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4.1 As similaridades entre os diferentes níveis de ensino: educação infantil,

4.1.4 Tema central 4: o corpo humano

A abordagem sobre o corpo é algo necessário desde a criança até a fase adulta, porém não só na questão biológica, mas também precisamos respeitar o corpo que vivencia diversas experiências.

Independente da faixa etária, fazer esclarecimentos sobre o corpo se faz necessário, pois falar dele vai além do organismo, da anatomia, fisiologia. Não que esses não sejam importantes, são e muito, mas abarcar o tema corpo abrange as questões de vivência que este corpo vive, experimenta.

De acordo com as ações ocorridas nas etapas desta pesquisa, percebemos que o significado demonstrado pelos sujeitos mães, meninos e meninas, em relação ao seu corpo, é baseado na sua vivência, realidade, nas manifestações e mudanças que nele ocorrem.

Diante de tais fatos, elaboramos a categorização em relação ao corpo:  Categorização sobre o corpo relacionado ao conhecimento.

Na educação infantil, o tema abordado na roda de conversa foi sobre o corpo humano. No momento em que as crianças, meninos e meninas, nomeavam as partes do corpo abordavam de forma clara, com convicção de cada parte, exceto os órgãos genitais, na qual não houve a manifestação.

Nesse momento, percebemos que não há espontaneidade em discorrer esses órgãos porém, através da mediação, quando, primeiramente, mostramos a figura das crianças despidas, o riso tomou conta e em seguida, na solicitação para nomeá-los surgiram: para órgão genital masculino, “pinto”, “pipi”, “piupiu” e “bilau”, para órgão genital feminino, “perereca” e “piriquita”. Posteriormente, houve a aprendizagem sobre a maneira correta de cada órgão. E neste momento houve a atenção de todos demonstrando o interesse em aprender.

O objetivo central desta etapa foi sobre o conhecimento do corpo humano, a diferença do corpo masculino e feminino, mas no decorrer houve também a orientação sobre higiene e prevenção de abuso sexual.

Quando houve a abordagem destes assuntos podemos notar que em relação a higiene, na maioria dos alunos já são independentes, mas ainda com a supervisão da mãe. E no tocante do abuso sexual notamos que, de uma certa forma, alguém já havia abordado a temática, pois algumas crianças disseram de forma alta e clara que devem “gritar” caso alguém manipulem as mesmas.

Diante disso, percebemos que com as crianças a curiosidade em relação aos órgãos sexuais, era nítido o desconhecimento sobre os termos científico. As manifestações através do riso, apelidos para os órgãos genitais, indica que não é conversado com naturalidade sobre a sexualidade. Averiguamos que os termos científicos nunca foram ensinados, tanto no ambiente escolar como no familiar.

A nomeação das partes do corpo foram de forma clara, com convicção cada parte, exceto os órgãos genitais, na qual não houve a manifestação. Neste momento percebemos que não há espontaneidade em discorrer estes órgãos, porém através da mediação, com a orientação realizada foi possível explorar esse tema sem constrangimentos, mas sim com clareza e seriedade.

Constatamos com Figueiró (2013) que encarar os apelidos ajuda os alunos a verem o nome correto com mais naturalidade e aceitação, mas é importante ensinar os termos científicos.

E, nos deparamos com a colocação de Figueiró (2013) ao relatar que muitos adultos parecem mesmo ter dificuldade de ver com naturalidade os órgãos sexuais e acabam por adotar atitudes que são prejudiciais para a imagem do corpo que a criança vai construindo aos poucos. E dessa forma passa uma ideia negativa em relação ao seu corpo. A criança precisa aprender a gostar de seu corpo e de seu órgão genital, precisa achá-los bonitos e normais.

Nessa questão, observamos no contato com as mães algumas dificuldades observadas através da expressão facial, o olhar de dúvida se deveria ou não falar e na própria fala que não demonstrou espontaneidade em articular as palavras pênis e vulva/vagina. Aqui cabe ressaltar que nenhuma mãe conhecia o termo vulva, apenas vagina.

A auto manipulação do corpo, a descoberta das sensações, o prazer que existe através do toque, como também expressões como dizer que é feio, que não pode, foram atitudes encontradas e que não devem acontecer. Uma vez que, este é um momento que confirmado por Figueiró (2013) deve ser vivenciado sem repressão, sem culpa, pois é um aprendizado importante para o êxito da sexualidade na relação com o outro, quando crescer.

Concordamos com Furlani (2011) na qual relata que vivência da sexualidade desde a infância esta inserida num processo permanente, que inicialmente se justifica pela descoberta corporal, vista como um ato de autoconhecimento.

A pesquisa proporcionou observar a passagem da curiosidade dos órgãos genitais como na educação infantil, para a vivência do início da transformação do corpo, a entrada para a puberdade até a preocupação com a saúde deste corpo, já na adolescência. Como podemos observar nos dados encontrados a seguir, separados por nível de ensino:

Educação Infantil:

“pinto, pipi, piupiu, bilau” (fala das crianças da educação infantil sobre órgão genital masculino, diário de campo)

“perereca, piriquita” (fala das crianças da educação infantil sobre órgão genital masculino, diário de campo)

“Esses dias eu tava tomando banho e ficou saindo um monte de pelinho preto,... perto do piupiu; “como o bebê cresce na barriga da mulher se o útero é tão pequeno.”; “O que é útero?”; “Como são os órgãos por dentro?”; “Como se menstrua”

Ensino Fundamental II:

“Por que o pinto encolhe no frio?”; Menstruação desregulada significa algum problema?”

Ensino Médio:

“É obrigatório ir ao ginecologista após a primeira relação e fazer papanicolau?”; “Qual é o tamanho certo do pênis que consegue chegar no ponto G da mulher?”

As falas acima, a manifestação dos educandos, tanto de meninas quanto de meninos, em relação ao corpo expressam questões que devem ser abordadas. E a falta de informação adequada, contribui para aumentar o risco vulnerabilidade.

No documento da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (São Paulo, 2011) sobre o currículo da Educação Fundamental é dito que os tópicos disciplinares necessitam ser organizados em torno de problemas concretos, próximos aos estudantes, e que sejam relevantes para sua vida pessoal e comunitária. Também é evidenciado que deve-se e criar um ambiente de respeito e de valorização das experiências pessoais para a aprendizagem, o que facilita a motivação, o aprofundamento, a autonomia e a melhoria da autoestima.

Porém, o que encontramos foi o contrário, as vivências, as transformações do corpo estão ocorrendo e as dúvidas estão permanecendo. E neste ocorrido notamos tanto no ambiente familiar quanto no escolar.

O saber sobre o corpo inicia a partir da curiosidade das crianças, e esta curiosidade de acordo com Freire (1996) é a pedra fundamental para a construção do conhecimento. Portanto, o significado sobre o corpo encontrado foi que independente da faixa etária em que o indivíduo esteja, se faz necessário sua abordagem. Para que a pessoa entenda, compreenda sobre suas manifestações e assim refletir sobre as tomadas de decisões que este corpo vivenciará.

Com essas informações, no momento da orientação entre mãe e filho (a) proporcionar o diálogo sobre a questão do corpo foi importante.

Com todos os níveis proporcionamos a interação através de ilustrações e o aprofundamento no tema ocorreu de acordo com a necessidade de cada faixa etária. Na

ocasião foi necessário orientá-los não só na questão de explicar sobre órgãos sexuais, mas como um todo e os cuidados com esse corpo, na questão de higiene e prevenção, sobre o corpo saudável.

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