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Componentes Curriculares Aulas

semanais/ano Aulas anuais/ano

Total B ASE NA CIONA L COM UM Áreas de Conhecimento Disciplinas Linguagens Língua Portuguesa 6 6 6 240 240 240 720 Língua Inglesa 3 3 3 120 120 120 360 Língua Espanhola 2 2 2 80 80 80 240 Educação Física 2 2 2 80 80 80 240 Arte 1 1 1 40 40 40 120 Matemática Matemática 6 6 6 240 240 240 720 Ciências da Natureza Química 3 3 3 120 120 120 360 Física 3 3 3 120 120 120 360 Biologia 3 3 3 120 120 120 360 Ciências Humanas História 2 2 2 80 80 80 240 Geografia 2 2 2 80 80 80 240 Filosofia 1 1 1 40 40 40 120 Sociologia 1 1 1 40 40 40 120

Total de Aulas Disciplinares 35 35 35 1400 1400 1400 4200

PA RTE DIV E RSIFI CA DA Disciplinas Eletivas 2 2 2 80 80 80 240 Práticas Experimentais 2 2 2 80 80 80 240 Estudo Orientado 2 2 2 80 80 80 240 Preparação Pós-médio 0 0 2 0 0 80 80 Avaliação Semanal 2 2 2 80 80 80 240 Projeto de Vida 2 2 0 80 80 0 160

Total de Aulas / Parte flexível 10 10 10 400 400 400 1200

Total de hora/Aula (50 min) 4.500

Fonte: Adaptada pelo autor a partir da Resolução CEE/AC nº 87/2018

A matriz curricular formulada para os primeiros dois anos de funcionamento das Escolas Jovens de tempo integral contempla as quatro áreas de conhecimento definidas na BNCC. Todavia, cabe salientar que quando ocorre a aprovação da matriz via resolução em 06 de fevereiro de 2018, a versão final da base para o ensino médio ainda não havia sido disponibilizada pelo CNE, isso acontece no final daquele ano.

Uma inferência que pode ser feita é que a matriz desdobra as áreas de conhecimento em disciplinas específicas, estabelecendo carga horária para cada uma delas. Os formuladores da BNCC, adeptos da propalada flexibilização curricular (KRAWCZYK, 2017), vão tecer críticas exatamente nesta direção, ao colocarem que as muitas disciplinas são em grande medida enfadonhas e desinteressantes aos jovens, e que a perspectiva que deve ser adotada é a interdisciplinaridade, no sentido de tornar o conhecimento mais flexível e dinâmico.

Krawczyk (2017) afirma que antes da reforma a organização curricular do ensino médio já era flexibilizada, ou seja, além das disciplinas comuns os estados e municípios podiam incrementar seus currículos com outras, compondo o que hoje se denomina a parte diversificada do currículo. Em síntese, o que se pode depreender é que quanto à flexibilização não existe nada de novo para a parte comum. E assim, resta saber se na prática pedagógica dos professores mediada por metodologias, à interdisciplinaridade se faz independente de sua prescrição ou não.

Entretanto, retomemos a análise centrada nas disciplinas Português e Matemática. Ao que consta na matriz, os alunos das Escolas Jovens tinham nos anos de 2017 e 2018, um total de seis aulas semanais de ambas as disciplinas, em todas as séries. No ensino regular onde o aluno realiza a etapa em apenas um turno, eram 4 aulas de Língua Portuguesa e 3 aulas de Matemática.

Na área de linguagens, depois de Português há uma concentração maior de horas/aulas de Língua Inglesa, que nos leva a questionar o porquê. De um lado, é esta língua a mais falada no mundo, ou seja, universal. Se tratando do mercado internacional ela ocupa centralidade nas relações estabelecidas. Não é por menos, que cada vez mais se exige nas ocupações melhor colocadas no estratificado mercado de trabalho, certo grau de fluência. Por outro lado, acredita- se que a prioridade dessa disciplina é pelo fato de as máquinas das fábricas e indústrias serem configuradas em língua inglesa, requerendo do trabalhador, conhecimento mínimo. A subordinação da educação ao capital se naturaliza como pontua Mészáros (2008).

Ainda sobre a parte comum orientada pela base, se comparadas às áreas de conhecimento ciências da natureza e ciências humanas, a carga horária de uma é maior que a outra em todas as disciplinas. É perceptível como o currículo se encaminha para o esvaziamento de discussões que despertem a criticidade do aluno, o seu conhecimento sobre a totalidade de fatores que constituem o continnum Humano-natureza-trabalho-sociedade. Conforme Horn e Machado (2018) a disciplina de Filosofia, por exemplo, está com seu espaço no Ensino Médio, não apenas ameaçado, mas sujeito a extinção. Essa e outras disciplinas, como é o caso da

Educação Física, na proposição da reforma se reduzem à estudos e práticas, retirando-se toda sua importância (KRAWCZYK e FERRETI, 2017; HORN e MACHADO, 2018).

Quanto à parte diversificada que são os itinerários formativos – na matriz das Escolas Jovens nos dois primeiros anos estavam previstas 6 “opções”. Já definidas no modelo da matriz curricular elaborada pelo ICE, os componentes dessa parte se baseiam no chamado protagonismo juvenil, amplamente defendido pelos interlocutores tanto da Reforma, como da BNCC para o Ensino Médio. Tais ideias advém do meio empresarial, e, portanto, são difundidas pelos institutos vinculados à iniciativa privada.

Ferreti e Silva (2017) ao discutirem a intrínseca relação entre os documentos da reforma e da BNCC consideram que no caso da base, a discussão dos eixos que devem orientar a formação em nível médio, se ancoram em “concepções e proposições que a aproximam da perspectiva do desenvolvimento de competências e do individualismo, lançando mão de expressões, tais como “protagonismo”, “aprender a aprender”, “competências cidadãs”, “projeto de vida” e “vocação”” (p. 398). E o emprego desses termos perceberemos quando da análise dos Cadernos Formação do ICE.

Neste mesmo sentido, Silva e Boutin (2018) afirmam que a referência da reforma é a pedagogia das competências, baseada nos quatro pilares da Educação instituídos pela UNESCO. Mas esse é ponto amplamente discutido na seção 4, que se ocupa em tecer análise da atuação dos institutos ligados ao setor empresarial, por meio de parceria público-privada no processo de implementação da política aqui estudada.

A matriz que analisamos brevemente orientou o currículo das Escolas Jovens apenas nos anos de 2017 e 2018. Em 2019, o CEE/AC aprova uma nova matriz através da Resolução nº 63/2019. A referida matriz não apresenta alterações substanciais se comparada à primeira. A mudança pontual que se verifica é a retirada do itinerário Avaliação Semanal, que transfere sua carga horária para o itinerário Estudo Orientado que passa a ter 4h semanais de acordo com a matriz. Às 2.400 horas anuais destinadas à integração das áreas de conhecimento da base permanecem as mesmas, bem como as 1.200 destinadas à parte diversificada do currículo.

A mudança mais expressiva pode ser notada na matriz curricular readaptada para o ano letivo de 2020, o que até o momento de fechamento do texto ainda não havia sido aprovada pelo CEE/AC, porém, está sendo utilizada como documento norteador pelas Escolas Jovens. As principais mudanças podem ser visualizadas na tabela a seguir: