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TABELA 9 – RELAÇÃO ENTRE ÁREA TERRITORIAL, POPULAÇÃO E PRODUÇÃO DE LIXO NO JAPÃO, SUÍÇA E LUXEMBURGO

PAÍS ÁREA TERRITORIAL (km²) POPULAÇÃO (milhões) DENSIDADE DEMOGRÁFICA (hab/km²) RENDA PER CAPITA (US$) GERAÇÃO DE LIXO (kg/hab/dia) JAPÃO 377.750 127.144 336,58 33.550 (7)* 1,06 SUÍÇA 41.288 7.228 175,06 37.930 (3)* 1,73 LUXEMBURGO 2.586 444 171,69 38.830 (2)* 1,47

Fontes: Statistics Canada (1994); Cordelier (1996); Frangipane, Ferrario e Pastorelli (1999); World Bank (2002). * Ranking do World Bank em relação a renda per capita de outras economias do mundo.

Os indicadores da tabela anterior nos mostram que o gerenciamento do lixo, para os três países em questão, torna-se crucial à medida em que as elevadas densidades demográficas se refletem em carência de espaço urbano e, por conseguinte, elevação dos preços dos imóveis. Além disso, pode significar sérias dificuldades, por parte do poder público municipal, para se conseguir novas áreas para disposição final do lixo, devido a oposição dos moradores próximos ao local escolhido.

Outro fator preocupante para as autoridades sanitárias desses países, quanto a geração de resíduos domiciliares, está justamente no elevado poder aquisitivo de suas respectivas populações, que se traduz por elevado poder de consumo e, conseqüentemente, por uma elevada produção per capita de lixo.

São esses fatores que justificam o largo uso da incineração, por diversos países, apesar de toda a polêmica que ronda essa forma de tratamento do lixo.

Além da incineração, as outras formas de tratamento, comumente aplicadas aos resíduos sólidos urbanos, são a compostagem e a reciclagem. O Quadro 2, a seguir, traz as principais vantagens e desvantagens de cada método de tratamento:

Q U A D R O 2 - A L G U N S T I P O S D E T R A T A M E N T O D O L I X O

TRATAMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS

TÉRMICO (INCINERAÇÃO)

• Redução drástica de massa e volume a ser descartado (redução média de 70% para a massa e 90% para o volume de resíduos);

• Redução do impacto ambiental;

•Desintoxicação e esterilização dos resíduos. Apropriado para lixo hospitalar e outros resíduos classificados como perigosos pela ABNT/10004 (1987); • Recuperação de energia: vapor de água e/ou termoeletricidade.

• Custo elevado (instalação e operação); • Exigência de pessoal qualificado para garantir a qualidade da operação; • Presença de materiais nos resíduos que geram compostos tóxicos e corrosivos, exigindo a instalação de sistema de limpeza dos gases;

• Pode se tornar fonte de poluição atmosférica,

• A heterogeneidade dos resíduos pode trazer sérios problemas ao incinerador.

COMPOSTAGEM (MATÉRIA ORGÂNICA)

•Redução de cerca de 50% do lixo destinado ao aterro;

•Aproveitamento agrícola da matéria orgânica e reciclagem de nutrientes; • Processo ambientalmente seguro; • Eliminação dos patógenos.

•Relativa às outras técnicas, baixa taxa (velocidade) de processamento;

•Emissão de gases malcheirosos para a atmosfera, principalmente, próximo ao local da usina de compostagem.

RECICLAGEM • Redução do volume de resíduos a serem aterrados;

•Reaproveitamento de vários materiais ; • Obrigatoriamente há uma classificação do lixo, podendo esta se constituir numa fonte de renda.

•Alguns autores, quando observam apenas o caráter econômico da reciclagem, alegam que a mesma pode causar prejuízos às prefeituras.

Fontes: Scarlato e Pontin (1992); Bidone e Povinelli (1999); D’Almeida e Vilhena (2000).

No Brasil, a atenção maior é dada para o tratamento dos resíduos considerados como Classes I e II pelas normas da ABNT (vide pág. 16). Em outros países, como na Alemanha, por exemplo, a partir do ano de 2005, os resíduos não poderão ser dispostos em aterros

sanitários sem nenhum tipo de tratamento prévio4.

Além das formas de tratamento expostas no quadro anterior, existem outros tipos de técnicas e tecnologias utilizadas para tratamento dos resíduos sólidos. Alguns exemplos são o uso de “microondas” para a esterilização de resíduos sólidos de saúde (RSS) e o “tratamento mecânico-biológico” aplicado à fração orgânica do lixo.

O funcionamento do sistema de microondas ( Figura 3) envolve primeiro a trituração dos resíduos, onde ocorre a redução do volume em cerca de 80%, depois a injeção de vapor a altas temperaturas (cerca de 130° C), e, por fim, a esterilização por aquecimento através de emissões de microondas, cujas temperaturas oscilam entre 95° e 100° C, por um período de 30 minutos.

Figura 3 - Forno de microondas instalado no aterro sanitário de Ribeirão Preto. O primeiro contêiner mostra a entrada dos resíduos (por elevação), o segundo recebe os resíduos já triturados e desinfectados. Ao fundo uma caçamba armazena os resíduos até que sejam enviados para aterramento. (Foto do autor).

Existem vozes concordantes e discordantes quanto ao uso do microondas para tratar os resíduos infectados. Os que concordam, comparam-no com a incineração e apontam como principal vantagem o fato do microondas não emitir gases para a atmosfera que podem conter altos teores de toxidade, tais como as dioxinas e furanos. Apontam, também, a marcante diferença de temperatura em que os dois sistemas trabalham: enquanto o forno de microondas trabalha com temperaturas na faixa de 95° a 100° C, o incinerador exige temperaturas bem mais elevadas, oscilando entre 800° a 1200º C.

4 Informação obtida pelo autor no curso “Gerenciamento e Tratamento de Resíduos Sólidos”, organizado pela

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO) em parceira com a Universidade de Stuttgart (Alemanha). Realizado no período de 30/set. a 04/out. de 2002, em São Paulo (SP).

As vozes discordantes, ou preocupantes, se atêm aos elementos viróticos resistentes a temperaturas superiores a 100° C e lançam dúvidas se os mesmos “não poderão gerar problemas futuros à população”, visto que, depois de tratados no microondas, os resíduos são depositados nos aterros sanitários (D’ALMEIDA; VILHENA, 2000, p. 240).

O tratamento mecânico-biológico tem por objetivo a redução de massa e volume da matéria orgânica através de uma decomposição preliminar. Os resíduos orgânicos, inicialmente, são separados e triturados; em seguida são colocados em “células-reatoras”, dotadas de equipamentos de engenharia (Figura 4), onde permanecerão por cerca de dois anos, ao final dos quais, serão encaminhadas ao aterro sanitário.

Figura 4 - Modelo de uma célula -reatora pra o tratamento mecânico- biológico do lixo. Fonte: Fisher (2002).

Essa, como outras formas de tratamento, também gera polêmica. Enquanto na Alemanha esse método é visto como algo simples - existem no país cerca de 40 unidades ao custo de 100 euros5 a tonelada de material tratado - aqui no Brasil, D’Almeida e Vilhena (2000, p. 277) consideram que “essa alternativa demanda tecnologia de processo relativamente complexa e controle rigoroso em todas as suas fases, necessitando equipe especializada para operação”.

Complexo para uns, simples para outros. Talvez, nesse caso, a complexidade a que se referem D’Almeida e Vilhena (2000) esteja mais relacionada a realidade brasileira, pois falta de recursos e disponibilidade de mão-de-obra qualificada são situações freqüentes no gerenciamento, não apenas dos resíduos, mas da máquina pública, vista no seu todo.

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3.6. – Disposição final dos resíduos sólidos

A disposição final corresponde à etapa na qual resíduos, tratados ou não, são depositados no lixão, aterro controlado ou aterro sanitário, conforme as definições do Quadro 3, abaixo:

QUADRO 3 - MEIOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS