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3. TECNOLOGIAS

3.1. A Tecnologia e a Educação

No contexto histórico é fácil perceber que a tecnologia e a educação caminham juntas, pois a tecnologia se desenvolve por necessidades sociais e através dos conhecimentos científicos já existentes através do meio acadêmico educacional.

Em um momento caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de conhecimentos e melhor qualidade de vida (KENSKI, 2007, p. 19). Com isso, a definição dos currículos acadêmicos em todos os níveis de ensino é uma forma de poder em relação à informação e aos conhecimentos válidos numa inserção ativa, individual ou coletiva, na sociedade.

Para viabilizar a comunicação entre os seus semelhantes, o homem criou um tipo especial de tecnologia, a „tecnologia de inteligência‟, como é chamada por alguns autores. A base da tecnologia da inteligência é imaterial, ou seja, ela não existe como máquina, mas como linguagem (KENSKI, 2007, p. 27).

O avanço tecnológico das últimas décadas tem proporcionado que a produção e propagação de informações, a interação e a comunicação aconteçam em tempo real por meio das TICs8. Algumas dessas descobertas tecnológicas tornam-se tão banais, que no surgimento das NTICs9, o adjetivo “novas” vai sendo esquecido e todas são chamadas de TICs, independente de suas características.

As TICs são expressas por meio de linguagens: a linguagem oral, a linguagem escrita e a linguagem digital. A linguagem oral é a mais antiga forma de expressão, sendo uma construção particular de cada agrupamento humano. A estruturação desse tipo de linguagem é feita com signos comuns de voz, que são compreendidos pelos membros de um mesmo grupo, em que as pessoas se comunicam e aprendem. No contexto social, a linguagem oral se fortalece na memorização, na repetição e na continuidade, tornando-se o recurso mais

8 Tecnologias de Informação e Comunicação. 9 Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.

utilizado no ambiente escolar por professores e alunos, sendo utilizada para interagir, ensinar e verificar a aprendizagem.

A linguagem escrita surgiu por uma necessidade tecnológica de comunicação, um exemplo: a prática da agricultura, que exigia registros de temporalidade previstos na plantação e na colheita. Nesse tipo de linguagem, é necessário compreender o que está sendo comunicado graficamente. Dois processos ocorrem nesse tipo de linguagem: escrever e ler, o que não exige que o escritor e o leitor estejam juntos no momento em que a linguagem é transmitida. O seu uso social permite uma interação com o pensamento, capaz de amenizar a obrigatoriedade de memorização permanente, tornando-se uma ferramenta de ampliação da memória para a comunicação. Um dos objetivos da escola é auxiliar os indivíduos a compreender a complexidade dos códigos da escrita e o domínio das representações alfabéticas.

A linguagem digital articula-se com as tecnologias eletrônicas de informação e comunicação, englobando aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos. A base dessa linguagem são textos em formato digital, chamados de hipertextos, a que agregam-se outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links10.

Em relação à educação, as redes de comunicação trazem alternativas diferenciadas para que os indivíduos possam relacionar os conhecimentos, bem como aprender. A imagem, o som e o movimento oferecem informações que, se forem bem utilizadas, podem provocar uma alteração no comportamento de professores e alunos.

A aprendizagem deixa de acontecer num ambiente fechado, entre quatro paredes, passando a estar presente muito além da sala de aula. O desenvolvimento da tecnologia tem propiciado rapidez na aquisição e melhoramento dos conhecimentos e informações existentes. Porém, é necessário que os membros desse contexto educacional estejam cientes das facilidades que o auxílio de equipamentos eletrônicos e informatizados pode propiciar, mas que também detenham o conhecimento mínimo para utilizar essa tecnologia.

Esse contato tão próximo e cada vez mais comum com os meios de comunicação permite-nos um grau de liberdade enorme, possibilitando-nos chegar a distâncias antes

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Esses links ocorrem na forma de termos destacados no corpo de texto principal, ícones gráficos ou imagens e têm a função de interconectar os diversos conjuntos de informação, oferecendo acesso sob demanda às informações que estendem ou complementam o texto principal (WIKIPÉDIA).

inimagináveis, num curto espaço de tempo. Temos a possibilidade de explorar esse leque de informações nas nossas próprias casas, ajudando a agilizar atividades, o que só seria possível com a aquisição de muito material de leitura e pesquisas extremamente longas (FONSECA, 2006).

Todavia, o autor destaca que não devemos imaginar que qualquer fonte de informação, por mais ampla que seja, será capaz de desprezar todas as demais. Daí, a maneira tradicional de pesquisar, pois o hábito de leitura e dinâmicas de pesquisa são necessários para que outros componentes da nossa mente possam ser trabalhados, e a facilidade que os meios de comunicação apresentam em suas técnicas de pesquisa, leitura, resumo e até o tema de maneira mais apurada, muitas vezes não forçam o indivíduo nem à leitura que dirá à análise detalhada.

Essa inovação poderá permitir que as possibilidades de pesquisa sejam quase infinitas, e que ferramentas cada vez mais eficientes para o ensino-aprendizagem surjam. Porém, não podemos considerar que tecnologia seja apenas o meio informatizado, mas também equipamentos audiovisuais, como projetores, vídeos e mais.

O domínio desses conhecimentos e dessa cultura tecnológica servirá para que possamos nos utilizar de uma tecnologia que gera novos avanços continuamente, pois novas necessidades aparecem de acordo com os recursos de que dispomos e dominamos.

A mudança de postura e concepção é brusca, mas inevitável. Entretanto, parece ser complicado que todos consigam mudar de uma só vez, até porque quem é adepto de um ensino tradicional tentará permanecer assim enquanto puder. Essa resistência dificulta a propagação de novas metodologias.

Essa tecnologia, que vem crescendo a cada dia, traz junto das possibilidades de um maior conhecimento certa insegurança para os profissionais de ensino, segundo certas opiniões exemplificam para o professor que sair da zona de conforto e entrar na zona de risco é pagar um preço muito alto pela tecnologia (GAUDIO, 2005, p. 1), em que o medo de não dominar a matéria como antes tem sido o principal fator de temor a essa nova experiência.

Numa perspectiva de trabalho em que se considere a criança como protagonista da construção de sua aprendizagem, o papel do professor ganha novas dimensões. Uma faceta desse papel é a de organizador da aprendizagem [...] o professor também é consultor nesse processo [...] mediador, ao promover a confrontação das propostas dos alunos [...] controlador ao estabelecer as condições para a realização das atividades, sem

esquecer de dar o tempo necessário aos alunos [...] incentivador de aprendizagem [...] (PCN, Brasil, 2000, p. 40-41).

Quando o professor começa a perceber que somente com o auxílio dos livros não conseguirá apresentar uma proposta didática convincente, então, correrá o risco de ser classificado como um profissional incapaz. Isso pode ocorrer porque ele não consegue operar corretamente o sistema, ou porque causa algum erro operacional.

O que vem a ser o novo perfil do professor será dado a partir do momento em que ele assumir e utilizar das formas mais inovadoras para suas aulas. Deixando aquele papel tradicional para ser um professor pesquisador, reflexivo, orientador, com um planejamento que constantemente estará sendo retificado. Isso comprovaria a tese de que o conceito de profissional integra uma série de capacidades e habilidades especializadas que lhe permitem ser competente na sua área de trabalho (SANCHO, 1998, p. 66).

De acordo com Fonseca (2006), se, teoricamente, utilizarmos todos os recursos que possuímos, podemos tornar a educação mais eficaz. E por que os professores não são obrigados a usá-la? É uma pergunta que faz sentido, pois o Estado não pode influenciar a metodologia de ensino de cada professor e, na verdade, mesmo que todos dominassem essas técnicas, existem muitos que acham que os sistemas informatizados trariam uma relação não muito humanizada entre eles e os alunos.

O domínio do técnico e do pedagógico não deve acontecer de modo estanque, um separado do outro (VALENTE, 2005, p. 20), ou seja, é necessário aprimorar os dois conhecimentos, se possível, por igual. Isso deve acontecer porque uma área da tecnologia só adiantaria ser dominada com a percepção pedagógica do professor e vice-versa.

Papert (1994) desenvolveu uma teoria que denominou de construcionismo, fundamentando-se na teoria construtivista de Piaget. O autor define construcionismo como a construção do conhecimento pelo aluno por meio do computador. Tendo desenvolvido uma proposta metodológica em que a utilização do computador na educação com uma visão contraria a abordagem instrucionista, na qual o computador é utilizado como uma máquina de ensinar. Para o autor, no ambiente pedagógico informatizado, algumas relações podem ser estabelecidas a partir das bases construcionistas, ou seja, ao aprender, tendo como mediador o computador e seu entorno, constroem-se relações.

jovens costumam jogar. Verifica-se que a aprendizagem ocorre enquanto os alunos jogam, através de lavantamento de hipóteses, testes, reelababoração das hipóteses, novo teste, processo recursivo.

Nesse contexto, o aluno tem um papel construtor, levantando hipóteses, testando e criando. Com isso, o ensinar tem o objetivo de facilitar através da criação de um ambiente que proporcione novos desafios, desequilíbrios e questionamentos que ponham em dúvida as hipóteses desse aluno.

Por esse motivo, o professor deve provocar o aluno a pensar, fazendo indagações sobre os resultados obtidos e o que ele acredita que vai acontecer, sendo necessário estabelecer uma relação de companheirismo e cordialidade. Portanto, o conceito de erro passa a ter um resultado inesperado, com necessidade de estudos que possam levar a uma reflexão sobre o mesmo. A avaliação acontece através do acompanhamento das hipóteses do aprendiz e do seu raciocínio dedutivo.

O construcionismo e o construtivismo defendem que os alunos são os principais construtores das suas estruturas intelectuais e de produtos do conhecimento. Porém, o construcionismo precisa de um artefato externo, e o computador possibilita a relação com as construções concretas.

São entraves da tecnologia na educação tentar convencer o professor – que faz o possível para não se apropriar dessas tecnologias – e falar sobre o tema sem entrar em discussões mais aprofundadas do campo específico, nem atingir diretamente as suas concepções iniciais para que, a partir da conquista, ele possa perceber a real importância da tecnologia e aplicá-la no seu contexto escolar. A “educação e a tecnologia” devem ser abordadas de forma abrangente, simples e esclarecedora, mas sem deixar de apresentar os grandes avanços que a tecnologia pode oferecer à educação e refletir sobre esses avanços.

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