TÉCNICAS DE COLETA DOS DADOS

Para obtenção dos dados sobre o acompanhamento do movimento de expansão de Cursos de Graduação em Enfermagem e expansão dos serviços de saúde na cidade de Salvador- BA, adotei a pesquisa documental, por entender que essa possibilitaria a ampliação do entendimento do movimento de expansão dos Cursos, cuja compreensão exige a contextualização histórica e sociocultural. Ludke e André (2012) consideram que os documentos constituem uma fonte poderosa de onde evidências podem ser retiradas para fundamentar afirmações e declarações do pesquisador.

Para tanto elaborei um formulário contendo informações relativas às IES e aos Cursos de Graduação em Enfermagem oferecidos, a saber: categoria administrativa da IES, ano de

criação do Curso, região geográfica, Unidade Federativa e na cidade de Salvador. Esse formulário, inicialmente, foi atualizado, através do banco de dados disponibilizado pelo INEP, no site do Ministério da Educação, até o ano de 2009. A partir do ano de 2010, passei a consultar o banco de dados do e-MEC, visando à atualização desses dados.

Para obtenção dos dados relativos à expansão dos serviços na cidade de Salvador-BA, realizei buscas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES-net), página vinculada ao DATASUS, também a home Page da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e da Secretaria de Saúde do Município de Salvador.

Reforço que o uso desses documentos me permitiu acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social, além de favorecer a observação do processo de análise da evolução de indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades e práticas (CELLARD, 2008).

Além dessa técnica de coleta, recorri à técnica da entrevista semiestruturada e da observação direta estruturada. Para operacionalização da entrevista, construí um roteiro semiestruturado contendo questões específicas inerentes ao objeto do estudo (APÊNDICE C). O outro instrumento utilizado para registro das entrevistas consistiu em aparelho gravador digital. Através deste, as falas foram gravadas e posteriormente transcritas, com aquiescência dos sujeitos, em conformidade com os princípios éticos que norteiam a pesquisa envolvendo seres humanos, descritos no item 3.6.

Segundo Minayo (2008), as informações oriundas das entrevistas tratam da reflexão do sujeito entrevistado sobre a realidade que vivencia, representando ideias, crenças, maneiras de pensar, opiniões, sentimentos, maneiras de atuar, condutas, razões conscientes ou inconscientes de determinadas atitudes e comportamento, entre outros.

A entrevista individual escolhida para esta investigação foi a semiestruturada, por considerá-la parte de questionamentos básicos apoiados em teorias e pressupostos que interessam à pesquisa e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas questões, que vão surgindo à medida que se recebe a resposta do informante. Nela, o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem se prender a uma indagação previamente formulada (GASKELL, 2008; MINAYO, 2008).

Com vistas ao enriquecimento da análise dos dados obtidos a partir das entrevistas individuais, utilizei, ainda, a observação direta estruturada em duas organizações de saúde, uma voltada à atenção básica e a outra, da atenção hospitalar, por considerar que essa técnica me proporcionaria apreensão detalhada da conformação das práticas em campo e melhor aprofundamento da discussão pretendida. Considerei que tal modalidade de aquisição de dados

proporcionaria observação consciente, dirigida e ordenada para o fim proposto, além de manter a perspectiva da totalidade sem desviar-se do foco de interesse, conforme ressaltam Ludke e André (2012).

Para Matheus e Fustinone (2006), a observação direta estruturada é aquela que se realiza com a presença física do investigador, através de um planejamento sistemático, prévio, de um roteiro a ser seguido, em que o pesquisador baseia-se nos aspectos significativos, de modo a atingir seus objetivos.

Assim, com o objetivo de buscar fidedignidade na aquisição dos dados, tendo em vista o alcance dos objetivos propostos, realizei um teste piloto da entrevista com um sujeito de cada grupo, utilizando os mesmos critérios de inclusão. Esclareço que os sujeitos participantes do teste do roteiro da entrevista não foram incluídos na pesquisa.

Saliento que a decisão pela inclusão dos três grupos de sujeitos, para entrevista individual, além de proporcionar a apreensão da concepção de cada um deles em relação ao objeto de estudo, possibilitou, também, o confronto dos dados entre as perspectivas individuais, o que permitiu a realização de uma discussão dialógica pelos dados apreendidos.

Desse modo, pude aprofundar a discussão sobre as implicações do movimento de expansão dos Cursos de Graduação em Enfermagem no desenvolvimento das práticas de ensino/aprendizagem nos serviços de saúde na cidade de Salvador-BA, através do confronto dos dados obtidos com o discurso dos atores, proporcionando o aprofundamento da investigação sobre o fenômeno estudado, embora tenha claro que a apreensão da realidade se dá em um dado momento e, mesmo assim, se encontra em um processo de transição.

Nesse sentido, MHD vê a natureza como um conjunto de elementos ligados que dependem uns dos outros, sendo condicionados reciprocamente. Assim, nada pode ser considerado, apreendido e entendido isoladamente. Para se entender determinado fenômeno, é necessário estudar o ambiente e suas contradições como um todo (ALVES, 2007).

Esclareço que, para aplicação das técnicas de coleta dos dados, adotei os seguintes procedimentos: para realização das entrevistas, após parecer de liberação do Comitê de Ética em Pesquisa, das Direções das IES e do serviço de saúde, solicitei contato dos docentes, discentes e enfermeiras que correspondiam aos critérios de inclusão, a fim de convidá-los para agendar horário, de acordo com a disponibilidade de cada um e em local a ser definido. Antes do início de cada entrevista, cada sujeito realizava a leitura do conteúdo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), seguindo os passos descritos no item 3.6, objetivando dissipar quaisquer dúvidas com relação à entrevista realizada. Após conclusão de

cada entrevista, exibi a cada um dos sujeitos o conteúdo gravado, oportunizando a retirada de conteúdos que considerassem não pertinentes.

Na observação direta estruturada, além da autorização prévia da direção dos serviços de saúde eleitos para essa atividade, realizei reunião com as coordenações e profissionais das unidades envolvidas, apresentando o projeto desta pesquisa e respectivos objetivos. Nessa reunião, informei que permaneceria no campo por um período de duas semanas, de segunda a sexta-feira, nos horários de 8:00 às 12:00 horas, na primeira semana, e de 13:00 às 17:00 horas na segunda-feira, quando estaria acompanhando as atividades práticas de ensino/aprendizagem desenvolvidas pelas(os) alunas(os) dos Cursos de Graduação em Enfermagem, tomando por base da observação os itens constantes do roteiro de observação estruturada (APÊNDICE D).