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CAPÍTULO 3 – GUCCRA – Técnicas de Leitura para Construção de Modelos de Casos de

3.2. As Técnicas de Leitura GUCCRA

A definição das técnicas de leitura propostas neste trabalho foi baseada em outras duas técnicas: a PBR-Usuário [Basili et al., 1998] e a ER1, que é uma das técnicas das OORTs/ProDes [Marucci, 2002a]. A motivação para definição dessas técnicas veio do seguinte fato: por um lado, tinha-se a PBR-Usuário que utilizava o Modelo de Casos de Uso como modelo de suporte para fazer a inspeção no Documento de Requisitos. Esse modelo, se bem elaborado durante a atividade de inspeção, poderia ser uma versão inicial para a etapa seguinte, de modelagem. Por outro lado, tinha-se a técnica ER1 que foi definida para fazer a validação de um Modelo de Casos de Uso em comparação com o Documento de Requisitos que deu origem a ele. No entanto, em ambos os casos, não havia diretrizes a serem seguidas para que o Modelo de Casos de Uso elaborado durante uma aplicação da PBR-Usuário pudesse ser efetivamente o modelo inicial do sistema, nem para que um Modelo de Casos de Uso que precisasse passar por uma atividade de validação em relação ao Documento de Requisitos estivesse numa versão tal que a quantidade de discrepâncias observadas fosse a menor possível para que o tempo de desenvolvimento fosse otimizado.

Capítulo 3 – GUCCRA – Técnicas de Leitura para Construção de Modelo de Casos de Uso e Análise do Documento de

Requisitos 36

Assim, o objetivo das técnicas GUCCRA foi agregar em uma mesma atividade – a atividade de construção de Modelos de Casos de Uso – diretrizes para sistematizar a construção desses modelos e, embutido nessas diretrizes, instruções para inspecionar o Documento de Requisitos de tal forma que defeitos fossem detectados à medida que o Modelo de Casos de Uso fosse construído.

Como o foco principal foi no Modelo de Casos de Uso (sua construção) e a técnica ER1 também possuía esse mesmo foco, isto é, o Modelo de Casos de Uso, com a intenção de validá-lo, essa técnica se apresentava num formato mais apropriado, como ponto de partida, para o que se desejava. Além disso, o próprio estilo de redação dessa técnica era muito mais procedimental (algorítmico) e sistemático do que o da PBR-Usuário. Inclusive alguns passos da ER1 puderam ser aproveitados na redação da GUCCRA. Tomadas essas decisões, as técnicas GUCCRA foram redigidas, possuindo uma apresentação e um formato similar ao da ER1, sendo divididas em etapas, compostas de passos. Elas abordaram, no seu conteúdo, o máximo possível tanto da ER1, transformando em diretrizes, muitos aspectos que eram utilizados para avaliar um Modelo de Casos de Uso depois de pronto, quanto da PBR-Usuário, transformando também em diretrizes as questões que compõem essa técnica, a fim de instruir o projetista a relatar os defeitos do Documento de Requisitos que impossibilitavam ou atrapalhavam a construção dos Modelos de Casos de Uso.

Ressalta-se que a aplicação das técnicas GUCCRA não possibilita a exclusão da atividade de inspeção no Documento de Requisitos. No entanto, caso o Documento de Requisitos não tenha sido inspecionado anteriormente, é possível, durante a modelagem dos requisitos com as técnicas GUCCRA, a realização de uma inspeção sob o ponto de vista do usuário. Porém, o resultado dessa atividade pode vir a ser mais onerosa, conforme será observado durante este capítulo.

Dessa forma, em relação às famílias de técnicas de leitura mencionadas no Capítulo 2, as técnicas GUCCRA incorporam em seus procedimentos as atividades dos dois ramos principais, isto é, o ramo de construção e o de análise. Na Figura 3.1 reapresenta-se a Figura 2.11 com a inserção das técnicas GUCCRA.

Figura 3.1.Família de Técnicas de Leituras com representação das técnicas GUCCRA (adaptado de [Basili et al., 1996a])

Observando-se a Figura 3.1, as leituras que compõem as técnicas GUCCRA são a AGRT – Actor Goal Reading Technique, que tem por objetivo identificar os atores e seus objetivos e a UCRT – Use Case Reading Technique, que tem por objetivo construir os casos de uso e suas especificações. Essas técnicas devem ser aplicadas conforme mostra a Figura 3.2.

Figura 3.2.Ordem de aplicação das técnicas GUCCRA

Como pode ser observado na Figura 3.2, a primeira técnica a ser aplicada é a AGRT. A entrada para essa técnica é o Documento de Requisitos (o qual pode ter sido inspecionado ou não), o qual deve estar no padrão IEEE [IEEE, 1998] ou possuir, ao menos, seções equivalentes

SPACE SOLUTION Maintenanc Reading Construction Analysis Reuse

DetectionDefect Usability

Test Plan

Design Code

White Box

Framework Black Box Framework

Design Requirements Code Use r

Interface

SCR English Screen Shot

Scope-based Defect-based Perspective- based Usability-based

System

Wide Oriented OmissionAmbiguity Inconsistent IncorrectDeveloper Tester UserExpert Novice Error

Technology Family General Goal Specific Goal Document (artifact) Notation Form Technique PROBLEM SPACE OO Diagrams OORTs Horizontal Vertical Project Source Code

RequirementsOO Process

GUCCRA

UML Diagrams

Task AGRT UCRT

English

Modeling

OORTs/ProDeS Horizontal Vertical

AGRT

1. Para cada Requisito... A. Leia o requisito...

UCRT

1. Utilize o Formulário...

A. Para cada objetivo...

Formulário Ator x Objetivo

Template UC SpecificationFormulário de Especificação de Casos de Uso entrada entrada UCRT – Relatório de Discrepância AGRT – Relatório de Discrepância Documento de Requisitos

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às seções Definições, Funções do Produto, Características do Usuário, Requisitos Funcionais e Requisitos Não-Funcionais desse padrão. Essa técnica gera como saída o Formulário Ator X Objetivo e o Relatório de Discrepâncias decorrente da aplicação dos seus passos, sendo o Documento de Requisitos entrada para a técnica UCRT. Esta, por sua vez, gera como saída o Modelo de Casos de Uso e outro Relatório de Discrepâncias contendo as discrepâncias decorrentes da mesma.. Essa forma de aplicação das técnicas foi utilizada no experimento que será apresentado no Capítulo 4, mas na Seção 3.5 comenta-se uma outra estratégia de aplicação das mesmas.