• Nenhum resultado encontrado

TÓPICOS JURISPRUDENCIAIS

No documento O direito sucessório de herdeiro preterido (páginas 47-51)

Após pesquisa realizada, colacionam-se do Supremo Tribunal de Justiça, decisões acerca da anulabilidade e nulidade da partilha.

É do referido pretório, sobre a prescrição para anular a partilha96:

PROCESSUAL CIVIL. INCLUSÃO. PÓLO PASSIVO. POSTERIOR. CITAÇÃO.POSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. REEXAME DE PROVAS.SÚMULA 7-STJ. CIVIL. PARTILHA. NULIDADE. HERDEIRO PRETERIDO. PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA. ADOÇÃO. CÓDIGO CIVIL. ÉPOCA ANTERIOR. ATUAL CONSTITUIÇÃO. MORTE. DE CUJUS. SUCESSÃO. ABERTURA. ÉPOCA POSTERIOR (1989).

ADOTADO. FILHOS DO CASAMENTO. DISCRIMINAÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE.

1 - Não viola os arts. 264 e 294, ambos do CPC a inclusão no pólo passivo da demanda de maridos e esposas dos primitivos réus, posteriormente à citação destes, porquanto não efetivada nenhuma alteração na causa de pedir ou no pedido, restando incólume a estabilidade da causa.

2 - Segundo iterativos precedentes das Turmas especializadas em direito privado desta Corte a prescrição para anular partilha, onde preterido herdeiro necessário, é a vintenária.

3 - Aferir se há ilegitimidade passiva ad causam demanda revolvimento de aspectos fático-probatórios, vedados pela súmula 7-STJ. Precedentes do STJ.

4 - Ocorrida a morte da autora da herança em 1989, quando já em vigor o art. 227, § 6º, da Constituição Federal, vedando qualquer tipo de discriminação entre os filhos havidos ou não do casamento, ou os adotivos, a recorrida, ainda que adotada em 1980, tem direito de concorrer aos bens deixados pela falecida, em igualdade de condições com os outros filhos, prevalecendo, nesse caso, os arts. 1572 e 1577, ambos do Código Civil de 1916.

5 - Recurso especial não conhecido

96

STJ, REsp 260079 / SP. RECURSO ESPECIAL de Relatoria do Ministro FERNANDO GONÇALVES. QUARTA TURMA.Data do Julgamento 17/05/2005 Data da Publicação/FonteDJ 20/06/2005 p. 288. LEXSTJ vol. 191 p. 72

Portanto, denota-se a aplicação da prescrição vintenária, tendo em vista a aplicação da Legislação aplicada à época, em vigência o Código Civil pretérito, o de 1.916.

Sobre a nulidade, assim tem se pronunciado a mesma casa97:

INVENTÁRIO. ADJUDICAÇÃO. NULIDADE. HERDEIRO PRETERIDO. PRESCRIÇÃO.

NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL.

- Somente se justifica a nomeação de Curador Especial quando colidentes os interesses dos incapazes e os de seu representante legal. Precedentes do STJ.

- "É de vinte anos o prazo da prescrição da ação de nulidade do herdeiro que não foi parte no ato de partilha" (REsp nº 45.693-2/SP).

Recurso especial não conhecido.

Ao que se depreende, considera correr prescrição, mesmo que nula a partilha por preterir herdeiro.

Sobre a distinção dos institutos, tem assim se pronunciado o mesmo Tribunal98:

Ação de nulidade de partilha. Prazo. Segundo o acórdão estadual, (I)"O herdeiro que não participou do inventário dispõe de ações vintenárias de nulidade de partilha e de petição de herança. É inaplicável o prazo de decadência de um ano previsto no artigo 178, parágrafo 6º, V, do CC" e (II) "O herdeiro preterido, que não participou do inventário, não está sujeito à eficácia de coisa julgada da sentença de partilha judicial, podendo promover a ação vintenária de nulidade de partilha (CPC, artigos 472 e 1.030, III)". Na jurisprudência do Superior Tribunal ver os REsp's 68.644 (DJ de 22.04.97) e 140.369 (DJ de 16.11.98). Súmula 343/STF. Inaplicabilidade. Falta de prequestionamento (Súmulas 282 e 356/STF). Agravo regimental desprovido.

Portanto, afigura-se incontroverso que o Supremo Tribunal de Justiça adota entendimento que corre prescrição para a partilha nula, devendo ser atendido o prazo vintenário para os casos sob a égide do Código Civil pretérito, em seu art. 177. Já sob a vigência deste Código, o prazo é decenal, conforme o art. 205.

97

STJ, REsp 114310 / SP.RECURSO ESPECIAL de Relatoria do Ministro BARROS MONTEIRO. QUARTA TURMA.Data do Julgamento 17/10/2002. Data da Publicação/Fonte DJ 17/02/2003 p. 280. 98

STJ, AgRg no Ag 242909 / RJ.AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO de Relatoria do Ministro NILSON NAVES. TERCEIRA TURMA.Data do Julgamento 10/12/1999 .Data da Publicação/FonteDJ 17/04/2000 p. 63.

5 CONCLUSÃO

Após a pesquisa efetuada, concluiu-se que, em razão do efeito produzido pela sentença reconhecedora, a qual evidencia a capacidade sucessória ao herdeiro até então preterido, torna nula a sentença homologatória da partilha em que se preteriu o herdeiro, sendo nulos todos os seus efeitos. Deverá este demandar judicialmente para adentrar nos bens adquiridos pela Sucessão, seja pela petição de herança, seja pela ação rescisória, devendo-se observar os óbices à cada espécie.

No que concerne à partilha anulável, sobre aquelas que impõem a condição de rescinbilidade, notou-se que se submetem à prescrição elencada no art. 205 do Código Civil e seguintes.

Sobre a partilha nula, muito embora não deva gerar efeitos, têm entendido nossos Tribunais pela prescrição da pretensão, nos casos da petição de herança.

Acerca da posse exercida pelos herdeiros, inferiu-se que por exercerem composse, por força legal da indivisibilidade, poderão se utilizar da proteção possessória uns face aos outros, desde que configurado o esbulho ou turbação. No entanto, a medida alcançará somente a proporção de seus quinhões.

Sobre a titularidade transferida aos herdeiros, viu-se que pode ser resolvida, e entendeu-se que se aplicará o que instituído por propriedade resolúvel, ou seja, observar-se-á a condição da aquisição daquele que titula na oportunidade o bem que afetado pela nulidade da partilha. Tendo sido este adquirido antes da condição resolutiva, ou seja, da nulidade da partilha, configurada a boa-fé deste titulado, o mesmo deverá restituir o bem nas condições em que recebeu quando da sua transmissão, ficando para si os frutos; já no caso de ser titulado após a implementação da condição superveniente (a nulidade da partilha) e, sendo esta de seu conhecimento, configurará sua má-fé e deverá entregar o bem e todos os seus frutos, tudo em atendimento à vedação do enriquecimento sem causa.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Francisco de Paula Lacerda. apud RIZZARDO, Arnaldo. Sucessões, Rio de Janeiro: Edições Livraria Cruz Coutinho, 1915.

BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Coisas, v.1. Livraria e Editora Freitas Bastos: Rio de Janeiro, 1941.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 4: direito das coisas, direito autoral / Fábio Ulhoa Coelho. – 3 ed. – São Paulo: Saraiva, 2010.

DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 13. ed. rev.aum. e atual. de acordo com a reforma do CPC e com o projeto e Lei n. 276/2007, - São Paulo: Saraiva, 2008.

FADEL, Sérgio Sahione. Código de Processo Civil Comentado: arts. 1º a 1.220 / Sérgio Sahione Fadel; atualizado por J.E.Carreira Alvim. – 7ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2004.

GOMES, Orlando. Sucessões. Rio de Janeiro: Forense, 2001.

MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das coisas. – 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Lumens, 2008.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das sucessões, v. 6 / Washington de Barros Monteiro. – 36. Ed. Ver. atual. por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. – São Paulo: Saraiva, 2008.

OLIVEIRA, Euclides Benedito de. Inventários e partilhas: direitos das sucessões: teoria e prática/ Euclides Benedito de Oliveira , Sebastião Luiz Amorim. –19 ed. rev. atual. em face do novo Código Civil - São Paulo: Liv. e Ed. Universitária do Direito, 2005

PASSOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. Florianópolis: OAB/SC, 1999.

RIZZARDO, Arnaldo, Direito das Coisas: lei 10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

______, Arnaldo, 1942. Direito das Sucessões: lei n. 10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. vol. 7, Editora Saraiva, 25 ed., 2002.

______, Silvio. Direito das Sucessões. 25. ed. Atualizada de acordo com o novo Código Civil ( Lei n. 10.406, de 10.01.2002, com a colaboração de Zeno Veloso – São Paulo: Saraiva, 2002.

SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 1o. vol., 5a. edição: Saraiva. São Paulo, 1977.

SENISE, Roberto Lisboa. Manual de direito civil, volume 5: direito de família e sucessões .4.ed. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Código de processo civil anotado. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2007.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

No documento O direito sucessório de herdeiro preterido (páginas 47-51)

Documentos relacionados