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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 Técnicas para análise dos Dados

Como uma das técnicas de organização e análise dos dados optou-se pelo emprego da Análise de Conteúdo. Segundo Bardin (2009), referida técnica utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo empírico que possibilitam a análise das comunicações, proporcionando inferências sobre as condições de produção do conteúdo e os sentidos que os emissores exteriorizam em seu discurso. Esta técnica procedeu toda a organização de ideias e sistematizou as informações coletadas desde a primeira etapa deste trabalho. Sua operacionalização foi feita a partir das etapas indicadas por Bardin (2009):

i) pré-análise: a primeira etapa foi caracterizada pela transcrição das entrevistas e pela realização de leitura geral do conjunto de informações (tanto quantitativas quanto qualitativas) para identificação das informações auferidas;

ii) exploração do material: em seguida, foi promovida a codificação das informações em duas fases: o recorte, que diz respeito à organização dos dados por núcleos de sentido, e a agregação e classificação, nas quais se definiram as escolhas das categorias eixo. Foram feitos recortes de pesquisa diante dos dados julgados mais importantes, e essas separações foram parte das categorias de análise. Os dados brutos foram alocados em unidades de significação;

iii) tratamento dos resultados, inferência e interpretação: na terceira etapa, foram criadas as categorias analíticas, as quais propiciaram elementos de comparação e possibilitaram as inferências necessárias ao trabalho científico.

A partir do quadro teórico de análise definido para esta pesquisa identificaram-se duas categorias eixo, das quais derivaram as demais categorias analíticas. Essas categorias-eixo foram referências para a coleta de dados e para a exploração do material empírico coletado. A seguir (Quadro 6) são apresentados as categorias e os interesses sobre elas, indicando algumas questões que foram exploradas a partir delas.

Quadro 6 – Categorias eixo, definições, categorias analíticas e questões norteadoras

Categorias Eixo Definição Categorias Analíticas Questões Norteadoras

Grupo de Atores

Especificação dos atores participantes e de seus respectivos papéis e ações no processo de implementação do Programa.

Origem do Ator De qual grupo provém?

Papel e Posição Quais são suas atribuições e responsabilidades?

Relações entre os implementadores

Análise da natureza e do conteúdo sociopolítico das relações, e caracterização das propriedades relacionais observadas entorno do PMCMV-E.

Natureza das relações

Como as relações entre os atores foram constituídas?

Você confia nessa

organização? Por que? Posições dos atores Que ator fez prevalecer a

sua decisão? Fonte: Elaboração própria (2017).

Destaca-se que essas categorias podem ser definidas conforme a grade de análise escolhida: aberta, fechada e mista (BARDIN, 2009). Para responder os objetivos propostos neste trabalho, considerando a contribuição dos diferentes autores utilizados, empregou-se a grande mista, que resultou em parte da revisão anterior de literatura, como também das informações coletadas após o trabalho de campo.

3.3.2 Análise de Redes Sociais

Para representar a arquitetura das dinâmicas relacionais foi empregada a perspectiva da Análise de Redes Sociais, a qual disponibiliza indicadores que permitem apresentar a configuração reticular entre os atores (LAZEGA; HIGGINS, 2014). A operacionalização da ARS permitiu, inicialmente, a caracterização, em nível global, das interações entre os agentes envolvidos na execução das ações relacionadas ao PMCMV-E. Assim, foi possível medir o número total de agentes, de conexões e a densidade da rede. Posteriormente, no nível posicional, a análise incidiu sobre as propriedades relacionais dos diversos agentes envolvidos neste processo. O indicador utilizado foi a Centralidade de grau. No Quadro 7, são apresentadas as medidas de rede utilizadas e sua importância para a pesquisa.

Quadro 7– Medidas de rede utilizadas e importância para a pesquisa Medida

de rede Descrição Importância para a pesquisa

T

a

ma

nh

o

Refere-se ao número de atores que integram uma rede.

Além dos agentes já previstos na legislação, o processo de implementação de uma política pública é caracterizado pela influência de outros atores que surgem a partir das especificidades de cada contexto.

Assim, apresentar os variados agentes que influenciaram esse processo é um elemento importante para a pesquisa.

Co

nec

tivi

dade

Uma rede é considerada conectada se existe um caminho entre qualquer par de nós dessa rede que possibilita que recursos sejam mobilizados entre qualquer par de atores. Por outro lado, uma rede fragmentada é formada por vários subgrupos não conectados entre si.

A fragmentação reduz o acesso dos atores entre os subgrupos, necessário para alavancar recursos e informações em um processo que se desenha interativo e com responsabilidades compartilhadas pelos normativos.

De

nsi

d

a

de Descreve o nível geral de conexão entre os membros de uma rede. É calculada a partir da

proporção de relações existentes em relação às potencialmente presentes, se cada indivíduo possuísse relações com todos os outros.

Alta densidade: permite um fluxo mais livre de recursos, podendo favorecer o processo de aprendizagem e fortalecer a sinergia na implementação do PMCMV-E.

Uma baixa densidade pode representar fracas relações de socialização entre os membros, reduzindo processos colaborativos.

Ce

ntra

lidade

Diz respeito à localização do ator na rede em relação aos demais identificados. Atores centrais tendem a ser fortemente ligados entre si, enquanto atores da periferia apenas estão conectados com os centrais, mas não com outros periféricos.

Neste trabalho empregou-se a Centralidade de Grau, que consiste em calcular o número de arcos incidentes no ator ou o número de nodos com os quais possui adjacência;

Esta característica tem implicações tanto para o acesso, quanto para a difusão de diversos recursos. Atores centrais podem agir, colaborativamente, de duas maneiras: como pontes, trazendo informações, conhecimentos, percepções e inovações; e como núcleos de comunicação, disseminando esses recursos disponíveis.

Fonte: elaboração própria a partir de Borgatti et al. (2002); Scott (2009); Wasserman e Faust (2009); Lazega e Higgins (2014); Burgos (2014).

Para o tratamento dos dados relacionais foram utilizados os softwares UCINET e NetDraw, os quais permitem identificar e representar os atributos estruturais das relações analisadas (BORGATTI, 2005). Com base nas informações relacionais, os referidos softwares possibilitam a visualização de uma série de indicadores e a construção dos respectivos gráficos, apresentando as características de suas interações, as posições dos atores e os elos que os unem.

4. O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA E A MODALIDADE ENTIDADES