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4. BRÁQUETES AUTOLIGADOS ATIVOS

4.3 Surgimento de novos fios

É importante dizer que apenas o bráquete autoligado não fará este trabalho, simplesmente porque reduz o atrito. Para que o sistema funcione adequadamente e que todas as vantagens citadas anteriormente sejam alcançadas, é parte fundamental associar a este sistema, fios de calibres variados, que liberem forças extremamente leves e que sejam altamente flexíveis, favorecendo um maior intervalo entre as consultas (Barbosa, 2013).

O comportamento dos fios ortodônticos, apesar de também depender de sua interação com a ranhura do bráquete, é principalmente governado por

características intrínsecas próprias. Tais características seriam as suas propriedades físicas, abrangendo a rugosidade, dureza e flexibilidade do material. Esta dureza também tem participação na intensidade do atrito produzido (Fernandes et al., 2008).

Segundo Maltagliati (2009), este comportamento diferencial do sistema autoligado em relação à mecânica convencional parece estar relacionado sim ao baixo atrito, mas não sem considerar o fio de níquel titânio termoativado de baixo calibre como coadjuvante no resultado.

O fio que contém cobre/níquel/titânio em sua composição possui uma propriedade termoelástica, sendo indicado para as manobras iniciais pois tem alta flexibilidade e baixo patamar de força e, mesmo em casos com grande deflexão, suplantam a característica de maior atrito, quando comparado com os outros fios comumente utilizados. Além disso esse fio possui a propriedade de memória de forma, através da transformação induzida pela temperatura, o que é importantíssima para a manutenção da sua ativação, não perdendo em eficiência de movimentação diante das deflexões que sofre ao ser posicionado no bráquete (Barbosa, 2013).

De acordo com Barbosa (2013), a propriedade termoelástica significa que o fio possui um efeito de memória de forma, através de transformação induzida pela temperatura. Em temperatura ambiente, a liga martensítica ativa pode fazer com que o fio seja inserido facilmente no slot do bráquete mesmo em área de grandes apinhamentos; depois, graças à transição de fase em direção à estrutura austenítica causada pela temperatura bucal, a liga recupera a forma original e exerce contínua e suave força ortodôntica por um longo período (Barbosa, 2013).

Ainda de acordo com Barbosa (2013), ao inserir o cobre no fio de NiTi, o fio CuNiTi fica com menor força, ele se adapta melhor ao dente, pois possui maior deflexão, e o arco vai recuperando lentamente a sua forma original. Este fio ainda possui menor temperatura, desempenha forças mais constantes, tem maior flexibilidade, é totalmente superelástico e tem um polimento diferenciado.

“[...]As ligas de níquel-titânio (NiTi) apresentam disposições cristalográficas típicas que conferem particularidades mecânicas importantes para o uso ortodôntico. Para esta liga, a grade espacial de forma cúbica de corpo centrado (CCC) indica a fase austenítica, que compreende a forma mais rígida da liga de NiTi. Em contra partida a estrutura hexagonal compacta (HC) representa a forma menos rígida da liga, denominada de fase martensítica. Logo, esta fase é, portanto, uma particularidade da liga de NiTi e implica na capacidade de mudança de fase austenítica para mastensítica sob mudanças de temperatura e da tensão. Sob temperatura reduzida, estabelece-se a fase martensítica e com o aumento da mesma ocorre novamente uma transformação progressiva para a fase austenítica [...]”

Sathler et al. (2011) afirmam que a grande diferença apresentada pelos autoligados no que diz respeito ao menor tempo de tratamento, menor número de visitas e menor desconforto ao paciente está ligado ao uso destes fios de última geração.

Barbosa (2013) diz que esses fios estão disponíveis em vários calibres, mas para iniciar o tratamento e explorar o máximo das propriedades, é importante que o fio seja de pequeno calibre, principalmente nos casos de apinhamentos. O importante nesta fase é que se busque o alinhamento e nivelamento com a menor força possível, compatível com a fisiologia do movimento dentário, buscando a maior rapidez com um menor dano ao ligamento periodontal, e permitindo a maior liberdade possível de movimento para as áreas de menor resistência, criando uma independência parcial entre o nivelamento dentário e a retificação do fio.

Iniciar o tratamento com fios de alto calibre, ainda que aceitem maior deflexão e exerçam forças leves, devido à propriedade da liga, não é interessante pois o fio preencherá a canaleta do bráquete e isto aumenta o atrito, diminuindo a liberdade de movimentação e, portanto, impondo mais o movimento. Consequentemente, os efeitos colaterais são mais vistos, perdendo em qualidade de tratamento (Barbosa, 2013 e Maltagliati, 2013).

Os fios de liga níquel-titânio, pela propriedade inerente de memória de forma, permanecem por mais tempo ativos, levando, gradualmente, os dentes para o nivelamento, enquanto seguem em direção à retificação. Isto sugere que a consulta mensal de manutenção se torne desnecessária, pois, haveria perda na ativação desses fios. Caso ainda haja deflexão do fio, o mesmo não deve ser trocado, pois significa que ainda tem ativação e, portanto, movimentação dentária. Entretanto, se,

ao retornar, o fio estiver passivo, mesmo que ainda haja mal posicionamento suave de alguns dentes, ele deverá ser trocado, pois, devido ao baixo calibre, o fio não tem a capacidade de nivelamento total (Maltagliati, 2007 e 2013).

É interessante o emprego de ligas de níquel-titânio, principalmente as termoativadas. Pois, com a alta flexibilidade e o baixo módulo de elasticidade ao início do tratamento, os dentes selecionados podem fazer parte do nivelamento, com o fio introduzido nas canaletas de forma eficiente. A propriedade dos fios termoativados tem muita compatibilidade com a necessidade de promover deflexões que auxiliem na sua inserção e no travamento do clipe ou trava, sem que haja acúmulo excessivo de carga (Maltagliati, 2007).

Também é importante ressaltar que ao empregar fios termoativados, por não aceitarem dobras, é imperativo o planejamento cuidadoso dos dentes que farão parte do nivelamento inicial, para não causar movimentos indesejados. Aqueles que não têm espaço para o nivelamento, em casos onde não se deseja protrusão dos dentes adjacentes, devem ser mantidos sem colagem ou fora do arco, até que o espaço tenha sido obtido (Maltagliati, 2007).

O uso desses bráquetes autoligados associados a fios de última geração permite que o planejamento do tratamento ortodôntico seja modificado em uma direção mais conservadora (Sathler et al., 2011).

Porém, Maltagliati (2009) diz que atribuir a rapidez do alinhamento ao bráquete não parece razoável porque quem nivela os dentes é o fio e não bráquete, portanto, qualquer braquete que receba fios de memória de forma que aplique forças de baixa intensidade proporcionará rapidez de nivelamento, simplesmente porque ele é apenas um veículo através do qual a força é transmitida ao dente.

5 DISCUSSÃO: O QUE AS PESQUISAS MOSTRAM A RESPEITO DOS

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