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6 EVOLUÇÃO DE AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

6.2 Tecnologias atuais e processos ensino-aprendizagem

Um problema a ser enfrentado na aprendizagem, quando incorpora as TIC na modalidade EaD é a relação entre as inovações tecnológicas e a pedagogia, com o fim primeiro de tornar a produção de novos conhecimentos mais eficaz e mais agradável. A este respeito, Ortiz (2001) apresenta relação conceitual dentro de três modelos de tecnologia que supõe adaptáveis a todos os ambientes educativos com o uso e a aplicação de tecnologias: (a) tecnologias transmissíveis, centradas no instrutor; (b) tecnologias interativas, centradas no aluno; (c) tecnologias colaborativas, centradas na colaboração de um e para um grupo de usuários.

Para Ortiz (2001), as tecnologias transmissíveis estão adaptadas para permitir a transferência de informações para os usuários de PCs sem qualquer preocupação com as singularidades dos indivíduos. Incorporam desde o uso de computadores com editores de textos e geradores de apresentação até planilhas eletrônicas e DVDs com exibição em monitor de vídeo. As tecnologias interativas, por sua vez, se concentram mais no usuário que tem ao seu alcance determinados controles de navegação, e, portanto, experiência no ambiente web. Neste caso, as tecnologias enfatizam a interface, mas não identificam qual a mais adequada para os usuários, em geral, tendo como exemplo, o ensino assistido pelo computador e os produtos multimídias em CD- ROM. Quanto às tecnologias colaborativas, são orientadas para a interação, o

intercâmbio de idéias e de materiais, tanto entre docente e discente quanto entre os estudantes.

Optamos por modificar o modelo de Ortiz (2001), dando ênfase a todos os tipos de recursos utilizados nos AVA, e em vez de focalizar a tecnologia, damos ênfase em particular a interface, e das partes que a compõem adaptada a qualquer ambiente de ensino e aprendizagem, relacionando-o com a pedagogia construtivista social. Tal modificação prevê o acréscimo das interfaces que definimos como adaptáveis ao nível de experiência do usuário, e ergonômica no uso cotidiano, o que justifica a denominação adotada: interfaces adaptativas e ergonômica. É uma nomenclatura para designar as tecnologias de interfaces com usabilidade adequada, com ênfase na adaptação de alunos / usuários, com ou sem experiência em ambientes informatizados.

A Figura 29 descreve a relação dos tipos de interfaces. Supõe-se que as Interfaces Adaptativas (IA) e ergonômicas contêm os recursos das demais. Os outros tipos de Interfaces Transmissíveis (IT), Interfaces Interativas (II) e Interfaces Colaborativas (IC), por seu turno, contêm algo em comum e não deixam de manter entre si relação de convergência, ainda que de forma superficial, no que concerne aos recursos voltados para facilitar a comunicação com os sujeitos dos processos de ensino e de aprendizagem.

Figura 29 – Tipos de interface propostas para utilização em educação a distância

Desta forma, a relação entre as TIC e suas respectivas interfaces pode ser vista como o definido por Ortiz (2001) com a evolução na assimilação da informação representada num plano cartesiano (Figura 30), em que o domínio é o tipo de tecnologia a ser usada e a imagem é o nível de assimilação da informação. Estes

facilitam a interação e contribuem para proporcionar, efetivamente, melhor nível de geração de conhecimentos. Podem ser interdependente mas não exclusivas. No caso do diagrama representado na (Figura 29), as interfaces nem são interdependentes nem tão pouco exclusivas.

Figura 30 – Tipos de tecnologias versus nível de assimilação das informações. Adaptado de (Ortiz, 2001)

As tecnologias caracterizadas apenas como transmissivas produzem efeito menor na assimilação das informações em confronto com as colaborativas, embora estas incrementem o nível da assimilação com menor rapidez do que as tecnologias adaptativas e agradáveis. As últimas podem ser inseridas e adaptadas para uso em qualquer nível do aprendiz e em qualquer que seja o estilo de aprendizagem: ativo, reflexivo, teórico ou pragmático, como definidos por Alonso et al.(1994).

Em se tratando do usuário do AVA, entendemos que o estilo para o aprendiz pode ser apenas: autônomo-reflexivo e adaptativo–dedicado, segundo representação em diagrama, sob forma de espiral (Figura 31).

Figura 31 – Estilos de aprendizagem para alunos aprendizes em EaD. Adaptado de (Eliasquevici, 2008)

Os aprendizes autônomo-reflexivos mantêm liberdade ou independência e potencial para aprenderem com as mídias disponíveis, abertas e sugestivas, que geram situações motivadoras de ensino e aprendizagem para o desenvolvimento de novas atividades nos ambientes de aprendizagem. Esses, além de observadores atentos às mudanças, são bons analistas das situações vivenciadas ao longo do ensino-aprendizagem. Enquanto isto, os adaptativo–dedicados possuem pouco conhecimento prévio das mídias empregadas, mas mostram capacidade de adaptação para atingirem os objetivos de ambiente e fortalecerem o espírito de colaboração em grupo, com os experientes auxiliando quem precisa. Em geral, são dedicados e voltados à busca de passos que lhes conduzam aos objetivos e às metas antes prefixadas.

Os usuários, que se enquadram numa dessas categorias, mostram bom desempenho quando colocados em situação de uso com ferramentas nos moldes do AVA. Ressaltamos, porém, que os autônomo-reflexivos têm ação mais rápida no grupo e seus conhecimentos favorecem a cooperação entre os demais partícipes. Os adaptativo-dedicados são importantes para nivelar a participação do grupo como um todo e para produzir os objetivos preconizados pelo ambiente. As características centrais de cada estilo de aprendizagem de usuário das novas tecnologias em

ambientes de ensino e aprendizagem em conjunto com as ações e estratégicas instrucionais estão descritas no Quadro 3.

ESTILO CARACTERÍSTICA ESTRATÉGIA

Autônomo-reflexivo

♦ Cria novas situações de

aprendizagem e apresenta

experiência com novidades.

♦ Resolve problemas com mais

facilidades.

♦ Trabalha para o ambiente e para o grupo.

♦ Apresenta as atividades com

qualidades independentes do

grupo;

♦ Testa o novo.

♦ Corrige as falhas de tarefas; ♦ Analisa as tarefas do ambiente

sob diferentes perspectivas.

♦ Adapta-se aos ambientes com

facilidade e de maneira própria.

♦ Centrado no professor e em si mesmo.

♦ Em interação com

outros grupos e outros meios.

♦ Consulta outros meios e materiais.

Adaptativo-dedicado

♦ Adapta-se aos ambientes de forma sistemática.

♦ É dedicado às tarefas do grupo.

♦ Acompanha a evolução das

mudanças.

♦ É paciente, detalhista e estudioso das ações do ambiente.

♦ Apresenta resultado para o grupo e com o grupo. ♦ Em interação com os pares. ♦ Centrado no grupo e no professor. ♦ Estudo em grupo. ♦ Instrução com material.

Quadro 4 – Características de cada estilo de aprendizagem em ambientes virtuais de aprendizagem

Reiteramos que as novas tecnologias permitem a melhoria dos sistemas de EaD, proporcionando aos usuários autônomos melhor desempenho nas suas tarefas de aprendizes. Dentro desse cenário, internet e web se apresentam como ponto de convergência para diversas tecnologias e aplicações na área do AVA, embora ainda faltem sistemas, que priorizem as singularidades dos indivíduos e a concepção de um ambiente de EaD adequado a contextos distintos.

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