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O TABACO E O AMBIENTE

No documento PR Tarcila Kuhn Alves de Paula (páginas 57-61)

CAPÍTULO II HISTORICIDADE DO TABACO

2.7 O TABACO E O AMBIENTE

Já são comprovados os malefícios do tabaco tanto para o homem quanto para o ambiente. Segundo dados disponíveis no site do INCA, o desmatamento causado pela produção de tabaco corresponde à aproximadamento 5% do total desmatado nos países em desenvolvimento, isso significa também que para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é queimada (BRASIL, 2015). Com relação à este assunto, Boeira e Guivant afirmam:

cabe observar que toda queima de árvore gera poluição, que as queimadas – tradicionais entre os fumicultores – também reduzem a biodiversidade e que as matas nativas não são garantidas pelo reflorestamento. Técnicos da Souza Cruz informam que, em certas propriedades, agricultores derrubam árvores nativas para plantar espécies de rápido crescimento, podendo, assim, utilizá-las como combustível, ou mesmo vendê-las (BOEIRA; GUIVANT, 2009, p. 16).

Muitos estudos evidenciam a queima de árvores para que os fumicultores possam usá-las na estufa para a secagem do fumo. Com relação a este tema, é interessante se pensar a visão dos adolescentes, filhos e filhas de fumicultores e

fumicultoras, sobre os impactos ambientais causados pela fumicultura. O entrevistado #C, 2014 que o corte de árvores nativas foi proibido. As lenhas que usamos é o eucalipto, nós mesmos plantamos (#C, 2013). Ainda com relação ao desmatamento, o entrevistao #T, 2014, também comenta que a lenha para secagem do tabaco não pode ser de mata ciliar, tem que ser de eucalipto ou outra “lenha branca”, porque se for mata nativa o produtor pode até levar multa (#T, 2014).

Percebe-se que, ao menos conforme o relato de #C e #T, os filhos e filhas e fumicultores e fumicultoras tem conhecimento sobre questões ambientais, ao menos no que diz respeito do cultivo da mata ciliar. Porém, conforme alerta do INCA, 2015, além do desmatamento de florestas, a fumicultura é responsável também por outros impacto ambientais, como por exemplo a incêndios, poluição de do ar e das águas. Com relação a este tipo de poluição o entrevistado #H, comenta:

Um dos impactos ambientais causados pela fumicultura é a poluição dos rios por causa dos venenos. A empresa faz folhetos incentivando os produtores a não jogarem as embalagens de veneno em qualquer lugar, pois elas recolhem essas embalagens (#H, 2013).

Percebe-se que além do adolescente #H, 2013, estar atento aos impactos ambientais ele está atento também a ação da empresa com relação a estes impactos. No que diz respeito aos materiais impressos disponibilizados pela empresa aos produtores e produtoras de tabaco, pode-se afirmar que as revistas informativas do ano de 2011, 2012 e 2013 - ao menos de uma empresa - trazem informações sobre questões ambientais e também demonstram ações realizadas para preservação ambiental:

Com o objetivo de desenvolver um conjunto de procedimentos junto aos seus produtores integrados e disseminar práticas de uso e manejo do solo e da água voltados a sua conservação, a JTI está investindo em um amplo programa de conscientização, extensive aos 10,5 mil produtores integrados na Região Sul do Brasil. O Programa de Uso, Manejo e Conservação do Solo e da Água vai enfatizar a importância de práticas conservacionistas, como florestamento, cultivos de cobertura, cobertura morta, rotação de culturas, cultura de faixa, quebra de vento, cordão vegetado, adubação verde, adubação orgânica, calagem, preparo do solo e plantio do nível, distribuição adequada de estradas e caminhos, terraceamento, subsolagem e irrigação e drenagem (JTI, 2013, p.1).

A empresa demonstra fazer parcerias com os fumicultores para incentivá-los a terem práticas de conservação no uso e manejo do solo e da água, valorizando

práticas de preservação ambiental. Nota-se também que a empresa ressalta a importância do cuidado do ambiente:

A importância das florestas é muito maior do que o valor econômico qua atualmente atribuímos a elas. As florestas, em qualquer parte do planeta, foram fundamentais para que o ser humano sobrevivesse e evoluísse até os dias atuais (JTI, s/d).

Há minimamente uma preocupação por parte da empresa em fazer ações que visam conservar o ambiente, porém, há de se pensar também que estas empresas cumprem leis ambientais que nesse sentido é necessário também estabelecer uma forte divulgação de determinadas ações como aparato mercadológico.

De uma forma ou outra, não são apenas as empresas que estão preocupadas com a conservação do ambiente, percebe-se que o Estado têm um discurso de preservação ambiental muito presente, isso se torna explicito com algumas ações, como é o caso da campanha lançada pelo INCA, no ano de 2015, para o dia 29 de agosto, que corresponde ao dia do compate ao fumo. Segundo dados do site do INCA:

A campanha deste ano, que dá continuidade à estratégia iniciada no dia 31 de maio – Dia Mundial sem Tabaco –, aborda impacto socioambiental da indústria, com destaque (conceito e imagem central) para as questões que afetam o meio ambiente. É uma campanha de massa, com foco no público jovem e adulto (aproximadamente de 16 a 50 anos), de ambos os sexos, incluindo fumantes ou não. A opção por focar o público jovem parte da estratégia para prevenir a iniciação e a experimentação (que ocorre principalmente na faixa etária de adolescentes e jovens, aproximadamente entre 13 e 25 anos) (BRASIL, 2015).

Dessa forma, a campanha trás várias ações para a celebraçãoo do Dia Nacional de Combate ao Fumo, bem como algumas imagens que ajudam a divulgar a campanha através das redes sociais:

Figura 2 – Material da Campanha 29 de Agosto – Dia Nacional de Combate ao Fumo

Fonte: BRASIL, 2015.

A ideia da campanha deste ano é levar informação a população sobre o tabagismo e também sobre os impactos ambientais que a produçãoo de tabaco e o cigarro causam. Assim, percebe-se que o Estado não se ausenta do discurso de preservação ambiental e que isso chega até a base da produção.

No documento PR Tarcila Kuhn Alves de Paula (páginas 57-61)

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