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3. TECNOLOGIAS

3.2. A Tecnologia e a Matemática

Alguns professores não percebem na matemática a capacidade de renovação, com muita utilidade no mercado de trabalho, embora muitas situações sociais exijam uma grande demanda de conhecimentos matemáticos, além do próprio conceito básico de aritmética, que é aceito por grande parte como sendo o conceito matemático mais utilizado no cotidiano.

A matemática deve ser vista como uma das principais ferramentas científicas no desenvolvimento da tecnologia, pois esses avanços tecnológicos só são possíveis graças ao domínio de conceitos matemáticos bastante complexos e não perceptíveis aos indivíduos que não se dispõem a se aprimorar nessa área de estudo, que é bastante misteriosa.

No seminário Royamount, organizado e financiado pela Organization for European

Economic Co-operation and Development (OEEC), mais tarde Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), realizado na França, em 1959, e bem documentado,

em 1961, foram discutidas alternativas de melhoramento na educação matemática, capazes de atender as relações entre a matemática e a melhoria tecnológica da sociedade. Dessa forma, Skovsmose (2007) apresentou a fala do matemático Marshall H. Stone, na abertura daquele seminário.

De fato, não é mais possível tratar, adequadamente, do lugar da matemática em nossas escolas, sem adentrar em suas relações com a ciência e com a tecnologia modernas. Na verdade, se há uma crise na educação nesses tempos – e há muitos entre nós que acreditam nisso – ela se origina, em grande parte, porque nenhuma sociedade tecnológica do tipo que estamos criando pode se desenvolver livre e completamente, até que a educação se autoajuste ao papel desempenhado pela ciência moderna nas questões humanas (SKOVSMOSE, 2007, p. 29).

Na conjuntura científica atual, é bem provável que a matemática não possa ser desvinculada da tecnologia. Contudo, se faz necessário que o professor se aproprie desses conceitos embutidos nos instrumentos tecnológicos e evidenciem aos alunos o poder de infiltração da matemática numa sociedade que está em constante mudança e evolução, impulsionada por uma agilidade de informações e conhecimentos científicos abundantes.

Embora havendo um investimento maciço em tecnologia nas escolas, não será possível obter bons resultados, se o professor não criar um ambiente de interação com os seus alunos e que favoreça a utilização desses recursos. O ensino de matemática está inserido nesse contexto, pois os conceitos matemáticos só poderão ser desenvolvidos adequadamente se o professor estiver ciente do seu papel e perceber os elos existentes entre a matemática e a tecnologia.

Na realidade virtual, essa tecnologia permite que possamos criar um mundo imaginário na tela de um computador, onde novas conexões surgem a cada instante, não apenas no lazer, mas também nas aplicações nas áreas de engenharia, arquitetura e história,

através da visualização interativa de prédios, museus ou construções antigas; na área médica, com a visualização e interação com partes do corpo humano e até a simulação de cirurgias e transplantes; no treinamento, simulação de voos em aviões ou outros tipos de aeronaves, são somente mais algumas das inúmeras possibilidades que essas tecnologias nos apresentam, que tornaram possível a transmissão de som e imagem por computador.

Na concepção de Basso (2009), num ambiente computadorizado, faz-se necessário que a tecnologia e a matemática possam caminhar juntas e que, se não for dada ênfase a algumas tendências gerais, como: noções básicas da ciência da computação e atividades de programação no currículo de matemática; uma segunda abordagem na pesquisa é a que considera o computador como um auxiliar; uma ferramenta para o aprendizado de matemática; uso de micromundos para o desenvolvimento de habilidades matemáticas; uso da tecnologia na transmissão e difusão dos conceitos matemáticos; formação de professores para a integração de novas tecnologias da informação no currículo de matemática e uma aprendizagem matemática, novas tecnologias e pessoas portadoras de necessidades especiais.

Uma perspectiva de matemática que estimule a capacidade pensante dos indivíduos que a pratiquem é um motivo de estudos frequentes na educação matemática, onde as análises, provas e conclusões ganham uma ênfase tão importante quanto à realização de cálculos. Contudo, verifica-se que essa proposta exige uma proposta metodológica diferente da aplicada por boa parte dos educadores, com elaboração de aulas mais dinâmicas, participativas e que estimulem o ensinamento empírico do aluno.

Infelizmente, a educação matemática deixa transparecer que o seu principal papel é dividir os indivíduos: os que se tornarão incluídos dos que serão excluídos da sociedade informacional. Segundo Skovsmose (2007), essa ideia pode ser vista de maneira diferente, pois a organização da educação matemática é influenciada por numerosos e diferentes fatores.

De acordo com Skovsmose (2001) o desenvolvimento da educação matemática (EM), como uma disciplina científica, precisa estabelecer os seus objetivos e métodos científicos que devem ser usados e quais as relações entre esse novo campo com outras disciplinas científicas mais estabelecidas.

Segundo o autor, as conexões entre a educação matemática e as teorias educacionais são bastante seletivas, com pouca menção à educação crítica (EC). A partir dessa perspectiva, são apresentados dois postulados, considerados básicos pelo pesquisador:

É necessário intensificar a interação entre a EM e a EC, para que a EM não se degenere em uma das maneiras mais importantes de socializar os estudantes em uma sociedade tecnológica e, ao mesmo tempo, destruir a possibilidade de se desenvolver uma atitude crítica em direção a uma sociedade tecnológica (SKOVSMOSE, 2001, p. 14).

É importante para a EC interagir com assuntos das ciências tecnológicas e, entre eles, a EM, para que a EC não seja dominada pelo desenvolvimento tecnológico e se torne uma teoria educacional sem importância e sem crítica (SKOVSMOSE, 2001, p. 15).

Na educação crítica, a relação estudante-professor funciona com uma atitude democrática e o processo educacional deve ser entendido como um diálogo.

O primeiro aspecto é a importância dos estudantes no controle do processo educacional, pois eles, por meio de diálogos com o professor, são capazes de detectar assuntos relevantes para o processo educacional, de acordo com as suas próprias experiências, favorecendo a construção de uma competência crítica.

O segundo aspecto está relacionado ao currículo crítico, que leva em consideração princípios aparentemente objetivos e neutros para a estruturação de uma nova perspectiva, de maneira que esses princípios estejam carregados de valores.

O terceiro aspecto relaciona-se a condições fora do processo educacional. Os problemas existentes fora do processo educacional podem servir de base na formulação de diretrizes no processo de ensino-aprendizagem, baseado em alguns critérios. Dois critérios são fundamentais: o subjetivo (problemas relevantes nas perspectivas dos estudantes) e o objetivo (problemas relacionados com os problemas sociais existentes).

Muitos equipamentos e meios propiciam essas inovações. Os meios mais conhecidos, hoje, e que já são suficientes para se alcançar avanços no que diz respeito ao ensino são, por exemplo, retroprojetor, CDs e DVDs, audiovisuais em geral, informática e muito mais.

Além da disposição de fontes alternativas de pesquisa que temos e que já foram descritas anteriormente, temos com o auxílio da informática e com o crescente ramo de programação vários softwares que possuem o objetivo de aprender, ensinar e trabalhar com a matemática. Informática e comunicações dominarão a tecnologia educativa do futuro (D´AMBRÓSIO, 2002, p.80).

Por intermédio do computador, temos inúmeras possibilidades para o ensino. O desenvolvimento da programação é muito significativo, disponibilizando-nos inúmeros

softwares educativos, sendo bom acrescentar que poderíamos definir “software educativo”

como um conjunto de recursos informáticos, projetados com a intenção de serem usados em contexto de ensino e de aprendizagem, demonstração, simulação, exercício e mais, que permitem ao aluno uma concretização do conteúdo da matéria (SANCHO,1998, p.169).

Os avanços tecnológicos já permitem que sejam criados aplicativos para tudo, pois a ideia é de automatização. Nesse contexto, existem programas que possibilitam uma explanação sobre o uso de situações corriqueiras a situações complexas, que podemos observar na utilização de um relógio e da Internet, respectivamente.

De acordo com Lévy (1999), na sua obra intitulada “Cibercultura”, o autor destaca que a comunicação se torna o centro do desenvolvimento e não importará o seu posicionamento geográfico, pois as informações poderão ser compartilhadas e compreendidas por mais distantes que estejam as pessoas. Por esse motivo, o autor defende que num futuro não muito distante não existirão fronteiras territoriais e que o principal responsável será a rede mundial de computadores, por meio da Internet.

O autor defende que a inteligência coletiva pode ser dividida em inteligência técnica, conceitual e emocional. O escritor afirma que essa ideia surgiu a partir da conexão tripla entre o “signo, a coisa representada e a cognição produzida na mente”, definida pelo americano Charles Sanders Peirce.

Na sua tríade, Lévy define a inteligência técnica como sendo a que lida com o mundo concreto e dos objetos, como a engenharia (coisas). A inteligência conceitual está relacionada ao conhecimento abstrato e sem a utilização da materialidade física, como as artes e a matemática (signo) e a terceira inteligência é a emocional, que representa a relação entre os seres humanos, como os direitos, a ética e a moral (cognição).

A matemática é, sem dúvida, uma das matérias mais temidas pelos alunos em geral e, como tal, pode-se ver que quanto mais recursos e meios reais forem utilizados numa aula maior será o aproveitamento da matéria. A escola não se justifica pela apresentação do conhecimento obsoleto e ultrapassado, e sim em falar de ciências e tecnologia (D´AMBRÓSIO, 2002, p. 80).

Portanto, a partir dessa perspectiva de inclusão tecnológica na educação, defendida por muitos autores, tentamos incluir nesse contexto as possibilidades que os games podem oferecer num desenvolvimento de aprendizagem diferenciado.

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