• Nenhum resultado encontrado

Sustentabilidade e preservação dos recursos naturais

Curry (2011) afirma que, na década de 90, o caráter abrangente da sustentabilidade foi reforçado pelo pensador britânico John Elkingyon que explica que só faz sentido pensar em desenvolvimento sustentável quando aspectos ambientais, sociais e econômicos são levados em conta. A Figura 7 ilustra as articulações entre os meios que resulta no conceito de desenvolvimento sustentável.

Figura 7 - Articulações entre os meios. Fonte: CURI (2011).

Porém, neste período o conceito de sustentabilidade ainda era visto como algo teórico e as empresas necessitariam de tempo e recursos para adaptar-se a esta realidade que muitas vezes fora classificada como utópica e desacreditada. Contudo, a ECO-92 não deixou dúvidas que a sustentabilidade veio para ficar, identificando no desenvolvimento sustentável uma oportunidade de crescimento econômico e não um antagonismo a ele.

O Brasil vive um momento de expectativa de mudança. A sustentabilidade busca o desenvolvimento da economia, tendo sempre à frente o meio ambiente através do gerenciamento de resíduos gerados, respeitando a responsabilidade social, que é uma meta que todo brasileiro precisa alcançar. A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS foi sancionada em 2 de agosto de 2010. A construção de PNRS não foi uma tarefa fácil, de acordo com a Revista Meio Ambiente de set/out 2010, pois se trata de um tema complexo, que demanda ações conjuntas do poder público, empresarial e da sociedade.

Ainda de acordo com a Revista Meio Ambiente, alguns pontos que todos têm que estar alertas:

• Lixões: Proibir lançamento de resíduos sólidos a céu aberto;

• Habitações: Proibir, nas áreas de disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos, a fixação de habitações temporárias ou permanentes;

• Importação: Proibir a importação de resíduos sólidos ou rejeitos;

• Incentivos: União, estados e municípios poderão conceder incentivos fiscais e financeiros para indústrias e entidades dedicadas a tratar e reciclar os resíduos;

• Financiamento: o poder público poderá instituir linhas de financiamento para cooperativas ou associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, formadas por pessoas de baixa renda;

• Plano de gestão: União, estados e municípios deverão fazer planos integrados de resíduos sólidos, com diagnóstico da situação, metas de redução de resíduos, reciclagem e ações para atingir os objetivos.

• Logística reversa: Fabricantes importadores, distribuidores e comerciantes terão de dar destinação adequada aos produtos que fabricam, após o uso pelo consumidor;

A proposta objetiva a prevenção e o controle da poluição, a proteção e a recuperação da qualidade do meio ambiente, além da promoção da saúde pública e assegurar o uso adequado dos nossos recursos naturais. A sustentabilidade está intimamente ligada aos 5R’s. O volume de resíduo descartado é muito grande e, portanto necessita de mudança. O aprofundamento do diálogo e o fortalecimento de parcerias são bases fundamentais para o aprimoramento dos processos de uma gestão sustentável. De acordo com uma grande empresa de refrigerantes, que conferiu palestra no CEMPRE (2010), “conhecer melhor a percepção da sociedade a respeito da forma como são conduzidas as metas para a sustentabilidade”.

A Figura 8 ilustra os passos para o estabelecimento de sistemas de gestão ambiental que vão desde a análise crítica inicial do sistema até a implantação efetiva dos controles ambientais. Desta forma, é estabelecido o conceito de melhoria contínua que toda organização possuidora de sistema de gestão ambiental deve buscar.

Figura 8 - Ciclo de melhoria contínua Fonte: (adaptado) Grippi, 2006 – p.108

O Decreto Federal 5940, de 25 de outubro de 2006, institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta ou indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores

de materiais recicláveis. Isso auxilia os catadores, pois quase todos os resíduos são de papel, papelão e plástico, com uma boa comercialização.

De acordo com o VI RECICLE (2010) algumas conquistas estão sendo concretizadas, como adesões dos cooperados direito ao INSS (Instituto Nacional de Serviço social), incentivo à capacitação, etc. A Figura 9 representa a logística dos catadores de Londrina, cidade do sul do país.

Figura 9 - Logística dos catadores.

Fonte: adaptada Coopersil apud CEMPRE, 2010.

Os resíduos sólidos devem ser coletados em locais e recipientes adequados para que a coleta seletiva seja realmente eficiente. A forma de acondicionamento depende das características dos resíduos e da quantidade. De acordo com Schalch (1994), existem alguns tipos de acondicionamentos possíveis de serem empregados para resíduo urbano, a saber:

• Vasilhame padrão: Para resíduos provenientes de domicílio e de pequenos estabelecimentos comerciais. É padronizado pela ABNT-PEB-558/80;

• Recipiente hermético: Caracteriza-se pelo modo como a tampa se prende e pelo sistema de basculante a que se presta. Evita o desprendimento de poeira e o derramamento de líquidos;

• Sacos descartáveis: Apesar de maior custo, ainda é o mais empregado, pois elimina a operação de recolhimento do vasilhame, dispensa a lavagem ou forração do recipiente, evitando o ruído da descarga e o furto do vasilhame, reduz a atração de vetores e o mau cheiro do domicílio. No ponto de vista da coleta, este acondicionador de resíduos traz mais vantagens, pois diminui o tempo da coleta, não absorvem água da chuva, contribuem para a limpeza das ruas e ficam menos tempo em exposição na via pública.

O uso de sacos plásticos está sendo muito discutido pelos ambientalistas, pois os mesmos levam até 400 anos para se decompor. Atualmente pede-se o uso de sacos biodegradáveis ou oxibiodegradáveis, mas em relação aos sacos de “lixo” ainda estão sendo usados os sacos pretos convencionais.

Segundo Leonel (2002), toda organização pode e deve buscar, juntamente com qualidade, criatividade, humanidade, lucratividade, continuidade, lealdade, os elementos-chave, tais como: inovação, cooperação e comunicação, que são estratégias da administração com consciência ecológica. A partir desses conceitos espera-se que a mudança ocorra nos maiores geradores de resíduos introduzindo a valorização de conceitos de consciência ecológica nos setores que atuam.