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3.a) Técnicas Naturais de Construção

No documento O CAMINHO DA ARQUITETURA SAUDÁVEL (páginas 80-83)

Seguem as principais técnicas naturais de construção. Antes, é bom deixar registrado que, dependendo da localidade onde são concebidas essas técnicas, podem ocorrer pequenas variações nas proporções dos materiais e também no modo como são preparados. São as seguintes:

1. Adobe 6. Fardo de Palha 2. Superadobe 7. Taipa de Pilão

3. Tijolo Solo Cimento 8. Telado Verde (ou telhado vivo) 4. Taipa Leve 9. Madeira

5. Cob 10. Bambu

3 a. 1) Adobe

É uma técnica que usa tijolos de barro, geralmente com a terra sendo extraída do local da construção. Para saber se a qualidade da terra resultará em um bom adobe, precisamos ter em mente o seguinte: se a cor da terra for muito escura, quase negra, ou se for muito clara, quase branca, não servem pra adobe. Se for vermelha ou castanha, é um bom sinal pois é uma terra que tem ferro (mineral) e já vem com uma boa proporção de argila (entre 20 e 30%), sendo que esta parte da terra é a responsável pela liga com a areia, dando a resistência à compressão que o tijolo precisa. Afinal, existe a areia que já vem com a terra, mas geralmente sua proporção é menor em relação aos outros componentes da terra. Daí a necessidade de se adicionar mais areia à mistura do Adobe. Agora, se a terra for de cor amarelo-claro, é melhor ainda para o adobe.

O livro “Manual do Arquiteto Descalço”, do autor holandês Johan Van Lengen, diz que: “... sabemos que a terra é pobre ou rica, de acordo com a

proporção existente entre argila e areia... se a quantidade de areia for igual, ou até duas vezes a quantidade de argila na própria terra, esta é boa pra construir e não será preciso adicionar areia nem argila à mistura.... se for possível, deve-se juntar esterco de cavalo ou de burro com a terra, misturando- a também com palha quebrada e água. Depois disso, deixar pra secar os tijolos. O esterco aumenta bastante a resistência do adobe, tanto à umidade como o desgaste devido ao tempo, além de evitar que cupins e barbeiros penetrem nas paredes de terra.

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No lugar de onde se tiraram as melhores amostras de terra, deve- se, pela sequência:

a) escavar a terra;

b) cobrir a terra amontoada com a palha durante alguns dias; c) jogar por cima uma pá de areia e duas de pó de esterco;

d) retirar um ou dois carrinhos de mão, acrescentar água e misturar; e) pisar com os pés descalços para misturar muito bem.

Depois de feitos, os adobes não devem secar rápido demais sob o Sol. Se não puderem secar à sombra, será preciso cobri-los com folhas. De vez em quando deve-se molha-los. Quando estiverem endurecidos, coloca-los em fileiras abertas para arejar. Devem ficar assim por uns 15 dias....”

Para se instalar portas e janelas nas paredes de adobe, deve-se deixar a forma dos tijolos à mostra nos pontos de junção entre o tijolo e as portas (ou janelas), para haver contato da madeira da forma com os encaixes das esquadrias. É recomendável reforçar as esquinas das paredes de adobe com tijolos de barro cozido, para evitar que os cantos se quebrem.

A fundação e a base de uma parede de adobe podem ser feitas de pedra com cimento, ou com um superadobe (técnica a ser melhor explicada) com areia e cimento. Nesse primeiro caso (pedra com cimento), recomenda-se colocar uma camada grossa de piche no topo da fundação, e depois começar com a primeira camada de adobe por cima do piche. Isso evita a umidade entrar nos tijolos de adobe e enfraquecer a parede. A fundação possui,

aproximadamente, 30 cm abaixo do solo. Para se impermeabilizar paredes de terra, o óleo de linhaça é bastante recomendável.

Adobe = barro + palha + areia ou argila (se precisar) + esterco + água.

ADOBE (fundação de superadobe)

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3 a. 2) Superadobe

Utiliza terra (nem muito seca, nem muito úmida) e sacos de ráfia para se constituir paredes, mas também, no lugar da terra, pode se fazer com areia. As três primeiras camadas constituem a fundação (não é necessário cavar o solo), sendo elas sacos com cimento e areia para dar melhor

sustentabilidade a parede que vai crescer. A partir da quarta camada, coloca- se terra nos sacos de ráfia com o auxílio de um tubo com boa largura (entre 30 e 50 cm). Na medida em que a parede vai subindo, coloca-se, a cada 3

camadas, uma fiada de arame, sendo este material importante para garantir uma melhor fixação entre elas (funciona como um vergalhão). No caso da construção de uma cúpula em superadobe, deve-se colocar essa fiada de arame entre cada camada. Após botar a terra nos sacos de ráfia, compactá-la na parte de cima e nas laterais.

Proporciona, assim como o adobe, excelente conforto térmico para seus usuários. Uma possibilidade que se tem, para caixilho, é o uso de

manilhas de concreto, usadas em tubulações de esgoto ou água pluvial, já que ela aguenta o peso das camadas de terra que virão por cima. Para caixilho, também pode-se usar um outro material que resista bem a compressão. Já, em cima das portas, é recomendável um saco com cimento e areia (após

escorado) para evitar que parte da camada de terra acima da porta “crie barriga”. Ou no lugar desse saco de cimento pode-se colocar uma madeira de alta resistência a compressão. Em função da superfície irregular deste tipo de parede, após a instalação das portas e caixilhos, ficarão pequenos espaços vazios entre a parede e o caixilho, que deverão ser preenchidos com reboco. Este, por sua vez, deve ser colocado após se tirar os sacos de ráfia da parede. E antes das paredes receberem o madeiramento (a base é um simples apoio nas paredes) do telhado, deve-se jogar areia e cimento em cima da última camada de sacos com terra (tirando os sacos primeiro).

Esta técnica é recomendada a ser usada em solos de países

suscetíveis a abalos sísmicos, por ter uma parede “maleável”, digamos assim.

SUPERADOBE - Ecocentro IPEC

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No documento O CAMINHO DA ARQUITETURA SAUDÁVEL (páginas 80-83)