• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III Desenho Metodológico e análise de dados

III. 3 Técnicas de recolha de dados e de apresentação dos mesmos

Na fase de recolha de dados inerente ao processo de investigação, podemos saber “o quê” e “como” iremos proceder à recolha dos dados. Charles (1998), citado por Coutinho (2011), diz-nos que “existem seis procedimentos distintos para recolha de dados numa investigação: notação, análise, questionário, testes e medição” (p. 99), sendo que nesta dissertação utilizamos o questionário, bem como a pesquisa de fontes.

Ghiglione e Matalon (1997), citado por Coutinho (2011), dizem-nos que embora os questionários se assemelhem à entrevista diferem pelo facto de o questionário ser autoadministrado. Pelo facto de não haver contacto pessoal, devemos ter cuidado com o tipo de questões que colocamos, o número de questões, a apresentação e formatação do questionário, ou outras caraterísticas que não comprometam a sua validade e fiabilidade. Trata-se de uma “técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expetativas, situações vivenciadas” (Gil, 1999, p. 128).

O questionário (Apêndice nº 1) aplicado neste estudo foi estruturado com base em instrumentos já utilizados/validados noutro trabalho de investigação, nomeadamente: no questionário utilizado por Bruno Silva (2014), utilizado na dissertação de mestrado intitulada de “Sustentabilidade das Organizações do Terceiro Setor: Uma análise com base nas IPSS do concelho de Aveiro”, da Universidade de Aveiro. Contudo, foram utilizadas ainda questões dos questionários utilizados na dissertação de Sara Amaral (2014), denominada de “A Importância da Gestão na Sustentabilidade de Organizações Sem Fins Lucrativos Prestadoras de Serviços Sociais”, da Universidade de Coimbra, bem como na dissertação de Nuno Amaral (2013) nomeada de “Da dependência e vulnerabilidade à sustentabilidade e autonomia do terceiro setor: o caso do Concelho de Santa Marta de Penaguião”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

A questão nº1 e nº2 foram retiradas na íntegra desta última dissertação, ainda que na questão 1 tenhamos acrescentado o tipo de organização, o Código de Atividade Económica (CAE) principal bem como os CAE secundários e o objeto. Foram acrescentadas e retiradas algumas opções na questão 2, tendo em conta o conhecimento acerca das IPSS. A questão nº3, nº4 foram retiradas da dissertação se Sara Marques (2014), ainda que na questão nº 3 tenhamos acrescentado a identificação do número de clientes total por sexo e na questão nº4, no primeiro e segundo quadro, acrescentamos também a mesma identificação quanto aos trabalhadores remunerados, criamos um terceiro quadro com a identificação das habilitações literárias destes trabalhadores. Ainda da questão nº4, relativamente aos voluntários foram feitas as mesmas alterações.

A questão nº5, 6 e 7 foram retiradas da dissertação de Bruno Silva (2014), ainda que tenhamos colocado a questão nº7 com respostas de escolha múltipla. A questão nº8, ainda

que retirada da mesma tese, foi colocada de uma outra forma mais direta e percetível. Todas as questões entre a nº9 e a 28 foram retiradas da dissertação de Bruno Leite (2014), à exceção da questão nº19, 22 e 27 retiradas da tese de Sara Marques (2014). Na questão nº11 e 12 foram alteradas as opções, utilizando as opções da tabela da questão nº1. Foi acrescentada a questão nº28.1 no sentido de esclarecermos quais os canais de comunicação mais utilizados. As questões entre a nº29 e a 39 foram retiradas do questionário utilizado na dissertação de Nuno Amaral (2013).

O nosso questionário contém instruções para o seu preenchimento e introdução. A linguagem utilizada nos questionários é adequada e adaptada aos diferentes destinatários (Gil, 1999).

Este tipo de técnica de recolha de dados foi usado para que possamos “obter informação qualitativa para complementar e contextualizar a informação quantitativa obtida pelas outras variáveis” (Hill & Hill, 2016, p. 95). Portanto, neste aspeto, bem como noutros possíveis, verificamos a triangulação, isto é, a presença de aspetos quantitativos e qualitativos.

As questões estão ordenadas por três temas: Caraterização geral da instituição, Satisfação dos Clientes na IPSS e Perceção sobre as “boas práticas” de Gestão nas OES. Trata-se de um questionário misto, apresentando questões fechadas, isto é, permitem responder perante um conjunto de opções de resposta, questões abertas para que a organização possa dar a sua resposta livremente, e ainda questões dependentes, uma vez que a resposta a algumas questões depende da resposta dada na anterior.

Após a estruturação do questionário, todas as OES foram convidadas a participar no estudo mediante o envio de e-mail e de alguns contactos telefónicos, e depois da sua aceitação, o questionário foi enviado também através de e-mail, em formato Excel, sendo que foi respondido neste formato, e enviado novamente para o e-mail de envio da nossa parte, ainda que tenhamos tido a necessidade que reunir com algumas OES, no sentido de esclarecermos algumas dúvidas durante o preenchimento.

O questionário aplicado neste estudo foi construído com base em três questionários já aplicados, não existindo a necessidade de realização do pré-teste para validar e “evidenciar possíveis falhas na redação do questionário” (Gil, 1999, p. 137).

A análise de dados foi realizada através da construção de uma base de dados inicial no Excel, à qual adicionámos uma análise qualitativa através do software Nvivo e quantitativa através do software SPSS. O software Nvivo permite avaliar, interpretar e explicar fenómenos, tendo como objetivo analisar dados não estruturados ou semiestruturados provenientes de entrevistas, pesquisas, artigos, questionários, entre outras fontes variadas. O NVivo não favorece uma metodologia em particular, este foi criado para responder a técnicas qualitativas comuns com a finalidade de analisar, organizar e partilhar dados (NVivo, 2018).

O SPSS trata-se de um software de tratamento de dados estatísticos, permitindo não só a análise estatística, como também o acesso e gestão de uma grande quantidade de dados, a preparação e organização dos dados para análise, a construção de gráficos e ainda a ligação a outros softwares (Laureano & Botelho, 2010).

Com a junção dos 2 softwares conseguimos aliar à quantificação dos dados tratados, uma análise qualitativa, permitindo-nos correlacionar a informação e perceber até que ponto a perceção das ferramentas de gestão estratégica tinha impacto/aplicabilidade direta nas OES do concelho em estudo.

Para além do questionário, aplicamos ainda uma ficha de caraterização que nos permitiu a análise de dados mais específicos e complementares para a caraterização de cada IPSS. Esta ficha de caraterização é composta por catorze questões, dividas em três partes, sendo que a primeira parte é destinada à identificação e caraterização, na segunda parte são apresentadas questões relativas à organização interna, e na terceira parte são expostas perguntas relacionadas com a cooperação interinstitucional.

As questões inseridas nesta ficha (Apêndice nº 2) foram selecionadas a partir da “Ficha de caraterização das Organizações” utilizada na dissertação de Sara Amaral (2014), já mencionada. Apenas as questões relativas aos objetivos, valores e história foram retiradas do “Modelo de inquérito” de Nuno Amaral (2013), ainda que tenhamos especificado mais a questão sobre os valores, ao solicitar que identificassem os valores. Para além disto, a questão sobre a história incluída da ficha de caraterização deste estudo substitui a questão que requeria informações acerca da origem e do ciclo de crescimento/desenvolvimento da organização, utilizada no “Modelo de inquérito”.

Acrescentámos ainda a solicitação de informação relativa ao concelho, e-mail, distrito, telemóvel e página web, visão e freguesias que fazem parte do território de abrangência da organização. Portanto, estes dois instrumentos foram resultado de uma seleção de questões já utilizadas noutros estudos, não existindo a necessidade de os validar.

CAPÍTULO IV – INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS /