• Nenhum resultado encontrado

A amostragem não tem de ser selecionada como um procedimento de auditoria, mas quando for usada todas as unidades numa população (por exemplo, vendas ou saldos de clientes) têm que ter uma hipótese de seleção. Isto é necessário para o auditor extrair conclusões acerca de toda a população.

Em qualquer seleção abaixo de 100% da população, existe sempre o risco de não ser identificada uma distorção e de ela poder exceder o nível tolerável de distorção ou desvio. A isto chama-se risco de amostragem. O risco de amostragem pode ser reduzido através do aumento da dimensão da amostra, enquanto o risco de não amostragem pode ser reduzido através do planeamento, supervisão e revisão apropriados do trabalho.

Existem dois tipos de amostragem geralmente usados em auditoria:

Quadro 6.4-3

Atributos da amostra Amostragem

estatística

A amostra é selecionada numa base aleatória. Isto significa que qualquer item da população tem uma hipótese conhecida (estatisticamente apropriada) de ser selecionado.

Os resultados podem ser projetados matematicamente. Pode ser usada a teoria das probabilidades para avaliar os resultados da amostra, incluindo a avaliação do risco de amostragem.

Amostragem não estatística

Uma forma de amostragem que não tem as características referidas acima para a amostragem estatística.

Ao determinar a dimensão da amostra, o auditor deve determinar a taxa tolerável de desvio (exceções) que será aceitável.

Procedimentos substantivos

A materialidade de execução (global ou para um item específico) é estabelecida em relação à materialidade global (global ou para um item específico, respetivamente). A distorção tolerável é definida em relação à

GUIA DE APLICAÇÃO DAS ISA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS E ORIENTAÇÃO PRÁTICA

6. RESPOSTA AOS RISCOS AVALIADOS

6.4. Determinação da extensão dos testes

Testes aos controlos

Para os testes aos controlos, a taxa de desvio tolerável deve ser baixa. Os testes aos controlos proporcionam prova sobre se os controlos funcionam ou não. Consequentemente, eles apenas devem ser usados quando se espera que o funcionamento do controlo se verifique.

6.4.2

Utilização da amostragem

Os parágrafos 6 a 15 e A4 a A23 da ISA 530 estabelecem os requisitos e orientação relativamente à amostragem de auditoria. Dada a natureza da matéria apresentam-se a seguir alguns extratos desses requisitos:

• Quando conceber uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar a finalidade

do procedimento de auditoria e as características da população da qual será extraída a amostra.

• O auditor deve determinar uma dimensão de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem para um nível

aceitavelmente baixo.

• Se o auditor não for capaz de aplicar os procedimentos de auditoria concebidos ou procedimentos alternativos adequados a um item selecionado, deve tratar esse item como um desvio do controlo prescrito, no caso de testes aos controlos, ou como uma distorção, no caso de testes de detalhe.

• O auditor deve investigar a natureza e causa de quaisquer desvios ou distorções identificados e avaliar o seu possível efeito sobre a finalidade do procedimento de auditoria e sobre outras áreas de auditoria.

• Nas circunstâncias extremamente raras em que o auditor considere que uma distorção ou desvio descoberto numa

amostra é uma anomalia, deve obter um alto grau de certeza de que tal distorção ou desvio não é representativo da população. O auditor deve obter este grau de certeza executando procedimentos de auditoria adicionais para obter prova de auditoria suficiente e apropriada de que a distorção ou o desvio não afeta o resto da população. • Relativamente a testes de detalhe, o auditor deve projetar para a população as distorções encontradas na amostra.

• O auditor deve avaliar:

- Os resultados da amostra; e

- Se o uso de amostragem de auditoria proporcionou uma base razoável para obter conclusões acerca da

população que foi testada.

As bases

Seja qual for a técnica usada (amostragem estatística ou não estatística), o auditor deve abordar e documentar os assuntos referidos no Quadro seguinte:

Quadro 6.4-4

Fatores a considerar Comentários

Qual a finalidade do teste?

O ponto inicial para a conceção do teste é o estabelecimento da sua finalidade e que asserções devem ser tratadas.

Qual a principal fonte de prova?

Qual é a fonte principal de prova para cada asserção a tratar, e qual é a secundária? Esta diferenciação ajuda a garantir que o esforço de auditoria é dirigido para onde deve.

ISA

relevante Parágrafos

GUIA DE APLICAÇÃO DAS ISA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS E ORIENTAÇÃO PRÁTICA

6. RESPOSTA AOS RISCOS AVALIADOS

6.4. Determinação da extensão dos testes

Fatores a considerar Comentários

Qual a experiência passada?

Qual foi a experiência (se alguma) na execução de testes semelhantes em períodos anteriores? Considerar a eficácia do teste, e a existência e natureza dos desvios (erros), se existirem, encontrados na amostra selecionada.

Qual é a população? Garantir que a população de itens a testar é apropriada para atingir os objetivos do teste. A amostragem não irá identificar e testar itens que não estejam incluídos na população. Por exemplo, pode ser usada uma amostra de saldos de contas a receber para testar a sua existência, mas tal população pode não ser apropriada para testar a plenitude das contas a receber.

Considerar também a dimensão da população. Em alguns casos, pode não se extrair uma conclusão estatística se a população a testar for demasiado pequena para tirar uma amostra.

Que unidade de amostragem usar?

Considerar a finalidade do teste e as asserções a tratar. Esta decisão determinará que itens serão selecionados. Exemplos incluem faturas de venda, encomendas de clientes e saldos de clientes.

Amostragem estatística ou não estatística?

As conclusões estatísticas podem ser extraídas de amostras estatísticas. As conclusões baseadas em julgamento profissional podem ser extraídas de amostras não estatísticas. As amostras não estatísticas são muitas vezes usadas em conjunto com outros procedimentos de auditoria que abordem a mesma asserção.

Definição de um desvio

A falta de definição apropriada do que é um desvio resultará em perda de tempo do pessoal quando revê pequenas exceções que não constituam um desvio. Determinar também a forma como as razões e implicações dos desvios apurados serão seguidos pela equipa.

Excluir itens de elevado valor?

Se houver grandes transações ou saldos na população que possam ser avaliados

separadamente, haverá menores amostras a testar para a restante população. Em alguns casos, a prova obtida dos testes às grandes transações ou saldos pode ser suficiente para eliminar a necessidade de os incluir na amostragem.

Uso de CAAT As técnicas de amostragem assistidas por computador podem proporcionar melhores resultados ou mais eficientes? Para muitos testes, pode ser testada 100% da população através de CAAT (e não apenas uma amostra), e podem ser produzidos relatórios específicos que identificam itens não usuais para seguimento.

É possível alguma estratificação?

Considerar se a população pode ser estratificada dividindo-a em subpopulações que tenham características comuns.

Por exemplo, se uma população contiver um conjunto de transações de elevado valor, a população (para testes de detalhe) pode ser estratificada por valor. Isto permite que o esforço da auditoria seja direcionado para os itens de maior valor, pois será nestes que existirá o maior potencial de distorção em termos de sobrevalorização.

Uma população pode também ser estratificada de acordo com uma característica particular que indique um maior risco de distorção. Quando se testa a adequação da imparidade das contas a receber (valorização das contas a receber), os saldos das contas a receber podem ser estratificados por antiguidade.

Quando forem testadas subpopulações separadamente, as distorções serão projetadas para cada estrato separadamente. As distorções projetadas para cada estrato podem depois ser combinadas para considerar o possível efeito de distorções no saldo da conta ou classe de

GUIA DE APLICAÇÃO DAS ISA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS E ORIENTAÇÃO PRÁTICA

6. RESPOSTA AOS RISCOS AVALIADOS

6.4. Determinação da extensão dos testes

Fatores a considerar Comentários

Que precisão é exigida?

A materialidade de execução é muitas vezes usada como base para a distorção tolerável. Isto também representa a precisão para um teste estatístico.

A materialidade de execução deve ser estabelecida por um valor que permita identificar a possível existência de distorções não detetadas e imateriais que quando acumuladas formam uma quantia material.

Que nível de confiança é exigido?

A confiança é o inverso do nível de risco aceitável (risco de deteção) de que um teste não produza resultados corretos. É exigido um alto nível de confiança (resultando numa amostra maior), ou um nível de confiança menor (resultando numa amostra mais pequena)? O nível de confiança exigido num determinado teste será baseado em fatores como:

Prova obtida de outras fontes tais como revisão analítica, outros procedimentos substantivos e testes à eficácia operacional dos controlos internos; e

A importância da asserção das demonstrações financeiras ou da rubrica comparada com a materialidade global.

Por exemplo, um nível de confiança de 95% indica que se um teste for executado 100 vezes (selecionando aleatoriamente transações representativas), os resultados estarão corretos (com a margem de distorção) 95 vezes em 100 testes. Existe o risco de que 5 dos 100 testes produzam resultados incorretos.

Quando for planeada amostragem estatística, a distorção tolerável ou a taxa de desvio tolerável também deve ser considerada.

Quadro 6.4-5

Fatores a considerar Comentários

Qual é a distorção tolerável ou a taxa de desvio tolerável?

A distorção tolerável é usada na amostragem de testes de detalhe para abordar o risco de o acumulado das distorções imateriais individuais poder levar a que as demonstrações financeiras possam estar distorcidas e dar uma margem para possíveis distorções não detetadas. A distorção tolerável é a aplicação da materialidade de execução a um determinado procedimento de amostragem. A distorção tolerável pode ser a mesma quantia, ou uma quantia mais baixa, que a materialidade de execução.

A taxa de desvio tolerável é usada para testes aos controlos em que o auditor estabelece uma taxa de desvio dos procedimentos de controlo interno prescritos que considera aceitável para obter um nível apropriado de segurança. O auditor procura obter um nível apropriado de segurança de que a taxa de desvio estabelecida não é excedida pela taxa real de desvio na população.

6.4.3

Extensão dos procedimentos substantivos (usando amostragem estatística)

Quanto maiores forem os riscos de distorção material, maior a extensão dos procedimentos substantivos que se exigem. A extensão dos procedimentos substantivos pode ser reduzida através do teste à eficácia operacional do controlo interno. Porém, se os resultados forem insatisfatórios, a extensão dos procedimentos substantivos pode ter de ser aumentada.

Documentos relacionados