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2.5 O HISTÓRICO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NO ESTADO DO

2.5.1 Surgimento dos Cursos Comerciais

A educação profissional no Estado do Paraná iniciou de forma modesta ainda no final do século XIX, quando “alguns empresários do comércio criaram a Escola Técnica de Comércio, para preparar a classe “cacheiral”, (empregados do comércio, guarda-livros e afins)” (BONI E MACHADO, p. 3) 12. Segundo as autoras, o Estado cria no ano de 1905 o Instituto Commercial Paranaense por meio da Lei nº 586. O Instituto começou a funcionar em 1906 e eram “ensinadas as matérias: escrituração mercantil, redação comercial e noções de legislação comercial, além de línguas, inglês e

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BONI, Maria Ignês Mancini; MACHADO, Eveley, Monteiro.

Escolas profissionalizantes no contexto das políticas do início do século xx. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-e-co-autorais-eixo02.htm acesso em 07/06/2010.

alemão, francês e italiano” (BONI E MACHADO, p. 3). A partir da criação do Instituto Commercial Paranaense outras instituições de ensino técnico profissionalizante foram criadas no Estado:

a) Em 1906 - Lei nº 632 - Criado curso agronômico que funcionava junto ao Instituto Commercial Paranaense;

b) Em 1909 - Decreto nº 7566 - Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná;

c) Em 1910 – Inicio do funcionamento da Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná (alfaiataria, marcenaria, sapataria, serralheria, selaria, tapeçaria, seções de pintura decorativa e escultura ornamental);

d) Em 1917 - Decreto nº 548 - Escola Profissional Feminina;

e) Em 1920 Decreto nº 943 - Escola Agronômica do Paraná, o Patronato Agrícola;

f) Entre 1934 e 1945 foram criadas dez escolas agrícolas espalhadas pelo Paraná, além de duas escolas de pesca no litoral;

g) Em 1937 – Liceu Industrial do Paraná; h) Em 1942 – Escola técnica de Curitiba.

A Lei nº 4978 de 05 de dezembro de 1964. Estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação no Estado do Paraná. O art. 148 da referida Lei trata da regulamentação do ensino médio:

Art. 148 – o ensino técnico de grau médio, no Estado do Paraná, abrange os seguintes ramos e cursos:

• Industrial; • Agrícola; • Comercial; • Politécnico.

Conforme Nascimento (2007, p. 65), na década de 1960 era ministrado o curso de contabilidade no Colégio Comercial e até o final de 1965 “o Paraná já contava com 82 estabelecimentos de ensino comercial, sendo 58 mantidos pelo Estado e 31 escolas mantidas por instituições particulares”.

No que se refere ao ensino superior, os primeiros cursos de Ciências Contábeis e Atuariais surgiram nas universidades públicas a partir da legislação de 1945. Assim, em 27/04/1947, pelo Decreto Federal nº 41367, o Ministério da Educação (MEC) autoriza o funcionamento do primeiro curso superior de Ciências Contábeis no Instituto de Ciências Sociais do Paraná – ICSP (FESP), embora esse

curso tenha iniciado seu funcionamento ainda em 194713. O curso foi reconhecido em 1961 pelo Decreto Federal nº 360.

O Paraná iniciou de fato seu processo de industrialição somente a partir da década de 1960, pois até então, o Estado “não tinha condições de montar um parque industrial razoável e adequado, face, principalmente, à ausência de energia elétrica disponível e de vias de comunicação compatíveis”. (BALHANA, 1969, p. 239). Ainda de acordo com a autora, conforme o Censo industrial de 1960, o Paraná apresentava três regiões industriais, a do norte que concentrava 32% do valor da transformação industrial paranaense; a madereira que concentrava 16,2% e a do sul com 51,8% do total da transformação industrial do Estado, sendo que destes 23,3% eram na Capital. (BALHANA, 1969, p. 242).

Com a industrialização efetiva após 1960, várias Instituições de Ensino Superior passaram a oferecer o curso de Ciências Contábeis no Estado do Paraná, como pode ser constatado na tabela abaixo:

1947 1957 1970-1979 1980-1989 1990-1999 Após 2000 FEDERAL - 1 1 - - - ESTADUAL - - 7 3 - - MUNICIPAL - - - 1 1 - PRIVADA 1 - 3 2 13 27 TOTAL 1 1 11 6 14 27 Fonte: www.educacaosuperior.inep.gov.br

Na década de 1970, o governo do Estado abriu o curso de Ciências Contábeis em sete Instituições de Ensino Superior, o que mostra o interesse do poder público em atender à demanda por profissionais qualificados, diante do processo de industrialização que o Estado estava vivendo.

Os detentores do poder apontavam o sistema escolar como responsável pela baixa qualificação de mão-de-obra e, por conseqüência, pela má distribuição de renda. A questão da ineficácia no ensino ganha uma resposta com a reorganização do ensino superior através da Lei nº 5540/68 e do ensino de 1º e 2º graus através da Lei nº 5692/71. A influência da nova LDB, Lei n° 93 94/96, que acentuou a

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Disponível em:

http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/info_curso_new.asp?pCurso=5413&cHab=&pIES= 197.

cooperação da atividade privada no campo da educação, favoreceu o aumento na oferta dos cursos de graduação. Este crescimento se deu tanto no ensino público quanto no privado, seja pela expansão das matrículas quanto pela diversificação dos cursos oferecidos, principalmente após a publicação do Decreto nº 2306/97 que deu abertura para criação de Centros Universitários, Faculdades Integradas, Faculdades e Institutos ou Escolas Superiores, com menor exigência quanto à qualificação dos docentes, o que passou a atrair investimentos por parte da iniciativa privada. As influências da legislação educacional na trajetória do curso de Ciências Contábeis serão abordadas com maior profundidade no próximo capítulo.

Conforme exposto na justificativa desta pesquisa, a bibliografia consultada mostra que os cursos da área de serviços, menos exigentes de investimentos iniciais, foram os que tiveram o maior aumento de oferecimento de matrículas, principalmente nas instituições particulares. Tanto que após 1990 foram autorizados pelo MEC o funcionamento de 40 novos cursos de Ciências Contábeis em instituições privadas no estado do Paraná (ver tabela acima), o que leva ao problema desta pesquisa: quais as implicações da expansão do número de vagas do curso de Ciências Contábeis para o perfil da formação dos seus docentes?

3 A INFLUÊNCIA DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA NA TRAJETÓRIA DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS.

Como já destacado no capítulo anterior, a educação como um todo, mas em especial o ensino superior tem sido marcado por muitas intervenções legislativas, de acordo com as forças políticas, sociais e econômicas. Na medida em que a economia se internacionalizava e o modo de produção capitalista entrava em crise, foram se estabelecendo as reformas no Estado, com repercussões na sociedade e, por conseqüência, com profundos reflexos no ensino superior.

Quando os interesses são principalmente econômicos, um curso superior que certamente deveria estar entre os mais destacados em uma reforma educacional é o de Ciências Contábeis. Por isso, este capítulo tem a intenção de apresentar as principais reformas na legislação educacional brasileira e entender seus reflexos na organização do curso de Ciências Contábeis. Por isso, tomar-se-ão as reformas educacionais a partir da década de 1940, quando do surgimento do curso em território nacional.

Embora o curso de Ciências Contábeis tivesse sua origem em 1945, mediante a Lei 7.988, mesmo considerando o pioneirismo da Fundação Álvares Penteado, foi somente em 1949 que houve a primeira turma. Vale destacar que inicialmente Ciências Contábeis e Atuariais formavam um curso em comum, sendo desmembrados em 1951, com a Lei 1.401 que determinada a independência do curso de Ciências Contábeis, conferindo o título de Bacharel em Contabilidade aos concluintes.

Quanto ao uso da legislação educacional como fonte de pesquisa, é importante ressaltar a preocupação de Miguel, quando diz que

[...] o trato com as fontes, dentre as quais a legislação, se inicia pelo levantamento das mesmas, procedendo à sua seleção criteriosa, mediante a leitura atenta dos documentos em relação ao objeto da pesquisa, buscando resposta a um problema. Nesta perspectiva, a legislação é uma fonte recorrente para a melhor compreensão de uma questão. (MIGUEL, 2009, p.2)

No caso desta pesquisa busca-se identificar na legislação educacional, medidas que tenham influenciado a trajetória do curso de Ciências Contábeis no Brasil. Para tanto, foram analisados os seguintes documentos:

a. Leis Orgânicas do Ensino (Decreto-Lei nº 6141/43 – Regulamenta o Ensino Comercial)

b. Decreto-Lei nº 7988/45 – Cria o Curso de Ciências Contábeis e Atuariais

c. Decreto-Lei nº 9.295/46 – Cria o Conselho Federal de Contabilidade

d. Lei nº 1401/51 – Desdobrou o Curso de Ciências Contábeis e de Ciências Atuariais

e. LDB nº 4024/61 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

f. Lei nº 5540/68 – Reforma Universitária

g. Lei nº 5692/71 - Fixa as Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus

h. Lei nº 7044/82 – Não Obrigatoriedade do 2º Grau Profissionalizante

i. Lei nº 9131/95 – Altera dispositivos da Lei 4024/61

j. LDB nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

k. Parecer CNE/CES nº 776/97 - Orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação

l. Decreto nº 2208/97 – Regulamenta a Educação Profissional

m. Resolução nº 04/99 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico

n. Parecer CNE/CES nº 583/2001 - Orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação

o. Lei nº 10.172/2001 – Aprova o Plano Nacional de Educação

p. Parecer CNE/CES nº 142/2001 – Institui normas para funcionamento da Pós-Graduação no Brasil

q. Resolução CNE/CES nº 10/2004 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado.