serão esquematizadas em anexo nos seus componentes (domínios e competências, objetivos específicos, recursos, indicadores e critérios de avaliação). Por fim encontram-se as considerações finais e referências bibliográficas.

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No documento Estimulação sensorial regulada : (páginas 81-84)