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CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

2.4.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

A escolha das técnicas a usar durante o processo de pesquisa forma um estádio que o investigador não pode desvalorizar, uma vez que é destas que depende a realização dos objetivos do trabalho de campo. Esta fase possui um carácter aberto e interativo (Aires, 2015).

É importante salientar, que este estudo foi centrado, de uma forma muito clara, na análise documental, existindo sempre uma perspetiva de recolha (como por exemplo nas fases do estudo empírico) e uma perspetiva de análise (como por exemplo na análise dos dados que se expõe seguidamente). No fundo tem havido sempre ao longo do estudo uma recolha em função da análise, onde estes dois parâmetros andam lado a lado. A recolha documental/construção dos instrumentos de recolha de dados foi sendo realizada à medida que o volume de informações ia aumentando e que o tipo de informações assim o exigia. A tabela de recolha de dados e de observação indireta não foi totalmente construída a priori, ela foi sofrendo alterações e adaptações ao longo do processo investigativo. Se se partiu de um conjunto de indicadores que serviram de base

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É importante relembrar que o estudo foi feito numa altura antes do nascer de novos panoramas a nível nacional da osteopatia e antes de existir a aprovação e consequente abertura de licenciaturas em osteopatia em Portugal.

ao primeiro esboço de tabela, à medida que se avançou na investigação e na análise prévia dos dados, o investigador foi sentido a necessidade de reformular e reconstruir o seu instrumento de recolha de dados.

As técnicas de recolha de dados mais frequentemente usadas no quadro da investigação naturalista, que se insere num Paradigma Construtivista/Interpretativo ou qualitativo, são as seguintes: pesquisa arquivística, a observação, a entrevista e o inquérito por questionário (Afonso, 2005).

Neste estudo, a técnica utilizada foi a pesquisa arquivística, que consiste num tipo de

design de estudo dentro da análise documental, na qual houve um grande foco de uma

forma muito clara e evidente no presente estudo.

A pesquisa arquivística resume-se na utilização de informação presente em documentos previamente organizados, com a intenção de adquirir dados importantes para responder às questões de investigação. Neste campo de ação, o investigador não tem necessidade de recolher e reunir a informação original. Desta forma, restringe-se simplesmente a examinar a informação que foi anteriormente estruturada com finalidades exclusivas, em geral, distintas dos objetos de pesquisa (Afonso, 2005).

Segundo Lee (2003, citado por Afonso, 2005),

Uma das grandes vantagens desta técnica de recolha de dados reside no facto de poder ser utilizada como metodologia não interferente, isto é, como uma abordagem não

reactiva em que os dados são obtidos por processos que não envolvem recolha directa de informação a partir dos sujeitos investigados [evitando] problemas causados pela presença do investigador. Como refere o mesmo autor, os dados recolhidos desta maneira evitam problemas de qualidade resultantes de as pessoas saberem que estão a ser estudadas, em consequência do que, muitas vezes, mudam o seu comportamento

(pp. 88-89).

Atendendo a que se está a definir o que é a pesquisa arquivística e as suas principais vantagens é igualmente essencial compreender qual é a natureza dos documentos a investigar. Assim, é importante perceber que na pesquisa arquivística ou documental (relembrando o que já foi dito anteriormente, esta pesquisa é um tipo de design de estudo, que se insere dentro da análise documental), no que se refere à natureza dos documentos a investigar, é necessário diferenciar entre documentos oficiais, documentos públicos e documentos privados. Sucintamente, segue-se uma pequena descrição sobre cada um deles.

Para Aires (2015), “os documentos oficiais (internos e externos) proporcionam informação sobre as organizações, a aplicação da autoridade, o poder das instituições educativas, estilos de liderança, forma de comunicação com os diferentes actores da comunidade educativa, etc” (p. 42). Por este motivo, os documentos oficiais podem-se encontrar nos arquivos das diferentes secções da administração pública, particularmente do Ministério da Educação, e formam um registo da atividade quotidiana da administração educacional, como por exemplo arquivos de expediente, processos de pessoal, de aquisição de bens e serviços, registos contabilísticos, propostas, pareceres, despachos, ordens de serviço, entre outros (Afonso, 2005). Ou seja, tudo o que seja legislação constitui um documento oficial. No que se refere a este estudo, um bom exemplo de um documento oficial utilizado foi o documento preparatório da União Europeia sobre os standards, que devem informar a formação e prática em Osteopatia ao nível europeu.

Relativamente aos documentos públicos, de acordo com Afonso (2005),

Na categoria dos documentos públicos inclui-se a imprensa, cujo estudo se reveste de um duplo interesse, podendo ser abordada quer como objecto de investigação quer como fonte de informação. Para além das notícias e artigos sobre educação e formação, são habitualmente relevantes as cartas ao director e a publicidade (pedidos de emprego, avisos de concursos de admissão de pessoal, anúncios de explicações, de cursos de formação, etc.) (p. 90).

É de salientar, que também se inclui nesta categoria dos documentos públicos, a documentação distribuída ou vendida, isto é, está relacionada com todo o tipo de informação publicitária ou de propaganda política, associativa ou sindical, assim como também de anuários, livros, designadamente os manuais escolares e as obras literárias, quando contêm documentos ou testemunhos de experiências pertinentes no que diz respeito à educação, à formação, à vida escolar ou à política e administração de educação (Afonso, 2005). Assim, é possível perceber que tudo o que sejam regulamentos internos, sites, planos de estudo, entre outros constituem documentos públicos. No caso específico deste estudo, temos como documentos públicos por exemplo, os sites, os planos de estudo/conteúdos programáticos de algumas instituições, o General Osteopathic Council (GOsC) e o Quality Assurance Agency (QAA).

Os documentos privados são geralmente de acesso mais limitado, nos quais se incluem os arquivos de empresas, escolas particulares, partidos políticos, sindicatos, associações científicas ou profissionais, movimentos pedagógicos, entre outros (Afonso, 2005).

Para Afonso (2005),

Um tipo especial de arquivos privados são os arquivos de sondagens e inquéritos públicos, conduzidos pelas empresas especializadas para órgãos de comunicação social ou para empresas de marketing, contendo informação relevante sobre tendências da opinião pública a respeito de questões gerais ou específicas, nomeadamente de política educativa (p. 90).

É no âmbito da documentação privada que aparecem os documentos pessoais. Segundo Aires (2015), “os documentos pessoais integram as narrações produzidas pelos sujeitos que descrevem as suas próprias acções, experiências, crenças, etc” (p. 42).

Segundo Lee (2003, citado por Afonso, 2005),

O desenvolvimento da Internet e da World Wide Web tem vindo a alargar sensivelmente o campo de actuação da pesquisa arquivística, numa lógica “não interferente”, em que é possível estudar atitudes, representações e comportamentos, identificando estratégias e lógicas de acção, através, por exemplo, dos conteúdos das páginas web, e dos registos de navegação dos respectivos visitantes (p. 91).

É importante referir, que para além de todos os materiais usados neste estudo, mencionados anteriormente (nos documentos oficiais e nos documentos públicos) existiram, também, vários livros consultados em diversos idiomas (tais como Português, Inglês e Espanhol).

Em modo de conclusão e como redige Afonso (2005),

A recolha de dados constitui apenas a fase inicial do trabalho empírico. A efectiva concretização da finalidade da pesquisa (a produção de conhecimento científico) decorre com a organização e tratamento desses dados, tarefas mais exigentes e complexas que a recolha de informação (p. 111).