• Nenhum resultado encontrado

Técnicas de Recolha de Dados

No documento A Relação Família-Escola (páginas 90-94)

CAPÍTULO III - FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

3.3. Técnicas de Recolha de Dados

O estudo de caso baseia-se em entrevistas com pessoas que já estiveram/estão relacionadas com a organização, na observação que é feita na instituição escolar e nos registos escritos existentes na mesma (Bogdan & Biklen, 1994). Foram escolhidas como técnicas de recolha de dados as pesquisas bibliográfica e documental, a entrevista, neste caso semiestruturada, e o inquérito por questionário.

Foram utilizados na pesquisa PEE e o RI da escola, como documentos de suporte para a compreensão do funcionamento da escola. Realizou-se entrevistas, por se entender de forma mais abrangente as opiniões a algumas questões mais abertas de alguns dos sujeitos fundamentais ao estudo, (os alunos, o Presidente do CE da escola e a Representante da AP), sendo os inquéritos por questionário aplicados aos DT das respetivas turmas, além de a um outro DT, e aos pais e EE, por serem uma maneira rápida de recolher dados que não necessitam ser explicados profundamente.

3.3.1. Pesquisas Bibliográfica e Documental

Nesta investigação foram utilizados dois tipos de pesquisa: bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica, segundo Fonseca (2002), é a primeira fase de qualquer trabalho científico/académico, tendo como objetivo recolher informações, que servirão de base para uma investigação. A pesquisa bibliográfica “(…) é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas (…) sobre o tema a

estudar” (p. 31), ou seja, são utilizadas fontes secundárias de informação, sendo estas dados já confirmados e confiáveis, como livros ou artigos científicos, conhecendo-se assim o que já foi estudado acerca do assunto. Já a pesquisa documental é um método de recolha de dados que se serve de fontes primárias de informação, sendo estas dados que ainda não foram tratados cientificamente ou de forma analítica. Segundo Fonseca (2002, p. 32) “A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas (…) tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, (…) etc.”.

Os documentos utilizados podem ser divididos entre fontes primárias e secundárias. De acordo com Bell (2005), fontes primárias são aquelas que surgem durante o período que está em pesquisa, como “(…) as atas das reuniões dos diretores de uma escola (…)” (p. 125), enquanto fontes secundárias são interpretações de eventos desse período, baseados em fontes primárias, como as perceções/ideias conseguidas por uma pessoa através das atas das reuniões da direção da mesma. A distinção entre estas é complexa pelo facto de alguns documentos serem fontes primárias sob um ponto de vista e fontes secundárias em outro.

Segundo Bell (2005) quando se utilizam documentos como fonte de recolha de dados, podemos utilizá-los de duas formas: a primeira é uma abordagem chamada

“source-oriented” (p. 123) - (orientado pela fonte) - em que a natureza da fonte do documento determina o rumo a seguir na investigação e ajuda a gerar as perguntas a realizar, sendo a viabilidade da investigação determinada pela natureza das fontes existentes; a segunda abordagem, que é a mais comum, é chamada “problem-oriented approach” (p. 123) - (abordagem com foco no problema em questão) - que envolve formular as questões utilizando outros métodos de pesquisa e, posteriormente, ler fontes secundárias que as suportem. Esta abordagem, implica investigar o que já foi descoberto sobre o assunto, antes de se estabelecer o foco da investigação, e posteriormente pesquisar as fontes primárias sobre o mesmo. À medida que a investigação avança, fica mais claro quais são as fontes relevantes a utilizar, sendo que mais perguntas vão surgindo por estarmos a aprofundar conhecimentos sobre o assunto. Este tipo de pesquisa é um complemento à pesquisa bibliográfica. Nesta investigação foram utilizados documentos bibliográficos, legislativos e documentos orientadores da instituição em questão (PEE e o RI).

3.3.2. Entrevista

A entrevista é uma conversa planeada, geralmente entre duas pessoas, podendo incluir mais, dirigida por uma pessoa, com o objetivo de obter informações acerca de algum assunto, através da outra pessoa (Bogdan & Biklen, 1994), sendo assim o melhor instrumento para conhecer mais aprofundadamente histórias e opiniões pessoais, podendo estas serem gerais ou de algum tema em particular. Os autores mencionam também que

“(…) a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo” (p. 134).

Segundo Sousa (2009), pode-se verificar a existência de quatro tipos de entrevistas: entrevista estruturada, semiestruturada, não estruturada e entrevista em painel. A entrevista estruturada resume-se a um conjunto de perguntas predefinidas pelo investigador, cujas respostas são curtas e objetivas, utilizando-se este género de entrevista em situações em que se tem como objetivo estudar as respostas que diferentes pessoas dão às mesmas questões. Neste tipo de entrevista orientam-se facilmente os entrevistados, não implicando grande preparação ao entrevistador, no entanto, impede que este faça uma análise qualitativa de forma profunda das respostas dadas.

Na entrevista semiestruturada, o entrevistador tem de ter conhecimento aprofundado do assunto e preparar as perguntas que vão ser colocadas. Mesmo sendo orientado no início da entrevista, o entrevistado pode “(…) discorrer o seu pensamento sobre o assunto em questão” (Rocha, 2017, p. 82). Segundo Sousa (2009) este género de entrevista é usado quando se pretende “(…) explorar a fundo uma certa situação vivida em condições precisas” (p. 249).

A entrevista não estruturada visa obter uma visão geral do objeto que está a ser analisado, deixando o entrevistado livre para expressar os seus pensamentos. Neste género de entrevista, o entrevistador, geralmente, não tem muito conhecimento sobre o tópico, mas servirá de “estimulo” para o entrevistado se expressar sobre o assunto em questão, que é do seu domínio.

Por fim, a entrevista em painel é aplicada a um grupo de pessoas simultaneamente, em que as várias opiniões contribuem para o esclarecimento do assunto em questão, recolhendo-se assim, diferentes opiniões.

De acordo com Bogdan e Biklen (1994) a entrevista, tanto a mais aberta quanto a mais estruturada, têm vantagens para o investigador. A entrevista aberta permite perceber como os entrevistados abordam o assunto que estiver em questão. A entrevista mais estruturada assegura a obtenção de dados comparáveis dos vários participantes ao

investigador. O tipo de entrevista a usar provém do objetivo da investigação e do que é pretendido saber. Também é possível utilizar os dois tipos de entrevista durante o processo de investigação (Rocha, 2017). Segundo Bogdan e Biklen (1994) a utilização dos dois tipos de entrevistas “Podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras técnicas” (p. 134). Mas este instrumento pode ser utilizado também, segundo Rocha (2017), para descobrir “(…) os “factos”, as “opiniões” do entrevistado acerca de determinado assunto, os “sentimentos” perante um determinado facto, as

“atitudes” do entrevistado; as “decisões” e as “motivações” do entrevistado no processo de tomada de decisões ou que influenciaram as atitudes do entrevistado” (p. 82).

Nesta investigação, entendeu-se utilizar a entrevista semiestruturada, pois é uma

“conversa” adaptável, não condicionando as respostas dadas pelos entrevistados, havendo espontaneidade nas respostas, sendo possível aprofundar/confirmar as informações dadas, e que seguiu o modelo de questões previamente definidas pela investigadora.

3.3.3. Inquérito por questionário

O inquérito por questionário é, segundo Rocha (2017), formado por conjuntos de questões feitas aos sujeitos que participam da investigação. É também um dos instrumentos utilizados na pesquisa qualitativa, para além da entrevista e da revisão da literatura, para recolha de dados. Estes, segundo Ghiglione e Matalon (1993), podem ser abertos ou fechados. No questionário aberto “(…) a formulação e a ordem das suas questões são fixas mas a pessoa pode dar uma resposta tão longa quanto desejar e pode ser incitada por insistência do entrevistador”, enquanto no questionário de resposta fechada “(…) a formulação das questões, a sua ordem e a gama de respostas possíveis são previamente fixadas” (p. 70).

Sousa (2009) refere que o questionário é aplicado quando se tem intenções de entender e/ou analisar os pensamentos, opiniões ou atitudes, de um determinado grupo de pessoas. Os inquéritos têm um objetivo chave que é dividido em vários tópicos. Estes são divididos, por sua vez, em vários itens.

De acordo com Ghiglione e Matalon (1993) “Um questionário, por definição, é um instrumento estandardizado, tanto no texto das questões como na sua ordem” (p. 121).

Segundo estes autores, relativamente ao conteúdo das questões, estas podem distinguir-se em duas categorias: questões que abordam factos “(…) em princípio susceptíveis de

serem conhecidos de outra forma sem ser através de um inquérito” e questões que abordam opiniões, atitudes ou preferências, sendo questões que tratam “(…) pontos impossíveis de conhecer de outra forma (…)” (p. 126). Além da classificação pelo conteúdo, as questões podem ser distinguidas pela forma, podendo ser uma questão aberta, à qual o participante responde como entender “(…) utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo pormenores e fazendo os comentários que considera certos (…)”, ou uma questão fechada, onde é apresentada uma lista predefinida de respostas possíveis ao participante “(…) entre as quais lhe pedimos para indicar a que melhor corresponde à resposta que deseja dar” (p. 126).

Este instrumento deve ser, como já anteriormente mencionado, uniforme para cada grupo de indivíduos participantes de uma investigação do qual pretendemos obter respostas, de modo a obter-se dados comparáveis. Assim sendo, as questões não devem

“(…) sugerir qualquer resposta particular, não deve exprimir qualquer expectativa e não deve excluir nada do que possa passar pela cabeça da pessoa a quem se vai colocá-la”, até porque “um questionário deve parecer uma troca de palavras tão natural quanto possível. As questões devem encadear-se umas nas outras sem repetições nem despropósitos” (Ghiglione & Matalon, 1993, pp. 121-123).

Segundo Sousa (2009) utilizar o inquérito por questionário tem alguns benefícios relativamente à entrevista, como conseguir a recolha de dados concretos de um grande número de participantes. Este pode ser de aplicação coletiva, quando aplicado a um grupo de pessoas de forma presencial, sendo convocadas para tal, estando o investigador presente para esclarecer as questões nas quais surgem dúvidas. Os questionários podem também ser aplicado à distância, como foi o caso da presente investigação, chegando a um grupo maior e permitindo-lhes mais tempo para refletirem sobre as questões, apesar de ter a desvantagem de que a adesão/devolução destes inquéritos é mais reduzida.

No documento A Relação Família-Escola (páginas 90-94)