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Suplementos para Doentes com Hipertensão

Parte I – Atividades do dia-a-dia desenvolvidas durante o estágio

4. Suplementos para Doentes com Hipertensão

4.1 Introdução

A Hipertensão arterial é definida por uma pressão sanguínea sistólica acima de 140 mmHg e uma pressão diastólica acima de 90 mmHg [31]. A hipertensão é o maior fator de risco para a mortalidade associada a doenças cardiovasculares, sendo que se estima que pelo ano 2025 haja um aumento de 30% na prevalência desta doença [32].

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Esta doença está diretamente ligada a um estilo de vida sedentário, dieta inadequada

e falta de atividade física

regular [32].

Figura 9. Fatores de risco para a hipertensão [33].

4.2 Magnésio

O magnésio é mais um elemento essencial para o nosso organismo, e tem sido visto como um possível suplemento para prevenção da hipertensão. O seu papel na pressão sanguínea pode ser dividido em 2 aspetos: como estimulador direto da formação de prostaciclina e de óxido nítrico, modulando a vasodilatação dependente e independente do endotélio e; com efeito preventivo de lesões vasculares devido à sua função anti-inflamatória e antioxidante [34].

Estudos efetuados em animais indicam que existe uma ligação entre níveis baixos de magnésio e hipertensão [34].

A suplementação de magnésio com uma dose média de 368 mg/dia durante 3 meses mostrou causar uma redução na pressão sistólica. Esta redução foi acompanhada por um aumento dos níveis séricos de magnésio [34]. Existe, portanto, um efeito benéfico do magnésio na diminuição da pressão arterial. Os mecanismos por qual atua foram confirmados por estudos laboratoriais, verificando-se uma ação benéfica através da sua ação vasodilatadora nas células do músculo liso vascular melhorando a resistência vascular periférica [34]. O magnésio atua também como

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cofator de enzimas, inibe a vasoconstrição reduzindo os níveis de cálcio que entra nas células [34]. Adicionalmente, níveis elevados de magnésio têm sido associados a uma melhoria do fluxo sanguíneo, resistência vascular periférica e na capacitância dos vasos sanguíneos e um efeito antioxidante diminuindo assim as lesões nos vasos sanguíneos [34].

4.3 Potássio

Com o aumento da incidência da hipertensão fala-se numa possível alteração da dieta, adicionando o potássio e retirando o sódio. No entanto na verdade pouco se sabe quais os efeitos desta alteração, uma vez que o potássio encontra-se envolvido em inúmeros processos fisiológicos, como por exemplo na regulação da função cardíaca [35].

Foram então realizados estudos para verificar o potencial do potássio na redução da hipertensão. As pessoas incluídas no estudo tiveram uma dieta controlada com baixos níveis de sódio e potássio, sendo estes suplementados em grupos diferentes; com 3 g/dia de sódio ou 3 g/dia de potássio [35]. Previsivelmente, verificou- se um aumento da pressão arterial no grupo com suplementação de sódio e uma diminuição com a suplementação de potássio. De referir que este estudo incluía uma dieta pobre em sal e com exercício físico.

Está referido que uma ingestão de 3 g/dia de potássio de forma prolongada pode levar a efeitos secundários gastrointestinais, e uma ingestão acima de 5 g/dia causa problemas cardíacos. As pessoas idosas estão mais sujeitas a estes efeitos secundários devido a poderem ter a função renal diminuída e devido à toma de medicamentos que alteram o balanço do potássio [36].

Concluindo o efeito do potássio na hipertensão é ainda muito controverso, sendo necessários mais estudos e melhor desenhados que equacionem os efeitos desta suplementação nomeadamente os seus efeitos a nível cardíaco [35].

4.4 L-arginina

A L-arginina é um aminoácido semi-essencial sendo o substrato natural para a sintetase de óxido nítrico que é responsável pela produção do fator NO (Figura 10), envolvido na vasodilatação dependente do endotélio e envolvido na regulação de vários mecanismos no sistema cardiovascular. Todos estes efeitos levaram à formulação da possibilidade de suplementação em L-arginina possuir efeitos benéficos na redução da pressão arterial e na prevenção da hipertensão [37]. Estudos revelaram

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que em comparação com o grupo placebo, a administração oral de L-arginina, entre 4 g a 24 g, reduzia a pressão sistólica até 23 mmHg e diastólica até 11 mmHg, contudo apenas em poucos casos a diminuição foi estatisticamente significativa [37].

Figura 10. Ativação da L-arginina e a produção de óxido nítrico resultando em vasodilatação

dependente do endotélio [38].

Novas meta-analises sugerem que a suplementação em L-arginina pode ser eficaz no melhoramento da função das células endoteliais e pode também melhorar a sensibilidade à insulina. Esta última função pode ser importante uma vez que a hipertensão está muitas vezes associada ao síndrome metabólico que inclui a diabetes [37]. No entanto mais estudos são precisos para definir melhor a dose ótima para inclusão no suplemento.

4.5 Cálcio

Outro elemento muitas vezes associado à hipertensão é o cálcio. Este ião é porventura o elemento mais importante para as funções fisiológicas do nosso organismo nomeadamente ao nível da regulação da pressão arterial e como complemento da vitamina D, na formação e remodelação ósseas, entre outros fatores.

Níveis baixos de cálcio estão associados a alterações nos níveis de vitamina D que resulta em reações em cadeia levando a um aumento de cálcio intracelular. Este aumento pode levar a uma maior reatividade das células do músculo liso vascular,

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causo os sistemas de regulação do cálcio falhem, resultando num aumento da resistência vascular periférica [36].

Vários estudos apontam para um efeito benéfico significativo na suplementação com cálcio tanto na pressão sistólica como diastólica, sendo que este efeito é superior no sexo masculino. Os melhores resultados obtidos foram apresentados quando a suplementação é de cerca de 1500 mg ou superior por dia [36]. De referir ainda que o cálcio pode interagir com o magnésio, diminuindo a absorção e a excreção do mesmo [36].

4.6 Outros nutrientes na hipertensão

Existem referenciados outros nutrientes utilizados em suplementação para hipertensão. É o caso da Coenzima Q10 que é necessária para o bom funcionamento do transporte de eletrões nas mitocôndrias. No entanto, tem sido demonstrado que pode produzir uma diminuição significativa da pressão arterial quando utilizada em conjunto com fármacos anti-hipertensores [24]. Outros exemplos de nutrientes são o ácido fólico e os Omega 3 por causarem uma diminuição da pressão arterial [24.]

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