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Figura 5.11: Estrutura magn´etica do composto GdNiSi3, resolvida neste estudo.

5.2

TbNiSi

3

O composto TbNiSi3, que apresenta TN = 33,2 K, tamb´em foi sintetizado pela

Dra. Fabiana Arantes do grupo do Prof. Dr. Marcos de Abreu Avila. O cristal utilizado

nas medidas pode ser visto na Figura 5.12.

As medidas neste composto tamb´em foram conduzidas na Linha XDS do LNLS. Utilizamos a mesma configura¸c˜ao experimental utilizada para as medidas no composto de GdNiSi3, j´a discutido na Se¸c˜ao 5.1. A ´unica diferen¸ca foi o cristal analisador usado como

polar´ımetro, no qual para esta medida utilizamos um cristal de Al.

Para este composto tamb´em utilizamos a borda de absor¸c˜ao L2 do Tb, determinada

atrav´es de uma medida de fluorescˆencia neste cristal. O espectro obtido pode ser visto na Figura 5.13. Uma vez determinada a energia desta borda, que ´e igual a 7,514 keV, fixamos a energia do feixe em 7,516 keV, 2 eV acima da borda, pois, novamente, ´e nesta

5.2. TbNiSi3 76

Figura 5.12: Monocristal de TbNiSi3 utilizado na medida.

energia que espera-se a m´axima amplifica¸c˜ao do sinal magn´etico para um ressonˆancia do tipo dipolar [42].

Borda L2

Borda de Absorção = 7,514 keV Fluorescência Derivada Energia (keV) 7,50 7,51 7,52 7,53 7,54 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 Intensidade Normaliz

ada (uni. arb.)

Intensidade Normaliz

ada (uni. arb.)

100 95 90 85 80 75 7,55

Figura 5.13: Medida de Fluorescˆencia (linha preta) e sua derivada (linha azul) indicando a borda L2 do composto TbNiSi3.

Uma vez definida a energia, encontramos a matriz de orienta¸c˜ao do cristal e fizemos algumas varreduras no espa¸co rec´ıproco para temperaturas acima de 35 K. Todos os picos encontrados s˜ao consistentes com as regras de extin¸c˜ao apresentadas na Tabela 5.1 para uma estrutura ortorrˆombica pertencente ao grupo Cmmm. Al´em disto, tamb´em obtivemos que a largura de mosaico do cristal foi de aproximadamente 0,06◦, indicando que o volume de intera¸c˜ao dos raios-X com a amostra ´e bem cristalino.

Devido as similaridades nas propriedades macrosc´opicas entre este composto e o GdNiSi3, esper´avamos que a estrutura magn´etica dos dois compostos fosse a mesma.

5.2. TbNiSi3 77

Mesmo assim, optamos por fazer algumas varreduras pelo espa¸co rec´ıproco para confirmar que, de fato, n˜ao existiam sinais magn´eticos em posi¸c˜oes proibidas pelo grupo espacial deste composto. Uma vez que n˜ao encontramos nenhum ind´ıcio, acoplamos o cristal anali- sador de Al(111) ao aparato experimental, que atuou como um polar´ımetro e permitiu que fosse poss´ıvel a detec¸c˜ao nos canais (σ-σ) e (σ-π) de polariza¸c˜ao. Para a energia utilizada, a reflex˜ao Al(222) possui 2θ = 89,77◦. Repare que este ˆangulo tamb´em ´e muito pr´oximo de 90◦ o que proporcionou uma filtragem de boa parte do sinal de carga indesejado no canal (σ-π) de polariza¸c˜ao, como pode ser visto na Figura 5.14 para o pico estrutural (0 6 0).

Intensidade (uni. arb.)

107 106 105 104 103 102 101 11,7 11,8 11,9 12,0 12,1 θ (º) (0 6 0) (σ-σ) (σ-π)

Figura 5.14: Varredura em θ em torno do pico (0 6 0) da amostra de TbNiSi3

com o polar´ımetro na configura¸c˜ao (σ-σ), curva vermelha, e quando este ´e posto na configura¸c˜ao (σ-π), curva preta. As medidas foram feitas com T = 15,5 K.

No canal de polariza¸c˜ao (σ-π) encontramos picos de Bragg cujas intensidades possu´ıam uma dependˆencia com a temperatura caracter´ıstica de um sinal magn´etico, assim como observado para a amostra de GdNiSi3. A mesma dependˆencia n˜ao foi obser-

vada quando os picos foram medidos no canal de polariza¸c˜ao (σ-σ) e no canal (σ-π) mas sem estar em condi¸c˜ao ressonante, com energia igual a 7,5 keV. Este resultado pode ser conferido para os picos estruturais (1 19 0) (a) e (0 14 1) (b) na Figura 5.15.

Analisando a Figura 5.15, fica evidente que quando estamos na condi¸c˜ao que fa- vorece a difra¸c˜ao magn´etica (c´ırculos pretos), a intensidade do pico estrutural diminui apreciavelmente at´e a temperatura de transi¸c˜ao (TN = 33,2 K) e essa diminui¸c˜ao deixa de

5.2. TbNiSi3 78

15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

1,20 1,16 1,12 1,08 1,04 1,00 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 0,96 (1 19 0) 0,92 (σ-π) em ressonância (σ-π) fora da ressonância (σ-σ) em ressonância TN = 33,2 K (a) 15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

1,16 1,12 1,08 1,04 1,00 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 0,96 (0 14 1) 0,92 (σ-π) em ressonância (σ-π) fora da ressonância (σ-σ) em ressonância TN = 33,2 K (b)

Figura 5.15: (a) Dependˆencia da intensidade integrada com a temperatura dos picos de Bragg (1 19 0) (a) e (0 14 1) (b) do composto TbNiSi3 em condiss˜ao ressonante (c´ırculos

pretos) e fora da ressonˆancia (c´ırculos azuis) para o canal (σ-π) de polariza¸c˜ao e tamb´em em condiss˜ao ressonante (c´ırculos vermelhos) para o canal (σ-σ) de polariza¸c˜ao. As in- tensidades integradas foram normalizadas pela intensidade integrada do pico coletado em mais alta temperatura.

os picos foram medidos no canal de polariza¸c˜ao (σ-σ) em ressonˆancia (c´ırculos vermelhos) e no canal (σ-π) mas fora da ressonˆancia (c´ırculos azuis).

Al´em dos dois picos que acabamos de discutir a respeito, n´os tamb´em medimos a evolu¸c˜ao com a temperatura de outros dois picos adicionais, (0 10 0) e (0 16 1). Como pode ser visto na Figura 5.16, estes tamb´em possuem um sinal extra que depende fortemente com a temperatura e desaparece para temperaturas acima da temperatura de transi¸c˜ao deste composto. Novamente, esta redu¸c˜ao n˜ao pode ser somente devido a agita¸c˜ao t´ermica na rede. Todos estes resultados evidenciam que neste composto os picos estruturais e magn´eticos tamb´em est˜ao localizados nos mesmos pontos do espa¸co rec´ıproco, assim como para o GdNiSi3.

Devido `a experiˆencia adquirida inicialmente medindo o compostos `a base de Gd n´os tivemos mais tempo para investigar melhor a amostra `a base de Tb. Para este composto pudemos medir as intensidades integradas n˜ao s´o enquanto aquec´ıamos a amostra, mas tamb´em em um regime de resfriamento no intuito de verificar a existˆencia de fenˆomenos de histerese no espalhamento magn´etico. Este resultado ´e apresentado na Figura 5.17 (a), como um exemplo representativo, para o pico (0 16 1) onde vemos que as intensidades medidas em um regime de aquecimento (c´ırculos vermelhos) s˜ao iguais `as intensidades

5.2. TbNiSi3 79

15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 0,8 (0 16 1) (σ-π) em ressonância (σ-σ) em ressonância TN = 33,2 K (a) 15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

1,05 1,04 1,03 1,02 1,01 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 1,00 (0 10 0) (σ-π) em ressonância (σ-σ) em ressonância TN = 33,2 K 0,99 (b)

Figura 5.16: Dependˆencia com a temperatura da intensidade integrada dos picos (0 16 1) (a) e (0 10 0) (b) para o composto TbNiSi3 quando estes foram medidos nos canais de

polariza¸c˜ao (σ-π) (c´ırculos pretos) e (σ-σ) (c´ırculos vermelhos) ambos em condi¸c˜ao resso- nante. As intensidades coletadas foram normalizadas pelo valor da intensidade coletada na maior temperatura.

medidas no regime de resfriamento (c´ırculos azuis), revelando que n˜ao h´a fenˆomenos de histerese, como esperado para uma transi¸c˜ao de fase cont´ınua. Outro resultado que corro- bora com esta conclus˜ao ´e a obten¸c˜ao do expoente cr´ıtico β = 0,38(2) e uma temperatura cr´ıtica TN = 34,4(3) K a partir de um ajuste por uma lei de potˆencia pr´oximo `a tempe-

ratura de transi¸c˜ao (inset da Figura 5.17 (b)). Note novamente que este valor de TN =

34,4(3) K obtido est´a em bom acordo com o medido atrav´es de t´ecnicas macrosc´opicas de caracteriza¸c˜ao [16].

Por fim, tamb´em foi poss´ıvel medir a evolu¸c˜ao dos parˆametros de rede com a tempe- ratura. Este resultado ´e apresentado na Figura 5.18. O parˆametro a (Figura 5.18 (a)) au- menta com o aumento da temperatura devido efeitos de dilata¸c˜ao t´ermica. Por´em, vemos que para temperaturas pr´oximas de TN o parˆametro se mant´em constante. O parˆametro b,

por sua vez, diminuiu `a medida que aumentamos a temperatura quando esta est´a abaixo de TN (Figura 5.18 (b)), sendo que em TN h´a uma mudan¸ca na tendˆencia da curva. Tal

comportamento ´e qualitativamente semelhante ao observado para o composto GdNiSi3.

Isto nos mostra que neste composto tamb´em h´a um acoplamento magnetoestrutural `a me- dida em que a estrutura magn´etica come¸ca a se ordenar. O parˆametro c (Figura 5.3 (c)) permanece sem mudan¸cas significativas no intervalo de temperaturas analisado, compor- tamento semelhante ao apresentado pelo volume da c´elula convencional (Figura 5.3 (d)).

5.2. TbNiSi3 80

15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

70 65 60 55 50 45 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 40 (0 16 1) 35 Aquecendo Resfriando (a) 15

Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Temperatura (K) 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 0,2

(σ-π) em ressonância Intensidade Integrada Normaliz

ada (uni. arb.)

a = 0,199(6) TN = 34,4(3) β = 0,38(2) a(TN - T)2β 0,6 0,4 0,2 0,0 30 31 32 33 34 35 36 (b)

Figura 5.17: (a) Dependˆencia da intensidade integrada com a temperatura do pico de Bragg (0 16 1) para o composto TbNiSi3quando aquecemos (c´ırculos vermelhos) e quando

resfriamos (c´ırculos azuis), evidenciando que n˜ao h´a fenˆomenos de histerese no espalha- mento magn´etico. Na Figura (b) apenas o canal (σ-π) ´e mostrado, no qual a imagem no interior apresenta em detalhe a regi˜ao cr´ıtica pr´oxima de TN. A partir de um ajuste com

lei de potˆencia ´e poss´ıvel extrair o expoente cr´ıtico β = 0,38 e TN = 34,4 K, sendo que este

´

ultimo est´a em ´otimo acordo com o valor de TN obtido atrav´es de medidas macrosc´opicas

[16].

Repare que tamb´em foi poss´ıvel medir os parˆametros nos regimes de aquecimento e res- friamento, revelando que de fato n˜ao h´a histerese associada com esta transi¸c˜ao magn´etica induzida por temperatura.

Atrav´es do protocolo descrito na Se¸c˜ao 5.1, obtivemos o sinal magn´etico utilizando as temperaturas T = 17,64 K e T = 42,43 K, abaixo e acima de TN = 33,2 K, respec-

tivamente. O resultado da compara¸c˜ao destas intensidades medidas com as intensidades calculadas pela Equa¸c˜ao 4.15 e corrigidas devido efeitos de absor¸c˜ao pela Equa¸c˜ao 5.1, ´e apresentado na Tabela 5.3. Vemos que, como no caso do composto `a base de Gd, o mo- delo que melhor ajusta os dados experimentais ´e considerando os momentos magn´eticos paralelos a ˆa e empilhados em uma sequˆencia + - + - ao longo do eixo ˆb. Repare que este modelo ajusta relativamente bem trˆes dos quatro picos medidos e ´e falho para o pico (0 16 1). Pelo modelo este pico deveria ser mais intenso do que medimos, por´em, se analisarmos com mais cuidado as Figuras 5.15 e 5.16, vemos que o pico (0 16 1) ´e o que possui a maior redu¸c˜ao relativa com a temperatura. Assim, podemos dizer que o modelo ´e capaz de reproduzir o dado observado. A partir destes resultados, podemos concluir que o TbNiSi3 possui a mesma estrutura que o composto GdNiSi3. Outro ponto positivo

5.2. TbNiSi3 81 15 3,9250 3,9248 3,9246 3,9244 3,9242 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 TN = 33,2 K Aquecendo Resfriando a (Å) (a) 15 20,9835 20,9830 20,9825 20,9820 20,9815 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 TN = 33,2 K Aquecendo Resfriando b (Å) 20,9810 20,9805 (b) 15 3,9580 3,9578 3,9576 3,9574 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 TN = 33,2 K Aquecendo Resfriando c (Å) (c) 15 325,94 325,92 325,90 325,88 40 45 50 Temperatura (K) 20 25 30 35 TN = 33,2 K Aquecendo Resfriando V olume (Å 3 ) 325,86 (d)

Figura 5.18: Evolu¸c˜ao dos parˆametros de rede a (a), b (b) e c (c) e do volume (d) com a temperatura quando aquecemos (quadrados vermelhos) e resfriamos (c´ırculos azuis) a amostra de TbNiSi3.

acerca deste modelo ´e que a dire¸c˜ao dos momentos magn´eticos est´a de acordo com o eixo antiferromagn´etico determinado atrav´es de medidas de magnetiza¸c˜ao [16]. Na Figura 5.19 apresentamos a estrutura magn´etica do composto `a base de Tb.

Tabela 5.3: Compara¸c˜ao entre as intensidades integradas observadas (Iobs) e calculadas

dos picos de Bragg magn´eticos do composto TbNiSi3, normalizadas pelo valor do pico

mais intenso. Os modelos utilizados assumem trˆes diferentes tipos de acoplamentos entre os momentos magn´eticos com eles paralelos aos eixos ˆa, ˆb e ˆc.

+ - + - (h k l ) Iobs m || ~a~ m || ~b~ m || ~c~ (0 14 1) 86(7) 75 61 20 (0 16 1) 40(2) 93 100 25 (1 19 0) 98(12) 86 43 45 (0 10 0) 100 100 19 100

5.2. TbNiSi3 82

Figura 5.19: Estrutura magn´etica do composto TbNiSi3, tal como determinada neste estudo.

5.20) vemos que elas diferem entre si no tipo de acoplamento e na dire¸c˜ao dos momentos magn´eticos. Por´em, perceba que elas apresentam um aspecto em comum, que ´e o acopla- mento entre primeiros vizinhos do tipo + -, no qual podemos inferir que estas bicamadas sejam a unidade b´asica da estrutura magn´etica da s´erie RNiSi3. Esta mudan¸ca no acopla-

mento entre as bicamadas est´a relacionada com a varia¸c˜ao da intera¸c˜ao RKKY ao longo do eixo ˆb, uma vez que o parˆametro b decresce ao longo da s´erie. Assim, acreditamos que existe uma competi¸c˜ao entre estes dois tipos de acoplamento no estado fundamental do sistema mediado pelo valor de b, no qual para valores de b > binst h´a o favorecimento da

estrutura do Gd/TbNiSi3 e para b < binst a estrutura do YbNiSi3 ´e favorecida, onde binst

´e valor no qual h´a a mudan¸ca de uma estrutura para a outra.

Antes de passarmos para o pr´oximo cap´ıtulo ´e importante enfatizar alguns pontos pertinentes a respeito dos resultados obtidos para os dois compostos estudados nesta dis- serta¸c˜ao. Primeiramente, para um composto antiferromagn´etico ´e esperado que os picos

5.2. TbNiSi3 83

Yb

Gd/Tb

Ni

Si

+

-

+

-

-

+

+

-

-

Figura 5.20: Compara¸c˜ao entre a estrutura magn´etica do composto YbNiSi3 (Re-

ferˆencia [18]) com a dos compostos de GdNiSi3 e TbNiSi3.

de Bragg magn´eticos apare¸cam em posi¸c˜oes do espa¸co rec´ıproco proibidas pelo grupo es- pacial. Por´em, para os compostos estudados nesta disserta¸c˜ao, vimos que isto n˜ao ocorre e os picos magn´eticos est˜ao localizados no mesmo ponto do espa¸co rec´ıproco que os pi- cos de Bragg estruturais. Este tipo de casamento ´e sempre verdadeiro para compostos ferromagn´eticos, por´em este tipo de ordenamento ´e inconsistente com as medidas ma- crosc´opicas nestes compostos [16]. Al´em disto, a se¸c˜ao de choque para o espalhamento magn´etico ressonante ´e quatro ordens de grandeza menor do que a que d´a origem aos picos de Bragg estruturais. Portanto, nossas medidas s´o foram fact´ıveis devido a presen¸ca de polar´ımetros quase ideais, permitindo que elimin´assemos uma grande parte do sinal de carga. Perceba que, mesmo com um ˆangulo muito pr´oximo de 90◦ (2θ = 89.44◦ para HOPG(003) na borda L2 de absor¸c˜ao do Gd e 2θ = 89.77◦ para Al(222) na borda L2 de

5.2. TbNiSi3 84

Na Se¸c˜ao 5.1 n´os apresentamos as medidas de apenas dois picos magn´eticos para GdNiSi3. Isto ´e devido ao fato de estes dois picos terem sido os ´unicos que n´os me-

dimos a dependˆencia da intensidade em fun¸c˜ao da temperatura. Durante a realiza¸c˜ao do experimento n´os verificamos que outros picos estruturais tamb´em apresentaram uma dependˆencia com a temperatura que n˜ao poderia ser devido, unicamente, a efeitos de vibra¸c˜ao da rede. Por´em, como estes picos foram medidos apenas em uma temperatura acima e em uma temperatura abaixo de TN, para ambos os canais de polariza¸c˜ao e em

condi¸c˜ao ressonante, n´os optamos por n˜ao utiliz´a-los no c´alculo da estrutura magn´etica. Isto se deve a fato de que n˜ao tivemos tempo para medi-los em fun¸c˜ao da temperatura para garantir que a diferen¸ca entre as intensidades coletadas sejam apenas devido sinal magn´etico e n˜ao a um poss´ıvel desalinhamento da montagem experimental.

Na Se¸c˜ao 5.2 n´os relatamos as medidas das intensidades de quatro picos de Bragg como fun¸c˜ao da temperatura. Na Tabela 5.3 n´os vimos que o pico (0 16 1) n˜ao possui um bom acordo quando comparamos as intensidades medidas e calculadas. N´os acreditamos que este discordˆancia pode ser devido ao fato de estarmos utilizando um monocristal (que possui uma largura de mosaico muito pequena) como polar´ımetro em uma linha de luz cujo dispositivo de inser¸c˜ao ´e um wiggler. Este tipo de dispositivo emite radia¸c˜ao com uma divergˆencia consider´avel e, portanto, dependendo da orienta¸c˜ao da amostra, esta espalhar´a o feixe com uma certa divergˆencia que pode ser mais filtrado para alguns picos do que outros no polar´ımetro.

85

Cap´ıtulo 6

Conclus˜oes

Nesta disserta¸c˜ao determinamos a estrutura magn´etica dos compostos GdNiSi3 e

TbNiSi3utilizando a t´ecnica de difra¸c˜ao magn´etica ressonante de raios-X. Os dois compos-

tos possuem a mesma estrutura magn´etica com os momentos magn´eticos dos ´ıons de Gd e Tb paralelos ao eixo ˆa e arranjados em planos ferromagn´eticos no plano ac, empilhados em uma sequˆencia + - + - ao longo do eixo ˆb (Figuras 5.11 e 5.19). Isto significa que temos uma estrutura antiferromagn´etica comensur´avel com vetor de propaga¸c˜ao magn´etico ~τ = (0 0 0). A dire¸c˜ao dos momentos magn´eticos est´a de acordo com o comportamento antiferro- magn´etico destes compostos, medidos atrav´es das t´ecnicas de susceptibilidade magn´etica e isotermas magn´eticas. Al´em disto, esta estrutura ´e consistente com o grupo magn´etico Cmmm’. Esta estrutura ´e totalmente diferente da estrutura magn´etica do composto `a base de Yb, reportada anteriormente. Isto revela que mesmo sendo similares do ponto de vista qu´ımico, a f´ısica destes compostos n˜ao ´e t˜ao simples, uma vez que existe uma competi¸c˜ao entre dois estados magn´eticos fundamentais distintos. Isto fica mais evidente no composto `a base de Ho, que apresenta duas transi¸c˜oes magn´eticas em temperaturas bem definidas e ordenamento magn´etico no plano ac.

A partir de ajustes com leis de potˆencias pr´oximos `a temperatura de transi¸c˜ao magn´etica para as curvas de intensidade integrada dos picos em fun¸c˜ao da temperatura, vimos que foi poss´ıvel obter expoentes cr´ıticos βGd = 0,33(9) e βT b = 0,38(2), que s˜ao

compat´ıveis com um sistema tridimensional de Heisenberg. Al´em destes parˆametros, ob- tivemos TN = 22,2(2) K e 34,4(3) K para os compostos `a base de Gd e de Tb, respecti-

86 calor espec´ıfico e susceptibilidade magn´etica [16].

Outro resultado interessante que observamos foi a evidˆencia de um acoplamento magnetoel´astico em ambos os compostos. Este tipo de fenˆomeno se manifesta atrav´es de deforma¸c˜oes na estrutura cristalina, como o comportamento verificado para parˆametro de rede b de ambos os compostos, devido o surgimento de intera¸c˜oes de troca quando o material come¸ca a se ordenar magneticamente.

Como perspectivas futuras, pretendemos continuar investigando o magnetismo mi- crosc´opico dos demais membros da fam´ılia, principalmente o composto HoNiSi3, que apre-

senta duas transi¸c˜oes magn´eticas em temperaturas bem definidas. Desta forma seremos capazes de mapear a estrutura magn´etica de toda a fam´ılia, que come¸ca com o com- posto de Gd possuindo momentos magn´eticos paralelos ao eixo ˆa acoplados antiferro- magneticamente em uma sequˆencia do tipo + - + - e terminando com o Yb, onde os momentos magn´eticos apontam na dire¸c˜ao ˆb com acoplamento do tipo + - - +. Ambas as sequˆencias s˜ao ao longo do eixo ˆb. Al´em disto, os compostos desta fam´ılia tamb´em apresentam transi¸c˜oes metamagn´eticas induzidas por campo magn´etico externo quando este ´e aplicado paralelo ao eixo antiferromagn´etico. Tamb´em faz parte dos nossos planos futuros estud´a-las, principalmente o composto de Tb que apresenta mais de uma transi¸c˜ao metamagn´etica.

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