2 BASES TEÓRICAS DA PESQUISA
2.2 A Tecnologia da informação e comunicação como suporte à gestão do
2.2.1 Tecnologia da informação e comunicação: o papel nas organizações
As TICs podem ser representadas por uma gama de elementos como computadores, telecomunicações, dispositivos eletrônicos entre outros.
Segundo Takahashi (2000), a tecnologia da informação e a comunicação de dados são constituídas por um conjunto de sistemas e equipamentos que apresentam funções de tratamento, organização e disseminação de informações.
Para Foina (2001, p. 21), as TICs constituem um “conjunto de métodos e ferramentas, mecanizadas ou não, que se propõe a garantir a qualidade das informações dentro da empresa”. Numa visão mais abrangente, Rabaca e Barbosa (2001, p. 709) definem as TICs como “conjunto de conhecimentos, pesquisas, equipamentos técnicos, recursos e procedimentos relativos a aplicação da informática em todos os setores da vida social, economia, administração, entretenimento, educação e telecomunicações”.
Já Resende e Abreu (2001, p. 76), compreendem as TICs como “recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação.”
Para Rosini e Palmisano (2003), as TICs representam uma variedade de hardwares e softwares no qual provêem a coleta, processamento, armazenamento e acesso a números e imagens para controle de equipamentos e processos de trabalho, assim como permitem conectar pessoas, funções e escritórios dentro das organizações e fora delas.
Os autores Spohr e Sauvé (2003) mencionam que as TICs surgiram através da junção das funcionalidades das áreas de informática e telecomunicações, tornando-se uma ferramenta de grande utilidade para toda e qualquer área. Segundo Spohr e Sauvé (2003, p.5), as TICs se caracterizam por ser “um processo de transformação dos conceitos, conhecimentos e equipamentos das áreas de Informática e Telecomunicações, em aplicações úteis a todas as outras áreas em todo e qualquer contexto, onde elas (as TICs) possam ser efetivamente aplicadas”.
A partir de tais definições, pode-se observar que as tecnologias da informação e comunicação compreendem o conjunto de recursos não humanos representados por equipamentos advindos das áreas de informática e telecomunicações, os quais possibilitam o armazenamento, processamento e comunicação da informação, sendo capazes de executar um conjunto de tarefas de forma integrada. Uma forte característica das tecnologias da informação e comunicação está em apresentar um ciclo de vida cada vez mais curto, visto que constantemente novas versões impregnadas em equipamentos de hardware e software surgem oferecendo em pouca amplitude temporal novos recursos e funcionalidades.
Acompanhando o processo de desenvolvimento tecnológico, as TICs interferem cada vez mais nas atividades das organizações promovendo a quebra de paradigmas no sentido de permitirem diferentes formas de tratamento da informação e possibilitando meios alternativos
de comunicação no âmbito inter e intra-organizacional. Segundo os autores Spohr e Sauvé (2003, p.5), “a tecnologia da informação e comunicação quebra barreiras e se permite disponível e acessível a todos os segmentos que necessitem de informação e comunicação com completa integração”.
As tecnologias da informação e comunicação segundo Rosseti e Morales (2007, p.124) podem ser utilizadas nas organizações com o objetivo de
acompanhar a velocidade com que as transformações vêm ocorrendo no mundo; para aumentar a produção, melhorar a qualidade dos produtos; como suporte à análise de mercados; para tornar ágil e eficaz a interação com mercados, com clientes e até com competidores. È usada como ferramenta de comunicação e gestão empresarial, de modo que organizações e pessoas se mantenham operantes e competitivas nos mercados em que atuam.
Os autores Terra e Gordon (2002) destacam que com a explosão das tecnologias da informação e comunicação, estas provocaram de fato mudanças nos negócios organizacionais alterando conceitos quanto ao tratamento dos fluxos de informação, além de permitirem a interação dos diversos atores envolvidos em sua cadeia produtiva, promovendo maior participação entre os mesmos.
As autoras Oliveira e Bertucci (2003) reforçam esse conceito, afirmando que o papel das TICs é de propiciar às organizações um fluxo de informação interno e externo organizado e dinâmico.
A evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações pode ser observada na figura 12. As tecnologias passaram a ganhar espaço no meio empresarial especialmente a partir da década de 1980 com o intuito de tratar, obter e utilizar informações de forma estratégica. Spohr e Sauvé (2003) comentam que com a crescente compreensão de valor da informação no meio organizacional, o seu uso estratégico tendo como apoio as tecnologias da informação e comunicação, as organizações passaram a ter melhores condições de atuar no mercado face aos desafios impregnados no turbulento e competitivo mundo globalizado.
Seguindo esse argumento, os autores Spohr e Sauvé (2003) observam que a tecnologia da informação e comunicação passou a ser vista nas organizações como um recurso capaz de alavancar sua competitividade, auxiliando-as no sentido de manipular as informações de maneira mais rápida e eficiente, criando assim um diferencial estratégico e competitivo.
Figura 12: Evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações Fonte: Adaptada com base em Rossetti e Morales (2007).
Nesse contexto, as TICs (figura 12) passaram a ser inseridas nos processos de negócios sendo utilizadas como meio de suporte facilitando a criação, disseminação, monitoração, controle e armazenamento de informações, auxiliando também no processo de tomada de decisão dos gestores.
A dinâmica do cenário econômico cada vez mais competitivo impulsionou as organizações a perceberem os ativos da informação e do conhecimento como os bens de maior valor (ROSSETTI; MORALES, 2007). Tendo em vista esse contexto, as organizações inseridas nesta economia passaram a se preocupar não apenas com os ativos da informação, mas também os do conhecimento. Nessa perspectiva, as organizações precisaram se adequar e atualizar seus modelos de negócios no sentido de terem uma infra-estrutura e métodos de gestão alinhados a seus processos.
O ambiente organizacional regido a partir da combinação da informação, conhecimento e seus fluxos como elementos chaves para a evolução organizacional, com o advento tecnológico passou a relacioná-los sinergeticamente com os processos que compõem o contexto organizacional, especialmente com as pessoas que atuam neste. As tecnologias da
informação e comunicação caracterizadas inicialmente pelos sistemas de informação possuem importante papel no sentido de ajudar, facilitar e propiciar eficiência nos processos (decisórios, produtivos entre outros); além de tratar e estruturar a informação no meio organizacional.
Com o surgimento das tecnologias mais recentes, sobretudo das redes de computadores (Internet, Extranet e Intranet), um novo cenário amparado pelas tecnologias da informação e comunicação passou a fazer parte das organizações baseando-se na disseminação e acessibilidade das informações, bem como no apoio a criação de conhecimento, representado pelo produto da informação analisada.
Diante desta perspectiva, as TICs voltaram-se no contexto organizacional para além de apoiar a gestão eficiente da informação, sustentar as práticas que envolvem os processos de conhecimento provendo meios que promovam a interatividade, a colaboração, a criatividade, a troca de experiências e idéias entre os colaboradores, a fim de facilitar a inovação, a aprendizagem e por fim, a gestão do conhecimento organizacional.
Essa abordagem vai ao encontro de Pereira (2002, p.158), a qual afirma que
informação e conhecimento são elementos-chave da nova gestão empresarial, e cabe aos gerentes e dirigentes das organizações a busca por formas mais eficientes de obtê-los e disponibiliza-os. Daí decorre a ânsia vivida nos últimos anos pela absorção de novas técnicas e o conseqüente aumento na aquisição de novas tecnologias pelas organizações.
A tecnologia das redes facilitou o compartilhamento de relatórios, projetos, idéias em diversos setores internos das organizações como departamentos de marketing, produção, recursos humanos dentre outros, bem como com atores externos como clientes e fornecedores, permitindo maior interação entre os atores da cadeia produtiva, eliminando qualquer tipo de barreira geográfica.
Com a criação desse contexto colaborativo, os autores Rossetti e Morales (2007) observam que o impacto do desenvolvimento intensivo de novas tecnologias possibilitou o surgimento de novas formas de redes de organizações, as quais se baseiam em redes informais dentro e entre organizações.
Desde então, as tecnologias da informação e comunicação passaram a ser associadas a qualquer atividade das organizações como importante instrumento de apoio à transferência e incorporação do conhecimento em seus produtos, processos e serviços.