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3.7 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA SEGUNDA ETAPA

3.8.3 Tarefa de memória procedural

A tarefa de memória procedural também foi construída no programa E-PRIME 2.0. O objetivo dessa tarefa era avaliar a habilidade de automatização das regras da morfossintaxe dos verbos regulares da língua portuguesa no pretérito perfeito. Essa tarefa continha os verbos regulares em primeira, segunda e

terceira conjugações mais frequentes do português brasileiro, extraídos da Linguateca15 (Centro de Recursos Distribuído Para o Processamento Computacional da Língua Portuguesa) e pseudo-verbos baseados na estrutura fonológica dos verbos mais frequentes do português brasileiro e com a mesma estrutura de conjugação. Os pseudos-verbos foram extraídos de uma ferramenta proposta por Mota e Resende (2013) capaz de gerar pseudo-verbos pronunciáveis na língua portuguesa automaticamente. A estrutura dessa tarefa apresenta três verbos e um pseudo-verbo os quais eram intercalados em sua distribuição para facilitar o desempenho das crianças. Todos os pseudo-verbos utilizados foram dissílabos (de acordo com os resultados do estudo piloto) e deveriam ser conjugados na 1ª e 3ª pessoas do singular (Eu e Ele). Os verbos e pseudo-verbos utilizados no presente estudo, assim como a resposta esperada, estão elencados a seguir.

Lista de verbos e pseudo- verbos

Alvo esperado Eu – Tentar Tentei Ele – Comer Comeu Ele – Pedir Pediu Eu – Cofir Cofi Eu – Cantar Cantei Ele – Guardar Guardei Eu – Andar Andei Eu – Peter Peti Ele – Pedir Pediu Eu – Cuspir Cospi Eu – Brincar Brinquei Eu – Pigar Piguei Ele – Tossir Tossiu Eu – Dançar Dancei Ele – Entender Entendeu Ele – Pover Poveu

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Ele – Chorar Chorou Eu – Vender Vendeu Ele – Morrer Morreu Eu Tipar Tipei Ele – Fugir Fugiu Ele – Sentir Sentiu Eu – Conversar Conversei Ele – Caper Capou Eu – Viver Vivi Ele – Mexer Mexeu Eu – Dormir Dormi Eu – Pafer Pafi Eu – Falar Falei Ele – Usar Usou Eu- Beijar Beijei Ele – Fivar Fivou

Essa tarefa foi realizada da seguinte forma: inicialmente, aparecia na tela do computador a abertura da tarefa. Para iniciá-la, era necessário pressionar a tecla “espaço”. Segue o exemplo da tela inicial.

No início da tarefa, aparecia na tela do computador, o verbo ou pseudo-verbo em sua forma infinitiva juntamente com o áudio gravado do mesmo verbo ou pseudo-verbo apresentado na tela de computador, como no exemplo de tela abaixo.

Em seguida, as crianças participantes escutavam a gravação de áudio contendo o tempo verbal e, logo após, a pessoa do discurso eu ou ele. Ao mesmo tempo, na tela do computador aparecia a tela da tarefa contendo o tempo verbal, a pessoa do discurso e uma lacuna (traço) para indicar que a criança deveria conjugar o verbo que permanecia na tela no passado. Segue abaixo o exemplo da tela.

Foi solicitado que as crianças participantes conjugassem tanto os verbos como os pseudo-verbos no português brasileiro. As crianças ouviram os verbos e os

pseudo-verbos dentro de sentenças simples que envolvem o tempo verbal no passado.

As crianças participantes não tiveram um tempo estimado para realizar a flexão, procedimento que foi adotado com base no experimento de análise verbal realizado com crianças por Marshall e Van der lely (2012). Quando a criança executava o procedimento solicitado, automaticamente, a tela do computador mudava para o próximo verbo ou pseudo-verbo, apresentado de forma individual. Esse procedimento foi realizado até a conclusão da tarefa. Para as mudanças nas telas na fase de aprendizagem, a experimentadora apertava a tecla “espaço”.

A tarefa de memória procedural também teve duas fases: uma de aprendizagem e prática, e uma fase de testagem. Na fase de aprendizagem, a experimentadora perguntava à criança se ela tinha conhecimento do que era um verbo. Juntamente, aparecia uma tela no computador fazendo a mesma pergunta. Segue o exemplo dessa tela.

Nesse momento, a experimentadora explicava para a criança o que era um verbo e fornecia exemplos de verbos dentro de sentenças. Após a compreensão da criança sobre o conceito de verbo, a experimentadora utilizou exemplos de frases com o verbo no pretérito perfeito conjugado na 1ª e 3ª pessoas do singular. Em seguida, pedia para a criança realizar o

procedimento da tarefa de escutar o verbo gravado no arquivo de áudio e realizar a flexão do verbo no pretérito perfeito, como segue o exemplo da tela.

Após a criança realizar algumas vezes o procedimento com alguns exemplos de verbos, a experimentadora relatava que um verbo que não existia na língua apareceria na tela e no áudio, e que a criança teria de realizar a flexão desse verbo como se fosse um verbo natural do português. Segue a tela que indicava esse momento.

Primeiramente, a criança escutava o pseudo-verbo e, em seguida, realizava a flexão de acordo com a pessoa do discurso. A experimentadora ajudava a criança nessa etapa até que o procedimento com os estímulos de pseudo-verbos fossem plenamente compreendidos. Segue o exemplo da tela em que a criança era solicitada a realizar a flexão do verbo/pseudo-verbo.

É importante salientar que, na fase de aprendizagem e na fase de testagem, a criança foi instruída a verbalizar somente o verbo ou pseudo-verbo no pretérito perfeito, sem precisar verbalizar a sentença inteira. Após a fase de aprendizagem, as crianças iniciavam o treinamento na tarefa com verbos e pseudo-verbos. A fase de prática tinha início ao apertar a tecla “espaço”. Segue o exemplo da tela do início da fase de prática.

Ao finalizar a fase de prática, as crianças poderiam realizá-la novamente, caso existisse alguma dúvida. A experimentadora perguntava se havia dúvidas ou se a tarefa poderia ser iniciada. Da mesma forma que os demais testes, para realizar a prática novamente, a tecla “1” era apertada e, para iniciar a tarefa, a tecla “espaço” era apertada.

A pontuação estabelecida para essa tarefa foi a acurácia de respostas tanto para os verbos quanto para os pseudo-verbos de acordo com o alvo esperado, ou seja, quando o alvo esperado foi atingido, considerou-se acerto; quando não estava de acordo com o alvo esperado, considerou-se erro, sendo a pontuação máxima de 34 pontos. A execução dessa tarefa durou, em média, quinze minutos para cada criança.

A próxima seção descreverá os resultados da pesquisa piloto assim como a modificações sugeridas na estrutura das tarefas para a avaliação dos sistemas de memória de trabalho, declarativa e procedural.