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Até 2007, os procedimentos ambulatoriais e hospitalares ofertados pelo SUS estiveram dispostos em duas tabelas distintas. A duplicidade dessas tabelas para registro de um mesmo procedimento, que pode ser faturado na modalidade ambulatorial e hospitalar, com códigos e valores distintos para cada atendimento, inviabilizava a integração das bases de dados para análises e planejamento na gestão da saúde (ALEMÃO, 2012).

Iniciou-se então, um movimento para unificação da tabela e várias tentativas foram abortadas por motivos diversos. No entanto, a cada tentativa, foram alcançados novos estágios e o resultado constituiu arcabouço importante para a construção da Tabela Unificada (CARVALHO, 2002 apud ALEMÃO, 2012)

Considerando a necessidade de adequar a tabela de procedimentos para qualificar as informações e subsidiar as ações de planejamento, programação, regulação e avaliação em saúde, foi publicada a Portaria MS nº 321, de 8 de fevereiro de 2007, que instituiu

a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/Próteses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único de Saúde – SUS, e extinguiu, a partir da competência julho de 2007, as Tabelas de Procedimentos dos Sistemas de Informação Ambulatorial – SIA/SUS e do Sistema de Informação Hospitalar - SIH/SUS. A Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS passa a ser utilizada por todos os sistemas de informação da atenção à saúde do SUS e estará disponível no site www.saude.gov.br/sas (BRASIL, 2007, p. 1).

A Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS é um detalhamento de todos os serviços ambulatoriais e hospitalares contratados de prestadores privados e filantrópicos com o seu respectivo valor de pagamento pela União.

Esta tabela, também conhecida como Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde, Tabela Unificada do SUS ou Tabela SIGTAP, visa, não só unificar todos os procedimentos ambulatoriais e hospitalares, mas, também, oferecer subsídio aos gestores com informações relacionadas ao valor de remuneração ao profissional médico, compatível com o procedimento, entre outros.

Dornelles (2013) explica que na implantação da nova estrutura de tabela do SUS, unificando procedimentos ambulatoriais e hospitalares, as instituições passaram a ter maior acesso e esclarecimento a respeito do conjunto de regras do SUS. Acrescenta que, por meio do gerenciamento desta tabela, foi possível organizar os processos, documentos e registros de internação, além de buscar o efetivo ressarcimento dos procedimentos e ações realizados na assistência.

O Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP) é uma ferramenta online, também disponível para download em desktop para consulta de todos os procedimentos que podem ser realizados no âmbito ambulatorial e hospitalar e que compõem a Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde.

O SIGTAP é uma ferramenta de gestão que permite gerar relatórios e consulta de informações atualizadas, como: procedimento por grupo, subgrupo, forma de organização, código, nome, descrição, CID compatível, leito compatível, serviço/classificação, habilitação, incremento, modalidade de atendimento, complexidade do procedimento, tipo de financiamento, instrumento de registro, sexo compatível, média de permanência, quantidade máxima, idade permitida e atributos complementares. Além disso, é possível realizar o acompanhamento sistemático, inclusive, com série histórica das alterações realizadas a cada competência, detalhando os atributos de cada procedimento, compatibilidades e relacionamentos (BRASIL, 2016).

O procedimento a qual ela se refere é a ação (processo) executada pelo profissional de saúde.

Conforme descreve o Manual Técnico Operacional do SIGTAP (BRASIL, 2011) a Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS está organizada em quatro níveis de agregação:

1. GRUPO: É o primeiro nível de agregação da tabela. Em cada grupo estão agregados os procedimentos com características gerais semelhantes ou de acordo com a finalidade do atendimento a ser prestado aos usuários na rede do SUS.

2. SUBGRUPO: É o segundo nível de agregação da tabela. Nos subgrupos estão agregados os procedimentos por tipo e/ou área de atuação.

3. FORMA DE ORGANIZAÇÃO: É o terceiro nível de agregação da tabela. Os procedimentos estão agregados por diferentes critérios: Região anatômica; Sistemas do corpo humano; Especialidades; Tipo de exame; Tipo de órtese e prótese; e Tipo de cirurgias, entre outros.

4 PROCEDIMENTO: É o maior nível de desagregação da tabela ou quarto nível. É o detalhamento do método, do processo, da intervenção ou do atendimento do usuário no ambiente e, ainda, no controle ou acompanhamento das ações complementares ou administrativas.

O Quadro 2 é composto de códigos, com 10 dígitos assim divididos:

Quadro 2 – Grupos e subgrupos

1º e 2º Dígitos 3º e 4º Dígitos 5º e 6º Dígitos 7º a 9º Dígitos 10º Digito GR - Grupo SG - Subgrupo FO => indica a

Forma de Organização PRO=>indica Procedimento D => digito verificador

A Figura 2 exemplifica a tela do SIGTAP com o código relacionado ao procedimento especial “Cateterismo Cardíaco” e seus respectivos dígitos

Figura 2 - Exemplificação da Tela do SIGTAP para Procedimento 02.11.02.001-0 - Cateterismo cardíaco

Para cada procedimento da Tabela existem atributos definidos, os quais são necessários para operacionalizar o processamento dos sistemas de produção ambulatorial e hospitalar.

Os objetivos da Tabela Unificada do SUS são: priorizar a gestão da informação e não o pagamento; padronizar os atributos dos procedimentos; integrar o conhecimento relativo às tabelas do SIA e SIH; e padronizar conceitos e regras e integrar as bases do SIA e SIH (BRASIL, 2007).

A composição do valor dos procedimentos é constituída por dois componentes: Serviços Hospitalares (SH) incorporando os Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT); e Serviços profissionais (SP). O valor do procedimento ambulatorial tem um só componente, Serviços ambulatoriais (SA).

Conforme a Portaria 321/2007, o valor da internação hospitalar compreende:

a) Serviços Hospitalares -SH -incluem diárias, taxas de salas, alimentação, higiene, pessoal de apoio ao paciente no leito, materiais, medicamentos e Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia – SADT (exceto medicamentos especiais e SADT especiais); e

b) Serviços Profissionais - SP - Corresponde à fração dos atos profissionais (médicos, cirurgiões dentistas e enfermeiros obstetras) que atuaram na internação. -O valor ambulatorial (SA): compreende somente o componente SA, que inclui serviços profissionais, materiais, medicamentos, apoio, não está incluído medicamento de dispensação excepcional (BRASIL, 2007, p. 1).

No Brasil, o valor a ser repassado com base na produção hospitalar (SIH/SUS) e ambulatorial (SIA/SUS), tem como base o SIGTAP (BRASIL, 2011). De acordo com Gonçalves, Ferreira e Alemão (2014), o SIGTAP é uma ferramenta que contém todos os procedimentos que podem ser realizados no âmbito ambulatorial e hospitalar do SUS, bem como seus valores, critérios, entre outras informações.

Os autores são unânimes em dizer que é possível observar uma defasagem nessa tabela em relação aos custos reais de cada procedimento e internação, uma vez que a atualização ocorre com maior frequência para os procedimentos de maior complexidade ou para serviços com maior poder político de persuasão (VERAS; MARTINS, 1994; ANDRADE et al., 2018). De forma a complementar, os governos federais e estaduais têm incluído no seu modelo de financiamento políticas e programas de incentivos financeiros com o objetivo de compensar as distorções provocadas pelos valores dos procedimentos SUS (SANTOS; SERVO, 2016; ANDRADE et al., 2018). Tais iniciativas contribuíram para um novo perfil nas transferências realizadas pela União e estados e são abordadas no tópico seguinte.