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Parte II – Estudo Empírico

1. Opções metodológicas

1.2. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Segundo Rojas (1989), as técnicas de recolha de informação são ferramentas, instrumentos e procedimentos que possibilitam ao investigador reunir, encontrar, recolher ou construir a informação empírica necessária para responder ao problema.

Assim, e considerando as características do estudo, foram utilizadas diferentes técnicas e instrumentos de pesquisa.

As técnicas utilizadas foram a análise documental, que se caracteriza por ser um processo que envolve a seleção, tratamento e interpretação da informação existente em diferentes tipos de documentos, com a finalidade de gerar um novo documento (Carmo & Ferreira, 2008), a observação participante “que consiste na recolha de informação, de modo sistemático, através do contacto directo com situações específicas” (Aires, 2015, p. 24-25) e o grupo focal que:

Es un espacio de intercambio y confrontación organizado por el investigador a partir de la selección de una temática de interés presentada a través de disparadores que muestren la problemática: textos, películas, casos problemas. No es espontáneo sino que es una situación que crea el investigador. (…) Se utiliza principalmente para investigar temas controvertidos que necesitan de la confrontación para analizar sus razones y posibles soluciones. (Sagastizabal & Perlo, 2006, p. 22)

A informação recolhida, através dos instrumentos qualitativos foi sujeita a uma análise de conteúdo temática.

Segundo diferentes autores, este tipo de análise tem sido sugerida como uma ferramenta de pesquisa útil e flexível que permite obter uma análise rica e detalhada (Braun & Clarke, 2006; Minayo, 2010).

Para Babbie (2001, p. 304) é o "study of recorded human communications". É "essentially a coding operation" que transforma os “raw data into a standardized form" (idem, p. 309).

Sparker (2005) refere, ainda, que a análise de conteúdo temática tem como principal objetivo reduzir e interpretar os dados recolhidos, dividindo o texto em unidades relativamente pequenas de conteúdo e submetendo-as a um tratamento analítico e descritivo, ou seja, este é o tipo de análise cujos dados recolhidos são categorizados de modo a descrever e analisar o fenómeno em estudo (Insch, Moore, & Murphy, 1997; Minayo, 2010; Sparker, 2005).

As categorias são “rubricas significativas, em função das quais o conteúdo será classificado” (Grawistz, 1993, cit. in Carmo & Ferreira, 2008, p. 255) e podem ser definidas “a priori ou a posteriori” (Carmo & Ferreira, 2008, p. 255), de acordo com os objetivos definidos.

No nosso estudo e, à semelhança do estudo de Fonseca (2017), realizamos a análise de categorização que consiste na redução de dados por meio de codificação e organização temática. Esta técnica de investigação permite “tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo graus de profundidade e de complexidade” (Quivy & Campenhout, 2003 p. 227). As categorias foram definidas a posteriori, uma vez que dada a natureza do estudo e objetivos acreditamos ser o procedimento mais adequado.

Os instrumentos privilegiados para registar os dados foram: o diário de bordo (db), que consiste na anotação textual das “conversas dos actores observados. Estes relatos descritivos vão constituir a informação sobre o local no qual evoluem os actores, bem como a sua percepção da situação que eles vivem, das suas expectativas e das suas necessidades” (Lessard-Hébert, Goyette, & Boutin, 2008, p. 158). Adicionalmente, durante esta fase foram recolhidas notas de campo (nc) que permitiram documentar e registar o que “o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 150). Foi, igualmente, utilizado diferente material didático nas sessões de acordo com o tema a desenvolver em cada uma delas.

Por fim, foram aplicados dois inquéritos por questionário23,24. Segundo Rojas

(1989, p. 139), o inquérito por questionário “(…) permite obtener información empírica sobre determinadas variables que quieren investigarse para hacer un análisis descriptivo de los problemas o fenómenos”; por outras palavras, são usados para obter informações sobre o que as pessoas fazem, pensam, sabem, sentem ou querem.

(…) En ellos se presentan datos generales como: sexo, edad, ocupación escolaridad, nivel de ingresos, entre otros; y las preguntas que exploran el tema que se indaga, las cuales pueden ser abiertas y/o cerradas, dependiendo del objeto de estudio y de los propósitos de la investigación. (Rojas, 1989, p. 140) Existem, contudo, algumas recomendações na elaboração do seu guião, nomeadamente:

 As questões devem ser claras, simples, compreensíveis e precisas;

 A linguagem utilizada nas questões deve ser adaptada às características dos participantes, por isso, há que ter em conta o seu nível educativo e socioeconómico;

 As questões formuladas não devem pressupor uma resposta específica ou induzir o participante a responder de determinada maneira;

 O questionário deve ser constituído por questões abertas, fechadas ou dicotómicas;

 O questionário não deve ser iniciado com perguntas diretas de carácter pessoal; deve-se incluir perguntas neutras no início de forma a incentivar a participação;

 As questões devem ser apresentadas de forma atrativa e profissional;

 O questionário deve ter espaço suficiente para os participantes escreverem, no caso das questões abertas, porém, não deve ser extenso de modo a que

23 Anexo 1.

seja preenchido na totalidade (Blaxter, Hughes, & Tight, 2001; Hernández, Fernández, & Baptista, 2014).

Além disso, deve-se admitir que, como instrumento de recolha de informações, os questionários apresentam vantagens e limitações. As vantagens mais significativas são o facto de: (i) as respostas serem recolhidas de forma padronizada, tornando-se mais fácil comparar e interpretar os seus dados; (ii) permitir generalizar os dados a um determinado grupo ou a um subgrupo; (iii) geralmente, economizar tempo, isto porque o questionário permite ser aplicado a um elevado número de pessoas num curto espaço de tempo; (iv) facilitar a confidencialidade, potenciando desta forma a sinceridade dos participantes (Kirakowski, 1997; Quivy & Campebhoudt, 2003). Por outro lado, o questionário apresenta algumas limitações: (i) é difícil ser construído; (ii) tem menos profundidade que a entrevista; (iii) pode ser respondido superficialmente, sobretudo se o questionário for muito longo; (iv) existe mais probabilidade de os participantes serem impulsivos nas suas respostas; (v) é difícil ser respondido por indivíduos com menor nível cultural; (vi) o contexto intervém nas suas respostas e, (vii) normalmente tem um custo elevado associado (Barros, 1994; Kirakowski, 1997; Tuckman, 2002).

Apesar das limitações identificadas, o inquérito por questionário revelou-se um instrumento fundamental na recolha de dados.

Deste modo, a análise de dados quantitativos realizou-se com o auxílio do software IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), 22ª versão. Por conseguinte, realizamos análises descritivas tendo sido utlizadas tabelas de frequência e medidas descritivas, como a média e o desvio-padrão. Nenhum dos resultados se revelou estatisticamente significativo.

Tendo em conta os aspetos elencados anteriormente, foram aplicados dois questionários de autopreenchimento, com questões dicotómicas, fechadas e abertas (estas últimas apenas no segundo questionário), e linguagem adequada às características dos participantes.